quarta-feira, março 31, 2004

Eu bem que vou alertando...

A proposta aqui descrita é mais uma das que me fazem alertar contra o perigo da imposição da ditadura do saudavelmente correcto.

A única forma de uma proposta dessas, para mais, poder ser efectiva seria termos uma PIDE à confecção gastronómica, o que é absolutamente inacreditável e totalmente inadmissível!

Sem prejuízo de poder atentar contra a qualidade da nossa cozinha !

Tolerâncias de ponto

Gabriel Silva desespera pela concessão da tolerância de ponto na tarde de Quinta-feira Santa.

Pelos vistos não está satisfeito com a atitude profundamente maoísta do Primeiro-Ministro de terminar com a prática comum de concessão de tolerências de ponto.

Aliás, muita empresa de capital estrangeiro do sector privado já nem abre nesses dias de ponte, sexta-feira depois de um feriado ou terça-feira antes de semelhante evento.

Conceder pontes é um estímulo para os trabalhadores, que em lugar de estarem no seu local de trabalho sem motivação num desses dias, regressam posteriormente com outro empenho e mais descansados.

Ao nível do Estado, temos que ter em conta que não lhe cabe produzir. Façam as contas ao dinheiro que o Estado poupa em subsídios de almoço e gastos correntes, designadamente electricidade, água e telefones, nesses dias...e ao dinheiro extra que vai buscar dos impostos tendo em conta o acréscimo do afluxo ao sector hoteleiro.

terça-feira, março 30, 2004

Esquerda, Direita, Estado e Ideologia

Li com extremo interesse o artigo A Direita e o Estado. Bastante realista quanto aos choques ideológicos que vão existindo à direita.

Por mim, continuo a considerar que o pólo essencial da divisão esquerda/direita hoje em dia, e que se acentuará quanto mais força tiver a direita liberal face à conservadora, refere-se ao papel do Estado. A esquerda acredita no Estado, a direita não.

Daqui, contudo, não se refira que esta esquerda que por aqui escreve endeusa o Estado. Bem pelo contrário. Os socialistas portugueses são acima de tudo defensores da liberdade e dos direitos fundamentais dos cidadãos. Já Augusto Santos Silva escreveu sobre o contributo das ideias liberais para o socialismo português.

Não é por acaso que todos os anos, quando me encontro com outros jovens socialistas europeus nos habituais acampamentos da ECOSY e da IUSY, não posso deixar de verificar as enormes diferenças ideológicas face aos meus camaradas do Norte da Europa. Com os suecos à cabeça, e o seu modelo de Estado que me tira totalmente do sério.


Ao Fundo da Questão

Alertado por links, não pude deixar de ler o que João César das Neves escreveu esta semana.

Não vou comentar as considerações que faz sobre o encanto da virgindade e a grandeza da maternidade, alçadas por JCN nas duas razões mais próprias da glória feminina. Outros já o fizeram.

Em lugar de me pronunciar sobre os dois últimos parágrafos, pronuncio-me sobre o fundo do artigo. Sobre o seu real propósito.

JCN começa por qualificar a mulher como ser superior ao homem. O que é um profundo disparate por duas ordens de razões:

a) é inadmissível pensar que um dos géneros seja superior ao outro;

b) essa qualificação parte dos pressupostos filosófico-religiosos em que assenta o seu pensamento, pressupostos esses que nem em termos da religião que professa estão correctos.

Esses pressupostos fazem-no explicitamente defender aquilo que era o modo de vida das classes médias e burguesas. Homem a trabalhar, mulher em casa. Aliás, a forma como defende essa divisão sexual da vida é exactamente igual ao pensamento de Salazar nessa matéria. Basta ler a famosa entrevista que este deu a António Ferro.

JCN critica, assim, uma sociedade onde, como diz, os valores masculinos imperam também para as mulheres. E aqui comete um grave erro de análise. De facto, tem necessariamente que se considerar ultrapassada a ideia de que determinados valores, designadamente os ligados à vida pública, são masculinos. São de todos os cidadãos, independentemente do seu sexo.

O que, evidentemente, tem o reverso da medalha, aquele que Alçada Baptista já adivinhava nos anos 60, ao visionar que
só a libertação da mulher poderia abrir caminho à libertação do homem. Que é o espaço privado ser também pertença masculina, tanto como feminina.

Ah, é verdade. Corrija-se o que tanto JCN como alguns dos que comentaram o respectivo texto disseram. Essa tal moral que vinha de tempos imemoriais era a moral da nobreza, da burguesia e, depois, das classes médias, só tendo chegado aos mais desfavorecidos ainda numa fase posterior.

Esse culto da virgindade nunca existiu entre o povo. Aliás, como Ary dos Santos escreveu e Simone de Oliveira imortalizou, a regra era mesmo Eira de milho, luar de Agosto, quem faz um filho fá-lo por gosto.


Pela Dignidade Humana

Mais uma vez li uma notícia sobre um acidente de viação que refere que do mesmo resultaram quatro feridos, entre os quais uma criança.

E mais uma vez me revolto. Por não se ser criança não se tem direito a destaque ? A dignidade da vida humana e da integridade física não é a mesma para todos os cidadãos, seja lá qual for a sua idade ?

Quando é que estes atentados desaparecem ?


PS - Escusado será dizer que já espero que apareçam os inevitáveis comentários a qualificarem-me como insensível e anti-crianças. Sempre que falo no assunto é a cassette que acabo por ouvir.

segunda-feira, março 29, 2004

Previsível

Como previsível, todos os arautos da extrema-esquerda estão eufóricos com o resultado das eleições regionais francesas, por considerarem que representam a consagração da teoria da esquerda plural.

E, obviamente, apelam à concretização de uma estratégia desse tipo também em Portugal.

Nada mais errado. Se em França esses entendimentos alargados acontecem, devem-se ao sistema eleitoral utilizado, muito distinto do português. O nosso sistema exige votações fortes nos partidos mais fortes.

sexta-feira, março 26, 2004

Ave Mao !

Ninguém quer que a China seja uma democracia, Durão Barroso dixit.

Fale por si. Nós já sabemos que o Livro Vermelho fala sempre mais alto na mente do Primeiro-Ministro.

Assinem já !

Apelo a que assinem esta petição.

De facto, é profundamente cretino que se queira taxar os empréstimos das bibliotecas. Os direitos de autor já foram garantidos com a aquisição do livro !

Isto é MESMO um poço sem fundo !

É sempre a descer !

Ao que isto chegou! É o descrédito !

quinta-feira, março 25, 2004

PARABÉNS também

Os meus agradecimentos ao Filipe Gil que TAMBÉM faz anos hoje...e já agora aos restantes amigos que hoje também fazem anos, já agora muito em particular ao Pedro Gonçalves com quem não falo há alguns anos...

Parabéns Sá!

O meu camarada e amigo Pedro Sá faz hoje anos. Parabéns!
FG

segunda-feira, março 22, 2004

A esperança continua

Agora em França, a esquerda avança. Infelizmente continuamos a ver o PSF demasiado atrelado aos comunistas e aos verdes, contudo.

Em qualquer caso, tudo indica que os tradicionais desiludidos da esquerda receberam uma mensagem de Espanha. Não ficando em casa e indo votar, é sempre possível derrotar a direita !

Israel outra vez

O assassínio do líder espiritual do Hamas demonstra a verdadeira natureza do estado de Israel. Criminoso e assassino.

Nos estados civilizados e democráticos os terroristas são capturados e levados a julgamento em tribunal.

Foi, pois, um acto cobarde digno de quem é tão terrorista como os outros.

"O meu candidato ao Parlamento Europeu"

Ivan Nunes diz que Antonio Tabucchi, sétimo da lista do BE ao Parlamento Europeu, é o seu candidato.

Curioso.

Não conheço nenhuma ideia política a Tabucchi, quanto mais sobre a construção europeia...fico assim surpreendido que alguém o tome como referência.

sexta-feira, março 19, 2004

Inenarrável

Confesso que se ainda leio o que Alberto Gonçalves escreve é por não conseguir resistir a ler o blog mais faccioso da blogosfera portuguesa.

O mesmo jornalista não chama países a coisas como a Jordânia, Marrocos e o Paquistão. Escusado será dizer que por sua vontade deviam ser colonizados outra vez.

Aliás, semelhantes afirmações permitem-me estar certo de que, se fosse israelita, AG seria possivelmente um daqueles deputados de extrema-direita que no Knesset dizem coisas como "temos de exterminar os porcos árabes", e afins.

Ele outra vez

Pode parecer embirração, mas lamento que a versão da Internacional da qual Eduardo Prado Coelho sabe a letra não seja a do PS, partido do qual é dirigente nacional, mas a do PCP. É triste.

Ah, e só pensar que o BE seja ou possa vir a ser interlocutor privilegiado do PS dá-me náuseas.

A não perder

A não perder este artigo de Vaclav Havel sobre a Bielorrússia.

Não pode ser a sério

Não tenho dúvidas de que Mário Soares defendeu o diálogo com a Al-Qaeda única e exclusivamente para aborrecer alguns outros...

quinta-feira, março 18, 2004

Quem fala assim está condicionado

Passo a citar Pacheco Pereira: o que me interessa não é a análise espanhola ou americana, é a análise da Al-Qaeda.

Portanto, por esta ordem de ideias tudo o que for feito na Europa e nos Estados Unidos tem que ser feito à luz do que os terroristas vão pensar.

Era o que mais faltava.

Discordo...

...da análise de Paulo Gorjão sobre a convocação do Congresso do PSD.

Parece-me que Durão Barroso deseja antecipar o Congresso PRECISAMENTE para evitar a questão presidencial, e ao mesmo tempo aproveita o enorme tempo de antena que as televisões lhe vão dar em cima do arranque da campanha eleitoral.

quarta-feira, março 17, 2004

E Depois do Adeus

A não perder, esta notícia.

Provavelmente Berlusconi perdeu a noção de tudo...

segunda-feira, março 15, 2004

A Derrota da 'Direita Providencial'

A vitória do PSOE em Espanha é uma lição para todos os políticos que continuam a não perceber o que é uma democracia.
Se o terrorismo afectou em algo as eleições de ontem, foi ao levar mais 8% de eleitores a exercer o seu direito/dever de voto.

Em Espanha, Aznar envolveu o seu País na guerra contra o Iraque contra a opinião de mais de 90% dos espanhóis!!

A forma como o PP em Espanha lidou com o atentado de Atocha, procurando responsabilizar a ETA pela sua autoria, por motivos meramente eleitorais, quando já sabiam perfeitamente de que se tratava de algo bastante diferente, resultou nesta demonstração categórica de que, afinal, os eleitores não são tão parvos como muitos acreditam.

O que se tem vindo a mostrar desde o malfadado 11 de Setembro é a existência de uma certa 'Direita Providencial', tendo à cabeça Bush Jr.

Esta 'Direita Providencial' acha que sabe sempre mais do que a população.
Esta 'Direita Providencial' questiona até a universalidade do direito de voto, pois 'uns são mais iguais que outros', e sempre o serão.

Esta 'Direita Providencial' decidiu tentar resolver um problema civilizacional, cuja pior sintoma é o terrorismo, sem o tentar sequer compreender. E assim, a Santíssima Trindade lançou a guerra santa contra o Afeganistão e o Iraque, ignorando por completo a agudização da situação israelopalestiniana.

Esta 'Direita Providencial' também está bem representada em Portugal.

Basta ver a colagem feita por Durão Barroso aos 'bons da fita'.
Mas basta também lembrar as promessas eleitorais de Durão Barroso (por exemplo, quanto aos impostos).
Basta comprender as contradições hipócritas de Paulo Portas, por trás daquele tom de arrogância de Mestre Escola de um País mal comportado.
Basta ver Cavaco Silva a fazer o favor de se candidatar a presidente (a bem da Nação...).

Basta aliás ler ou ouvir o actual expoente máximo dos iluminados, Luís Delgado (para quem ainda tiver paciência...).

O PP perdeu ontem as eleições em Espanha por ter passado um atestado de menoridade mental aos espanhóis.
Seguir-se-ão Bush e Blair?


E ainda os atentados

Concordo em absoluto com o que diz o Daedalus. A Al-Qaeda deseja destruir o nosso modo de vida. E tem de ser inapelavelmente derrotada.

Lembro ainda a Sara Müller que se houve alguma guerra contra a Al-Qaeda foi a do Afeganistão, apoiada pela grande maioria da comunidade internacional sem quaisquer reservas.

Logo, ao contrário do que diz o Jaquinzinhos, é impossível qualificar os resultados das eleições em Espanha como uma vitória do terrorismo.

A oposição à guerra no Iraque (e à política de Israel, já agora) em nada invalida a defesa do necessário combate pela civilização ocidental contra o fundamentalismo islâmico.

Viva España !

Não posso deixar de manifestar a minha satisfação pelo resultado das eleições espanholas, se bem que evidentemente preferisse uma vitória do PSOE com maioria absoluta.

Pedro Magalhães, inquirido pelo DN, apresenta aquele que, em seu e em meu entender, foi a principal razão dó cambio: a maior participação eleitoral derivada do atentado de 11 de Março levou às assembleias de voto eleitores tradicionalmente de esquerda que, desiludidos, deixaram de votar, entretanto. Sem prejuízo das pessoas que se sentiram enganadas pelo comportamento do PP.

O que me faz pensar...o que leva muita gente que, se votando vota nos partidos socialistas, a abster-se ? Terá esse eleitorado uma perspectiva mais utópica e próxima da extrema-esquerda ? Ou é outro tipo de razões ?

Parece-me necessário alguma reflexão nessa matéria, na qual convido todos os blogues da área socialista a participar. Como superar a abstenção de esquerda ?

Pior é quase impossível

A inenarrável Ana Gomes veio reinvidicar quotas de 40% para mulheres nas listas do PS. E, não contente com esse disparate que seria conferir à partida a cerca de 25% dos militantes 40% dos lugares "porque sim", veio dizer algo extremamente grave, e que passo a citar.

"Se existissem mais mulheres na política o problema israelo-palestiniano talvez já estivesse resolvido, porque as mulheres percebem que a resolução dos conflitos passa pelo diálogo e ir ao fundo das questões".

O que merece alguns comentários:

1. Tal afirmação é digna do feminismo mais bacoco e extremista, que está absolutamente ausente das mulheres portuguesas. Não conheço uma única mulher que não as activistas pelas quotas que se considere inferior a qualquer homem. Aliás, dizem os antropólogos que as sociedades mediterrânicas são, na realidade, matriarcais. E com razão. Daí que tentativas de impor direitos especiais choquem a comum das mulheres.

2. Essa afirmação permite-me ponderar se Ana Gomes está bem colocada no PS. Cada vez mais me parece que o seu lugar na política seria no pseudointelectual BE ou, voltando atrás no tempo, queimando soutiens no Parque Eduardo VII.

3. As mulheres que se oferecem para a função de bombistas suicidas estão totalmente certas de que a resolução dos conflitos não passa pelo diálogo...

4. Quer fazer do diálogo monopólio do sexo feminino. Absolutamente inqualificável. Pior, com esse discurso reedita a ideologia salazarista no seu pior..."O homem a lutar, a mulher a compreender"...

Se o seu problema são os direitos das mulheres, por que motivo Ana Gomes não barafusta contra a inacreditável discriminação de que elas são alvo nas Forças Armadas, ao não lhes ser possível servir em submarinos nem exercer funções de mergulhadoras e fuzileiras ?

Recados ideológicos internos

É o que faz Marques Mendes nesta entrevista.

Coloca-se claramente do lado da democracia cristã e de algum património histórico do PSD contra os neoliberais autoproclamadamente vanguardistas.

Passo a citar a sua frase mais relevante: "O modelo social europeu não pode ser destruído".

sexta-feira, março 12, 2004

Os Marialvas

O CasoArrumado vem classificar a minha exposição a Sr.Dr. Durão Barroso como «a típica argumentação covarde que sempre aparece nestas ocasiões de actos terroristas. Covardia porque acha que Portugal fazia melhor em estar calado perante as atrocidades mundiais por forma a não estar no alvo das organizações terroristas

Para o CasoArrumado, coragem é concerteza Portugal declarar guerra ao Iraque e afins.
A típica atitude de uma certa direita marialva do «Agarrem-me, senão eu mato-os»...
Fica sempre bem para impressionar os amigos e as namoradas.

A confusão entre bom senso e cobardia, coragem e estupidez, é uma herança cultural que já vem desde o tempo de D. Sebastião, quando meia nação decidiu ir tratar da saúde aos mouros.
É claro que a outra metade, afecta à corte espanhola, limitou-se a ficar à espera do resultado óbvio.
E tivemos os Filipes de Espanha.

Tomar atitudes contra o terrorismo internacional e combater as organizações terroristas passa pelo reforço do nosso trabalho nas organizações internacionais onde estamos inseridos, a começar pela União Europeia (onde até estamos a dar um bom contributo através do Comissário António Vitorino).

Ou reforçar o papel da ONU como organização mediadora de conflitos internacionais, o que aliás foi fundamental no caso de Timor-Leste.

Ora a mediática Cimeira das Lages, onde estiveram representados os E.U.A., o Reino Unido e a Espanha, com 'José' como anfitrião, constituiu exactamente o arrepio a este caminho.

Portugal passou um cheque em branco a Bush, através do seu Primeiro-Ministro, e contra a vontade dos portugueses, correctamente interpretada pelo Presidente da República, que sempre defendeu o devido enquadramento de qualquer actuação por parte da ONU.

Para além disso, cada dia que passa mostra que o ataque ao Iraque serviu outros interesses, passando encoberto por essa tal 'luta contra o terrorismo'.
Esta 'luta', se coerente fosse, deveria passar por países como por exemplo a Arábia Saudita ou o Paquistão, com os quais os E.U.A. mantêm convenientes (coniventes) boas relações diplomáticas.

E o terrorismo aí está.
Caso arrumado

Ainda os Atentados

1. Uma reflexão: a ter sido a Al-Qaeda a responsável (facto do qual, ou muito me engano, ou após as eleições espanholas toda a gente vai ter a certeza absoluta) pelo atentado, fica no ar a pergunta: por que motivo atacaram os fundamentalistas um povo que em enorme medida se manifestou contra a guerra no Iraque e contra a decisão dos seus governantes ?

Será que vêm aí ataques contra todos os países que enviaram tropas entretanto ? E o objectivo é intimidar esses países ?

Nesse sentido, terá sido um novo grupo terrorista, xiita iraquiano ?

2. São de lamentar as tortuosas afirmações quer de >Francisco Louçã quer de João Pedro Freire sobre o assunto.

Um vem logo falar em atentados anteriores, logo na guerra civil espanhola, entre outros, como que a estabelecer comparações que em certa medida desculpabilizassem a ETA em termos relativos.

O outro, que de socialista não tem rigorosamente nada, e que me espanta como é militante do PS e não da FER ou do PCTP/MRPP, coloca as culpas do atentado em Aznar por ter apoiado Bush. O que é, no mínimo, de uma desonestidade verdadeiramente inqualificável, mas que já é habitual na extrema-esquerda.

Brilhante e Desastroso

É o comentário possível face a este artigo de Miguel Sousa Tavares.

Por um lado, acerta na mouche quanto ao conteúdo da patética participação política de Ana Drago, ou seja, finalmente alguém com coragem para denunciar na comunicação social quão fraca é a qualidade política dos dirigentes do BE.

Por outro lado, MST cede aos seus instintos mais homofóbicos...fora o que não dever faltar por aí são casais de dois homens e de duas mulheres desejosos de dar muito de si a crianças abandonadas, e não se perceber de que modo é que a convivência com eles poderia afectar o crescimento natural seja de quem for (remeto para um post que o Viva Espanha escreveu sobre o assunto), MST esquece-se de que a lei portuguesa já permite a adopção por solteiros homossexuais.

E discriminações em função do estado civil a mim fazem-me saltar a tampa...

A Resposta aos Assassinos

Teresa de Sousa, analisando o atentado na Estação de Atocha, pergunta hoje no Público « Que Forma Escolherão Os Eleitores para Exprimir a Sua Dor e o Seu Repúdio? ».

No seu artigo, dá como certa a atribuição da autoria do atentado à ETA.

Porém, tudo indica que se trate de algo mais grave e complexo.
Logo a começar pela data do atentado: 11 de Março, dois anos e meio depois do '11 de Setembro'.

O braço político da ETA também se demarcou de imediato do atentado: 'A ETA não mata trabalhadores'.

Seja qual for a autoria, um atentado terrorista é sempre um acto cobarde, canalha e inaceitável.

Mas saber se se trata de um acto de desespero de uma moribunda ETA, ou uma acção de força de uma Al-Qaeda, será uma distinção forçosamente crucial a apurar.

Essencial tanto para a Espanha, como para o resto da Europa.

No caso das eleições do próximo fim-de-semana, a mobilização dos eleitores será, sem sombra de dúvidas, a melhor resposta que os espanhóis poderão dar à tragédia de Atocha.

Se esta resposta ajudará o PP, nomeadamente a alcançar uma nova maioria absoluta, premiando a sua atitude intransigente com a ETA, ou penalizará o PP pela sua outra atitude de cumplicidade com Bush na guerra do Iraque, será um especto secundário.

Aspecto secundário, mas com repercussões obviamente importantes.

Futilidades

Ex.mo Sr. Dr. Durão Barroso,

Depois do massacre de ontem em Espanha, poucos serão os portugueses que não se questionarão neste momento porque razão resolveu o Senhor, enquanto Primeiro-Ministro de Portugal, pôr-se em bicos de pés, ao lado de Bush, Blair e Aznar, apoiando uma guerra questionável, aliás contra a opinião da grande maioria dos portugueses.

Depois do massacre de ontem em Espanha, poucos serão os portugueses que não se questionarão se, neste momento, Portugal fará parte da lista do terrorismo internacional, porque o Senhor quis passar a ser tratado por ‘José’ pelo inenarrável Bush.

Depois do massacre de ontem em Espanha, poucos serão os portugueses que não se questionarão sobre em que condições de segurança se realizará o Euro 2004 (para o qual até fomos todos devidamente convocados).

Espero que, depois do massacre de ontem em Espanha, o Senhor se questione finalmente: «Mas em que raio estava eu a pensar, quando meti o País nesta embrulhada...».

Desejo-lhe os meus mais sinceros votos de esperança para que tudo corra bem, neste «País de brandos costumes», e para que nada nem ninguém venham a ficar a pesar-lhe na sua consciência, para o resto da sua vida.


quinta-feira, março 11, 2004

Crescimento do PIB 2003 = -1,3%

O INE revela hoje que o PIB teve um crescimento negativo de -1,3% em 2003, confirmando o intervalo da estimativa que já havia sido feita pelo Banco de Portugal, e contrariando as previsões optimistas do Governo.

Apesar do ligeiro aumento das exportações, a contenção da Despesa Pública é apontada como principal responsável pela recessão, através do efeito de contracção da Procura Interna.

A luz do que se tem escrito neste Blog, infelizmente nenhum destes resultados constitui surpresa.

Como não advogo o lema do «quanto pior, melhor», preocupa-me sim que o Governo mantenha o mesmo rumo, alheio aos maus resultados evidentes dos dois anos desta política económica-orçamental.

Não admira pois que o PSD continue a alimentar o folhetim presidencial Santana/Cavaco.


Correcção a fazer

O Almariado qualifica, na sequência dos vergonhosos e cobardes atentados de hoje, a ETA como organização de extrema-esquerda.

Não concordo com essa qualificação. Quem defende a mais descarada e cruel limpeza étnica numa perspectiva absolutamente hitleriana só pode ser qualificado como extrema-direita. Aliás, eu costumo dizer que nenhuma organização é tão baixa e canalha como a ETA.

quarta-feira, março 10, 2004

Pseudo...

Neste blog, o post Um Músico de Génio um Futebolista de Eleição e um Articulista Decadente e a mentalidade a ele subjacente demonstram quão ridícula é a classe dos pseudointelectuais.

É autoevidente que Eusébio tem muito mais projecção do que Viana da Motta. Ao contrário do segundo, TODA a gente em Portugal e muita gente no estrangeiro sabe quem é a Pantera Negra.

terça-feira, março 09, 2004

A Escolha de Sousa Franco II – da Estratégia

Mas porquê Sousa Franco?
(«Mas porquê?» deverá ser a pergunta mais utilizada pelos militantes e simpatizantes socialistas desde há algum tempo, a começar na demissão de Guterres, e por aí fora).

Não encontrando um motivo óbvio para a escolha, esperei para ouvir e ler os vários argumentos, quer dos responsáveis, quer dos analistas políticos.

Ao que parece, há essencialmente duas razões:
1 - Sousa Franco estará conotado ao «centro», podendo cativar votos nesta área política;
2 - Sousa Franco permitirá ao PS centrar a campanha eleitoral nos actuais resultados desastrosos da governação no campo da economia portuguesa.

Há falta de melhores explicações (e agradeço quaisquer contributos que me possam dar), permito-me retirar de tudo isto as seguintes conclusões:

Mais uma vez, a direcção do PS optou pela táctica em detrimento da estratégia.
Sousa Franco é utilizado para ver se ganha uns votinhos extra à direita, e como arma de arremesso contra o Governo. Isto, numas eleições que, muito provavelmente, constituirão um novo record de abstenção.

Os actuais dirigentes do PS ainda não devem ter tido tempo para parar e pensar na estratégia do PS para os próximos anos. Estratégia essa tão óbvia, que chega mesmo a ser enunciada teoricamente pelos mesmos: a consolidação do espaço político do PS, depois de um período governativo traumatizante, por aquilo que não conseguiu fazer, e pela forma como terminou.

O PS necessita de recuperar a credibilidade política que lhe permita ser visto como um partido preparado para governar, como alternativa à direita, e sem estar refém do mediático Bloco.

Em contrapartida, o PS parece que quer continuar a ser visto como uma agregação de caciques e inúteis, de tal modo que sempre que é necessário apresentar candidatos (ou Ministros) ao País, tem que ir buscá-los fora do próprio partido.

Atendendo a que o último cabeça de lista às eleições europeias foi Mário Soares, como aparecerá Sousa Franco no espaço político do PS?
Quem estará entusiamado com a campanha eleitoral que se avizinha?

Se eu estou errado, e em vez de tácticas pontuais existe afinal uma estratégia de fundo para o PS, então o próximo capítulo é fácil de prever:

Freitas do Amaral será o candidato do PS à Presidência da República !


A Escolha de Sousa Franco I – da Cronologia

Convenção: s. f.
1. acordo entre partes interessadas; ajuste; pacto;
2. princípio ou procedimento admitido por um acordo tácito;
3. o que está geralmente admitido ou tacitamente convencionado nas relações sociais;
4. tratado entre facções ou países beligerantes; convénio;
in Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora

Será interessante escolher qual ou quais os significados será mais adequados para classificar a Convenção Europeia que o PS realizou, que culminou em Sousa Franco .

Umas semanas antes da Convenção, o nome de Sousa Franco começou a ser assoprado para a comunicação social como provável cabeça de lista do PS às eleições europeias.
O objectivo era claro: verificar quais as possíveis bolsas de resistência a esta escolha.
Testar o nome do candidato.

Depois, na parte final da dita Convenção, Ferro Rodrigues anuncia Sousa Franco à plateia, ela própria pouco entusiasmada.

Surge então Sousa Franco, numa versão Prozac, a confessar ter caído na tentação de aceitar o convite de Ferro Rodrigues. Parece que até nem iria vetar o nome de Ana Gomes para a lista.

Ficou a expectativa pela reunião da Comissão Política do PS, para ver se alguém reagia, mas Sousa Franco foi confirmado. Um voto contra apenas, pela queda de Aveiro na lista.

Afinal estáva decidido: Sousa Franco será mesmo o cabeça de lista do Partido Socialista às próximas eleições europeias!!!!!!!!

O artigo mais fascista que alguma vez já li

João César das Neves vem dizer, na linha do que defende sobre a IVG, que é a mesma coisa fazer uma IVG do que matar um filho menor de 18 anos, ou, mais ainda, "até que a gravidez se complete e o embrião saia de casa".

Não vou comentar esta afirmação do ponto de vista dos direitos humanos. Muito já terá sido escrito sobre o assunto. Vou tratá-lo noutra perspectiva.

JCN chama todos os adolescentes de "desobedientes, teimosos, arrogantes, ou pelo menos atrevidos e inconvenientes". Junte-se isso ao que acima disse e temos a absoluta e clara afirmação de que, em seu entender, os filhos são absoluta propriedade dos pais, aos quais têm que dizer a tudo que sim e sem pestanejar.

É verdadeiramente lamentável.

Ah, isto para não falar da concepção reprodutivo-pecaminosa que tem do sexo. "Nos momentos iniciais toda a gravidez é desejada. Pode não se saber que vem aí, mas naqueles instantes os envolvidos fazem avidamente tudo para que ela comece".

Para já, JCN está errado. Quem use métodos anticoncepcionais não está a fazer tudo para que uma gravidez comece. Bem pelo contrário.

E, tendo em conta o que diz, considerando que já tem filhos de uma certa idade, vem imediatamente à cabeça fazer uma analogia entre JCN e o famoso Deputado Morgado, tão ridicularizado por Natália Correia...aliás, não resisto a transcrever o poema em questão...

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

NATÁLIA CORREIA



Guerra dos Sexos

Quem ler este artigo, principalmente a sua parte final, certamente perceberá por que motivo eu detesto o feminismo.

Dizer que a legislação é feita por homens ou por mulheres é algo que para além de errado é perigoso, e que reduz de forma inaceitável qualquer um dos sexos. Pensar que há leis "para homens" e "para mulheres", e que há áreas para as quais um dos sexos está mais vocacionado é absurdo.

E é um incentivo a uma cretina guerra dos sexos.

Lamentos...

Eduardo Prado Coelho lamenta que a coordenadora do ensino do português em França não saiba francês, e assim vá para as reuniões com um intérprete ao lado.

Queria ver se dizia algo análogo se o país em causa fosse a Polónia ou a Rússia, ou mesmo a Alemanha...

segunda-feira, março 08, 2004

Ainda o Dia Internacional da Mulher

Escusado será dizer que só não considero a existência deste dia um profundo disparate porque existem ainda muitos países onde as mulheres são efectivamente discriminadas.

Contudo, insistir no assunto nos países desenvolvidos, como é o caso de Portugal, é um profundo contrasenso. Aliás, já Esko Aho, candidato do centro-direita às últimas eleições presidenciais na Finlândia alertava que os homens solteiros são os novos párias do país...

Para Rir

Regina Marques, do Movimento Democrático de Mulheres, diz que a SIC Mulher deveria procurar mais a opinião das organizações de mulheres.

Claro, como se fossem essas organizações que melhor as defendem...mas enfim, toda a gente sabe que o MDM é uma das organizações criadas e controladas pelo PCP...

Para Chorar

Este artigo de Graça Franco. São disparates uns atrás dos outros.

Principalmente:

- quando defende salário para as domésticas, parecendo esquecer que tal seria um enorme passo no sentido do retorno de muitas mulheres a uma condição de cidadão de segunda (mas de quem é tão próximo dos sectores mais conservadores da Igreja não é de espantar que defenda isto);

- quando vem falar que "os homens decidem", como se houvesse uma conspiração masculina contra as mulheres ou algo parecido.

Novo Partido

É com tristeza que vejo aparecer o Movimento Pelo Doente.

Partidos de âmbito genérico que trouxessem novas ideias e posicionamentos seriam bem vindos. Não estes partidos específicos, interesseiros e corporativistas.

quinta-feira, março 04, 2004

Parabéns !

20 valores para Assunção Esteves ! A Deputada do PSD tomou a atitude que se pede a qualquer Deputado quando não concorde com a posição tomada pelo seu partido.

Ausentar-se da votação. É esta a atitude digna a tomar nessas situações. E não qualquer acto de indisciplina (por consequência elitista) que fizesse esquecer que os Deputados são eleitos pelas listas de partidos políticos, e que as decisões cabem às direcções democraticamente eleitas dos mesmos.

terça-feira, março 02, 2004

Ah sim !

Não espanta que tenha essa posição, mas fico feliz que Vital Moreira tenha a mesma opinião que eu a respeito da distribuição geográfica das faculdades de Direito públicas.

A única diferença é que não tenho quaisquer dúvidas que essa licenciatura deve ser criada no Algarve e não em Évora.

segunda-feira, março 01, 2004

Comparações não sérias

Ao contrário do que hoje diz Mário Pinto no PÚBLICO, comparar 125 000 assinaturas conseguidas através de trabalho de rua, ainda que com suposto apoio e propaganda da comunicação social, com número idêntico delas conseguidas quase todas elas à porta das missas (com a consequente pressão moral sobre quem hesitasse ou se recusasse a assinar) não é sério.

Enfim...

Francisco Van Zeller, entrevistado no já quase instituição Diga Lá Excelência, vem defender que nas situações em que as competências do trabalhador já não sejam necessárias à empresa tal possa ser considerado justa causa de despedimento.

É caso para perguntar em que mundo vive o Presidente da CIP. Tal possibilidade está prevista na lei desde 1989, vide os despedimentos por reestruturação.