quarta-feira, fevereiro 18, 2009

"Obrigado", D. José Saraiva Martins

E "obrigado" porquê ? Depois de ter lido aqui o que disse ontem, só lhe tenho que "agradecer".

Porquê ?

Por ver todo o casamento na perspectiva de crianças futuras, desqualificando a toda a linha todos aqueles que não querem ter filhos. Desqualificando a toda a linha todos aqueles que se casam mais tarde na vida. [E, já agora, gostaria de saber se o próprio propôs dentro da confissão religiosa a que pertence a proibição do casamento de pessoas a partir de uma certa idade, designadamente de mulheres após a menopausa]

Por dizer que uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe. Chamando anormalmente formados a todos aqueles a quem um dos pais (ou ambos) faleceu ainda cedo na sua vida, pelo menos. O que no mínimo é chocante. Chamando anormalmente formados àqueles que por várias circunstâncias da vida pouco contaram com a presença de um ou dos dois.

Por ter implícito nas suas palavras a ideia de que a tarefa de educação de qualquer filho é algo naturalmente da competência essencialmente das mulheres. O que é verdadeiramente ofensivo e retirador dos direitos mais básicos dos pais.

E já agora. Um bocado de lógica e da mais fria. Se Deus criou o homem e a mulher, o que tem isso a ver relativamente a com quem cada homem e cada mulher quer andar metido?

Concluo apenas com isto. Se por acaso algum dos meus pais tivesse falecido antes de eu ter uma certa idade, muito provavelmente não pensaria duas vezes, caso a lei portuguesa considerasse crime uma injúria destas feita de modo genérico, em processar Saraiva Martins por difamação por me ter chamado mal formado.

Ah, e ainda. Como já se devem ter apercebido, os efeitos heterossexuais de uma série de argumentos utilizados contra o casamento homossexual são no mínimo perigosos. E muito mais graves.

E será que custa assim tanto a perceber que abolir o estado civil e instaurar a liberdade testamentária na sua quase total plenitude é uma solução muito mais simples ?

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Ao menos é honesto

Leia-se aqui como é que Paulo Portas defende preto no branco que devem ser os mais ricos a pagar menos impostos.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Ainda são estudantes mas o corporativismo já o sabem todo

Incluindo a cartilha da suposta qualidade.

Vejam.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Era o que mais faltava...

Medeiros Ferreira pelos vistos acha que é inevitável que uma greve com larga adesão provoque cedências por parte de quem governa.

Eu bem digo que anda cada vez mais próximo do BE.

Não faltava mais nada um Governo, qualquer que ele seja, eleito pelo povo andar a depender de greves e manifestações para fazer a sua política. E muito menos de greves e manifestações absolutamente corporativas.

A insustentável contradição

Luís Fazenda, deputado do Bloco de Esquerda, considerou que o Governo tem sido «incapaz de compreender a realidade» ao insistir num modelo que «toda uma classe rejeita». E lamentou que Maria de Lurdes não tenha, sequer, dito uma palavra sobre «aquela que é a maior greve de sempre na Educação» e que aconteceu ontem, quarta-feira. (no PortugalDiário)

Por essa ordem de ideias, até me admira como é que o BE está contra p.ex. o plano de recuperação do BPP, por se tratar de um modelo aprovado por toda a classe em questão.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Açores

Vital Moreira:

Mesmo quando o PSD era poder nas duas regiões autónomas já o PS era completamente refém das suas estruturas regionais sobre isto. Há o medo terrível de ser considerado contra a autonomia se se pronunciam contra seja o que for.

Aliás, nas autarquias passa-se a mesma coisa embora noutro âmbito. Já viu algum partido político pronunciar-se a nível local contra a atribuição de subsídios a uma qualquer colectividade ? Os partidos políticos acham (o que nos centros urbanos é um disparate absoluto) que é muito importante ter consigo as pessoas das associações porque essas é que são consideradas dinâmicas e que serão efectivamente caciques...arrisco-me a dizer que ao nível local os partidos políticos estão totalmente capturados pelo associativismo.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Efectivamente...

Considerando a perfeita tentativa de assassínio que António Costa está a fazer ao Bairro Alto, apenas tenho a perguntar:

Onde estão a JS/Lisboa e a JS/FAUL ? E, maxime, a JSD/Lisboa ?

Será que a JS prefere dizer a tudo que sim só porque o Presidente da Câmara é PS ?

E será que a JSD não pensa em rigorosamente mais nada senão no processo eleitoral nacional em curso?

Inacreditável, a forma como qualquer uma das duas não mexe um dedo contra a coisa. Impensável.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Pois é

No Jumento:

Não fiquei nada surpreendido com o comportamento dos meninos de Fafe nem com a reacção colectiva de condenação um dia depois, quando no momento em que os factos sucederam ninguém parece ter ficado muito indignado, nem deve ter faltado por esse país quem sorrido perante a situação e feliz pela mobilização dos pirralhos.

Não fiquei surpreendido porque uns dias antes, um dois oficiais que tiveram os mais altos cargos nas chefias militares sugeriram ao país que quando as pessoas se manifestam podem levar o que têm à mão, no caso dos militares são as armas que estão às mãos de semear. Ora, o que os meninos de Fafe fizeram não foi outra coisa senão o que sugeriram os militares, não tinham armas mas alguns deveriam ter umas galinhas poedeiras e a ministra da Educação, para gáudio geral, levou com ovos.

Se não tivessem aprendido com os generais poderiam ter seguido o exemplo do professor do CC do PCP que é líder da Fenprof, durante muitos meses o seu passatempo de fim-de-semana foi fazer esperas a Sócrates, ele e mais alguns professores exemplares, daqueles que todos gostaríamos de ver a ensinar os nossos filhos, deram a conhecer ao país um dicionário de calão político. Se não tivessem aprendido nem com os generais, nem com o distinto alto responsável do PCP ainda poderiam ter frequentado um dos cursos de desobediência civil.

De resto, num país em que todas as regiões oferecem doces regionais à base de ovos é perfeitamente natura que os meninos de Fafe tivessem mimoseado a professora com ovos. Ao contrário da outra calmeirona que agrediu uma professora para recuperar o seu telemóvel, os meninos de Fafe foram heróis durante vinte e quatro horas, foram-no enquanto as dúvidas sobre as motivações e a espontaneidade da brilhante acção de galinharia urbana.

Quando a calmeirona agrediu a professora o país parou para reflectir, o tema da moda foi a indisciplina, a falta de espontaneidade e a violência nas escolas. Quando a ministra foi agredida verbalmente e se arriscou a transformar a cabeça num preparado de ovos-moles, tudo isso perante a alegria colectiva fez-se silêncio, não há nada a reflectir. No dia seguinte os pais e os professores repudiaram o acto e assunto encerrado.

Um dia destes outros manifestantes poderão seguir a sugestão dos militares e seguir o exemplo dos nossos alunos, que não querem ser penalizados por faltarem às aulas. Espero não ter de me cruzar com um manifestação de calceteiros, corro o risco de levar com um paralelepípedo de granito, e nem quero imaginar o que poderá suceder no dia em que o pessoal da recolha de lixo se manifestar, arrisco-me a apanhar com um saco do Pingo Doce cheio de restos de cozido à portuguesa.

É assim a nossa democracia representativa, cada um manifesta-se como quer e atira o que tem à mão.



Subscrevo inteiramente. Sem esquecer que isto tem tudo dedo político por trás. Se os professores, que aliás não têm razão nenhuma, andam a ser descaradamente utilizados pelo seu sindicato como arma de arremesso pelo PCP para substituir Carvalho da Silva por Mário Nogueira à frente da CGTP, aqui isto é demasiado malcriado para ser PCP. Isto tem notoriamente o dedo do BE.