segunda-feira, setembro 15, 2003

TELEVISÃO

Os moralistas da televisão voltam ao ataque.

Eduardo Cintra Torres tem o desplante de dizer que "num país decente, Piet-Hein Bakker, Teresa Guilherme, José Eduardo Moniz e Paes do Amaral seriam alvo de processos-crime".

Ora, que os concorrentes do Big Brother 4 foram escolhidos com base no aspecto físico e na disponibilidade para praticarem sexo dentro da casa, é notório. Que o álcool disponível é muito para facilitar o sexo, também.
Contudo, os dois mais bêbados, Joel e Ricardo, ainda não fizeram qualquer tipo de aproximação a qualquer das mulheres presentes. Algo saiu furado à TVI, HIHIHIHIHIHI !

Mas criminalizar o quê ? Qualquer pessoa maior de idade está no seu direito de fazer o que bem entenda, incluindo sexo dentro da casa do BB. A TVI falhou num ponto: confusão e conflito de personalidades vende muito mais do que sexo. Quando o Marco e a Marta o fizeram no BB1, não deu brado. O Sérgio e a Verónica do BB2 deu no que deu porque os 54 segundos foram o gozo nacional. De resto...

Por outro lado, Mário Pinto brinda-nos com mais uma das suas peças ultraconservadoras.
O decerto respeitável colunista oferece-nos algo típico da sua geração, não se afastando muito de um registo que também já ouvi a Almeida Santos, e que é defender que a televisão sirva essencialmente "para educar" e etc.

Não queira Mário Pinto condicionar o gosto de cada um, certamente que quem quiser programas mais nessa componente tem canais como o Odisseia, História e People & Arts à sua disposição. Se reparasse mais nesses canais que indubitavelmente terá em casa e menos nos programas de que não gosta faria melhor.

Daqui sai uma reflexão: decerto já perceberam que a grande maioria das pessoas acima de 45 anos considera, de uma forma ou de outra, que o gosto das pessoas deve ser educado. Regressa, pois, o conflito de gerações.
Algo paradoxalmente, pessoas mais jovens, que não entram na hipocrisia do "gostos não se discutem" (até porque são todos eles discutíveis) são quem os mais respeita, sejam eles quais forem. E, por muito que custe a indivíduos como Eduardo Cintra Torres e Mário Pinto, é tão respeitável gostar do Big Brother como de ópera. Lamento, mas em democracia é assim.


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