terça-feira, setembro 30, 2003

POR FALAR EM DITADORES

Este site apresenta-nos o CONCURSO DE DITADORES, e desde já apresento os 16 "concorrentes", vão até lá para verem as eliminatórias e o vencedor:

Kamuzu Banda (Malawi, 1964-1997)
Jean-Bédel Bokassa (República Centro-Africana, 1965-1979)
Fidel Castro (Cuba, 1959-...)
Nicolae Ceausescu (Roménia, 1965-1989)
Jean-Claude Duvalier (Haiti, 1971-1989)
Adolf Hitler (Alemanha, 1933-1945)
Kim Il-Sung (Coreia do Norte, 1946-1994)
Mao Zedong (China, 1949-1976)
Ferdinand Marcos (Filipinas, 1965-1976)
Mobutu Sese Seko (Zaire, 1965-1997)
Benito Mussolini (Itália, 1922-1943)
Augusto Pinochet (Chile, 1973-1990)
Pol Pot (Cambodja, 1975-1979)
Muammar Khadafi (Líbia, 1969-...)
António Oliveira Salazar (Portugal, 1932-1968)
Josif Stalin (URSS, 1924-1953)

E...os "concorrentes" ao segundo concurso:

Heidar Aliyev (Azerbaijão, 1992-...)
Ion Antonescu (Roménia, 1940-1944)
Hafez Al-Assad (Síria, 1970-2000)
Fulgencio Batista (Cuba, 1949-1958)
Leonid Brezhnev (URSS, 1964-1982)
Chang Kai-Shek (Taiwan, 1949-1975)
François Duvalier (Haiti, 1957-1971)
Francisco Franco (Espanha, 1939-1975)
Leopoldo Galtieri (Argentina, 1981-1982)
Hissène Habré (Chade, 1982-1990)
Saddam Hussein (Iraque, 1979-2003)
Enver Hoxha (Albânia, 1946-1985)
Erich Honnecker (RDA, 1973-1990)
Wojciech Jaruselzski (Polónia, 1981-1990)
Kim Jong-Il (Coreia do Norte, 1994-...)
Ruhollah Khomeini (Irão, 1979-1989)
Haile Menghistu (Etiópia, 1975-1991)
Slobodan Milosevic' (R.F.Jugoslávia, 1997-2000)
Robert Mugabe (Zimbabwe, 1980-...)
Manuel Noriega (Panamá, 1983-1989)
Park Chung-Hee (Coreia do Sul, 1963-1979)
Vidkun Quisling (Noruega, 1940)
Haile Selassie (Etiópia, 1941-1974)
Anastasio Somoza (Nicarágua, 1936-1956)
Jonas Savimbi (nunca Presidente mas incluído hihi)
Thojib Suharto (Indonésia, 1969-1998)
Alfredo Stroessner (Paraguai, 1954-1989)
Josip Broz "Tito" (Jugoslávia, 1948-1980)
Hideki Tojo (Japão, 1941-1944)
Rafael Trujillo (República Dominicana, 1930-1961)
Hassan al-Turabi (Sudão, 1989-2001)
Mohammed Zia ul-Haq (Paquistão, 1977-1988)

Sim, eu sei que falta Idi Amin....já agora deixem comentários com a vossa opinião de qual foi o pior de todos eles, mas sejam imparciais !

POL POT E PINOCHET

O Virtualidades vem indignar-se por nunca ver a Esquerda protestar em relação a Pol Pot tal como faz face a Pinochet.

Independentemente de Pol Pot ter sido muitíssimo pior que Pinochet, o que me parece indubitável (aliás, ao seu nível na História recente só me estou a lembrar de Bokassa e Idi Amin, analisando friamente a situação Stalin e Hitler ficam atrás de qualquer um destes três; aliás, sendo anteriores não puderam ultrapassar os "feitos" posteriores), Nuno Gouveia esquece-se de alguns factores:

a) o Chile é um país que culturalmente nos é muito mais próximo do que o Cambodja;
b) o Cambodja é um país pequeno;
c) há que ter em conta a História do Chile, particularmente no contexto latino-americano, a intervenção norte-americana no processo e todos os acontecimentos de La Moneda e da praça de touros , que fizeram de Pinochet
um símbolo das ditaduras contra a liberdade.

PELO ENSINO PÚBLICO

O Cataláxia iniciou uma discussão sobre Ensino Superior Privado, na óptica liberal e de direita que lhe é habitual. À qual já se juntaram outros blogs.

Uma discussão séria sobre o assunto deve ter em conta determinados parâmetros, designadamente os constitucionais.

De acordo com o disposto no nº 2 do art. 73º, o Estado promove a democratização da educação, bem como as condições para que esta contribua para:
a) igualdade de oportunidades;
b) superação das desigualdades económicas, sociais e culturais;
c) desenvolvimento da personalidade e do espírito de tolerância, de compreensão mútua, de solidariedade e de responsabilidade;
d) progresso social;
e) participação democrática na vida colectiva.

Logo à partida, há aqui uma clara restrição: não me parece, de acordo com o objectivo disposto na alínea a), que sejam constitucionalmente admissíveis quaisquer outros sistemas que não o existente actualmente ou o de vouchers.
Todo e qualquer outro decididamente não permite a igualdade de oportunidades. E se o sistema de vouchers a permite, é algo que é duvidoso. Pelo menos nos países de cultura mediterrânica.

Mas a Constituição aponta daí para a frente qual o único sistema educativo admissível: um sistema público universal, coexistindo com o ensino particular.
De facto, incumbe ao Estado deter uma rede de escolas que cubra as necessidades de toda a população. Ou seja, o Estado tem de prever que todos os estudantes escolherão a escola pública. A opção pelo ensino privado terá de ser apenas uma opção. Isto relativamente ao ensino básico e secundário. A nível do superior, a única restrição é a relativa às necessidades em quadros qualificados e à "elevação do nível educativo, cultural e científico do país".

E não vale a pena falar em revisões constitucionais. A escola pública é a garantia do acesso ao conhecimento, e também a garantia de um melhor desenvolvimento da personalidade.
Como dizia Rui Reininho há uns tempos, justificando a sua opção de os seus filhos estudarem numa escola pública, é muito melhor para o desenvolvimento da personalidade conhecer o Manelinho da mercearia e o João do bairro do que ficar enclausurado apenas com pessoas de um mesmo nível de vida num colégio.

O grave problema desta direita é que não querer, numa demonstração do egoísmo mais estúpido e desrespeitador de qualquer princípio básico de solidariedade social e de construção nacional, contribuir individualmente para a Educação Nacional só porque quer optar por uma escola particular.
Ao que a Igreja Católica se associa imediatamente por razões de interesse, tendo em conta a quantidade de escolas a si ligadas.

E, mais grave: esta direita (e não só) está-se perfeitamente nas tintas para a felicidade das gerações existentes e vindouras. Só pensa em criar máquinas de estudar em lugar de pessoas, basta ver então o discurso que para aí anda que (quase) ofende os estudantes por terem momentos de diversão, defendendo para estes uma vida monástica de estudo, para tirarmos a óbvia conclusão.

O País precisa de PESSOAS com uma personalidade tanto mais desenvolvida quanto possível. Escolas de elite nada resolvem. Aliás, os elitismos são por natureza maus.

Virá certamente a direita dizer que defendo uma nivelação por baixo. Nada mais errado. Aliás, foi o PSD que facilitou escandalosamente o sistema de ensino por causa das estatísticas para mostrar em Bruxelas. E isto foi-me dito com a maior das leviandades pela Dra. Margarida Salema numa aula de Direitos Fundamentais em 1997. Que nessa mesma aula foi obrigada a admitir que qualquer sistema de propinas no ensino superior é inconstitucional por violação do disposto na alínea e) do nº 3 do art. 74º. Porque o é, e a decisão do Tribunal Constitucional em 1982 foi, claramente, uma decisão política.
Estabelecer PROGRESSIVAMENTE a gratuitidade de todos os graus de ensino não é a mesma coisa que um ensino TENDENCIALMENTE gratuito.

Aliás, a cobardia do Governo relativamente ao ensino básico é total. Onde está o regresso dos chumbos tal como eu os conheci ? A única medida positiva até agora foi o alargamento do ensino obrigatório ao 12º ano.
Fica por garantir o real cumprimento desta medida. Que passará necessariamente pela total proibição do trabalho para quem não tenha concluído o ensino obrigatório.

Um ensino verdadeiramente estruturado passa por aí. Também não sigo o diapasão de alguns que defendem um ensino estupidamente exigente e cansativo. A exigência deve ser apenas a necessária.
Porque não quero que quem chega ao mercado de trabalho já aí chegue CANSADO !

Em resumo: ensino público para todos e pago por todos, ensino privado para quem o entender e desejar pagar.


CARLOS PINTO COELHO DESPEDE-SE

Esta manhã já fui às lágrimas por ter tomado conhecimento do jantar de despedida a Carlos Pinto Coelho.

Não por ter seja o que for contra o próprio, aliás mesmo se o tivesse Filipe Nunes por várias vezes literalmente desfê-lo em posts absolutamente brilhantes do ponto de vista da redacção.

E não por ser totalmente crítico da arvorada indispensabilidade do Acontece.

Mas porque o surpreendente seria não ser organizado nenhum JANTAR DE DESAGRAVO, a mais patética de todas as iniciativas possíveis !!! E digo-vos, caros leitores, pouca coisa me faz rir tanto do que tomar conhecimento da organização de algum !

O ESTADO NÃO É MAESTRO

O Governo decidiu fechar a torneira à Orquestra Metropolitana de Lisboa, tendo em conta que Miguel Graça Moura não foi afastado do seu lugar de direcção da mesma.

É uma decisão correcta pela razão errada. De facto, a orquestra é METROPOLITANA e não nacional. Independentemente de tudo aquilo que já aqui escrevi sobre política cultural, cabe à promotora da sua existência sustentá-la, já que considera importante que exista. E não ao Estado central.

PEQUENOS E GRANDES PAÍSES

Consta que vários pequenos e médios países da União Europeia se preparam para exigir uma série de alterações ao texto da Constituição Europeia provindo da Convenção, ao que se opõem os 6 países fundadores.

Haja bom senso.

Façam-se as alterações minimamente consensuais e garanta-se o apoio generalizado. Caso contrário, não se venham depois queixar dos resultados dos referendos que se realizem.
Os consensos e o bom senso foram desde sempre as bases da construção europeia. Para quê abandoná-los ?

O SISTEMA POLÍTICO RUANDÊS

É de facto um sistema estranhíssimo, de democraticidade altamente duvidosa.

53 Deputados eleitos por sufrágio universal, 24 Deputadas todas elas mulheres eleitas por um colégio eleitoral de autoridades locais e associações femininas. 2 jovens e 1 incapacitado eleitos por colégios eleitorais de menos de 200 pessoas.

É de facto o primeiro Parlamento minimamente democrático que por lá existe. Mas a isto não chamo eu democracia. Isto é corporativismo.

HÁ QUE DIZÊ-LO COM TODA A FRONTALIDADE

Baptista-Bastos veio dizer que Vasco Vieira de Almeida é o único possível candidato que uniria a esquerda nas presidenciais.

Há que dizê-lo com toda a frontalidade, o PS, de longe o maior partido da esquerda, tem em si o poder de condicionar totalmente as eleições nessa área. O candidato por si proposto terá certamente o apoio da restante esquerda numa eventual 2ª volta das eleições.

O que reduz essa preocupação de unidade da esquerda nas presidenciais a zero.

Para mais, é caso para perguntar: onde estava Baptista-Bastos em 29 de Setembro (data da publicação dessas palavras) ? Certamente afastadíssimo da realidade. Pergunte ao país real por Guterres, Soares, Cavaco ou Santana que qualquer um sabe quem é, pergunte por Vasco Vieira de Almeida, o qual tenho as maiores dúvidas de que seja conhecido por mais de 10-15% dos Portugueses, que logo verá.

DESCUBRA AS DIFERENÇAS

Clara Ferreira Alves decidiu alinhar pelo âmbito de Maria Elisa, e vem dizer que Anna Lindh foi morta por ser mulher, factor ainda mais fundamental para o facto de ter sido esfaqueada e não, por exemplo, alvejada.

Daí parte para a defesa do mais bacoco feminismo. Que começa dizendo que o atentado a Anna Lindh foi um acto de ódio à Mulher.
O que me parece absolutamente óbvio é que, em primeiro lugar, há que descobrir se a motivação do atentado foi política ou não. E se o foi, como é mais que plausível, logo aí morre a ideia de CFA. Não o sendo, também nada prova o que defende.

Mas vai mais longe alegando discriminação sexual contra a mulher, fazendo esta brilhante citação, aplicada a certas situações facilmente identificáveis: " O homem é um malandro, a mulher é uma cabra".
Acaso a CFA já lhe ocorreu que noutras situações também de fácil identificação "A mulher é a coitadinha e o homem é o corno" ? Etc.





segunda-feira, setembro 29, 2003

AO QUE PARECE ESTÁ TUDO ESCLARECIDO

Num longo comentário no Ter Voz, Mark Kirkby presta os esclarecimentos sobre a polémica criada pelos blogs que citara ao Acção Socialista, atribuindo a sua omissão a critério jornalístico, pois que o Ter Voz é aí citado.

Parece assim que a polémica fica encerrada, uma vez que não existem razões para duvidar da palavra do Chefe de Gabinete de Ferro Rodrigues.

Contudo, mesmo assim MK escusava de se ter referido ao Blog de Esquerda. Para mais ao ser entrevistado para um jornal partidário, deveria fornecer aos militantes do Partido apenas blogs da respectiva área ideológica.

Porque isso coincide com o risco de haver quem confunda esquerda com extrema-esquerda. Com as consequências conhecidas.

UMA QUESTÃO DE DIGNIDADE

Pedro Mexia, a propósito da inenarrável Marcha Branca, condena ter-se pedido nela pena de morte para os pedófilos, e critica todos aqueles que não se retiraram dela ao ouvirem tal palavra de ordem.

Palavras com as quais qualquer respeitador dos direitos humanos que se preze deve subscrever.

Para mais quando Portugal orgulha-se de ter sido o primeiro país no Mundo a abolir a pena de morte.

SATISFAÇÃO

É com toda a satisfação que vejo o comentário que o Pedro Adão e Silva aqui deixou sobre o seu eventual marxismo.

Quer tenha sido uma redacção menos cuidada da sua parte quer uma interpretação menos atenta da minha parte, o importante é que PAS não é marxista ! Uff !

Um Abraço a quem merece

Acabou a primeira sessão da Operação Triunfo 2.

Por motivos absolutamente inexplicáveis, o júri não escolheu o meu caro amigo Paulo Valério para ser um dos 16 alunos da escola de música. E, depois, não foi o mais votado dos 5.

Aliás, tanto o Paulo como o Pedro (escolhido pelo público) foram dos 5/6 melhores da noite....pelo contrário, outros que não estiveram bem foram escolhidos...enfim, só não vou dizer mais uma vez o que penso dos meios artísticos portugueses porque de facto demoraria aqui dezenas de linhas a denunciar situações que são tudo menos claras.

Um abraço ao Paulo, cavaleiro andante da música. E boa viagem de regresso a Coimbra !

VERGONHA NACIONAL

É a única qualificação possível para a ausência total de sinalização quanto aos efeitos das obras nas antigas portagens dos Carvalhos, e que levaram a que muitos, eu incluído, demorassem DUAS horas a percorrer 5km.

Todos os que vinham da A3, pelo menos, não estavam minimamente informados. Custava muito usar aqueles painéis de sinalização ou coisa parecida para desviar o trânsito Norte-Sul para a Ponte da Arrábida, por onde era mais fácil escapar ? Ou desviar para o IC1 para reentrar na A1 na Feira ?

Nem as portagens perdoaram. Nada, nada, nada. A falta de respeito começou logo por as obras decorrerem logo a essa hora. Srs. Administradores da Brisa, DEMITAM-SE ! Não há outra solução.

domingo, setembro 28, 2003

MARCHA NADA BRANCA

Exactamente. A suposta Marcha Branca foi verdadeiramente negra. Ou vermelha de sangue, conforme entendamos.

Vermos uma manifestação onde se clama pelo nome de um juiz é verdadeiramente intolerável e escandaloso. Toda a gente tem o direito de se manifestar como bem entender, mas isto é elevar um juiz que apenas tem de cumprir o seu trabalho à categoria de salvador de criancinhas. Inqualificável.

E o cartaz a pedir prisão perpétua e castração para os culpados de pedofilia então é ainda mais grave.
Vai contra todos os direitos humanos consagrados em qualquer democracia digna desse nome.
E juridicamente é qualquer coisa de meter medo ao susto. É considerar que pedofilia é mais grave que homicídio, quando, como é evidente, o valor jurídico mais importante do nosso ordenamento é a vida humana.

O autor desse cartaz devia envergonhar-se da sua atitude.

Uma questão de SOLIDARIEDADE

Mark Kirkby é o chefe de gabinete de Ferro Rodrigues.

Entrevistado pelo Acção Socialista para falar de blogs, como exemplos de blogs de esquerda deu o seu próprio e o Blog de Esquerda, o qual reconduz explicitamente a pessoas próximas do BE.

Por se considerar ofendido, o Ter Voz decidiu suspender os posts até à próxima reunião do Secretariado do PS/Benfica.
Sendo o Ter Voz explicitamente um blog ligado a uma estrutura do PS, não posso deixar de manifestar a minha total e inequívoca solidariedade com os seus responsáveis.

Para onde vai o PS assim ? Um Secretário Nacional, infelizmente o mais novo deles todos, que se afirma marxista, um Chefe de Gabinete do Secretário-Geral que cita um blog ligado ao BE antes mesmo do onde ele próprio surge...o perigo espreita !


sexta-feira, setembro 26, 2003

Euronotícias

No «Euronotícias» de hoje, Jorge Coelho é apontado como uma possibilidade para «assumir o futuro dos socialistas», mas só perante uma «grande vaga de fundo» dos militantes.

Sabendo-se que Jorge Coelho nunca seria capaz de 'tirar o tapete' a Ferro Rodrigues, é de saudar a sua recuperação e o seu reaparecimento, uma vez que é uma personalidade incontornável a quem o PS já muito deve, sendo reconfortante a sua integração no grupo de 'reserva estratégica' para o futuro.

Ao contrário do «Semanário», o «Euronotícias» prevê que o PP possa ir a votos nas Europeias para 'secar' a Nova Democracia de Monteiro. Será bonito ver o dia do reencontro do monstro com o seu criador (ou vice-versa).

Como estarei ausente deste Blog na próxima semana, até Outubro.

Hoje é dia de SEMANÁRIO II

Mais uma vez, não resisto a chamar a atenção que hoje é dia de «Semanário».

«Portas Entrega-se a Durão com Dote Europeu», «Puras Estratégias Pessoais» ou,
«O Apêndice Euro-Calmo do PSD», são artigos que deviam estar disponíveis na Net.

Neste último, Paulo Gaião escreve:

«Já no próximo ano, precisamente nas europeias, Portas pode ver os maus resultados da sua estratégia, quando a estreante Nova Democracia de Monteiro, com um espaço político euro-crítico só para sí, contestando o reforço do Federalismo com a Constituição Europeia, e conquistando transversalmente, eleitorado à direita e à esquerda, tiver um ou dois deputados eleitos e seis ou sete por cento do eleitorado. Monteiro deve estar, aliás, radiante com as teses euro-calmas de Portas»

E a propósito do Congresso do PP:

«A farsa popular. Paulo Portas arrancou a raíz eurocrítica do partido, que ajudou a plantar com o seu então amigo Manuel Monteiro e não houve, até agora, ninguém alevantar a voz contra este autêntico golpe de estado, o que só prova que o PP é hoje uma ficção, um jardinzinho do Dr, Portas. No meio deste marasmo só sobra lugar para a farsa, já montada em Matosinhos, onde o caniche vai dar uns rugidos de leão. Só para o PSD ouvir. Com o líder do PP a comandar todas as operações.»

Judite de Sousa bem lembrava ontem a Paulo Portas, quando ele se vitimizava dos ataques da esquerda, que esses tempos do Jaguar já lá vão. Que quem o crítica hoje e pede a sua cabeça, é a direita, e aqueles que ele foi traindo na sua subida a pulso.

SUBSÍDIO DE DESEMPREGO

Não podemos concordar de modo algum com os novos critérios de atribuição do subsídio de desemprego.

Esses critérios dizem tudo sobre a política social deste Governo: a solidariedade de nada interessa, o que interessa é mera caridade; perfilhamento de concepções laboristas e assistencialistas relativamente à Segurança Social, completamente ultrapassadas; concepção social totalmente voltada para pessoas casadas e com filhos, no que é uma gritante discriminação em relação aos solteiros.

É o conservadorismo ao mais alto (ou baixo) nível.

TAMBÉM NÃO ERA PRECISO TANTO...

Não acredito que Paulo Pedroso tenha cometido actos de pedofilia. Estou certo de que será julgado inocente, para tristeza daqueles que o mandaram encarcerar injustificadamente.

Mas Pedro Adão e Silva leva a situação ao nível da telenovela mexicana, dizendo inclusivamente que Portugal não é um Estado de Direito.

O DESCRÉDITO sabe que é uma situação que lhe é próxima, mas não há necessidade de reacção tão emotiva. Pelo menos passada a escrito.

SONDAGEM

Hoje no Portugal Diário sai uma sondagem que dá os seguintes resultados:

PS 42,8%
PSD 37,6%
BE 6,2%
CDU 4,9%
CDS 4,1%

Ora, considerando que a mudança no sentido de voto tem sido homogénea em todo o país, decompus essa projecção por círculos eleitorais, tendo chegado aos seguintes números relativamente à composição de uma Assembleia da República saída desses resultados:

PS 115 a 117 Deputados, dependendo da emigração
PSD 94 a 96 Deputados, idem aspas
BE 9 deputados
CDU 6 deputados
PP 4 deputados

Parece estranho o facto de com menos percentagem que nas suas vitórias eleitorais o PS conseguir pelo menos tantos Deputados como em 1999. Mas é simples.

De facto, Paulo Portas tinha toda a razão em 1999 quando dizia que o voto no CDS-PP é que retiraria a maioria absoluta ao PS. De acordo com esta projecção, o PS ganha Deputados ao PP sem que o PSD perca algum em Aveiro, Viseu, Leiria e Santarém, e ganha mais Deputados dos que o PSD perde em Braga, Porto e Setúbal...esclarecedor. O Método de Hondt é mesmo assim.

Restaria então a Ferro Rodrigues 3 opções, em caso de a emigração não lhe conferir a maioria absoluta:

a) Governar em 115/115
b) Coligação com BE, para mais depois da subida eleitoral
c) Coligação com CDU, apesar de uma derrota eleitoral calamitosa, onde perderia o estatuto de segundo partido em Beja (perdendo esse Deputado para o PSD) e deixando de ser o segundo maior partido da esquerda em todo o país, excepto nos distritos do Alentejo e Setúbal.

A primeira hipótese não será de admitir. Já vimos de 1999 a 2002 em que é que dá. E não é possível pensar que qualquer dos partidos da oposição poderia colaborar com o Governo para a aprovação do Orçamento, a não ser que o CDS-PP desse uma tamanha cambalhota após a mais que previsível demissão de Paulo Portas que o fizesse regressar à democracia-cristã.

A segunda hipótese é a que mais se fala por aí, mas que em meu entender é a mais perigosa para o regime democrático. Sejamos honestos: colocar o BE no Governo seria uma manifesta irresponsabilidade, não só pela desconfiança imediata em que ficariam os agentes económicos, como também porque o Governo poderia cair a qualquer momento devido a qualquer razão ideológica. Por exemplo, um eventual envio de tropas em missão de paz para um outro país poderia ser motivo suficiente para o BE fazer cair o Governo.
Isto para além de que se chegar a um acordo com o BE para a elaboração de um programa de Governo é manifestamente impossível.

Restaria, enfim, a possibilidade de acordo com um PCP derrotadíssimo nas eleições. Que, de todas as alternativas, me parece a única capaz de oferecer uma solução política viável.
Quem já trabalhou com o PCP sabe que acordo assinado no papel é para ser cumprido. Não serão certamente fáceis as negociações, mas os comunistas possuem o pragmatismo e a coerência necessárias para não fazer de questões puramente ideológicas cavalo de batalha. Para ter em conta que o acordo de Governo é mais importante que proclamações e utopias. E por aí adiante.
Tal solução só não será possível se após um destes resultados o PCP estiver mesmo a ferro e fogo. Certamente que Carlos Carvalhas não desperdiçará a oportunidade de estar no Governo. É só Ferro Rodrigues ter bom senso.




MAIS CONSERVADOR QUE A ENCOMENDA

É já conhecido da blogosfera o Católico e de Direita.

O nome do blog esclarece de imediato quanto à natureza conservadora do seu autor.

Contudo, nada faria esperar que o mesmo viesse com tamanha convicção não só apoiar o documento sobre "abusos litúrgicos" que chega do Vaticano, como também condenar todas as reformas eclesiásticas decorrentes do Concílio Vaticano II.

Portanto, o bloguista defende que os padres rezem missa voltados de costas para os seus fiéis, e que essa missa seja rezada em latim.

Não sou cristão, pelo que não devo qualificar no âmbito religioso as posições daquele, mas não resisto a esta questão: porquê missa para todos em latim e não em aramaico, a língua materna de Jesus Cristo ?

O Paulinho das Feiras foi à RTP

Paulo Portas foi ontem conceder uma entrevista à RTP1, com os seus vários chapéus postos: líder do PP, Ministro de Estado e Ministro da Defesa.
Em ternos gerais, é de assinalar a diferença na pose, bastante mais simpático com Judite de Sousa, sem aquele normal ar arrogante e cerrado, que ele julga dar-lhe razão por si só.

Em relação ao conteúdo foi... Paulo Portas.
De tudo o que falou, vou limitar-me às suas considerações sobre a economia e a política económica do Governo.
Eurocalmo, falou como um daquele merceeiros de lápis na orelha, que sabemos que nos está a enganar nos pesos.
Quando compara a administração da economia de um Estado com a economia de uma família, ensaia mais uma vez a rábula do Zé e da Maria, desta vez sem utilizar nomes. Um paternalismo demagógico, descarado, cheio de frases feitas. Como quando aponta a Irlanda e a Espanha , os exemplos a seguir. Então por que não os seguiram? (enquanto o seu «sócio Aznar» baixava os impostos, a Manela Ferreira Leite subia-os em Portugal, originando o «crowding-out» nas receitas fiscais decorrente da contração do consumo, tal como é explicado em qualquer livro de economia).

Paulo Portas, para defender a obsessão do Governo pelo Défice Orçamental, explicou que um país é como uma família, não pode gastar mais do que aquilo que produz. Será que ele acredita mesmo nisto?
Gostava que Paulo Portas explicasse então a situação macroeconómica da maior potência económica mundial, os Estados Unidos da América:

Saldo da Balança Comercial negativo = -40,3 bilhões de dólares (agosto 2003)
Saldo da Balança de Transacções Correntes negativo = -4,8%PIB
Estimativa da Dívida Externa norte-americana em 2002 5% PIB
Défice do Orçamento de Estado = 157,8 bilhões de dólares em 2002, com previsões de um aumento em 2003 para cerca de 400 bilhões de dólares, equivalentes a 4,2% do PIB
Taxa de crescimento do PIB +3,1% (2º trimestre de 2003)

Segundo Paulo Portas, estes americanos não percebem nada de economia! Têm a maior dívida externa do mundo, as Balanças Comercial e de Transacções Correntes desequilibradas, e um défice orçamental a caminho dos 4,2% do PIB. Contudo, a economia continua a crescer!

Quanto ao resto, para além de ser um problema de Durão Barroso, talvez não seja de admirar que apareça um www.pauloportas.blogspot.com só para comentar os disparates e as contradições de Paulo Portas, que fala com a convicção de Mohammed Saeed al-Sahaf, e a lata de George W. Bush.

O CDS-PP E AMARO DA COSTA

No seu Congresso que se realiza este fim de semana, prepara o CDS-PP uma glorificação da figura de Adelino Amaro da Costa, omitindo totalmente Diogo Freitas do Amaral.

Sim, eu sei que Freitas do Amaral saiu do partido e por duas vezes, e nos dias que correm é considerado pelos populares como um perigosíssimo esquerdista. E que Amaro da Costa morreu nas condições conhecidas, podendo até, confirmando-se a teoria do atentado, ser considerado um mártir.

Mas basta ler as memórias de Freitas do Amaral para nos apercebermos do absoluto equívoco em que correm os militantes do CDS-PP. É recordada uma conversa entre DFA e AAC na qual ambos se afirmavam como centristas de tendência gaullista, grandes admiradores de Valéry Giscard d'Estaing, mas na qual DFA diz que estando no Reino Unido votaria no Partido Conservador, enquanto que AAC votaria no Partido Trabalhista, devido às diferenças programáticas na área da Educação.

Lembre-se que esse é o Partido Trabalhista da era Wilson/Callaghan, que mantinha e defendia certos privilégios verdadeiramente cretinos para os sindicatos, só abolidos durante a inenarrável era Thatcher (afinal, nem tudo podia ser mau)...

É portanto, sem prejuízo da componente histórica, um total paradoxo !



quinta-feira, setembro 25, 2003

O DESCRÉDITO DESCULPA-SE

De facto, hoje foram enviadas mensagens publicitando o blog para e-mails de muitos outros blogs.

Infelizmente, por cada tentativa de envio o explorer dava mensagem de erro de time out do servidor.

Daí que muitos tenham recebido várias mensagens idênticas.

Ficam aqui as nossas desculpas.

Voluntarismo Político

Pacheco Pereira considera hoje no Público...
(Começa a preocupar-me verdadeiramente estar sempre a comentar os mesmos «opinion makers». Fico na dúvida se será uma obsessão ou começa a haver mesmo um deserto de ideias no horizonte.)
Pacheco Pereira considera hoje no Público que o Presidente Jorge Sampaio, na sua passagem pela Assembleia Geral das Nações Unidas, ao comparar a luta contra o terrorismo com a luta contra a SIDA, é infeliz e despropositado.

Acrescenta, « as duas coisas, sida e terrorismo, não são comparáveis. O terrorismo é resultado de um voluntarismo político, tem responsáveis claramente identificados, vem do tecido político internacional; enquanto a sida é uma doença que, mesmo que se critique a escassez dos esforços para a combater, é um fenómeno natural e social».

E termina concluindo que «O combate contra a epidemia da sida nunca será o beneficiário directo ou indirecto da secundarização da luta contra o terrorismo. Um mundo instável e perigoso é o melhor terreno para a proliferação da sida, particularmente em sítios como a África, onde a doença está inscrita profundamente na sociedade, sendo um factor de depressão económica e social»

O que julgo estar implícito nas palavras de Jorge Sampaio é que, no mundo de hoje, onde a clivagem entre os hemisférios Norte e Sul é cada vez maior, não basta agir sobre as consequências imediatas deste desequilíbrio, onde o terrorismo internacional parece ser cada vez mais a sua face mais visível, mas é necessário também combater as suas causas. E aqui a SIDA, e a falta de apoio do «mundo ocidental» ao combate deste flagelo nos países mais afectados, surge em primeiro plano.

Todos sabemos que a SIDA e o terrorismo não são comparáveis.
Tal como a dívida externa do Terceiro Mundo não é comparável à dívida externa dos próprios EUA.
Mas também todos sabemos a forma como a SIDA afecta os países do Terceiro Mundo, em particular no continente africano, como muito bem referia PP.
Existem também todos os outros problemas ligados ao apoio que é dado ao desenvolvimento destes países (leia-se Stiglitz), de que tem resultado um desgaste permanente da imagem das organizações internacionais que actuam nesta área.

Mas numa altura em que o Presidente Bush pede ao Congresso Norte-Americano um orçamento adicional de 87 biliões de dólares (!) para continuar a financiar as operações militares no Iraque, é preciso sublinhar que a luta contra o terrorismo, nos pressupostos em que está a ser feita, tem como beneficiários imediatos toda a indústria do armamento, assente nos países desenvolvidos, a começar nos próprios EUA (receita de política económica claramente Keynesiana, que os americanos sempre gostaram de utilizar).

Talvez a utilização de uma pequena parte desta verba no combate à SIDA fizesse mais pela paz, ao enfraquecer o «voluntarismo político» que sustenta o terrorismo, e que levou nomeadamente à morte de Sérgio Vieira de Melo.

O Espelho da Sociedade em que Vivemos

O Nelson Faria, no seu Blog Veto Político, tece várias considerações interessantes sobre a realidade dos partidos políticos. Esta realidade estaria na origem da «Cacocracia», com que intitula o seu raciocínio, e que caracterizaria a nossa Democracia, onde se verifica «a subida ao poder dos partidos, invés das pessoas, a subida ao poder daqueles que dedicam vidas à estrutura e à mensagem da estrutura, entabulados por anos e anos de mensagens corrompidas assimiladas na luta dos interesses eleitorais».

Prossegue denunciando que tudo começa na «corrupção da mente e da alma de quem insiste na dedicação à política, muitas vezes com ambições altruístas ou desejos moralistas», para depois descrever cruamente o que acaba por ser o funcionamento interno dos partidos políticos, na sua pior vertente.

Discutir se esta visão do funcionamento partidário é mais ou menos correcta, ou se é aplicável a todos os partidos políticos, parece-me secundário. Assusta-me sim que, cada vez mais, este tipo de imagem seja associada à actividade política, o que infelizmente é falso.
É falso, infelizmente, porque a descrição que faz é, genericamente, aplicável a todo o tipo de organizações e instituições que temos, das empresas privadas às associações, passando pela Administração Pública.

É o espelho da sociedade em que vivemos.

A única diferença é que, ao contrário das empresas ou da Administração Pública, onde também «a gestão nepótica dos poderes torna-se inevitável como forma de recompensa pelo empenho pessoal de alguém, ou como prestação adiantada de pretensões em cima da mesa», os partidos políticos estão (em teoria?) abertos à sociedade: qualquer cidadão maior de idade pode se inscrever num partido (em vez de, por exemplo, ficar no sofá a ver o Big Brother, e a insultar os políticos nos Telejornais).

Assim, só posso concordar parcialmente com a sua conclusão de que «o real problema da política não está tanto no sistema eleitoral como nas estruturas em que é condicionada. Só a resolução dos vícios do passado irão resultar numa democracia menos falível.»

O verdadeiro problema da política portuguesa começa no alheamento das pessoas em relação aos problemas que lhe dizem respeito, passa pela falta de cultura cívica, e desagua no mar de demagogia onde os políticos são todos iguais: incompetentes, irresponsáveis, corruptos, etc.

Se os partidos são constituídos por cidadãos livres, temos os partidos que queremos, e a democracia que merecemos.

MICROSOFT

A Microsoft vai encerrar os seus chats com o pretexto da pedofilia.

Fora ser completamente idiota fechar algo que é geral por causa de uma situação particular, já corriam rumores de que a MSN queria tornar os seus serviços pagos.

Portanto, isto é tão genuíno como a proibição de fumar nos aviões. A questão é dinheiro, e não qualquer princípio.

quarta-feira, setembro 24, 2003

A Luta de Classes como Sound Bite

Eduardo Prado Coelho escreve hoje no Público, a propósito de uma frase de Odete Santos que dizia «Na praia também existe luta de classes», considera o seguinte sobre Durão Barroso:
«quando Durão Barroso, ao encerrar a universidade de Verão, proclama que "a questão da luta de classes, que é ainda defendida por uma certa esquerda, já não terá lugar na economia dos dias de hoje", ou está a defender um dos mais estafados e antigos lugares-comuns da direita, ou se limita a um enunciado com meras funções de táctica política (inclino-me para a segunda hipótese, porque sei que se trata de um homem culto). O que podemos dizer hoje é que continuam a existir diferenças de classe, mas as formas tradicionais de luta de classes estão em vias de desaparecimento. Porque uma coisa são as classes, outra a existência de lutas de classes (embora a luta seja uma forma de construir a identidade das classes, mas não a única). »

O desaparecimento das formas tradicionais de luta de classes a que EPC se refere é constatável, por exemplo, no contínuo enfraquecimento do movimento sindical. Ou no egoísmo, cada vez mais presente na nossa sociedade, que teve como oásis o espantoso envolvimento nacional aquando da causa de Timor.

A própria «sociedade civil» (expressão que abomino), tem vindo a mostrar grande dificuldade em se organizar em torno de causas ou objectivos comuns, o que terá sido bem patente há alguns anos atrás nos Referendos então realizados. Conclui aliás EPC, «donde, existem classes, existem conflitos pontuais, mas não existe um projecto de acção política fundado em diferenças de classes (daí a forma como os partidos "pescam em todas as águas").»

A direita portuguesa, na sua ideologia de tomar o poder, costuma usar alguns lugares comuns nesta «pesca em todas as águas».
A mais descarada é quando vem defender que já não há ideologias, que já não há esquerda nem direita, slogan a roçar o: «a minha política é o trabalho»).
A utilização de velhos chavões da doutrina marxista-leninista-maoísta (que Durão Barroso e Pacheco Pereira tão bem conhecem), para atacar a esquerda, tentando colocá-la para lá do ex-Muro de Berlim, é também uma táctica recorrente. Tenta-se assim provar que a esquerda ficou no passado, não tendo soluções para os problemas actuais, pelo que não é alternativa. O que mostra a pouca ingenuidade de querer permanente caracterizar o PS de Ferro Rodrigues como um PS demasiado à esquerda, ou seja, demasiado no passado, sem «lugar na economia dos dias de hoje».

O caminho que a esquerda europeia começou forçosamente a percorrer desde a década de 90 é exactamente o de se reformular nos objectivos e no discurso, sem perder os seus princípios, ou seja, a sua identidade. A Terceira Via, por exemplo, falhou porque não cumpria este último requisito.

Cantar
«De pé ò vítimas da fome,
jamais,
jamais a servidão...»
fará sempre sentido enquanto houver fome e servidão.

CARTAZES

Após as críticas de Pacheco Pereira, Santana Lopes admite que gosta de chamar a atenção com os cartazes.

Com os cartazes, com o show-off, com o jet-set, com as namoradas, etc. etc.

Não é novidade, portanto.

SEMPRE O MESMO

Eduardo Prado Coelho hoje tem o descaramento de dizer que negar a luta de classes é defender um dos mais estafados lugares-comuns da direita.

De facto EPC deve estar num limbo com cordão umbilical ligado à França dos anos 60. Cada vez mais me convenço disso.

E, claro, está firmemente convencido de que tudo o que não seja marxista não é esquerda. Típico de marxistas, sejam eles extrema-esquerda ou supostamente socialistas.

Quando a realidade é outra: exigir a defesa da existência de luta de classes como pressuposto para se ser de esquerda é erguer o mais estafado lugar-comum do marxismo. Teoria essa que, como sabemos, trouxe, no essencial, (mais) opressão política e pobreza ao mundo.
Sem prejuízo do trabalho realizado a nível da Educação, obviamente aproveitado pelas democracias posteriormente implantadas nos países que sofreram o flagelo comunista. E com o qual talvez fosse bom aprender algumas coisas, em lugar de se dar espaço na rádio pública ao Dr. Eduardo Sá para ir para lá defender um projecto de escola verdadeiramente pseudointelectual pelo qual "as crianças vêem na ponta dos dedos" e mais outras frases desse calibre capazes de assustar qualquer pai ou mãe.

JOSÉ SÓCRATES E O FUTURO DO PS

José Sócrates criticou ontem uma corrente autoflageladora dentro do PS, que é composta por "aqueles que pensam renovar a esquerda em nome do abandono daquilo que se fez ao longo dos 6 anos de Governo".

Não posso estar mais de acordo. Mas enfim, quando um dos membros do Secretariado Nacional do PS se assume marxista, está tudo dito...

terça-feira, setembro 23, 2003

A FUNÇÃO PÚBLICA

Em meu entender, e ao contrário do que para aí se diz, a Constituição não impede que haja despedimentos na função pública.

Contudo, entenda-se que esta proposta de flexibilização de horário agora vinda a público é claramente apenas um argumento negocial. O importante para o Governo é permitir o lay-off. Ou ainda não perceberam que a estratégia é sempre a mesma ?

Ante–Projecto de Estatutos da Ordem dos Advogados

Está em debate público até ao final de Setembro o ante –projecto de Estatutos da Ordem dos Advogados.

Sobre este assunto, e para os interessados, recomendo a leitura do artigo O Trabalhador – Advogado da Empresa, contributo de um conjunto de jovens advogados, sobre as incompatibilidades e impedimentos que poderão ser impostos aos advogados de empresa.

Este artigo alerta para «a forma excessivamente aberta como estão redigidos alguns artigos do ante-projecto» que «podem dar azo a interpretações abusivas», que temem «conterem consequências nefastas para a nossa profissão, bem como para a própria Ordem dos Advogados».

«Pretender que o regime jurídico com base no qual o advogado desempenha as suas funções é que constitui o factor determinante do respeito dos princípios deontológicos a que o advogado está vinculado desde o primeiro momento em que se torna advogado, “é tapar o sol com a peneira”, pois, o advogado deve respeitar a sua deontologia, independentemente do acto jurídico ao abrigo do qual pratique os actos próprios da profissão. O cerne da questão é, pois, outro totalmente distinto! Ele prende-se com a fiscalização do exercício da actividade de advocacia.»

Concluem afirmando que «o advogado que exerce a profissão em regime liberal não é, seguramente, o único que está em condições de respeitar os princípios deontológicos da advocacia!»

Procuram-se Juizes

Com a abertura do novo ano judicial, ficámos também a saber que não existem juizes suficientes para distribuir por todas as capelinhas, pelo que muitos terão de acumular trabalho, como será o caso do discretamente super-mediático juiz Rui Teixeira.

Percebe-se finalmente porque não continuaram as detenções na extensa lista dos potenciais presumíveis implicados no caso da rede de pedofilia da Casa Pia. Pelos vistos, os juizes não têm capacidade de resposta para dar vazão a tantos processos de instrução, preferindo a «qualidade» à quantidade.

Azar Nítido

O Ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, veio ontem enriquecer o Manual da Irresponsabilização deste Governo com mais uma pequena pérola: a palavra «azar».

Para Carmona Rodrigues, a queda da travessia para peões no IC19 foi uma «situação de azar».
Infelizmente estamos de acordo.
Foi uma «situação de azar» para quem estava naquele local, naquele sítio àquela hora.
E parece que existem mais 40 pontes onde alguém se arrisca a ter «azar».

Agora, consultando o seu vasto Manual da Irresponsabilização (que não é alfabético, pois começa em «Governo Socialista), os vários Ministros poderão explicar aos portugueses os seus monumentais espalhanços:
É «azar» o calor ter queimado centenas de milhares de hectares de floresta este ano.
É «azar» as despesas correntes do Estado continuarem a crescer.
É «azar» as receitas dos impostos continuarem a diminuir.
É «azar» as exportações não crescerem.
É «azar» sempre que é necessário negociar qualquer dossier em Bruxelas.
É «azar» o Marcelo Rebelo de Sousa continuar a falar na TVI, o Duarte Lima escrever no «Expresso» e o Pacheco Pereira ter um Blog.

Em boa verdade, o azar nítido continua a ser termos o Governo que temos.

segunda-feira, setembro 22, 2003

SEVEN - Os Sete Pecados Mortais / Parte II

Na sequência do meu Post «Seven - Sete Pecados Mortais», de sexta-feira dia 19, alguém produziu um extenso comentário usurpando o nome do Pedro Sá.
Eu compreendo que estas ideias da Conferência Episcopal Portuguesa sejam desagradáveis de ouvir para a parte mais retrógrada da direita portuguesa. Mas utilizarem o nome do Pedro Sá para criticarem o Episcopado é um golpe baixo.
Apesar disso, mesmo que a numeração dos comentários por vezes só por coincidência corresponde à da referida Carta Episcopal, farei os seguintes comentários ponto por ponto*:

1 « Obviamente que todas as pessoas são egoístas, nem é legítimo esperar-se ao contrário. O egoísmo geral não só é uma realidade como é desejável»

Depois de recuperar do pasmo em relação a esta frase, penso dever chamar a atenção para algo fundamental: Egoísmo não é liberalismo, nem corresponde a direitos individuais adquiridos. O primado do egoísmo corresponderia sim a uma Sociedade onde só existiriam direitos individuais, sem existirem os deveres para com a Sociedade.
Mesmo na decomposição anarquista da Sociedade, as liberdades de cada um param quando interferem com as liberdades dos outros.
Mesmo na Sociedade ultra-liberal, o Estado surge como regulador entre cidadãos (por exemplo, através do acervo legislativo).
Viver em Sociedade é reconhecer que não vivemos isolados. Considerar o egoísmo desejável, é considerar como norma socialmente aceitável e recomendável colocar permanentemente os interesses pessoais à frente dos interesse dos outros.
Terá chegado a hora de meter a Solidariedade na gaveta?.
Em relação ao egoísmo do Estado, bem vindo ao Clube de Fãs da Manuela Ferreira Leite...

2 « Não fora o consumismo a nossa economia seria bem pior(...)»

O consumismo não é um fim em si.
Na minha opinião, a melhoria do bem-estar (wellfare) dos cidadãos será um objectivo mais aceitável. O consumismo só é positivo quando contribui para o bem-estar da sociedade, o que não é o caso quando o nível de endividamento privado ultrapassa todos os limites técnicos (e de bom senso).
Em relação aos valores espirituais, sendo agnóstico tenho uma leitura mais ecuménica da Carta. Se calhar esta insensibilidade com valores espirituais vai de encontro ao tal egoísmo.

3 « A forma como a corrupção é designada é lamentável. Pura e simplesmente ela é um crime, que deve ser punido como qualquer outro.»

Este comentário é coerente com o primeiro. Se o egoísmo é desejável, a corrupção é um dos meios ao dispor dos cidadãos para atingirem os seus fins (tanto o corrupto como o corruptor). Porque de outra forma, a corrupção, antes de ser um crime é um dilema moral.
Num País onde fugir aos impostos continua a ser socialmente bem visto (4).

5 «(...) em que ponto é que a solidariedade é para aqui chamada?»

O autor deste comentário, que assina abusivamente como Pedro Sá, continua a mostrar alguma dificuldade em lidar com o conceito de Solidariedade. O que nos obriga a voltar à questão do egoísmo, e da atitude (falta de consideração) perante o próximo. (Basta ver os carros estacionados em segunda fila por aí fora, apesar de não morrer ninguém por causa disso)

6 «Esta então ultrapassa todos os limites do ridículo. Isto é a condenação explícita do desporto profissional(...)»

A Economia/Gestão Pura publicaram no seu último número os resultados do ISI ? Information Society Index. Neste índice composto, Portugal surge em 26º lugar (logo atrás da Espanha e da Grécia). No Índice Social, onde Portugal ocupa o mesmo 26º lugar (e desta vez à frente da Grécia), na componente leitura de jornais tem um honroso 42º (entre o Equador e o Panamá).
Se considerarmos que entre os jornais mais lidos em Portugal fazem parte três jornais desportivos diários...

7 «(...)dizer que há desigualdade no acesso à educação é uma afronta às conquistas do regime democrático»

Não há desigualdade no acesso à educação? Estamos a falar de Portugal?
Não será a igualdade de acesso à educação uma das perigosas derivações socialistas da Constituição, denunciadas pelo PP?


* A completa compreensão desta polémica implicará naturalmente, a leitura do Post «Seven - Os Sete Pecados Mortais» e o respectivo comentário aí inserido.

Espero Que Tenha Reparado...

«Espero Que Tenha Reparado» que Lisboa aderiu ao Dia Europeu sem carros.
Não reparou?
Então é porque não passou nem pela Praça do Comércio nem pela Rua do Século.
Foram estas as artérias lisboetas cortadas ao trânsito automóvel por Pedro Santana Lopes.

Não se trata de discutir se o Dia Europeu sem carros é uma iniciativa boa ou má.
Trata-se de perceber se a cidade de Lisboa aderiu ou não ao evento.
E a resposta parece ser sim, mas não (ou o inverso).
Pedro Santana Lopes, manifestou-se a favor e contra o Dia Europeu sem carros, e acabou por aderir sem aderir.

É esta atitude que define muito bem o estilo de Pedro Santana Lopes, e a sua maneira de estar na política, em que numa mesma frase afirma convictamente algo e o seu contrário, concordando com todos. E a fórmula passa! É como na leitura dos signos, em que uma pessoa acaba por só ler aquilo que se lhe aplica, não reparando no resto. E há já quem esteja a ver a Presidência da República como a sina de PSL (e a nossa)!!

De notar ainda sobre PSL uma referência de Pacheco Pereira na SIC:
"Não se deve gastar dinheiro para publicitar as actividades normais da Câmara Municipal de Lisboa. É como se as empregadas de limpeza da Câmara deixassem bilhetes nos gabinetes dos vereadores 'já reparou como o seu gabinete está limpo?".

MAIS UMA VEZ

Eduardo Prado Coelho (sim, eu sei que é sempre o mesmo, mas não resisto) veio hoje argumentar em defesa de propinas elevadas no Ensino Superior, por considerar que, sendo a maioria dos estudantes de famílias das mais bem remuneradas, assim se faz justiça social, e essa seria uma medida de ESQUERDA.....

E mais uma vez EPC repete os estafadíssimos argumentos da direita. O papel do Estado de nada interessa. Enfim.

MARIA ELISA DE MAL A PIOR

Agora a inefável (ex-??) Deputada vem dizer que um dos motivos porque está a ser linchada na praça pública é o de ser mulher.

O desespero é tanto que a escalada de disparates já vai em tal ponto que é de temer pelas próximas declarações da mesma.

Então meter ou não meter baixa e depois ir para adido cultural tem alguma coisa a ver com sexo ?

sexta-feira, setembro 19, 2003

SEVEN - Os Sete Pecados Mortais

Os sete maiores pecados do Portugal contemporâneo:

1 Os egoísmos individualistas, pessoais e grupais, sem perspectiva do bem comum mais global;

2 O consumismo, fruto de um modelo de desenvolvimento, fomentado pelos próprios mecanismos da economia, que gera clivagens entre ricos e pobres e gera insensibilidade a valores espirituais;

3 A corrupção, verdadeira estrutura de pecado social, que se exprime em formas perversas, violadoras da dignidade humana e da consciência moral pelo bem comum;

4 A desarmonia do sistema fiscal, que sobrecarrega um grupo, e pode facilitar a irresponsabilidade no cumprimento das justas obrigações;

5 A irresponsabilidade na estrada, com as consequências dramáticas de mortes e feridos, que são atentado ao direito à vida, à integridade física e psicológica, ao bem-estar dos cidadãos e à solidariedade ;

6 A exagerada comercialização do fenómeno desportivo, que tem conduzido à perda progressiva do sentido do 'jogo' como autêntica actividade lúdica, e a falta de transparência nos negócios que envolvem muitos sectores e profissionais dalgumas áreas do desporto;

7 A exclusão social, gerada pela pobreza, pelo desemprego, pela falta de habitação, pela desigualdade no acesso à saúde e à educação, pelas doenças crónicas, e que atinge particularmente as famílias carenciadas e as pessoas idosas, e determinados grupos sociais."


Não foi nem o BE, nem a ATTAC nem nenhum movimento esquerdista radical que os enunciou.
Não faz parte da discussão sobre a Declaração de Princípios do PS.
Foi a Conferência Episcopal Portuguesa, num documento intitulado «Responsabilidade Solidária pelo Bem Comum»

Hoje é dia de SEMANÁRIO

Uma vez mais, recomendo a leitura do SEMANÁRIO, em especial os artigos de Paulo Gaião e Rui Teixeira Santos sobre o relatório da Mckinsey e o desafio da produtividade, que à semelhança do Relatório Porter de há 10 anos atrás, veio dizer essencialmente tudo aquilo que já sabíamos. A diferença é que um ainda foi pago em escudos e este já foi pago em euros.

Termina Paulo Gaião o seu artigo do seguinte modo:
«Os portugueses talvez devessem encomendar à Mckinsey um estudo para saber quantos furos abaixo fica o governo barrosista, em competência, eficácia e produtividade, dos governos do centro da Europa. Tendo como objecto de estudo ministros como Figueiredo Dias, Américo Theias, Carmona Rodrigues, Luís Filipe Pereira, Celeste Cardona, Pedro Roseta, Sevinate Pinto e, já agora, Manuela Ferreira Leite, talvez a grande culpada de tudo, a merecer um estudo da Mckinsey só para ela»

Saúdo no mesmo jornal a notícia de que Afonso Candal assumirá uma das vice-presidências do Grupo Parlamentar do PS. Esperemos que signifique o reconhecimento pelo excelente trabalho que tem vindo a desenvolver como Deputado e não seja um presente envenenado.

PACHECO, O CONSERVADOR

O Abrupto continua a fazer das suas.

Agora Pacheco Pereira decidiu comentar a entrega pela Associação Académica de Coimbra de rolos de papel higiénico no valor da propina máxima, como acção de protesto.

Antes de mais, distingue, ainda que subtilmente, estudantes de dirigentes académicos, o que é vergonhoso. Não restam dúvidas de que se tem de ser estudante para se poder ser dirigente académico.

Mas Pacheco Pereira vai ao ponto de intitular os mesmos estudantes como "ordinários", apenas porque entregaram papel higiénico e não livros desse valor.

Para além de o papel higiénico só ser ordinário nos tempos em que Pacheco Pereira andava pelo PCP(ML), note-se que livros no valor de cerca de 850 €uros não dariam grande volume. Uma pilha de papel higiénico é bem mais volumosa.

Agora deu-lhe para ser conservador...

PACHECO PEREIRA

Hoje no Abrupto, Pacheco Pereira diz que não é de direita.

Se não é de direita, pergunta-se o que é que faz num partido que é direita, e o é cada vez mais.

ESTES DOIS...

Que o inefável João de Mendia é profundamente reaccionário e antidemocrático já todos sabemos.

Agora que tenha o desplante de dizer que não se admira que Carlos Cruz eventualmente tivesse comportamentos pedófilos já que se prestou a ler um texto do PCP.....

METE NOJO !

PATÉTICO

João Titta Maurício escreve uma Carta Digital profundamente patética. Vejamos.

1 - Critica o facto de os mesmos estudantes que andaram a mostrar o rabo ao então Ministro da Educação e a gritar "Não Pagamos" depois numa noite de copos gastassem mais do que duas propinas anuais.

Para além de mesmo em 1992/93 ser obviamente facílimo gastar 2400$ numa noite, cansa ver esta lógica "Se gastam nos copos também têm para as propinas" ou "Em vez de gastar nos copos deviam gastar nas propinas". Cansa MESMO.

Porque não faz qualquer sentido. As pessoas gastam dinheiro nos copos ? Óptimo. É sinal que há dinheiro para isso, e assim gera-se mais emprego, o que melhora também a economia, etc., etc., etc. Para não falar que ninguém tem que fazer juízos de valor sobre onde cada um gasta o seu dinheiro.

Mas vindo da direita mais conservadora de nada admira. Essa lógica de pensar que é classificável em termos gerais como dinheiro bem gasto e mal gasto o que cada um de nós gasta é algo profundamente preocupante em termos da liberdade individual. E quem critica supostos controlos centralizados do Estado sobre seja o que for não tem moral nenhuma para fazer estas críticas. Claro que o que é defendido é um controlo social com a Santa Madre Igreja à cabeça....

2 - Depois, faz uma crítica, ainda que en passant, aos salários auferidos, criticando que não haja correspondência entre os mesmos e a relevância social do emprego em questão. Algo que, por incrível que pareça, nomeadamente em relação às estrelas do futebol, vejo muitos jovens também a criticar !!! Agora está outra vez na moda a moralzinha ?

Nada que demonstre mais à saciedade, tal como Giddens já fez, a absoluta incompatibilidade entre conservadorismo tradicional de natureza cristã e liberalismo.

O liberalismo, e muito bem, defende que a retribuição a auferir por cada trabalhador é determinada pelo mercado. Um conservadorismo achará, por exemplo, que é imoral haver salários muito altos. Nada mais absurdo. O que é injusto é existirem salários baixos, até porque tectos salariais por força da lei em nada beneficiariam quem menos ganha.

Como são os pensamentos marxista e conservador TÃO parecidos...

3 - João Maurício critica também esta sociedade actual, por prometer "o sucesso com glamour ao alcance de todos". Bendita sociedade actual onde a todos é possível aspirar e conseguir esse sucesso. Já Andy Warhol falava nos 15 minutos de fama, como é do conhecimento geral.

Escusado será dizer que o cronista defende um modelo de sociedade onde só poderia ter esse sucesso com glamour quem viesse de certos e determinados estratos sociais....aliás, isto faz-me lembrar aquela patética entrevista de Nuno da Câmara Pereira, em que dizia que a sua família pertencia à classe dominante há muitos séculos e censurava algo que poderíamos qualificar ironicamente como "burguesia endinheirada".

4 - E "a culpa é da escola", supostamente dominada pela esquerda, por não exigir esforço e etc.

Espanta-me, tantos séculos depois e na sociedade actual, como ainda se vê esta exaltação das ideias estóicas. Mais grave, João Maurício critica, na prática, que as pessoas tenham direitos só por o serem.

Nunca defendi passagens automáticas nem nada que se pareça, nem a escola virada para o prazer como defende o dr. Louçã, mas essa escola propositadamente difícil e árdua só por si não faz sentido. O que faz sentido é os estudantes aprenderem aquilo que lhes é exigido e com a maior motivação possível. Fazer as coisas propositadamente difíceis de nada ajuda.

Mas...esta direita mais conservadora parte de um princípio que no mínimo é miserável, o que de que as pessoas têm que merecer os direitos antes de os terem, e que têm de merecer respeito antes de serem respeitadas. O que é a negação da condição humana e da cidadania, aliás eu diria mais, de todos os nobres direitos, liberdades e garantias (e porque não dos deveres ?) conquistados desde as revoluções liberais, e que são património histórico, cultural e jurídico da Europa.

A atitude correcta é saber que todos temos direitos, que têm que ser respeitados, e que todos nós merecemos respeito. Sim, não é o respeito porque é mais velho ou coisa parecida. É respeito com todos e para com todos.

5 - João Maurício ainda escreve que actualmente os Homens acreditam que nada lhes é exigido e que nada lhes pode ser proibido. Cá está mais uma vez.

Bem, obviamente que muita coisa é exigida. Cumprir as leis, etc., etc. Mas essas exigências devem reduzir-se ao mínimo indispensável.

Então as proibições, mais ainda.

6 - "A desigualdade existe e não pode nem deve ser eliminada"

É uma frase que eu até poderia subscrever perante certo tipo de argumentos de uma esquerda marxista e ultrapassada.

Contudo, todo o espírito subjacente a ela obriga-me a refutá-la por inteiro. Porque o que João Maurício defende é uma desigualdade no acesso aos direitos, e a tudo. As únicas desigualdades admissíveis, em meu entender, são as de natureza económica e estritamente pessoal (por exemplo, para não deixar dúvidas, uns discursam melhor, outros têm maior aptidão artística ou desportiva, etc.).

Todas as outras desigualdades são profundamente abomináveis. E, mesmo aí, o que interessa é garantir que todos tenham as mesmas oportunidades. Não forçar. Por isso sempre fui e sempre serei contra as ridículas, paternalistas e machistas quotas por género em termos políticos, defendidas por mulheres derrotistas que não se consideram capazes de lutar de igual para igual com qualquer homem. O que é triste.












quinta-feira, setembro 18, 2003

A Política e os Gelados

Há um Modelo de Economia sobre o posicionamento de dois vendedores de gelados numa praia (desculpem-me os puristas com a ligeireza da descrição que se segue).
Neste Modelo, a situação óptima para os consumidores de gelados, tendo em conta a distância que têm de percorrer para a sua compra, seria a de cada vendedor ficar com metade da praia, e na sua metade situarem-se exactamente ao centro. Desta forma, a distância máxima que um consumidor teria de andar na praia seria, no limite, igual a 25% do comprimento da praia (a chamada situação Pareto eficiente).
Porém, se o vendedor do lado esquerdo da praia começar a vender gelados mais para o centro, mantêm a sua quota de mercado à esquerda, e ganha quota de mercado no lado direito da praia. Mas o mesmo se aplica inversamente ao vendedor do lado direito da praia. Assim, na situação final, ambos os vendedores se colocam ao centro da praia, um ao lado do outro. A distância máxima que um consumidor terá de andar na praia passará a ser, no limite, de 50% do comprimento da praia!

A aplicação deste Modelo à teoria política, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, não recomenda que Durão Barroso e Ferro Rodrigues vão vender gelados para a praia («Gelados Durão, os Gelados para o seu Verão» vs «Gelados PêEsse, os Gelados que apetece»).

É o modelo que explica a bipolarização do sistema político, onde os dois grandes partidos tendem a apresentar programas muito semelhantes, ao centro, tendo em vista a conquista de mais eleitorado (que ironicamente, cada vez mais prefere ficar na praia do que votar).

É facilmente perceptível que quem perde com esta situação é o eleitorado, que dificilmente se revê nas propostas políticas, sendo obrigado a discutir as virtudes e os defeitos dos líderes propostos (qual B.B.).
Mas mais uma vez, muitos se preocupam com a posição relativa do PS em relação à sua esquerda (onde há óptimos «vendedores de gelados», como Francisco Louçã»), e poucos com a posição relativa do PSD na sua praia (onde, na falta do PP haverá a Nova Democracia de mercado em mercado).

Deve ser mesmo o desespero por uma alternativa, porque o Verão já lá vai, e o Durão já derreteu.

Assim é muito mais fácil, não é Pacheco Pereira?

Em primeiro lugar, há que fazer justiça a Pacheco Pereira. Não é pela falta de um Telejornal para comentar, que as suas opiniões não são amplamente discutidas. E de todos os actuais «opinion makers», Pacheco Pereira tem o mérito de ser o único a quem não é dado um palco privilegiado, e no entanto consegue fazer-se ouvir.
Até conseguiu por as Televisões a ler o seu Blog, e criarem notícias a partir daí (veja-se o caso do seu comentário às declarações de Portas sobre a imigração).

Em relação ao artigo de hoje do Público, a análise ao PS-Porto é apenas o aperitivo para o prato principal:
A «ausência de qualquer outra actividade significativa dos socialistas, o imenso vazio de causas que vai da base ao topo» e a «a hipoteca completamente insensata em que a direcção de Ferro Rodrigues se colocou face ao processo da pedofilia» («Ferro Rodrigues cometeu aí o erro que, mais cedo ou mais tarde, o afastará da direcção do PS. Fê-lo por desprendimento, mas a verdade é que não cumpriu com as suas responsabilidades, nem com o PS, nem com Pedroso»)

Tal como Pacheco Pereira bem sabe, as notícias sobre os acontecimentos ou movimentações nas estruturas locais ou regionais tanto no PS como no PSD servem apenas para consumo interno. Não é por aí que se mede a actividade partidária. Ou então podíamos analisar a actividade política dos sociais democratas de Lisboa em conter a Vereadora Ana Sofia Bettencourt (que parece que anda a decidir se é militante ou não), e a distribuição de jobs, sempre de impacto normal quando o Governo é de direita.

Pelo que a utilização do artigo de José Saraiva serviu de ardil estilístico para o comentário a Ferro Rodrigues e ao PS em geral, e a sua «ambiguidade estratégica». O PS ainda pode pois ainda orgulhar-se que se espere dele uma clarificação estratégica ideológica. Se é mais à esquerda, mais ao centro, Terceira Via, etc.
Neste aspecto, ao PSD sempre se lhe exigiu uma estratégia muito mais objectiva: a tomada pura e simples do poder. Ou na sua vertente mais complexa: Um Governo, Uma Maioria e Um Presidente.
Assim é muito mais fácil, não é Pacheco Pereira?

ENFIM...

Pacheco Pereira vem criticar um artigo de José Saraiva, por este falar de questões internas do PS/Porto, que atribui a um eventual desnorte da liderança de Ferro Rodrigues.

O que só prova que Pacheco Pereira não conhece o PS/Porto....se conhecesse não fazia desses comentários. De certeza !

ANALFABETISMO

O Cataláxia chama-me analfabeto.

Os meus agradecimentos por tão nobre distinção.

CONSTITUIÇÃO EUROPEIA

Fui ver a proposta que saiu da convenção e fiquei descansado

O famigerado art. 10º/1 diz o seguinte, afinal: "A Constituição e o direito adoptado pelas instituições da União no exercício das competências que lhe são atribuídas primam sobre o direito dos Estados-membros".

Considerando que uma interpretação correcta e sem complexos deste preceito permite desde logo concluir que isto apenas é a continuidade do que já existe, ou deveria existir.
Ou seja, as directivas terem aplicabilidade directa e revogar as legislações nacionais.

Portanto, nada de preocupações. Interpretar este preceito como significando que o Direito comunitário tem mais valor que qualquer das Constituições nacionais é algo de profundamente abusivo, e que só pode ser feito por ultrafederalistas ou por medrosos. Ou por oportunistas como Francisco Louçã, que hoje em Carta Aberta vem pedir REEFRENDO JÁ, obviamente com o objectivo de liderar uma campanha pelo NÃO...

Já posso votar SIM num eventual referendo descansado :)))))

quarta-feira, setembro 17, 2003

UNS & OUTRAS

Pois é. Descobri um blog assumidamente feminista.

No qual vêm algumas PÉROLAS....

Teresa Ribeiro da Cunha afirma que dizer que num incêndio morreu uma "idosa de 60 anos" (linguagem condenada e muito bem por Inês Pedrosa no Expresso) "perpetua o estereótipo de "natural" inferioridade e fragilidade da mulher". Resta saber o que TRC diria se tivesse sido um "idoso de 60 anos".

Mas de links que lá estão fiquei a saber que as feministas junto do Parlamento Europeu exigem medidas que combatam a violência sobre as mulheres. Como se qualquer outro tipo de violência fosse mais justificável.

E pior, fiquei a conhecer algo de que nunca ouvira falar, que é o "gender budgeting", que parte do princípio de que os orçamentos normalmente elaborados são orçamentos para os homens esquecendo as mulheres.
Esta fora ser de rir às gargalhadas, é mais uma demonstração de que estas ultrafeministas não se consideram iguais aos homens, mas sim realmente inferiores. É estar a dizer que as preocupações das mulheres são as de dona de casa e mãe, algo que evidentemente é de rejeitar.

Bem, eu desde que ouvi falar em "Queer Theory" (se bem que não tenha nada a ver com o assunto, e do quase nada que sei parece que é algo que tem como ponto de partida uma lógica que os géneros não existem e são criação do patriarcado ahahah) e, pior, desde que li a teoria de que uma criança ser violada na sua própria casa constitui violência sobre a mulher, já estou por tudo. Já nada que venha das feministas radicais me surpreende.

CRIMES PÚBLICOS

A nova responsável pela protecção de crianças e jovens veio defender que o abuso sexual de menores passe a ser um crime público. Até aí tudo bem.

Pergunta-se apenas como é que foi possível ter passado a violência doméstica a crime público sem que ninguém se tivesse lembrado do abuso sexual de menores. Enfim, a demagogia habitual do Bloco de Esquerda, as crianças não interessam, as mulheres é que são sempre as vítimas. Felizmente que a lei sobre essa matéria não distingue a violência por sexos, também se o fizesse seria inconstitucional.

O problema surge quando a mesma responsável vem defender algo que já tem sido defendido. Que é o prazo de prescrição para os crimes de abuso sexual de menores só ser contado a partir da maioridade do ofendido.

Antes de mais, não faz qualquer sentido que essa maioridade seja a civil e não a penal, por motivos que se me afiguram como absolutamente óbvios.

E pior, não me parece que o decurso do tempo seja diferente neste caso que nos restantes. Quando muito aumente-se o prazo de prescrição.

Ah, mas uma coisa é certa. Nesse caso, TODAS as situações penais em que o ofendido seja um menor têm que seguir o mesmo regime, é uma pura questão de justiça.

CONCURSOS PÚBLICOS PARA CHEFIAS

Ferro Rodrigues manifestou-se contra o fim dos concursos públicos para os lugares de chefia na Função Pública.

Ao denunciar que o PSD e PP diziam uma coisa na oposição e fazem outra no Governo, esteve bem.

Mas...que tal se a hipocrisia reinante acabasse e se assumíssemos que todos os lugares de chefia devem ser objecto de nomeação política ? Até porque qualquer membro de júri resolve o concurso público de forma a quem quer nomear ganhá-lo...

PORTUGAL 2010

Mais um daqueles relatórios periódicos do costume.

No entanto, este vem dizer que na Administração Pública se praticam elevados salários face ao sector privado.

Enfim, mais uma manipulação. Não se vai comparar o ordenado de um assistente administrativo com o de um operário têxtil, se quisermos ser honestos. Mas neste âmbito, já Paulo Pedroso enquanto Ministro do Emprego e Segurança Social patrocinara um estudo inacreditável que concluía que havia discriminação salarial em função do sexo fazendo entre outras comparações perfeitamente cretinas a do ordenado de engenheiros como a de professores primários...

Quanto à rigidez das leis do trabalho, entre os economistas liberais e o PCP, é atirar a moeda ao ar para escolher qual a cassette que se quer ouvir. É que já não há paciência.

terça-feira, setembro 16, 2003

A HORA LEGAL

Segundo ouvi na rádio hoje de manhã, o Governo está a ponderar alterar de novo a hora legal da actual GMT para o fuso horário mais conhecido por CET, aquele que é utilizado da Espanha à Polónia.

Já o Governo de Cavaco alterara a hora legal nesse sentido e com o mesmo pretexto das vantagens económicas, coisa que me parece absolutamente ridícula...em que é que tal coisa traz vantagens à economia, para mais em tempos de globalização total, para mim é o maior dos enigmas.

Guterres mal chegou ao Governo foi a primeira coisa que fez, fazer regressar a hora legal à de sempre, aquela que nos regemos. Se bem que o argumento contra a alteração da hora das coitadinhas das criancinhas que iam para a escola de noite mais uma vez fizesse esquecer os estudantes com aulas de tarde, nos centros urbanos quase sempre de famílias mais desfavorecidas, e que no Inverno com o fuso horário português vão de noite para casa. E nunca ninguém se queixou disso.

Em meu entender a questão é de identidade. Eu até prefiro ter sol até às 22 horas no Verão. Mas se estamos onde estamos devemos seguir aquele fuso horário que é natural. Para barbaridades de fuso horário já chega todo o Ocidente da China viver 2 horas à frente da sua hora "natural", por exemplo.

Haja pois bom senso. Qualquer razão económica não justifica essa alteração.

ISTO ENTÃO...

O Cataláxia faz novamente das suas, e vem defender a perfeitíssima aberração que seria cada pessoa ter direito a um número de votos consoante a sua contribuição fiscal, como se o Estado fosse uma sociedade anónima e o povo os accionistas.

Ao que isto chegou...já que não lhes é possível defender o voto censitário vêm dizer isto. O que está por trás disto é básico, é querer reduzir o efectivo poder de escolha aos mais ricos.

É triste.

NÃO HÁ PACIÊNCIA

João César das Neves parece querer dizer que quem não professa a religião católica é culturalmente indigente.

Lamenta-se.

segunda-feira, setembro 15, 2003

VERGONHA NACIONAL

Ao que sei, um dos concorrentes ao programa Ídolos, na SIC, foi um rapaz de raça indiana, que ao que parece canta verdadeiramente mal.

Mas nada justifica a expressão verdadeiramente inaceitável da júri Sofia Morais, que o mandou "plantar rosas para outro lado". Uma frase de um racismo absolutamente inadmissível.

Esperemos que a SIC proceda em conformidade e a dispense dessas funções.

Mas tão ou mais lamentável que este incidente é o absoluto silêncio sobre o assunto. Escusado será dizer que se a vítima fosse de raça negra já teríamos alto e bom som o coro de protestos habitual. Portanto, já sabemos que para os elementos das organizações anti-racistas o racismo só existe quando se dirige a pessoas de raça negra, e nos restantes casos é para ser ignorado.

Intervenção Divina

Depois de se continuar a ver a incapacidade dos titulares de cargos governativos do actual Governo em assumir qualquer tipo de responsabilidades nos assuntos que tutelam, há quem levante a questão: será falta de ética política na base desta cultura da irresponsabilidade?

Paulo Portas é incapaz de se demitir do que quer que seja. Quando ainda procurava liderar a oposição ao Governo de Guterres, e o seu PP sofreu uma pesada derrota nas Eleições Autárquicas, Paulo Portas foi lapidar: ?Um General não abandona as suas tropas?. Estava já a preparar-se para a pasta da Defesa Nacional, onde já se viu que será mais fácil as tropas o abandonarem que o contrário.
Mas mais recentemente, durante a pira monumental em que se transformou o país, vimos os responsáveis políticos que nos fizeram o favor de aparecer na comunicação social, num papel de meros comentadores a uma realidade fatalista, como se se tratasse de um outro país que não o deles (e o nosso).
A culminar todo este disparate político, apareceu finalmente o Ministro da Saúde a afirmar que apenas 4 pessoas faleceram neste Verão devido à vaga de calor.
E mesmo o Presidente do IEP só se demitiu porque, dando uma inenarrável conferência de imprensa, não soube inventar uma ?cegonha? credível.

A esquerda é acusada desde há muito tempo de sofrer de um complexo de superioridade moral em relação à direita, como se lhe pertencesse tutelar a democracia nos seus valores mais caros, como seria o caso da ética. Sendo este um debate sem dúvida interessante, proponho uma leitura alternativa mais simples:
Ao contrário do anterior Governo, essencialmente laico e em grande maioria agnóstico, o actual é claramente Democrata-Cristão. Deste modo, se anteriormente era plausível conceber a intervenção humana na nossa realidade, retirando daí as consequências (ver caso Entre-os-Rios), agora existe uma componente divina na qual o Governo não se pode imiscuir.
O País está a arder? Deus lá saberá o que anda a fazer.
O Orçamento derrapa nas despesas e nas receitas todos os meses? Se Deus quiser, haveremos de cumprir o Défice.
Há uma ameaça de catástrofe ambiental junto à Galiza? Rezemos a Nossa Senhora para que não venha para cá.
Morreram centenas de pessoas na sequência da vaga de calor? Nada disso. Apenas 4. As restantes foram chamadas pelo Criador.
E perante o actual estado da Oposição, só nos resta esperar pela Intervenção Divina para correr com este Governo do poder.
«É a Vida!»

TELEVISÃO

Os moralistas da televisão voltam ao ataque.

Eduardo Cintra Torres tem o desplante de dizer que "num país decente, Piet-Hein Bakker, Teresa Guilherme, José Eduardo Moniz e Paes do Amaral seriam alvo de processos-crime".

Ora, que os concorrentes do Big Brother 4 foram escolhidos com base no aspecto físico e na disponibilidade para praticarem sexo dentro da casa, é notório. Que o álcool disponível é muito para facilitar o sexo, também.
Contudo, os dois mais bêbados, Joel e Ricardo, ainda não fizeram qualquer tipo de aproximação a qualquer das mulheres presentes. Algo saiu furado à TVI, HIHIHIHIHIHI !

Mas criminalizar o quê ? Qualquer pessoa maior de idade está no seu direito de fazer o que bem entenda, incluindo sexo dentro da casa do BB. A TVI falhou num ponto: confusão e conflito de personalidades vende muito mais do que sexo. Quando o Marco e a Marta o fizeram no BB1, não deu brado. O Sérgio e a Verónica do BB2 deu no que deu porque os 54 segundos foram o gozo nacional. De resto...

Por outro lado, Mário Pinto brinda-nos com mais uma das suas peças ultraconservadoras.
O decerto respeitável colunista oferece-nos algo típico da sua geração, não se afastando muito de um registo que também já ouvi a Almeida Santos, e que é defender que a televisão sirva essencialmente "para educar" e etc.

Não queira Mário Pinto condicionar o gosto de cada um, certamente que quem quiser programas mais nessa componente tem canais como o Odisseia, História e People & Arts à sua disposição. Se reparasse mais nesses canais que indubitavelmente terá em casa e menos nos programas de que não gosta faria melhor.

Daqui sai uma reflexão: decerto já perceberam que a grande maioria das pessoas acima de 45 anos considera, de uma forma ou de outra, que o gosto das pessoas deve ser educado. Regressa, pois, o conflito de gerações.
Algo paradoxalmente, pessoas mais jovens, que não entram na hipocrisia do "gostos não se discutem" (até porque são todos eles discutíveis) são quem os mais respeita, sejam eles quais forem. E, por muito que custe a indivíduos como Eduardo Cintra Torres e Mário Pinto, é tão respeitável gostar do Big Brother como de ópera. Lamento, mas em democracia é assim.


MAIS UMA VEZ KEN PARK

Uma vez na vida estou de acordo com Eduardo Prado Coelho. Não é sobre política...porque será ?

PORTAS DESACREDITA-SE

O Presidente do CDS/PP veio agora defender uma revisão constitucional, de modo a retirar o "socialismo" e a linguagem "ideológica" e "panfletária" da Constituição, bem como o "colonialismo".

Nada mais ridículo. Todas as expressões de natureza marxista ou socializante já foram retiradas da Constituição, em 1989 e 1997.

A não ser que esteja interessado em alterar o Preâmbulo. Ora, como jurista, é sua obrigação saber que o Preâmbulo da Constituição não tem sequer valor jurídico, para além de em rigor não poder ser objecto de revisão. É um texto eminentemente declaratório, que é algo como a proposição da Constituição, algo que tem necessariamente de ser considerado na óptica de 1976, como é notório por exemplo através da errada qualificação de fascista que é dada ao regime salazarista.

OS COMPLEXOS DE CULPA DOS SUECOS

Segundo li, uma das razões apontadas para muitos suecos serem contra não só a introdução do €uro, como também contra a União Europeia (lembre-se que a adesão só passou com 52% dos votos em referendo) é porque assim estão a ajudar outros países europeus e não outros do 3º Mundo, quando "esses é que realmente precisam da nossa ajuda".

É verdadeiramente curioso como é que esse tipo de discurso não se ouve em Portugal, Espanha, França e Reino Unido, e pouco se ouve nos Países Baixos e na Bélgica, todos eles os países que na realidade tiveram experiências coloniais na África e/ou na Ásia.
A única conclusão possível é que tamanhas considerações só podem ser feitas por quem não tem essa experiência no inconsciente colectivo, e carregue consigo complexos de culpa relativamente ao nível de vida conseguido. Algo que não me parece que por exemplo nós venhamos um dia a ter.

Pensamento do dia

Pensamento do dia: Para lá da Dinamarca a Europa não faz falta.
A questão fica no ar. Será que os Suecos não foram sensatos??
FG

sexta-feira, setembro 12, 2003

«Semanário» Ground Zero

Não escapa quase ninguém:

«Mais do que uma remodelação imediata, Paulo Portas quer amarrar Barroso à coligação nas Legislativas de 2006, assegurando assim o seu lugar no Governo até 2010 e a eventual posterior fusão dos dois partidos da coligação, o que lhe abriria o lugar de sucessão do actual 1º Ministro. Mas, Morais Sarmento, o homem da táctica de barroso, apesar de fazer com ele o negócio do enterro de Santana Lopes e do afastamento do cavaquismo, promovendo, se necessário, o desacreditado António Guterres, ou mesmo prorrogando para um terceiro mandato a presidência do inexistente Jorge Sampaio, com uma revisão constitucional, não considera que esteja tudo decidido, ou mesmo que o negócio esteja fechado. A remodelação faz parte deste negócio, servindo entretanto para marcar Paulo Portas»

O FUTURO DA ESQUERDA - COMENTÁRIOS

Os autoproclamados renovadores do PCP defendem uma lista comum de esquerda às eleições europeias. Seria caso para perguntar onde é que deixaram a nave se não fosse tão óbvio que já perceberam que não têm qualquer hipótese de indicar alguém em lugar elegível por qualquer dos partidos e tentam agarrar-se a essa hipótese longínqua para terem um dos seus em Strasbourg, provavelmente para financiamento do seu grupo.

De facto, que viabilidade e credibilidade teria uma lista conjunta de um partido decididamente pró-europeu, de outro sempre contra as mudanças na Europa mas que nunca protesta muito, e de outro que quer é rebentar com a UE como a conhecemos para se entrar numa lógica verdadeiramente absurda, pseudoromântica e suicida de Europa dos movimentos sociais e anticapitalismo ?

Por outro lado, vemos o agora casado Manuel Maria Carrilho a criticar directamente Ferro Rodrigues, embora de um prisma algo diferente do habitual.
Pelas propostas que faz, é evidente que procura espaço interno para ter peso real. Desiluda-se. Partidos baseados em secções temáticas é algo de verdadeiramente inaceitável...mas para quem não faz a menor ideia da necessidade de implantação local tendo em vista as autarquias não é grande surpresa que o diga.

ANA SOFIA BETTENCOURT E MARIA ELISA: É O DESCRÉDITO !

As histórias do gabinete da Vereadora Bettencourt continuam. Agora, segundo O Independente, "Germana Vaz Pinto tinha sido afastada durante o Verão por não ter arranjado convites para Ana Sofia Bettencourt assistir à cerimónia de entrega dos Globos de Ouro da SIC"

Só há uma reacção possível: BAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHHAHAHAHHHHAAHHAHAHAHAHAHHAHA !

Maria Elisa, por seu turno, terá saído do Hotel Meira em Vila Praia de Âncora, onde pernoitou depois da rentrée do PSD em Caminha, sem pagar a conta.
Resta saber se foi por esquecimento, ou se julgava mesmo que o Governo Civil lhe ia pagar semelhante despesa. A ser verdade esta última situação, de facto demonstra uma falta de ética e um sentido de promiscuidade entre as suas actualmente suspensas (ainda por cima) funções de deputada do Partido do Governo e os órgãos do Estado.
Felizmente não é o caso do Governador Civil de Viana do Castelo.

Ou muito me engano ou Ribeiro Cristóvão ainda vai lá passar o resto da legislatura...

AINDA TÊM PACIÊNCIA ?

"É conhecido o drama que destruiu a vida de Marie Trintignant", diz o inefável Eduardo Prado Coelho no PÚBLICO de hoje.

Mas...alguém sabe sequer quem é ou foi Marie Trintignant ? Fora do círculo que EPC considera que devia reger os destinos do país para a eternidade, duvido.

AINDA BEM, MIGUEL SOUSA TAVARES

Hoje Miguel Sousa Tavares fala da mania de pedir subsídios por tudo e por nada, coisa a que obviamente ninguém tem acesso para a sua casa, o seu automóvel, etc.

Apenas diz o que eu já digo ao tempo. VIVA !

E, como todos os anos, critica e AINDA BEM a monumental hipocrisia que é o dia mais ridículo do ano: o Dia Sem Carros, que felizmente parece estar a passar de moda.
Zonas fechadas ao tráfego de automóveis particulares só se justificam em casos muito específicos como por exemplo o do Bairro Alto (nesse caso, aliás, era uma questão de segurança, mais que qualquer outra coisa). O que há a fazer é reforçar a oferta de transportes públicos.

Fechar zonas ao transporte individual ou portagens no centro da cidade são medidas absolutamente absurdas, que não fazem qualquer sentido. O Sr. Livingstone há-de arder nas chamas do inferno, disso não duvido.
Para mais quando, por hipótese, fechar ou portajar o centro da cidade de Lisboa teria por consequência o caos total. Eu nem quero pensar o caos que se tornaria toda a zona envolvente do Marquês de Pombal. Esquecem-se que por exemplo a zona da Praça do Comércio é um fundamental ponto de passagem entre as zonas oriental e ocidental. Etc. Etc.


AINDA ANNA LINDH E OS ERROS POLÍTICOS DOS SUECOS

A Ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia deixou-nos, como já escrevera. Parece que o suposto esfaqueador é alguém habituado precisamente a esfaquear.

Não parece ser o caso, mas ultimamente na Suécia muitas pessoas têm sido atacadas por inimputáveis, que andam por lá à solta.
Tudo porque há 10/15 anos se tomou uma decisão verdadeiramente inacreditável, só possível num país onde o politicamente correcto é um culto e ninguém é realmente culpado de nada porque a culpa é sempre da sociedade. Algo com que, obviamente, não podemos concordar, pois tal retira completamente a força e a vontade da decisão individual.

Mas a decisão de que falo foi o encerramento das casas de saúde, pois foi considerado desumano para cidadãos com problemas mentais viverem aí. Sem qualquer preocupação para as consequências na vida de terceiros.

Enfim. Regista-se.

quinta-feira, setembro 11, 2003

SISTEMA ELEITORAL - UMA QUESTÃO DE RESPONSABILIDADE

Considerando que o Faccioso, outro blog de direita, também vem defender a barbaridade que seria a implantação em Portugal do sistema eleitoral britânico, com o argumento da defesa do trabalho individual dos Deputados, e que se o eleitor não estiver satisfeito com o seu Deputado, vote contra ele de seguida, há que dizer:

Tal coisa é um monumental incentivo à irresponsabilidade. Independentemente do papel fundamental dos Deputados e do Parlamento, actualmente com as eleições legislativas o objectivo é formar Governo, e o voto manifesta uma determinada opção no sentido de Governo, seja ele maioritário, ao votar num dos dois maiores partidos, ou de coligação, ao votar nos restantes partidos com um mínimo de peso.
Tenhamos consciência disso !

GRANDE TRISTEZA

A política mais popular da Suécia foi assassinada. Algum cobarde esfaqueou Anna Lindh, a Ministra dos Negócios Estrangeiros, não tendo ela resistido aos ferimentos num pulmão :(

Independentemente de todas as considerações que possa fazer sobre a Suécia e sobre os socialistas suecos, este é um momento de grande tristeza também para mim.

DISPARATES

O artigo de Ana Benavente hoje no PÚBLICO teria alguma razão de ser. De facto, toda a lógica subjacente a uma série de acções do Governo na área da Educação é reprovável.

Contudo, nada distingue esse artigo de um hipotético artigo escrito por um dirigente do Sindicato dos Professores !!!!! Nada que me espante, considerando que a Deputada chegou a ser candidata a líder da FENPROF antes de exercer funções governativas, e que há alguns socialistas que têm a inacreditável opinião de que o PS não pode contrariar as posições dos professores pois estaria a lapidar a sua base social de apoio. Sem comentários.

Ana Benavente critica o Governo por haver candidatos a professores no desemprego. Ora, o que é importante é saber quantos professores são necessários (e possíveis, diga-se, tendo em conta circunstâncias como o número de salas de aula e etc.). Não criar situações absolutamente artificiais como aumentar o número de docentes numa cadeira só para criar emprego. Pelo que a sua proposta relativa à área de projecto e ao estudo acompanhado é justificada de forma absolutamente desastrada.

O Estado não tem obrigação de criar emprego. E, mais, noutros serviços públicos o número de funcionários corresponde (supostamente) às necessidades, e não se vão criar mais uma série de lugares só para criar emprego....

TAXA SOCIAL ÚNICA E IRC

Ponto comum entre a proposta do Governo de baixar o IRC e a proposta de João Cravinho de baixar a Taxa Social Única relativa às retribuições até 1,5 salários mínimos é baixar os encargos das empresas.

Pergunta-se: isso irá garantir a criação de emprego ? Tenho algumas dúvidas quanto a tal efeito.

E mais...porque é que mais uma vez os benefícios são para as empresas e não para as pessoas ? Sempre a mesma coisa...

PS - Escusado será dizer que a proposta de Cravinho é disparatadíssima, porque tem como consequência prática impedir evoluções na carreira de quem aufere menores rendimentos para lá dos 1,5 salários mínimos...assim não !

quarta-feira, setembro 10, 2003

SISTEMA ELEITORAL

O Cataláxia, conhecido blog liberal, vem defender para Portugal o sistema eleitoral britânico para a eleição da Assembleia da República.

Para os menos atentos, nesse sistema divide-se o país inteiro em tantos círculos eleitorais como o número de Deputados a eleger, vencendo logo à primeira volta aquele que tiver mais votos, mesmo que sem maioria absoluta. Ponto em que se distingue do sistema francês, em que é necessária uma maioria absoluta para isso, embora passem à 2ª volta todos os partidos com mais de 15%, e não apenas os dois mais votados.

Obviamente que este sistema redunda numa enorme injustiça, por não corresponder minimamente a qualquer proporcionalidade. Fora isso, o resultado era óbvio: certos partidos a ganhar sempre em certos círculos, candidatos tipo Zé Maria (com todo o respeito), e, pior que isso, provavelmente muitos Deputados eleitos tendo em conta interesses locais, e não o interesse de todo o país, que é o que interessa preservar.

O sistema justo é aquele que já temos em Portugal, talvez aperfeiçoável com algumas soluções finlandesas, talvez possibilitando aos eleitores votarem individualmente nalguns candidatos do partido em que votam.

JUSTIÇA

Uma vénia a Leni Riefenstahl. Pouco me interessa se glorificou o regime nazi. Era uma grande artista. E é isso que é relevante.

FINALMENTE

Até me admira como é que ninguém se tinha lembrado disto antes. A medida anunciada pelo Ministério da Educação de passar a 2ª época dos exames nacionais do 12º ano para Julho é de aplaudir, tendo em conta o acesso ao Ensino Superior.

Paradoxalmente, tal acontece quando o Ensino Secundário e o Superior se encontram sob a alçada de Ministérios diferentes. E esta hein ?

O EURO E A SUÉCIA

No próximo Domingo realiza-se nesse país nórdico o referendo sobre a adesão ao €uro.

Ainda há muitos indecisos, mas a maioria das sondagens permite antever uma vitória do NÃO. É pena que os suecos à partida queiram estar isolados da restante Europa.

Não tenho dúvidas de que, a confirmarem-se as previsões, é a economia sueca que vai sofrer. E muito. A começar pela perda do poder de compra a nível internacional, dado que certamente a coroa perderá pelo menos algum do seu valor face ao €uro. Aliás, de 2000 a 2002 perdeu 1/5 desse valor. O povo sofrerá as consequências.

Göran Persson, o Primeiro-Ministro socialista sueco, só tem uma coisa a fazer, se a sua aposta numa Suécia em futuro comum com a Europa for derrotada. Pedir a demissão e convocar eleições. Os Verdes, o Partido de Esquerda, e o Partido do Centro (antigo Partido Agrário, entenda-se) que governem, nesse caso.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO

A OMC reúne-se em Cancún, desta vez tendo por pano de fundo as reivindicações dos países menos desenvolvidos.

E muito se fala das subvenções à agricultura existentes nos Estados Unidos, União Europeia e Japão. O que permite duas observações, talvez contraditórias.

1. Ora e os países mais desenvolvidos, por o serem, não têm o direito de defender os seus próprios interesses ? Era o que mais faltava. Para mais quando esta não é uma matéria como a do Ambiente Global ou dos medicamentos genéricos.

2. Faz algum sentido subsidiar os agricultores, que assim têm direitos especiais sobre as restantes profissões ? À partida parece-me mais uma daqueles estatutos especiais em que infelizmente a nossa sociedade é fértil. Embora reconheça que daqui podem vir benefícios económicos para todos. Preciso é que alguém que melhor entenda de Economia e Agricultura me explique isso. Algum voluntário ?

terça-feira, setembro 09, 2003

APOIANTE DO GOVERNO ? DEZASSETE QUESTÕES

O Pessoal Intransmissível deixou um comentário a considerar-me apoiante deste Governo...o que me obriga a lançar algumas questões.

1 - Serei apoiante de um Governo que tarda em acabar com o Serviço Militar Obrigatório, retardando a constituição de umas Forças Armadas exclusivamente compostas por profissionais e voluntários, única garantia da sua eficiência nos tempos que correm ?

2 - Serei apoiante de um Governo que em lugar de contribuir para a construção de uma Europa que seja uma superpotência política e militar, embora no respeito pela independência de cada Estado-membro, adopta uma política de seguidismo face aos Estados Unidos ?

3 - Serei apoiante de um Governo que aprova a lei de imigração mais estúpida que alguma vez já vi, que na prática só permite a entrada de imigrantes por meio de organizações mafiosas ?

4 - Serei apoiante de um Governo que procede a cortes monumentais nas despesas relacionadas com a protecção do nosso património natural ?

5 - Serei apoiante de um Governo cuja política financeira se resume à ortodoxia monetarista, custe o que custar à economia ?

6 - Serei apoiante de um Governo que "defende uma escola assente no respeito por valores como o trabalho, a disciplina, a exigência, o rigor e a competência, na busca da excelência", numa conjugação de palavras que faz lembrar imediatamente a direita mais reaccionária e uma escola onde não há qualquer preocupação com o desenvolvimento pessoal ?

7 - Serei apoiante de um Governo que aumenta as propinas do ensino superior, e para valores que ficarão em ? 85 por mês, se dividirmos a propina máxima por 10 meses ? E sem qualquer garantia de que esse dinheiro será canalizado para investimento ? Para mais quando é absolutamente evidente a absoluta inoperância dos professores universitários para gerirem os respectivos estabelecimentos de ensino ?

8 - Serei apoiante de um Governo que aprova um Código do Trabalho profundamente injusto e contrário aos direitos dos trabalhadores por conta de outrem, mais uma vez as grandes vítimas, e que se antevê como primeiro passo para uma ainda maior desregulamentação do sector ?

9 - Serei apoiante de um Governo que, por muito que prometa o contrário, não acaba com a vergonha nacional que são os subsídios à produção cultural ?

10 - Serei apoiante de um Governo cujo propósito mais que óbvio é alienar os hospitais públicos a entidades privadas, sem qualquer preocupação por uma efectiva prestação de cuidados de saúde ?

11 - Serei apoiante de um Governo que entende que a contribuição para a Segurança Social pública deve ser alternativa face à privada, possibilitando que quem mais actualmente contribui para ela deixe de o fazer, e pretendendo a longo prazo que ela apenas exista para um nível mínimo de sobrevivência ?

12 - Serei apoiante de um Governo para o qual a família é "o fundamento natural e o ângulo por excelência de análise e soluções dos problemas das pessoas" e o "elemento fundamental da sociedade", subalternizando deliberadamente o indivíduo em si, ele sim a base de qualquer sociedade ?

13 - Serei apoiante de um Governo que defende "a adopção de medidas para uma melhor partilha entre responsabilidades pessoais, familiares, educativas e profissionais e melhoria das condições sociais e laborais da mãe trabalhadora", leia-se que para todos os efeitos considera que as responsabilidades em relação aos filhos são apenas da mãe e não do pai, naquilo que é uma profunda discriminação tanto da mulher como do homem ?

14 - Serei apoiante de um Governo que apoia instituições que tomem deliberadamente posição sobre questões como a interrupção voluntária da gravidez, inclusivamente as que desenvolvam um "mecenato para a vida" ?

15 - Serei apoiante de um Governo que declara ser seu propósito combater o tráfico de mulheres e crianças, mas não o tráfico de homens também, no que é mais uma claríssima demonstração de que não está aberto às realidades actuais e vê homens e mulheres apenas nos seus papéis tradicionais ?

16 - Serei apoiante de um Governo que acaba com o crédito bonificado para a aquisição de habitação por jovens, dificultando o acesso à propriedade de bens imóveis, e desejando explicitamente uma habitação baseada no arrendamento, logo, em que muito menos gente possua bens de elevado valor ?

17 - Serei apoiante de um Governo que explicitamente recusa regionalizar o País ?


Pois não me parece. Ainda há quem tenha dúvidas ?