terça-feira, outubro 30, 2007

Tsssk

A propósito destepost, não posso deixar de lembrar que a autora esquece-se, convenientemente, das verdadeiras causas para essa escolha das escolas privadas:

a) a paranóia da segurança das criancinhas tão característica da geração dos 40-45 anos (como se os riscos não fossem os mesmos de sempre);

b) a mania das aparências.

Para quem tenha dúvidas sobre este último argumento, basta ler este post. Que não me surpreende rigorosamente nada, pois Portugal é o país onde muita gente não sai para se divertir, mas para ver e ser visto e porque o sítio X é onde fica bem ir e tal. Isto para já não falar dos tristes que acham que um local X é bom, independentemente de tudo o resto, porque "tem gajas boas".

sexta-feira, outubro 26, 2007

Aqui se vêem as verdadeiras intenções dos defensores dos vouchers.

O que querem na realidade é ter o poder de subtrair os próprios filhos ao conhecimento de várias coisas da vida, mantendo-os na ignorância e na obscuridade. Literalmente. Querem tirá-los da escola pública para os impedir de ter acesso a várias coisas que acham pecaminosas, etc. e tal.

Infelizmente, os partidos de direita vão nessa conversa, cheios de medo dos campanários.

Outra vez

Mais uma vez vemos até que ponto chega a estupidez. Decididamente, destas palavras apenas se retira que infelizmente há quem deseje a existência de religião de Estado e cheiinha de privilégios. Aliás, sempre que se avança no sentido da igualdade religiosa vem sempre a mesma conversa de "estão a abrir a questão religiosa". A tragédia. O horror.

Para mais, chamar universidade pública à UCP é acima de tudo estar a ofender o esforço que tem sido realizado por essa universidade privada por si só no sentido de oferecer ensino de qualidade. Como se a UCP precisasse do Estado para alguma coisa.

Mas se formos a algo escrito pelo autor do post num comentário ao mesmo a coisa piora:

1. Vem basicamente dizer que o Estado deve financiar a igreja católica devido à ocupação de anteriores espaços religiosos pelo Estado em 1834 e 1910. É que é preciso ter uma enorme lata. Isso não deve acontecer pela mesma razão que a questão do ouro judeu também é ridícula: porque juridicamente essas questões prescreveram, e nenhumas pessoas ou instituições devem ter tratamentos de favor face à generalidade dos cidadãos.

2. É evidente que não estão em jogo as verbas de apoio social, e qualquer pessoa minimamente informada sabe disso.

3. É totalmente escandaloso que o Estado entre com um cêntimo que seja para a construção de templos religiosos de qualquer confissão. E o valor que têm os centros sociais privados para mim é zero. O Estado resolve as coisas por si, e os privados se querem fazer dessas coisas, é lá com eles. Aliás, não tenho a mínima dúvida de que a igreja católica faz apoio social apenas e só como pura e simples chantagem para retirar dinheiro aos poderes públicos. Na realidade, não faz outra coisa desde o seu estabelecimento como religião de Estado em Roma do que sugar dinheiro aos contribuintes geração atrás de geração.

4. Como é evidente, quer-se retirar a religião do espaço público. Público no sentido de estatal. Não é o seu espaço. Religião é coisa da vida privada de cada um. E mais: não fosse tal coisa demasiado incendiária e divisora, o correcto seria proibir baptismos e afins de qualquer religião para menores de 16 anos, pelo menos, por tal em rigor constituir um crime contra a autodeterminação religiosa. E desde quando é que uma criancinha percebe alguma coisa de fundamentos de qualquer religião ?

5. Chocante, chocante, é ver esse DBH defender a desprezível e asquerosa caridade. Que se lixem os direitos, o que interessa é ser bonzinho e o "amor ao próximo", não é ? Vamos ser claros: estou-me perfeitamente borrifando para o que acontece a quem nunca vi mais gordo. Ser bonzinho nunca levou ninguém a lado nenhum, pelo contrário. E quem está preocupado com quem não conhece não deve ser bom da cabeça, ou decididamente emprenhou pelos ouvidos do embuste absoluto que é o cristianismo, que afinal não passa da mais ultrapassada síncrese da filosofia grega dos séculos anteriores, encimada pelo estoicismo. Cada um por si e o Estado por todos, ponto.

6. Aliás, preto no branco. Acreditar numa religião é um atestado de estupidez que uma pessoa passa a si própria.

terça-feira, outubro 23, 2007

Argh !

Obviamente nem me vou dar ao trabalho de comentar as diatribes anti-aborto do inefável João César das Neves.

Mas não posso deixar de exprimir a minha profunda revolta por ele claramente se manifestar contra os testes pré-natais, inventando riscos de vida para a mãe.

terça-feira, outubro 16, 2007

Lamentável

Esta medida, tal como todas aquelas que pretendem fazer engenharia social.

sexta-feira, outubro 12, 2007

O Regresso

Do Gato Gordo e Mole.

Péssimo sinal

Com estas declarações, o Primeiro-Ministro dá um péssimo sinal ao País.

O objectivo não poderia ser outro que não o défice ZERO. Caso contrário o que acontece é estarmos a hipotecar o futuro. Estarmos a endividar o futuro em nome do presente não é boa política. E o Estado ter défice é assumir que gasta aquilo que não pode gastar.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Princípio da igualdade

A propósito deste artigo, apenas tenho a dizer que não tenho a menor dúvida de que, caso fizesse o mesmo tipo de acusações públicas a algum dos membros do Conselho de Administração da entidade onde trabalho, certamente que o meu destino seria um processo disciplinar conducente ao meu despedimento.

A lei é igual para todos, e não é por se tratar da televisão pública e de um jornalista conhecido que as coisas podem e devem ser diferentes. Bem pelo contrário.

Mais. Nada me garante que não haja mão de José Eduardo Moniz ou de Francisco Penim nesta história.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Dos sindicatos de professores

Não, Henrique. O que está em causa em rigor nem é isso, porque a verdadeira guerra é entre todos os agentes educativos e os professores mais velhos (e alguns mais novos seus sequazes, a começar por alguém da minha família mais próxima), sequiosos de privilégios e cheios de manias que são as pessoas mais importantes do País.

Escabroso

Aqui se podem ver como claramente há uma tentativa geral à direita de pôr em causa o 5 de Outubro. Ou então isto é um apelo envergonhado à monarquia.

Comemora-se a implantação da República. É a forma de governo que se comemora. O resto cada um ache o que quiser. Não se ponha é em causa que a monarquia constitui uma compressão do princípio democrático, está sempre associada à existência de uma religião de Estado e que coloca necessariamente em xeque a liberdade de algumas pessoas. Sim, da família real.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Desonestidade absoluta

Ao que isto chega para defender a monarquia !

1. Uma monarquia não garante estabilidade nenhuma por si. Aliás, a instabilidade política de 1890-1910 em pouco ou nada se distingue da de 1910-1926.

2. Como bem diz um comentador desse post, é manifestamente injusto que alguém seja Chefe de Estado só por ser filho de quem é, e que a essa pessoa (bem como a outras) seja negado o direito de escolher o seu futuro.

3. Nenhuma monarquia constitucional é entrave ao desenvolvimento. Mas também não é factor de desenvolvimento.

4. Considerar que as comendas e condecorações portuguesas correspondem a privilégios sociais é mesmo de chorar a rir. E nesse parágrafo nota-se um desejo claro de preservar uma nobreza de sangue para meia dúzia. Aliás, não é nada difícil descobrir em todos os monárquicos uma vontade de querer privilégios para eles e para os respectivos amiguinhos.

5. Questões de princípio são mais importantes que o número de funcionários públicos. Mas ligar o número de funcionários públicos à forma de governo é no mínimo absurdo.

6. Falar nas princesas com quem passaria um fim-de-semana só demonstra a sua própria futilidade e vazio intelectual e principalmente emocional. Está ao nível dos que vão para um sítio qualquer e que gostam de lá estar "porque tem gajas boas" e ficam felizes só em ver.

terça-feira, outubro 02, 2007

Esquerda

A discussão entre Daniel Oliveira e Vital Moreira está ao rubro. O primeiro lança ao segundo algumas questões.

E não resisto a entrar na discussão.

1. O Governo não está a reduzir a rede de cuidados do Estado, mas a racionalizá-la e optimizá-la. Mas, claro, para o BE as despesas que se lixem, e até podemos estar falidos só para se dizer que o Estado está em todo o lado.

2. Antes de mais, classes sociais é algo que já não existe. Falar nisso é um anacronismo absoluto. O que existem são pessoas com mais e com menos dinheiro, ponto.

3. O princípio da igualdade é não só aritmético mas também geométrico. E com os recursos disponíveis há que tomar opções, havendo obviamente prioridade para que os cidadãos com menores rendimentos possam ter cuidados de saúde gratuitos. Mas, como sempre, a extrema-direita caviar está-se pouco borrifando para os mais pobres.

4. E mais, uma política de direita na saúde seria a privatização do sector. O fim da sustentabilidade do sistema através dos impostos (que incluem as mais-valias, as contribuições das empresas, etc.) para ser apenas através de um seguro individual.

5. Uma política de direita em toda a educação seria a privatização e a implantação do horrível sistema de vouchers. Um sistema de empréstimos consiste em dar oportunidades a quem noutras circunstâncias teria que deixar de estudar ou ser desde logo trabalhador-estudante. Para mais, os "privilegiados" não recorrerão a tal sistema.

6. Ah, e é claro, já cá faltava a tão cripto-marxista lógica de que os cursos a valorizar nunca são os de retorno económico...e que por não darem grande retorno são mais belos por natureza...o elogio da fútil contemplação e etc...

7. De facto o que o Daniel diz sobre as relações de trabalho poderia ser uma política de direita. Mas o raciocínio está errado. Porque parte de uma lógica de que tudo o que seja supostamente prejudicial ao trabalhador é de direita, e que só é de esquerda o que lhe seja supostamente benéfico. Mas isso é errado, senão vejamos. Liberalização dos despedimentos (para além de inconstitucional) é claramente de direita, mas agilização do processo disciplinar certamente não o é. E é uma mentira das mais ofensivas dizer que o Governo tem trabalhado no sentido de reduzir os diretios sindicais e destruir a contratação colectiva.

8. Aqui a diferença é outra. Depois da política de extrema-direita do dirigismo cultural, desde 1974 temos permanentemente tido uma política de inspiração marxista nessa área, numa lógica que há que educar o gosto do povo para gostar do erudito e de que a cultura erudita vale mais que a popular. Ora, essa política, como já aqui escrevi várias vezes, é profundamente anti-democrática, por não dar igual valor a todos e quaisquer gostos. Aqui a questão não é de esquerda nem de direita: é de democracia contra totalitarismo cultural. E a única solução democrática é pura e simplesmente abolir totalmente os subsídios.

9. O que se diz ser uma política de direita na segurança social nem eu alguma vez ouvi alguma pessoa de direita defender...

10. Sobre a diplomacia, é melhor nem dizer mais nada sobre a reles insinuação que é feita.

11. Chamar grandes obras de regime a investimentos absolutamente necessários é típico da visão miserabilista dos marxistas.

12. Abandono dos transportes públicos não é de esquerda nem de direita. É pura estupidez. E os únicos Governos cuja orientação foi nesse sentido foram os de Cavaco.

13. Diminuição das liberdades e garantias não é de direita. É de extrema-direita. E de extrema-esquerda. E sem surpresa vejo o BE a associar-se à histeria da direita anarco-capitalista. O que nem é uma surpresa, tendo em conta as raízes anarquistas que bem existem no Bloco, e que o anarquismo é o filho dilecto do liberalismo clássico.

14. Em qualquer circunstância a diminuição da despesa deve ser uma prioridade absoluta. Pela simples razão que o povo não pode andar a suportar despesas desnecessárias.