segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Preocupante

Bem diz Manuel Carvalho: é manifestamente preocupante a forma como os sectores mais conservadores da Igreja Católica se mostram claramente contra a democracia e em defesa de um modelo de Estado digno do Irão.

domingo, fevereiro 27, 2005

Vertigo 2005




O País já tinha assistido a este fenómeno recentemente com os concertos da Madonna.

Agora são é o concerto dos U2 no Estádio Alvalade XXI, em Lisboa, 'já' no próximo dia 14 de Agosto.

Os primeiros bilhetes foram postos à venda na sexta-feira passada.
Nos pontos de venda, organizaram-se pequenas multidões, de véspera, para garantir o precioso ingresso.

Os bilhetes desapareceram em menos de duas horas.
E não eram de graça.
O preço dos bilhetes varia entre 54 euros (Relvado, Bancada Topo Inferior e Superior) e 146 euros (Camarote VIP).

Há já uma onda de indignação e revolta entre os fãs (ver http://www.u2portugal.com/ ou http://www.u2pt.com/), incluindo uma petição on-line para que seja organizado um 2º concerto em Portugal.

É a crise...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

O Menino-Guerreiro



Os resultados das Eleições Legislativas de domingo foram inequívocos.

A maioria absoluta do Partido Socialista assenta em 2.573.586 votos, 45.05% do total e 120 Deputados na Assembleia da República (a que ainda se poderão juntar mais 2).

Em comparação com as Legislativas de 2002, o PS recebe mais 517.600 votos.
E não se pode falar propriamente de voto útil à esquerda: a CDU sobe 53.505 votos (mais 2 Deputados) e o Bloco de Esquerda sobe 214.708 votos (mais 5 Deputados).

O PSD perde 542.558 votos (-11,46%) e 30 Deputados.
O PP perde 60.673 (-1,49%) e 2 Deputados.
Em conjunto, apesar de terem votado nestas eleições mais 278.596 eleitores, a coligação governamental conseguiu perder 603.201 votos.

Analisando todos estes últimos meses de pré-campanha e campanha eleitoral, foi a derrota do populismo demagógico em toda a linha.
Até, eventualmente, a vacina contra uma forma de fazer política onde tudo vale.

É neste contexto que o ambiente vivido no Hotel D. Pedro (que outro?), bem como a declaração da derrota de Santana Lopes, só podem ser vistos com perplexidade.

Não só Santana Lopes foi vitoriado por uma assistência em êxtase, como o próprio voltou insistir na tese da vitimização: o Pedro não foi o responsável pela derrota eleitoral do PSD.
Foi o Presidente da República e Durão Barroso, que não lhe deram tempo.
Foram os companheiros e ex-líderes do PSD, que não deram a cara.
Foi a comunicação social e os interesses dos 'poderosos', que o acossaram desde o primeiro dia.

E à sua volta não estava nem o PPD nem o PSD.
Estava o PSL, uma seita mistíca com fé inabalável neste auto-proclamado Apóstolo de Sá Carneiro, que repetem até à exaustão os argumentos.

Mas há mais números interessantes nestas eleições.

Na Figueira da Foz, cuja Câmara foi ganha por Pedro Santana Lopes com 52% dos votos e onde, segundo as escrituras do PSL, começou a grande obra, o PS venceu estas eleições com 42% da votação!!!

Em Lisboa, cuja Câmara foi ganha por Pedro Santana Lopes com 42% dos votos e onde, segundo as mesmas escrituras, a grande obra cresceu, o PS vence estas eleições com 42,5% da votação!!!
O PS conseguiu ainda ganhar em 50 das 54 Freguesias da Capital, recuando o PSD para 25% dos votos!!!

Os seus principais acólitos tiveram igualmente resultados espantosos.

José Luís Arnaut conseguiu perder para o PS, pela primeira vez, as Eleições no Distrito de Viseu, o célebre «Cavaquistão» (rebaptizado por PSL de «Laranjistão»).

Morais Sarmento foi trucidado em Castelo Branco, onde tentou medir forças com José Sócrates (56% - 26%).

Até na Madeira, Alberto João Jardim viu Jacinto Serrão trazer para o Continente o mesmo número de Deputados que o seu PSD (e o PS perder por 85 votos no Concelho do Funchal).

E como foi possível que o PS tivesse ganho na Freguesia de Souselas (42% - 27%)? Nem Nobre Guedes foi eleito.
Fraude Eleitoral?
Levantamento Popular?


O PSD obteve nestas Eleições a confiança de 1.639.114 de eleitores que, na sua esmagadora maioria, revêem-se num Partido Político a sério, com história, e não fazem parte desta seita.

Apesar de Santana Lopes já ter anunciado a sua saída da liderança do PSD, alguém acredita que ele vai ficar por aqui?

Com tanto 'colo' que ainda quer embalar o Menino-Guerreiro?

AHAHAHAHAHAH

Aqui está o ansiado comentário de Luís Delgado às eleições.

Ainda não consegui parar de rir.

domingo, fevereiro 20, 2005

Absolut PS

Hoje é Dia de Eleições

Hoje fui votar à Escola Secundária do Lumiar, onde existem 30 mesas de voto.

Graças ao novo serviço do STAPE para quem perde o cartão eleitor, lá enviei uma mensagem SMS para o 3838 com a informação do Bilhete de Identidade e da data de nascimento (RE nºBI aaaa/mm/dd).

Numa Freguesia como a do Lumiar, uma das maiores de Lisboa, há sempre algum reboliço à volta do local de voto, seja qual for a hora.

Desde os vendedores de castanhas assadas aos de morangos, a novidade deste ano de crise foram... as farturas!

Aliás, a participação era maior na fila das farturas que nas mesas de voto.

Um ambiente digno de Eleições Democráticas.

Num dia que se espera que seja de festa.

sábado, fevereiro 19, 2005

Reflexão: Já Estamos Quase na Primavera

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Sondagem Hoje, Voto no Domingo



Com a devida vénia, reproduzo aqui o quadro-resumo das sondagens de hoje que Pedro Magalhães disponibiliza no seu Blog, Margens de erro.
(clicar no quadro, para uma melhor visualização)

Todas elas dão como provável uma maioria absoluta do PS, o que puderá ter um efeito peverso: desmobilizar o voto útil daqueles que querem uma maioria absoluta para o PS e que a possam julgar já assegurada.

O comentário de Santana Lopes a estas sondagens não deixa de ser exemplificativo da sua inigualável capacidade de distorção da realidade de Santana Lopes (bem, há sempre Luís Delgado).

Para desvalorizar estes maus augúrios estatísticos, Santana relembra a famosa sondagem do «Expresso» na véspera das Autárquicas, que dava uma diferença desfavorável de 10% a favor de João Soares para a Câmara de Lisboa e que, como infelizmente se sabe, acabou por acabar na vitória de Santana.
Ora Santana Lopes ganhou essa eleição por escassas centenas de votos e graças a esta sondagem, que desmobilizou o voto útil daqueles que, não gostando de João Soares, não estavam dispostos a deixar que Santana Lopes ganhasse.

E Santana Calimero Lopes considera que esta sondagem lhe foi prejucicial!

Moral da história: previsões, só no final do jogo.

Todo o voto é essencial.

Quem não for votar, que se abstenha de falar de política nos próximos anos...

Domingo, pela MAIORIA ABSOLUTA

Há que não ter dúvidas. A bem da estabilidade, da governabilidade, do crescimento. Em nome de Portugal.

Domingo, vamos dar uma MAIORIA ABSOLUTA ao PS ! E sim, Rui Tavares, MAIORIA ABSOLUTA em maiúsculas e a bold !

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Nunca o Voto Será Tão Útil



Domingo, já se sabe, o pesadelo Santana Lopes acaba.

Mas isto não chega.
É importante assegurar a existência de uma alternativa sólida.

A Esquerda tem sido particularmente criativa em criar problemas a si própria.
Sempre por pruridos e problemas psicanalíticos de ordem várias.

Foi graças à esquerda de Carvalhas e Louçã que o PS de Guterres teve de governar negociando à sua direita.

Foi por poucas centenas de votos que Santana Lopes se tornou o 'Alcaide de Lisboa'. Graças aos milhares de votos inúteis que Franscisco Louçã, depois de recusar fazer parte da coligação de esquerda em Lisboa, recolheu para o seu Bloco e que para nada serviram. A não ser para criar o 'monstro'.

Agora, Jerónimo de Sousa promete a 'defesa do pequeno capital contra a opressão do grande capital'. E o mesmo Louçã, com lugar assegurado em S. Bento, prega 'a diferença' de votar no Bloco.

Depois de Cavaco Silva e Santana Lopes, qual será o 'monstro' que a esquerda criará?

Falta de ética

O Sindicato dos Profissionais da Polícia responsabiliza o poder político, e curiosamente não só o Governo, pela morte de um agente da PSP.

Tendo em conta o discurso e a campanha eleitoral, não só concluímos que esse sindicato é evidentemente controlado pelo PCP, como também que é de uma manifesta falta de respeito pela memória do colega andar a encontrar culpados que não os criminalmente responsáveis.

Ah, e considerando que a situação ocorreu junto ao bairro da Cova da Moura, escusado será dizer que é mais um facto que joga a favor de Paulo Portas.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Snobismos

A ler com interesse os «Snobismos» de Eduardo Prado Coelho, hoje, no Público:

«(...) quando se trata de avaliar a personalidade dos dirigentes partidários. Todos têm aspectos negativos, mas todos têm também aspectos positivos. E a cada um cola-se uma espécie de etiqueta que nada nem ninguém vão conseguir arrancar: Portas ganhou uma dimensão de Estado, mas nele predomina a hipocrisia (debaixo daquela capa está um anarquismo irreverente de direita pura e dura), Santana Lopes é o lado emocional e confuso, Sócrates é uma mecânica fria, eficiente e sem alma, Louçã é um argumentador moralista, com traços de homem de Igreja, e Jerónimo de Sousa, a grande revelação, é o que é: quando se esperava um discurso de faca nos dentes, temos uma pessoa elegante, bem preparada, próxima dos outros, afável e com um ar autêntico. Com um isto faz-se uma paisagem mediática e trata-se apenas de a confirmar.»

«Neste contexto, embora à última hora possa surgir um sobressalto, há uma reticência em relação a Sócrates que não beneficia a ideia de uma maioria absoluta. Tal como se tornou moda dizer que não apetece votar porque os políticos são todos iguais e nossa classe política só quer é encher a barriga, à esquerda encontra-se hoje um discurso que marca os grupos bem-pensantes: Sócrates igual a Santana, Sócrates sem alma, sem ânimo, sem entusiasmo, Sócrates cinzento e repetitivo

Quem ouvir os comentadores nas televisões ou os ler nos jornais, eles afina é que são bons.
Talvez devessem ir para o Governo.
Façam um partido.
Por exemplo o PECA: Partido Excepcional dos Comentadores e Afins

Debate a 5 na RTP... Quer Dizer, a 4




A imagem representa a governação, na cabeça de Santana Lopes.
Algures estão Henrique Chaves, Cavaco Silva, Pacheco Pereira, as empresas de sondagens, a comunicação social, etc.
Não confundir com Paulo Portas. Este está no canto inferior direito, nos Assuntos do Mar.
Não confundir este Paulo com o outro, o das feiras.
Nem com o Padre de Esquerda, que até tem uma filha.
Esta Torre de Babel está a precisar de um choque tecnológico!
Ou de ser comprada pela Banca.

Grande vencedor do debate: Jerónimo Sousa.
Muito melhor que a gripe de Santana.
Os adversários vão ter que subir a parada, e partir uma perna ou um braço.

Nunca mais é Domingo...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Bem vindo

Na blogosfera, Pedro Tomás.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

PSD e PP Suspendem Campanha Eleitoral



«3-) Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.»
[Êxodo 20.3-17]

domingo, fevereiro 13, 2005

A Paróquia de S. João de Brito



Estou a tentar dar um aspecto mais 'Abruto' a este Blog.
Mais intelectual.
Até nos blogs há os filhos e os enteados...

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Nada de Freeports

Limito-me a subscrever por inteiro as palavras do Paulo Gorjão.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Contra a Abstenção: Multa ou Subsídio?



O problema da Democracia Portuguesa reside nos Portugueses e não no seu sistema eleitoral. Desta forma, o combate à abstenção não se resolve com alterações experimentais no nosso sistema eleitoral, mas com outro tipo de propostas que alterem a forma como os cidadãos encaram o acto eleitoral (ver «O Egoísmo Cívico»).

Segundo a Constituição da República, o voto é simultaneamente um direito e um dever.
Mesmo que não se possa atribuir um preço ou um custo ao voto, é possível tentar obter uma estimativa pontual do seu valor. Se considerarmos a relação entre o total de despesas elegíveis para os partidos políticos concorrentes às Eleições Legislativas de 2002 e o número de votantes, cada voto teve um valor próximo de 5 euros (ver «Quanto Vale 1 Voto?»).

Nestes pressupostos, avanço com duas propostas para combater a abstenção.

Proposta 1
Atribuição de uma senha de presença de 5 euros a cada eleitor que exerça o seu direito de voto

Princípio: O Estado, em representação dos cidadãos portugueses, reconhece a existência de custos, físicos e psicológicos, que o eleitor tem de ultrapassar para poder votar.

Precedente: Já são atribuídas senhas de presença aos membros das mesas de voto.

Repercussão financeira directa da proposta:
Se todos os 8.821.456 Eleitores inscritos nas Eleições Legislativas de 2002 votarem, o custo potencial máximo será de 44.513.565 euros (8.902.713 de contos).

Prevalece nesta proposta a noção de direito de voto. Compete pois ao Estado incentivar os cidadãos a exercerem o seu direito de voto. O exercício deste direito é encorajado com o pagamento imediato da senha de presença que, no fundo, está assente genericamente nos impostos pagos por todos. No caso limite de abstenção 0%, só não existe uma soma nula devido a um efeito redistributivo, uma vez que 5 euros representam mais para quem menos ganha.

A lei eleitoral poderia ainda ser alterada no sentido de permitir ao Estado recorrer a patrocínios para o financiamento dos actos eleitorais («Estas Eleições Legislativas são patrocinadas por Coca-Cola»)

O Estado poderia disponibilizar igualmente alguns serviços no local, como por exemplo os jogos da Santa Casa da Misericórdia, que permitissem ao cidadão reinvestir de imediato a verba recebida.


Proposta 2
Voto obrigatório, com multa de 5 euros a cada cidadão que não exerça o seu dever cívico.

Princípio: O Estado, em representação dos cidadãos portugueses, penaliza os eleitores que não exercem o dever cívico de votar.

Precedente: Por exemplo, o não pagamento de impostos, ou a entrega atrasada das respectivas declarações, é sujeita a multa.

Repercussão financeira directa potencial da proposta:
Se todos os 8.821.456 Eleitores inscritos nas Eleições Legislativas de 2002 não votarem, a receita potencial máxima será de 44.513.565 euros (8.902.713 de contos).

Prevalece nesta proposta o dever cívico. A multa penaliza a falta 'sentido cívico'adj. de cidadão ou relativo aos cidadãos de um País, como membros de uma Nação, do Estado; patriótico; respeitante ao bem público»), e o prejuízo que daí resulta para o conjunto dos cidadãos portugueses, representados pelo Estado.

Por outro lado, a abstenção passaria a ter uma forma, uma expressão, uma consequência. A expressão 'pagava para não ter que votar' faria finalmente sentido.

Com a criação do cartão único de identificação, seria fácil debitar ao cidadão em falta o valor do incumprimento cívico através da liquidação desta multa no momento em que procurasse utilizar qualquer serviço público.

Tomando como exemplo a taxa de abstenção de 38,5% verificada nas últimas Eleições Legislativas, com a Proposta 1, 5.473.655 votantes receberiam uma senha de presença de 5 euros, num montante total de 27.368.275 de euros (cerca de 5,5 milhões de contos). Com a Proposta 2, 3.429.058 abstencionistas pagariam uma multa de 5 euros, num montante total de 17.145.290 milhões de euros (cerca de 3,5 milhões de contos).

Não serão ambas as propostas mais simples e eficazes do que a criação de círculos uninominais?


Análise certeira

Diz hoje Pacheco Pereira:

Pela natureza destes dias de fim do comunismo, tal como o conhecemos, o PCP está de há muito tempo em "dire straits". Mas Jerónimo de Sousa trouxe ao PCP uma personagem apaziguadora, mais moderado do que muitos pensaram, mais simpático para a opinião pública do que muitos anteviram (certamente muito mais do que o agressivo moralista Louçã). O PS terá aqui uma reserva para governar mais sólida do que o BE, caso não tenha maioria absoluta. O PCP é mais confiável e menos errático do que o BE, e hoje muito mais moderado. Convém não esquecer que sem o beneplácito do PCP não teria havido acordo social entre os sindicatos e o patronato.

Em quem vota Cavaco ?

Raul Vaz esquece-se do mais que óbvio: que o ex-Primeiro-Ministro fará certamente algo parecido com o que Mário Soares fez nas Presidenciais de 1980, quando votou em Galvão de Melo. Ou votará em branco.

Em qualquer caso, parece-me claro que Cavaco Silva quis deixar passar esta notícia para depois a desmentir, com o objectivo de que se falasse nele durante 1/2 dias da campanha. Sabe muito mas não é o único...

A si respondo-lhe eu

Jerónimo de Sousa devia saber que se se prepara um modelo de Entidades Públicas Empresariais, e não de Sociedades Anónimas, é porque, ao contrário do que diz temer, não se pensa em qualquer privatização.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Quanto Vale 1 Voto?



O problema da Democracia Portuguesa reside nos Portugueses e não no seu sistema eleitoral.

Esta foi a principal conclusão do que escrevi sob o título «Egoísmo Cívico».

Desta forma, o combate à abstenção não se resolve com alterações experimentais no nosso sistema eleitoral, mas com outro tipo de propostas que alterem a forma como os cidadãos encaram o acto eleitoral.

O voto é um direito ou um dever?

Os cidadãos portugueses encararão o voto como um direito ou um dever?
Um direito será uma coisa do género: «Porreiro. Tenho um bilhete à borla para o cinema, domingo. Se quiser posso ir até lá.»
Um dever é tipo: «Que chatice. Amanhã é o último dia para entregar os impostos. Lá tenho que ir para a fila.»

A Constituição Portuguesa prevê o seguinte:
Artº 49º [Direito de Sufrágio]:
«1. Têm direito de sufrágio todos os cidadãos maiores de dezoito anos, ressalvadas as incapacidades previstas na lei geral.
2. O exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever cívico.»

Parece pois que o voto é, simultaneamente, um direito e um dever.

Quanto vale um voto?

O voto num sistema democrático não pode ter custo nem preço.
Mas, para efeitos de raciocínio, seria útil imputar-lhe um valor, porquanto que pontual.

Por exemplo, a relação entre as despesas dos partidos políticos e os votos obtidos.

Vejamos o caso das Eleições Legislativas de 2002, onde votaram 5.473.655 eleitores do total de 8.902.713 inscritos (38,5% de taxa de abstenção).
Uma forma de não utilizar as despesas declaradas pelos partidos políticos é recorrer ao conceito de «limite máximo admissível de despesas realizadas em cada campanha eleitoral», tal como fixado na Lei n.º 19/2003 de 20 de Junho (Financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais).

O seu artº 20º, sobre o «Limite das despesas de campanha eleitoral», estipula:
«1 - O limite máximo admissível de despesas realizadas em cada campanha eleitoral, nacional ou regional, é fixado nos seguintes valores:
(...)
b) 60 salários mínimos mensais nacionais por cada candidato apresentado na campanha eleitoral para a Assembleia da República;»

Segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a soma dos limites calculados para os vários partidos que participaram nas Eleições Legislativas de 2002 foi de 28.706.755,51 euros.

Seguindo este raciocínio, o valor de cada voto efectivo foi de 5,24 euros.
Arredondando, podemos estimar o valor de 5 euros/voto.

A 5 euros por voto, a taxa de abstenção de 38,5% verificada nas últimas Legislativas terá 'custado' 17 milhões de euros ao País.

«A Capital» noticiou que o Estado vai gastar na organização das próximas eleições legislativas cerca 9 milhões de euros.

Afinal, se calhar, custa-nos muito mais as abstenções do que pagar as eleições...

(continua)

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Jornalistas e 'Comentadores'

O que Augusto Santos Silva escreveu no jornal Público, sábado passado, sobre os comentários ao debate Sócrates-Santana, assenta que nem uma luva ao período de campanha eleitoral em que vamos estar mergulhados até dia 18 de Fevereiro, e mesmo para a noite eleitoral de dia 20:

«As opiniões sobre os conteúdos do debate político são opiniões políticas. Não são apreciações técnicas, nem são factos objectivos. Por isso mesmo, a sua expressão deve obedecer aos requisitos da opinião em democracia: ser livre, ser plural, ser escrutinável. Não é juízo final sobre coisa nenhuma. E não deve ser confundida com a informação jornalística sobre factos. Se a direcção de um jornal entende que A ou B ganhou um debate, pelas razões X, Y e Z, dispõe do espaço de opinião próprio do seu jornal para dizê-lo. Não pode é converter essa sua opinião, ou intuição, numa apreciação incontroversa, proclamável como tal - ainda por cima quando basta folhear as páginas desse mesmo e outros jornais para perceber que as opiniões estão divididas e que a essa divisão não é alheia a lógica dos alinhamentos eleitorais.

A não ser que o jornal queira entrar também na luta política própria de uma campanha, o que, em si mesmo, não é negativo (é o que faz a imprensa anglo-saxónica), na condição de ser claro e assumido. Agora, a presunção, tão característica do nosso meio jornalístico, de que a opinião dos jornalistas-comentadores é intrinsecamente mais legítima do que as dos restantes intervenientes no espaço público e que, por isso, pode haver uma espécie de juízo final mediático sobre as controvérsias e os desempenhos políticos, essa presunção não é uma prova de maturidade, mas pelo contrário de infantilidade do nosso sistema de comunicação.»

Preocupa-me particularmente que a esmagadora maioria dos jornalistas, sob a capa da intermediação da mensagem programática dos partidos políticos e dos seus representantes, destacarem em alternativa os fait-divers, os deslizes, as contradições, em resumo: o sangue.

Se jornalistas e 'comentadores' exigem aos políticos qualidade e competência, deverão ser os primeiros a demonstrar estas mesmas qualidades na sua própria actividade.

Caso contrário, nunca escaparão ao epíteto de 'políticos falhados'.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Dúvidas ?

Quem duvidasse que Santana Lopes não se demitiria em circunstância alguma de Presidente do PSD aqui perde essas mesmas dúvidas.

O Debate

Quem não considere que José Sócrates ganhou o debate de ontem de forma claríssima não viu certamente o mesmo debate que eu vi.

Em qualquer caso, já cá faltavam vários jornalistas a dizerem que soube a pouco. O que vale é que para a maioria dos jornalistas as prestações de qualquer político nunca são satisfatórias. Acaso já se aperceberam que levantaram a fasquia demasiado alta ? E que assim só contribuem para afastar as pessoas da política ?

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Boatos

Foi notável a sistematização com que José Pacheco Pereira explicou como se utilizam boatos como técnica de contra-informação, ontem na Quadratura do Círculo (SIC-Notícias), com breves referências no seu artigo de opinião de hoje no Público.

Sobre este assunto ver também O Estado da Negação, acerca de Einhart da Paz, actual responsável pela Campanha de Santana.

Poço sem Fundo

Paulo e Pulga: isto nunca bateu no fundo pela simples razão de que é um poço sem fundo, e com Santana Lopes ainda mais !

Crónica de uma recandidatura anunciada

Nada que me surpreenda, o anúncio da recandidatura de Isaltino de Morais a Presidente da Câmara de Oeiras. E que será como independente, pois não acredito que a futura direcção do PSD vá decapitar Teresa Zambujo e assumir uma candidatura com os riscos que esta tem.

Concordo, no essencial, com a análise do Carlos Castro. Com a diferença de que estou certíssimo de que, como independente ou não, o ex-Ministro do Ambiente sofrerá uma pesadíssima derrota eleitoral, até porque os holofotes da comunicação social estarão certamente apontados a Oeiras e certamente haverá quem repita a história do sobrinho até à exaustão...

Ainda o Tabaco

O consumo de tabaco vai ser proibido em todas as escolas do ensino básico e secundário, incluindo nos espaços ao ar livre.

Uma boa ideia que pode dar mau resultado. Não só o fruto proibido é o mais apetecido, como também pode levar a saídas do espaço escolar...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

O Egoísmo Cívico


A criação de círculos uninominais é hoje a receita preferida para resolver o problema da não participação dos portugueses na vida política, que se reflecte, em última análise, na taxa de abstenção verificada nos sucessivos actos eleitorais.

Esta suposta 'aproximação dos eleitos aos eleitores' faz parte de uma concepção da democracia portuguesa em que os seus cidadãos não se reflectem nos partidos políticos, nem os reconhecem como veículo de participação cívica, afastando-os da política em geral. Refira-se que a introdução dos Referendos fez parte igualmente deste imaginário demagógico, com os resultados que se verificaram (dois Referendos com resultado não vinculativo ? abstenção superior a 50%).

Pensar que os círculos uninominais vão resolver o problema da abstenção, é pensar no telhado antes de fazer tratar das paredes do nosso sistema democrático.

Estas paredes chamam-se 'sentido cívico' («adj. de cidadão ou relativo aos cidadãos de um País, como membros de uma Nação, do Estado; patriótico; respeitante ao bem público»*) e 'civismo' s. m. dedicação pelo interesse público»*).

A falta de civismo e de sentido cívico é hoje uma característica da generalidade dos Portugueses, que estão sempre à espera que sejam os outros que lhes resolvam os seus problemas.

Isto quer dizer muito simplesmente que a abstenção não é uma posição política.

É uma posição cómoda, que reflecte a inércia, a preguiça, o comodismo de quem acha mais fácil insultar a política e os políticos a ir um Domingo, de quando em quando, exercer o seu direito de voto.

Não se revêem nas propostas dos partidos políticos? Votem em Branco.

Não se revêem no sistema e querem protestar? Votem Nulo (e ainda podem escrever o que vos vai na alma para conhecimento dos escrutinadores).

Mas votem! A abstenção é a forma mais clara do egoísmo cívico.

O grande desafio consiste em descobrir formas de combater a abstenção, e não cair na demagogia de alterar o sistema democrático ao sabor dos ventos e marés.

É que este défice de civismo e sentido cívico vai demorar muito mais tempo a recuperar que o famoso défice do Orçamento de Estado.


* Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Sou bom

(Atendendo aos Xutos e Pontapés na 'incubadora', eis o próximo hino de Santana Lopes)

Eu cá sou bom
Sou muito bom
Eu cá sou bom, Sou muito bom
Sou sempre a abrir !
Eu cá sou bom
Sou muito bom
Eu cá sou bom, Sou muito bom
Sou um partir!

E sou tão bom
E sou tão belo
E sou tão alto
E sou tão forte
E tão gentil
Eu cá sou bom
Sou muito bom
Sou do baril
Vocês são tam...
Não valem ná...
Eu cá sou bom
Sou bom bom bom

Eu cá sou bom
Sou muito bom
Eu cá sou bom, Sou muito bom
Paranormal
Eu cá sou bom
Sou muito bom
Eu cá sou bom, Sou muito bom
Sou o maioral

E sou tão bom
E sou tão belo
Esou tão alto
E sou tão forte
E tão gentil
Eu cá sou bom
Sou muito bom
Vim do Brasil

Vocês são tam...
Não valem ná...
Eu cá sou bom

Como consegues ser tão bom?
És sem dúvida o maior !

Johnnie Garden



Alberto João Jardim, talvez aproveitando o nível que Santana Lopes introduziu no actual debate político nacional, achou oportuno conceder uma entrevista à SIC-Notícias.

Não haverá grandes palavras para descrever as opiniões do Vice-Rei da Madeira, que chegou a deixar perplexo o entrevistador, Mário Crespo, tal a peculiaridade da sua visão insular.

Desde aconselhar o jornalismo de investigação a tentar descobrir o que aconteceu a Freitas do Amaral em Nova Iorque durante a sua passagem pela Assembleia Geral das Nações Unidas, até à explicação de uma revisão constitucional de mudança de regime em meio minuto, passando por tecer considerações sobre as virtudes do pluralismo na comunicação social (!), reiterou, naturalmente, o seu apoio a Santana Lopes.

Quem se estava a esquecer que o Carnaval está à porta, Alberto João 'convidou-nos' a todos a visitar a Madeira...