quarta-feira, junho 29, 2005

Propinas...

Estou de acordo com o que o Bruno Veloso escreveu relativamente a um dos mais recentes artigos de Vital Moreira.

É pena...

...que Rui Tavares venha com a conversa do ser dramático ver fracos contra fracos.

Infelizmente, é a prova de que ainda acredita na absurdíssima e ultrapassada ideia de luta de classes.

terça-feira, junho 28, 2005

Gás Hilariante

Já estamos habituados às barbaridades ultra-conservadoras de João César das Neves. Mas isto é de ir completamente às lágrimas.

Até porque demonstra às últimas consequências que de mulheres JCN não percebe rigorosamente nada.

E, Rui Pena Pires: o problema é que JCN defende que o divórcio deveria ser proibido, ponto final. E que tudo o resto é secundário perante isso.

segunda-feira, junho 27, 2005

Desonesto e perigoso

Rui Moura Ramos apela desde já, na eventualidade de uma candidatura vencedora de Cavaco Silva nas eleições presidenciais, a que este de imediato dissolva a Assembleia da República.

Uma vergonha.

Por mim, até agradecia. As eleições imediatas dariam uma maioria absoluta histórica ao PS, obrigariam Cavaco a demitir-se e os Portugueses ficavam de uma vez por todas vacinados contra Presidentes de direita.

A palavra da razão

Bruno Cardoso Reis. Simplesmente brilhante.

sábado, junho 25, 2005

Leitura de Fim-de-Semana



Só uma escritora como Isabel Allende poderia reescrever um herói que todos conhecemos numa história fascinante.

Bem sei que o livro está nos 'tops' de vendas.
Mas o que querem?
O livro é bom.

Já repararam ...


... no tempo que aquela quantidade de intelectuais e pseudo-opinion-makers tiveram que esperar para atacar Manuel Maria Carrilho por causa da Bárbara Guimarães?
(invejosos - Bárbara há só uma e é do Professor)

... que começa a ser difícil distinguir Pedro Silva Pereira de José Sócrates, tal a sincronia de entoação, vocabulário, tom ou timbre?

... como a luta sindical se anima sempre que o PS está no Governo?
(ler a «Carta Aberta a Carvalho da Silva» no Jumento)



Como o Jumento consegue ser mais hiperactivo que o Pedro Sá, reproduzo en seguida a referida carta aberta:

CARTA ABERTA AO DR. CARVALHO DA SILVA

Li hoje no jornal Público que está a prepara uma greve da Função Pública e apeteceu-me escrever-lhe esta carta para lhe dizer algumas coisas que não lhe posso dizer pessoalmente porque nem sou do seu partido nem sei de outra forma de chegar à fala consigo.

Aliás, em mais de vinte anos de funcionário nunca soube como chegar à fala com um sindicalista, a minha relação com os sindicatos é feita através das suas entrevistas nas TVs ou, de vez em quando, com uns cartazes de design duvidoso que aparecem nas paredes dos serviços. Não tenho memória de ter havido uma reunião com os funcionários para que estes digam o que querem ou pensam; vejo isso suceder nas empresas públicas de transportes, mas na FP não.

Fico com a sensação de que os sindicatos da FP me consideram um borrego que está dispensado de pensar ou opinar, alguém decide se eu devo ou não fazer greve e quando. E se os funcionários não são ouvidos eu gostaria de saber quem decide sobre as suas lutas laborais.

De qualquer das formas não se preocupe comigo, apesar de não concordar totalmente com a política do Governo não vou fazer greve, mas gostaria que conhecesse as minhas razões.

Durante estes dois anos e meio bati-me contra um governo incompetente e de quase extrema-direita, durante dois anos e meio vi os seus sindicatos meterem o rabinho entre as pernas perante as ameaças de Manuela Ferreira Leite; os seus sindicatos já tentaram provocar mais agitação em cem dias do que em dois anos e meio. E não estou disposto a apanhar com mais quatro anos de PSD, senão mesmo dez como sucedeu com Cavaco Silva; talvez você se sinta mais líder dos trabalhadores, talvez dê mais pica lutar contra um governo de direita (o que não se viu com Durão e Santana), mas depois quem se amola sou eu.

Não me revejo num sindicalismo que trata os trabalhadores como se este não tivessem opiniões ou vontade própria, limitando-se a dizer-lhes quando devem fazer greve, e muito menos quando no final aparece o senhor Jerónimo de Sousa a falar na "manif" em nome dos trabalhadores. É um sindicalismo em que "funcionários sindicais" acham que devem decidir pelos funcionários públicos, isto é, um sindicalismo que tende a não representar os trabalhadores e onde a actividade sindical se mede mais pelo seu valor para o currículo partidário do que pela situação dos trabalhadores.

Com os melhores cumprimentos.


sexta-feira, junho 24, 2005

Argh !

Como era previsível, Eduardo Prado Coelho hoje, a propósito da mais que certa mudança de instalações da livraria Ler Devagar, vem defender apoios do Estado para essa mudança.

Um absurdo. Por essa ordem de ideias, também quero um subsídio quando mudar de casa.

Só pode MESMO ser para rir

Relativamente ao já estafado arrastão de Carcavelos, a inefável Ana Drago diz que de um grande grupo de 400 ou 500 pessoas só 30 ou 40 praticaram ilícitos.

SÓ ? ACHA POUCO ?

Medicamentos

Concordo por inteiro com o Gabriel Silva. A ser como ele diz, de facto a liberalização da venda de medicamentos fica restringida às grandes superfícies, e não é uma real liberalização.

A não perder

O Combate que Falta ao Défice, em Os Pássaros.

Lei da Nacionalidade

Certamente que já me leram defendendo a manutenção da Lei da Nacionalidade em vigor e criticando as propostas à esquerda de alteração da mesma.

É por artigos como o de Rui Pena Pires que neste momento tenho todas as dúvidas sobre o assunto. Sim, de momento não sei qual caminho deve ser o adoptado.

Em qualquer caso, parece-me que a atribuição imediata da nacionalidade aos nascidos em Portugal nunca poderá ser uma solução de per si, pois pode contribuir para um turismo de natalidade o qual, conjugado com a pelo menos discutível lógica de reagrupamento familiar, pode trazer resultados diferentes dos pretendidos.

Greves

Lendo o seu último post em O Insurgente, ficamos a saber que HFerreira considera errado lutar pelos direitos laborais.

É triste.

o Arrendamento

Miguel:

Eu também concordo que, por princípio, o mercado de arrendamento deveria ser totalmente liberalizado, embora não pelas mesmas razões, pois o direito de propriedade também é alvo de restrições, tal como a grande maioria dos outros direitos, o direito à greve, p.ex. Aliás, só os direitos descritos no nº 6 do art. 19º da Constituição é que não podem sofrer qualquer tipo de restrição em circunstância alguma.

Contudo, tendo em conta a situação social e o choque que poderia ser uma liberalização imediata, é legítimo que o Governo adopte medidas de transição. E é exactamente isso que está a ser feito, com a liberalização total no horizonte.

Corporativismo

Adolfo:

O que é um facto é que as contestações que se vêem são de índole completamente corporativa.

Por exemplo, reivindicações dos cidadãos portadores de deficiência não o são.

terça-feira, junho 21, 2005

Always look on the bright side of life

Espero que os estudantes em exames estejam a ter atenção às posições políticas relativas à greve dos professores.

Assim rapidamente concluirão que o horrível Bloco se está completamente a borrifar para eles e para os seus direitos.

Ainda o Big Brother

Rui:

Não me parece que a figura do encarregado de educação sirva para saber quando é que os respectivos educandos têm testes, mas sim para ter o conhecimento de como é que as coisas estão.

segunda-feira, junho 20, 2005

Revisitando o 11 de Março



Com o desaparecimento de Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal, houve quem viesse lembrar as nacionalizações do 11 de Março de 1975, classificando-as como '15 anos de atraso para a economia portuguesa' (considerando, certamente, como referência, o início do processo de privatizações levado a cabo por Cavaco Silva - «o Desejado» aka «o Pai do Monstro»).

A propósito deste polémico tema, gostaria de levantar as seguintes questões:

1 - Quanto custou ao Estado português a prosperidade das empresas então nacionalizadas, através das diversas formas de proteccionismo, interno e externo, que o Estado Novo concedeu aos 'empreendedores do regime'?

2 - Em que condições de gestão estavam estas empresas em 1975, antes de o Estado tomar a sua gestão?
Onde estavam os tais
'empreendedores do regime', e o seu capital?

(Lembremo-nos, por exemplo, de Champalimaud, que teve de 'recomeçar do zero' no Brasil, com os milhões que levou com ele, claro.)

3 - Atendendo a que todas as empresas até agora privatizadas eram lucrativas, quanto custou ao Estado o processo de privatizações/devoluções iniciado por Cavaco Silva?

4 - A manutenção de boa parte do sector empresarial do Estado já privatizado, não nos permitiria hoje:

a) Ter outras formas de intervenção na economia, de uma forma contra-cíclica, na actual ausência de políticas cambiais, monetárias e orçamentais eficazes?

b) Ter um Défice do Orçamento de Estado e uma Dívida Pública menores?

5 - Por que razão se continuou o processo de privatização de empresas públicas fornecedoras de serviços, quando as inspiradors experiências estrangeiras já mostrava que a redução de custos implicava inevitavelmente piorar o serviço prestado aos consumidores?

6 - Finalmente, por que razão se insiste em privatizar o fornecimento de serviços e bens 'públicos' (que é lucrativo), deixando nas mãos do Estado as respectivas infraestruturas (de custos insuportáveis para o sector privado)?

O comunismo falhou, mas Cunhal não



Do «Olho Vivo» de Domingo, intitulado «Reviver o Passado na Morais Soares»:

«Em geral, o Cunhal celebrado na quarta-feira foi o Cunhal dos anos 30 a 1974. Da clandestinidade, da prisão, da fuga, da resistência, o militante indómito, o número um, o intelectual exemplarmente anti-intelectualismo, o homem-máquina do partido leninista. Em particular, o Cunhal celebrado foi o do PCP, o de 'o partido'. Cunhal é o PCP, PCP é Cunhal. Mais do que dedicar a vida ao país e aos trabalhadores, Cunhal dedicou a vida ao partido o que, bem vistas as coisas, é simultaneamente impressionante e irracional. Quem no mundo pensa assim? Mas para Cunhal o partido era um fim em si. E, se os 30 anos depois do 25 de Abril são irrelevantes para o mito de Cunhal e não melhoram a sua biografia política nacional, para o PCP este período de democracia é a continuidade do anterior. (...) Na cerimónia fúnebre o PCP veio à rua, com toda a justiça, agradecer-lhe. Antes com Cunhal vivo, agora com o mito Cunhal, o PCP de 2005 é o mesmo partido leninista de 1974 que luta por continuar vivo, apenas por continuar vivo. Por continuar.»
(...)
«O comunismo falhou, mas Cunhal não. Em vez de escrever memórias, que são documentos históricos, preferiu escrever uma autobiografia ficcional em contos e romances que trabalham para o mito. Passou a ser o Cunhal escritor, artista, pensador, intelectual. Fez as pazes com o resto do país. Na última década, Cunhal transformou-se em Manuel Tiago. Construiu o mito que queria de si mesmo. Quem, no futuro, quiser vagamente conhecer Álvaro Cunhal não lerá os seus enfadonhos, insuportáveis e sectários discursos. Lerá e verá Até à Manhã Camaradas

*Bolds por conta da casa


Caridade ?

João e João: essas considerações sobre a caridade são irrelevantes.

A caridade é intrinsecamente má. Ponto final.

NHAM

O post Orgulho Branco no Blasfémias é ÓBVIA e ABSOLUTAMENTE do meu agrado !

yessssssssssssssssssssssssssss :)

PS - Já agora: que tal agora um post com umas aviadoras bielorrussas ?

Evidentemente

Paulo:

Eu até era capaz de adivinhar quais serão os Deputados do PS que interviram nesse sentido...os irresponsáveis de sempre.

A habitual arrogância da extrema-esquerda caviar

Joana Amaral Dias lamenta-se:

Porque é que a TSF não pode dar música de jeito? Para ouvir as notícias lá tenho que gramar com intervalos de 20 ou 25 minutos de "Discos Pedidos". Bolas.

Claro, a TSF só poderia passar a música que ela gosta. E os restantes ouvintes que a aguentassem.

Escola-modelo ou Big Brother ?

Pois é, Rui. Aquilo a que chamas escola-modelo tem alguns contornos de Big Brother os quais não me agradam rigorosamente nada.

Já pensaram, por exemplo, que um estudante pode não querer que os respectivos pais não saibam quando vai ter testes porque, por inúmeras razões, quer escapar a pressões em casa ?

Tome-se atenção a todos os cenários...

domingo, junho 19, 2005

O Mito da Multiplicação dos Pães




Vasco Pulido Valente sublinha hoje que «Cavaco foi evidentemente "o pai do monstro"», muito embora «não tivesse aumentado muito o número de funcionários (de 634.000 para 638.000)». E, acrescenta, Guterres, «quando fugiu do "pântano", deixou 780.000 funcionários».

Não sei qual será a fonte de VPV na contagem de funcionários públicos e, em termos de estatística formal, até deverá estar correcta.

Mas não corresponde à realidade.

Em 1995, no início do Governo de António Guterres, o Estado descobriu que não sabia quantos funcionários tinha. Ao proceder ao inventário, constatou a existência de perto de dezenas de milhares de funcionários com vínculos diversos com o Estado (contratos a termo certo, sub-contratação a empresas de trabalho temporário, etc.).

Perante este cenário insustentável, o Governo Guterres agiu de acordo com a Lei Geral do Trabalho, aplicável a qualquer empresa: integrou na função pública, pela base da carreira, todos os funcionários com, pelo menos, 3 anos de vínculo estável com o Estado (subordinação hierárquica e cumprimento de horário de trabalho).

Eram cerca de 70.000!

Ou seja, durante a 'década' de cavaquismo, o Estado contratou 70.000 funcionários em vínculo precário, escondendo-os das estatísticas oficiais. Posteriormente o PSD já teve, por diversas vezes, a desfaçatez de acusar o Governo de Guterres de ter dado emprego 70.000 'boys'...

Mas são hábitos que dificilmente se perdem.

Seria curioso saber quantos funcionários existem hoje, após mais um Governo de direita, com contratos e vínculos precários com o Estado.


sábado, junho 18, 2005

Notícia Virtual

A SIC abriu o jornal de Sábado com a notícia do encontro xenófobo que tanto propagandearam.

Mas não tiveram muita sorte.

Houve declarações cretinas, polícia de choque no cenário, e um ferido ligeiro: um fotógrafo mostrou a marca de um cacetete no seu braço.

No Rossio, onde se esperava um eventual confronto com imigrantes africanos, não houve violência!!!

Para a próxima, a SIC vai ter que por mais gasolina na fogueira, para ter uma verdadeira 'cacha'...

Manifestação Virtual



Numa manifestação de racismo e xenofobia (alegadamente contra a «insegurança» e os «arrastões), convocada pela SIC-Notícias e na internet, estiveram hoje no Martim Moniz alguns 'skinheads wanabes', 20 ou 30 equivocados mentais e outros tantos jornalistas.

Felizmente, a verdadeira notícia estava no Bairro da Cova da Moura, onde o Presidente da República efectuou a sua 3ª visita, numa clara mensagem da necessidade de tolerância, e numa chamada de atenção para as raízes sociais do problema da segurança pública.

Apesar de tudo, a SIC-Notícias não deixou de prestar um mau serviço ao país, ao propagandear insistentemente um não-evento, uma não-notícia.

Lamentável.

sexta-feira, junho 17, 2005

O debate histórico

Francisco Mendes da Silva: a sua análise do famoso debate Soares/Cunhal é genial, pelo que aqui a transcrevo.

O clássico debate que a RTP Memória transmite neste momento é o ponto mais alto da carreira política de Mário Soares. Pela substância do discurso moderado e ocidental mas, essencialmente, pelo estilo. Por muitos escritos que deixe, por muitos discursos que os manuais celebrem, a minha posteridade lembrará sempre, acima de tudo, aquele olhar condescendente e divertido, aquela pose complacente, paternalista, quase aristocrática e absolutamente snob que Soares utilizava enquanto Cunhal se espraiava em dogmatismos há muito apodrecidos.

Claro que a gravata de malha de seda também ajudou. Não substimemos nunca o élan proporcionado pelo traje apropriado
.

Greve dos professores

Tem toda a razão, Vital Moreira.

Parece-me contudo, que o Governo deveria ter ido mais longe e, defendendo os legítimos interesses dos estudantes que têm de se preparar para os seus exames, deveria ter decretado a requisição civil.

Mas como ?

Francisco José Viegas:

Mas iríamos mudar de bandeira a que propósito ?

Açúcar

Não, Luís Mah. Se os subsídios à produção de açúcar devem desaparecer não é por isso ser injusto para os países menos desenvolvidos, que isso é lá problema deles, e não tenho dúvidas que seriam os primeiros a subsidiar tal produção.

É porque os subsídios à produção são um monstruoso disparate em si mesmos.

E mais, não temos nada que nos preocupar com a distribuição da riqueza a nível mundial. Em qualquer caso, você diz tudo: está disposto a empenhar todo o nível de vida da Europa em nome de uma utópica e castradora igualdade.

Agora fiz eu

Fiz o teste do The Advocates, nesse link está o meu resultado.

É um teste demasiado simplista, em qualquer caso...

O Pastelinho de Bacalhau

Cavaco Silva criou um novo estilo de político português: o político tecnocrata, que raramente se engana e nunca tem dúvidas (mesmo que esteja a comer um pastel de bacalhau...).

A direita portuguesa em geral, e o PSD em particular gostaram do estilo (e da década de poder), tendo recentemente presenteado os portugueses com dois discípulos da mesma escola de finanças: Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix.

Esta rica dupla é responsável por três anos de um Governo PSD/CDS a combater obsessivamente um défice para o Orçamento de Estado que chega a 2005 no valor 6,83% do PIB, de acordo com a mesma comissão técnica «Constâncio» que, anos antes, havia crucificado Pina Moura e Oliveira Martins.

É pois patético assistir às figuras tristes de Bagão Félix e Manuela Ferreira Leite na justificação convicta de não-se-percebe-bem-o-quê.

Primeiro, foi Bagão Félix a explicar que um Ministro das Finanças não é responsável pelo valor do Défice apresentado à Assembleia da República, e a criticar a metodologia de Constâncio e o preciosismo de em apurar uma estimativa do Défice até às casas centesimais (como se não conhecesse a «peça»...).

Mas a verdadeira confissão de desonestidade política e intelectual surgiu quando se soube que, afinal, Bagão Félix já sabia que o valor real do Défice para 2005 estaria nos 6,4%, tendo preferido o Governo apresentar ao País uma conveniente estimativa de 2,9%, fazendo contas futuras com base nas receitas extraordinárias que se viessem a arranjar.

Ontem foi a vez de vermos Manuela Ferreira Leite na defesa da honra, a titubear explicações económicas sem nexo, perante uma tolerante Judite de Sousa, que nos ia brindando com verdadeiras pérolas do jornalismo de investigação:

- Quando tinha tempo, não costumava ir fazer o almoço a casa?

- Gostava que lhe chamassem «Dama de Ferro» não gostava?

- Se quisesse, podia ser hoje líder do PSD. Até foi a pessoa mais votado no Congresso.

(Judite de Sousa deve ter garantido ontem um futuro lugar de Adido Cultural num País à sua escolha).

Ferreira Leite não tentou sequer explicar porque razão a sua política de aumento do IVA (embora seja, agora, contra o aumento do IVA), de corte no Investimento Público e de congelamento dos salários da administração pública não surtiu qualquer efeito. Muito antes pelo contrário: o Défice do Orçamento de Estado, o montante da Dívida Pública, a taxa de desemprego, a recessão económica, todos se agravaram. Apenas o Património do Estado (de todos nós) diminuiu.

Como se não bastasse, Ferreira Leite vem corroborar a tese de que as previsões de um Orçamento de Estado aprovado pela Assembleia da República não são, afinal, relevantes.

Este assomo de neo-liberalismo económico português não passou de uma visão em que se tenta organizar o País numa folha de cálculo e se vai pondo o Estado no «prego», de forma a acertar as contas na mercearia Bruxelas.

O que Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix não aprenderam com o mestre Cavaco Silva foi o seguinte:

Se tens vontade de falar mas deves estar calado, ou se deves falar mas tens vontade de estar calado, o melhor é encher a boca com um bom pastelinho de bacalhau.



quinta-feira, junho 16, 2005

O Sindicalismo

Duas notas:

António: a cartelização dos sindicatos em Portugal tem vários responsáveis, que passo a designar por ordem arbitrária:

a) a estratégia permanente do PCP em que o importante é controlar a CGTP e não que os trabalhadores asseguram reais ganhos;

b) os partidos de direita e a mentalidade maioritária nesse espaço político, que tresanda (infelizmente) a salazarismo: os trabalhadores são sempre os maus da fita e os sindicatos um conjunto de parasitas, e os empresários têm sempre razão - a consequência é a inexistência de espaços sindicais nessas áreas, que tão relevantes poderiam ser, nem que fosse porque promoveriam a competitividade sindical;

c) o sindicalismo de péssima qualidade que temos, completamente ultrapassado;

d) um certo clima atirado para o quotidiano por alguns empregadores com o objectivo de os trabalhadores estarem à partida intimidados e não usufruirem dos seus legítimos direitos, o qual não corresponde minimamente à verdade; por exemplo, de que os sindicalizados seriam prejudicados, como se algum empregador não tivesse mais nada que fazer do que se andar a preocupar com isso.

Já sabíamos que ele era desonesto, mas isto...

João Miranda, dentro do seu estilo habitual que prima pela desonestidade absoluta, vem dizer aquilo que é dos maiores disparates que já li, e que certamente pessoas íntegras como o Nelson Faria e o António Costa Amaral nunca subscreverão.

Pois diz o Miranda que uma das causas do arrastão de Carcavelos é estatização da educação que permitiu o monopólio do ensino pelos filhos de Rousseau !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E que uma das soluções para resolver problemas como aquele é acabar com os limites aos despedimentos.

Nem me vou dar ao trabalho de comentar. Discutir com gente deste calibre é perder tempo. Apenas redigi este post como aviso à navegação.

Demolidor

João Pedro Henriques.

Olha o exagero

Visconti:

Convenhamos que comparar Álvaro Cunhal a Pol Pot é um total absurdo, por várias razões das quais deixo apenas as mais elementares:

- entre um estalinista e um fundamentalista maoísta ainda vai alguma diferença;

- não me parece que se possa legitimamente comparar repressores como Jaruzelski, Husák, Kádár e ?ivkov a Pol Pot, que estará muito perto de ser, em termos comparativos, talvez o maior sanguinário da História.

Sábias palavras

As de David Justino, no post A polémica da educação sexual nas escolas.

quarta-feira, junho 15, 2005

Vergonha Nacional

Ao que parece, as marcações de consultas nos centros de saúde por todo o país só podem ser feitas às 12.00, e por ordem de chegada sem ticket...consequência, quem quiser que fique 4 horas à espera.

Um escândalo !

Considerando que isto provavelmente virá do Governo anterior, terá isto como objectivo empurrar os cidadãos para o sector privado ?

Ridículo

O artigo de Paulo Rangel no PÚBLICO de hoje é de tal maneira ridículo que não sei como é que não tem o pudor de o guardar na gaveta.

Não, Carlos

Definitivamente não. Ao contrário do que dizes, perdões de dívida externa são péssimas notícias.

Em última análise, quem os paga é o povo. É justo que o povo pague pelos caloteiros ?

E não me venham dizer que não podem pagar. Eu se me endivido, tenho que pagar de uma maneira ou de outra. Eu e qualquer outro cidadão.

Se um Estado vê que a demora no pagamento é generalizada, parece-me mais que justa a invasão do outro país e respectiva ocupação até que fiquem pagas as dívidas. E não, isto não é roubo. É apenas e só justiça.

Ninguém tem obrigação nenhuma de ajudar. E, em última análise, o povo do país que perdoa a dívida é que fica a perder, o que constitui uma enorme injustiça. Para não falar do mau exemplo que se dá em casa, pois transmite-se uma mensagem de que será perdoado quem não pague.

E assim igualmente se fomenta a monumental irresponsabilidade do Terceiro Mundo. As conversas de que não se desenvolvem por responsabilidade dos países industrializados e de que são explorados são desculpas de mau pagador, de incompetente e de preguiçoso.

Ninguém tem obrigação de os ajudar. Os problemas desses países são deles e de mais ninguém. Esqueçam-se os internacionalismos bacocos e a conversa de "ah, mas são pessoas". SO WHAT ? Os Governos servem para alguma coisa.

Em consequência, deve Portugal exigir de imediato o pagamento de todas as dívidas externas (bem como pagar a própria, entenda-se) e pôr desde já fim a toda a "cooperação para o desenvolvimento", i.e., apenas mantendo as contribuições financeiras no âmbito das organizações internacionais em geral, e da União Europeia em particular.

terça-feira, junho 14, 2005

Falta de Educação ou eleitoralismo barato ?

As palavras de dirigentes do CDS sobre Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal só podem ser qualificadas de uma destas maneiras.

A memória destes dois políticos merecia mais respeito. A existência de discordâncias dispensava tamanha falta de maturidade.

A "Extraordinária Revolução"

Há uns dias escrevi um post intitulado «A Democracia Pindérica».
Por essa razão, não posso deixar de citar quase na íntegra a crónica deste fim-de-semana de Vasco Pulido Valente, intitulada «Espectáculo Triste»:

«Portugal está a dar um triste espectáculo de si próprio. O caso é este. De há um tempo para cá (quinze, vinte anos?), toda agente se queixa da qualidade dos políticos. Que não têm profissão, que nunca trabalharam, que não têm independência (económica ou outra), que nasceram e cresceram na baixa intriga dos partidos, que vivem da subserviência e do oportunismo, que roçam a iliteracia; e por aí fora. (...) Mas, no meio da choradeira universal, nós pagamos muito mal aos políticos.

Ou, mais precisamente, os políticos (porque em última análise são eles que mandam) não se atrevem a ganhar mais com medo do "povo". Como o "povo" os considera um bando de parasitas, ainda por cima malficentes, tentam não o provocar recebendo abertamente o que deveriam. Desta cobardia, já institucional, derivam três consequências. Primeiro, só a mediocridade aceita um cargo de responsabilidade (e, às vezes, de risco) numa câmara, no parlamento ou no governo, por um ordenado comparativamente irrisório. Segundo, os que aceitam, como os deputados, tratam o seu lugar como se fosse uma sinecura inócua. E, terceiro, uma grossa minoria arranja rendimentos laterais, que oscilam entre o legal e o criminoso, para se compensar de um "sacrifício" em que não vêem valor ou dignidade.

O ataque do PS aos "privilégios" dos políticos (uma "extraordinária revolução", de acordo com Silva Pereira) continua a demagogia do costume. (...) A pensão vitalícia e o subsídio de integração reconhecem a realidade de que anos em S. Bento arruínam a vida profissional de qualquer pessoa e, além disso, de que um antigo primero-ministro ou presidente da Assembleia ainda representam o País. A "extraordinária revolução" de Sócrates pune a melhor parte da "classe política" e favorece a pior. E para nada. Não tarda um mês, recomeça a cegarrega sobre a má qualidade dos políticos. Vamos caindo sempre.»

E o Descrédito continua...



segunda-feira, junho 13, 2005

«Até Amanhã Camarada»



Álvaro Cunhal (1913-2005)

quinta-feira, junho 09, 2005

Subir na Vida

Ana Sá Lopes:

Se há mulheres que sobem na vida pela via horizontal, a atitude verdadeiramente condenável é a dos homens que as promovem por terem tido sexo com eles.

Porque é algo digno de um FROUXO ! Para não dizer pior.

Terreiro do Paço

Nuno Furtado:

Defender a relocalização do centro político no Terreiro do Paço não é nada de escandaloso. Provavelmente, Carrilho terá sido aconselhado por conhecedores da cidade.

Por exemplo, a conhecida olisipógrafa Irisalva Moita, que me dá o prazer de ser minha tia, é absolutamente contra a saída dos Ministérios dali, porque historicamente a Praça do Comércio representa o poder político.

Ainda a "liberdade de educação"

:

Partindo do princípio rígido que privado é bom e público é mau só se pode chegar a conclusões verdadeiramente disparatadas.

quarta-feira, junho 08, 2005

Não falhem nada !

Sim, este é o 12º post de hoje. Estão mais 11 para lerem e comentarem, não se esqueçam !

Eu disse !

Aqui e aqui se pode ver como o que escrevi acerca das intenções do Governo quanto à eventual extinção de municípios e de freguesias estava correcto...

Para quem quer aprender línguas menos ensinadas eis a solução !

E ela é o Centro de Cursos Livres do ISCTE !

Para além dos recorrentes alemão, castelhano, francês, inglês e italiano, podem-se inscrever para:

- Amárico
- Árabe
- Búlgaro
- Catalão
- Checo
- Croata
- Dinamarquês
- Esloveno
- Finlandês
- Grego
- Hebraico
- Húngaro
- Japonês
- Letão
- Lituano
- Maltês
- Mandarim
- Neerlandês
- Norueguês
- Polaco
- Romeno
- Russo
- Sérvio
- Sueco
- Swahili
- Turco


E sai barato ! ? 25 pela inscrição, mais ? 125 por nível !

Eu já comecei a ter aulas de croata eheh :)

Dobar dan :D

PS - Já agora, quem se inscrever em qualquer deles que me diga alguma coisa :)

Desta vez...

João:

Das tuas propostas, aqui vão os meus comentários:

Concordo:

- com o fim do estacionamento anárquico nas cidades (toda a gente concorda, o problema é como);
- com a abolição do reconhecimento de assinaturas obrigatório em actos em que o próprio está presente;
- com o fim da isenção de IVA aos advogados;
- com a redução do número de entidades públicas (muito embora uma educação privatizada nos moldes em que a defendes exigiria uma enorme autoridade reguladora);
- com o fim das restrições de preços ao arrendamento urbano;
- que há excesso de prisão preventiva, embora isso seja mais consequência que causa;
- que se permitam despedimentos na função pública, mas isso ao nível do CIT já é possível;
- com o fim dos subsídios, embora relativamente a instituições sociais e desportivas tal deva ser feito progressivamente;
- com a aplicação da lei relativamente ao estacionamento em segunda fila;
- com a proibição da circulação de pesados de mercadorias nas cidades a determinadas horas;
- com a liberalização total dos horários do comércio (esta acima de tudo);
- com a possibilidade de os médicos exercerem actividade pública e privada em simultâneo;
- que seja retirado às ordens profissionais o estatuto de associações públicas, bem como o direito de regular o acesso às respectivas profissões;
- com o fim da fiscalização descaracterizada do trânsito.

Tenho dúvidas:

- abolição do imposto de selo;
- com a extinção dos governos civis, embora concorde totalmente com isso assim que implementada a regionalização;
- quanto à abolição do sigilo bancário;
- que o financiamento municipal deva ser feito através de impostos directos, muito embora a actual lei de financiamento deva ser substituída quanto antes.

Não concordo:

- com o fim do pagamento especial por conta, pelo menos até que haja uma clara alteração do sistema fiscal;
- com o que defendes a propósito de "escolha da escola pelos pais" e "escolha de hospitais e de médicos", porque sei o que isso significa nas tuas palavras;
- que pintar paredes alheias seja permitido, porque isso aliás já é crime nos termos gerais do crime de dano;
- com a abolição das marquises tout court - por alguma razão há municípios, tal como o onde vivemos, que têm um regulamento aprovado para a legalização dessas situações;
- com a abolição dos ministérios de carácter social e económico;
- da privatização ou concessão das conservatórias;
- com a extinção da EMEL e afins;
- com a extinção das juntas de freguesia;
- com o financiamento directo da saúde aos cidadãos, até porque é completamente impraticável e só geraria burocracia;
- que se acabem com os automóveis nos centros urbanos - há conta, peso e medida para tudo, vide p.ex. a zona pedonal no centro de Coimbra ou a Rua Augusta - em Lisboa, mais que isso no centro da cidade é impossível, tendo em conta a geografia da cidade e as alternativas;
- com a proibição da Maçonaria e do Jaquinzinhos, precisamente pelas mesmas razões - já quanto à Opus Dei tenho dúvidas, tendo em conta que na realidade prossegue fins altamente duvidosos;
- com a abolição do Imposto Automóvel;
- com a abolição do horário nobre, por todas as razões que disseste, ainda que as televisões hertzianas devam ter certas obrigações tendo em conta que o espaço radioeléctrico é um bem escasso;
- com a abolição dos políticos, pelas mesmas razões que dizes;
- com a ridícula proposta da Mia relativamente à segurança social, porque é absurda;
- que se proíba aos funcionários públicos exercer outras profissões;
- com a proposta de concorrência nas universidades, porque publicar 2 papers por ano nada garante e não tem em conta as especifidades de cada área;
- com a expulsão de estudantes universitários, porque não tem minimamente em conta certas realidades específicas do nosso ensino superior, como por exemplo a monumental décalage que existe ao nível das engenharias entre o que se aprende no secundário e no superior e aquelas cadeiras onde se chumba pelo orgulho de dizer que se rege um cadeirão; pelo menos nos próximos anos seria absurdo;
- que se exija que as empresas paguem para existir.

Não me pronuncio sobre a proibição de fumar nos aviões, porque isso cabe às empresas decidir e não ao Estado. Nem sobre a Isabel Figueira e o José Castelo Branco.

Remuneração dos titulares de cargos políticos

Como sempre, Pacheco Pereira tem razão quanto a este assunto:

A única forma séria de tratar a questão da remuneração dos detentores de cargos políticos é acabar com as regalias infamantes, ao mesmo tempo que se aumentam os vencimentos seguindo critérios de equilíbrio com os altos cargos da função pública com os quais, em termos de uma visão do estado e da democracia, devem ter uma hierarquia lógica. Como nunca ninguém tem coragem para o fazer, somam-se as medidas demagógicas cujo único resultado é a cada vez maior degradação do exercício de funções politicas.

A resposta que se exige

Os professores ameaçam impedir a realização de exames nacionais para acções de protesto.

Exige-se, obviamente, a requisição civil. Não se pode prejudicar assim os planos de estudo de milhares de estudantes.

E o contrário ?

Fernanda Câncio:

E a propaganda anti-homem ?

A propósito, Ana Sá Lopes defende os metrossexuais. ARGH !

Sábias palavras

As dos recentes posts de Vital Moreira acerca do projecto de Constituição Europeia.

Teste para esquecer

Daniel Oliveira: o seu post Quizz Constituinte é um exercício da mais rasteira demagogia contra o projecto de Tratado Constitucional.

Vistas bem as coisas, a culpa não é sua. É de quem fez o teste que cita. Mas da ATTAC não se pode esperar rigorosamente nada de positivo.

Aliás, façam o teste e lerão comentários extraordinários como:

Oui! 25... Mais bientôt 28 après les adhésions prévues, sans consultation populaire, de la Bulgarie, la Croatie et la Roumanie.

Ou seja: ou são de facto contra a União Europeia (e por muito que digam o contrário, são contra) ou, dando impulso à sua real condição de extrema-direita caviar, desejam a divisão da Europa em europeus de primeira e de segunda.

Oui! 448 articles...Soit 70904 mots contre 4820 dans la constitution française! Vous l'avez lu? non? Ben arrêtez de buller, le référendum est pour bientôt! Aller... Bon courage.

Parecem o CDS a falar quando defende uma Constituição com 30 artigos.

Hélas...Vous avez raison! 33 fois est la bonne réponse! Donc on nous prépare une Europe délicieuse ou la survie sera un combat acharné! Car c'est cela la concurrence!

Vivem no mundo da lua. Assegurar uma boa política da concorrência é claramente uma medida de esquerda, pois defende empresas e consumidores, e todos ficam a ganhar ! Ou desejam capitalismo selvagem ?
Ah, pois é, as pessoas competirem umas com as outras é mau por natureza...até me admira como é que não quiseram ainda proibir o desporto...

E muito escandalizados por as palavras FRATERNIDADE, LAICO e LAICIDADE não constar do texto. Pois, salvo erro, também não constam da nossa Constituição. E há por aí vários que a consideram marxista, vejam lá bem...
Quanto à laicidade, mas passa pela cabeça de alguém que a União Europeia, entidade supraestatal, composta por Estados de diferentes religiões maioritárias e de diferentes posições quanto à relação entre igrejas e Estado, fosse confessional ? Só a gente complexada e/ou mal intencionada!
E, se alguns países têm Igreja de Estado, é normal que a União as reconheça ! Aliás, não o fazer seria esquecer que a religião é parte da vida de muitas pessoas !

186 fois le mot "banque", 88 fois le mot "marché",23 fois le mot "capitaux". .

São tão a favor de uma Europa federal, e não queriam as competências do Banco Central bem definidas ?

São tão ignorantes ou mentirosos que procuram dizer que serviços públicos e Serviços de Interesse Económico Geral não são a mesma coisa ! Para mais considerando que são franceses...Mais, não desejam concorrência nessas áreas !!!!!!!! Não ficámos todos a ganhar com a abertura, p.ex., do mercado das telecomunicações à concorrência privada ? Lá por casa a minha mãe não troca a Tele 2 por nada...

Criticam igualmente o aumento das capacidades militares. E depois criticam os Estados Unidos. Querem uma Europa com peso mundial ou querem ficar nas mãos dos norte-americanos, chineses e indianos ?

La banque centrale est totalement indépendante. L'Union Européenne n'aura pas de politique monétaire publique.

Este ponto só prova a desonestidade da ATTAC. Sem banco central independente não teria existido Euro, porque a Alemanha não o permitiria !!!!!

Eu também queria ver como é que queriam uma Constituição assinada pela Irlanda e por Malta reconhecendo o direito ao divórcio, à IVG e à contracepção...a extrema-esquerda, ou extrema-direita caviar, como queiram, assume aqui os seus instintos totalitários querendo impor por via europeia situações fora do âmbito da União ! E que poderiam levar à não assinatura do Tratado, na mais elementar falta de bom senso !
Na mesma linha, o princípio da subsidiariedade é implicitamente criticado...

Também defendem o monstruoso disparate que seria um salário mínimo europeu. Para já, a respectiva imposição nunca seria aceite pelo Reino Unido. Depois, as enormes diferenças de rendimento entre os diversos países da União tornam essa ideia um absoluto irrealismo. A não ser que quisessem uma definição proclamatória e basicamente inócua.

Manuais escolares

Gonçalo Lobo Xavier: manter os mesmos manuais se aparecerem melhores não é boa política.

Mais: a desastrosa política do anterior Governo relativa ao empréstimo de livros não valorizava o papel dos manuais como fontes de saber e de eventuais revisões, se necessárias.

Sim. Sou contra toda e qualquer gratuitidade dos manuais e empréstimo de livros. E defender o que o anterior Governo propôs é pura demagogia e desleixo absoluto com a fonte de saber.

Aliás, está-se mesmo a ver o estado em que os livros ficariam, com ou sem medidas em defesa do seu estado...

Agora a Educação

Nos comentários ao post As Políticas Sociais, BrainstormZ, que roça o ultraliberalismo, enuncia sete razões pelas quais não concorda com o horrível sistema de cheque-ensino, ou voucher.

Os comentários são esclarecedores. Fazem todo o sentido numa perspectiva verdadeiramente liberal, e, pelo lado oposto às críticas habituais de esquerda, demonstram que tal sistema apenas serviria para financiar projectos privados com dinheiros públicos e nada mais.

Música Portuguesa por Decreto

Da discussão relativa ao post com o mesmo nome n'O Insurgente apenas se podem concluir duas coisas:

- ainda há muito quem ache que o gosto das pessoas pode e deve ser educado;

- quem lamente alto e bom som que as pessoas não procurem música fora do mainstream.

Daqui retira-se o seguinte:

- continua a existir a perspectiva pela qual nem todos os gostos são igualmente legítimos, o que é profundamente anti-democrático;

- que "fora do mainstream" significa aquilo a que em Portugal usualmente se chama "música alternativa"...fora do mainstream estão as canções do Festival da Eurovisão e das respectivas finais nacionais e a maioria das pessoas considera-as abaixo de cão (não se dão ao trabalho de as ouvir, sequer, e estão desde logo catalogadas...como igualmente catalogadas estão, em sentido contrário, todas as consideradas como alternativas).

Continua a mesma tristeza. E SIM, é consequência da influência que a cultura francesa ainda por cá tem.

Para além do mais, cada um procura música se e onde quiser. O que é que alguém, e o Estado em particular, têm a ver com isso ?

terça-feira, junho 07, 2005

Um Oásis



A 21/10/03 escrevi num post intitulado «Consumo e Consumismo (II)», o seguinte:

«Do consumismo resultou, por outro lado, o fenómeno de sobre-endividamento das famílias, tão consentâneo com o "povo de pobres com mentalidade de ricos" que Eduardo Lourenço falava.

Curiosamente, este sobre-endividamento das famílias reflectiu-se num sobre-endividamento do sector bancário junto do exterior. Quem não se lembra da guerra aberta entre os diferentes bancos para concederem crédito à habitação? E neste caso foi o sector privado que optou por esta política em espiral, sector que, de acordo com as noções mais neo-clássicas, deveria ser capaz de tomar as decisões mais racionais, ao contrário do sector público. Como resultado, as acções dos vários bancos conseguiram bater todos os seus mínimos históricos, já bem depois do mesmo se ter verificado nos outros sectores da economia. (...)

Dois anos depois, o que se constata é que os portugueses continuam endividados, com menor poder de compra, mas o sector bancário, esse grande viveiro de quadros governamentais, já recuperou da situação em que estava.»


Os gráficos acima, retirados do site http://pt.portaldebolsa.com, mostram a evolução nos dois últimos anos das acções dos quatro bancos cotados na bolsa: BCP, BES, BPI e BTA.

Se eu tivesse tido dinheiro para investir na bolsa, por exemplo, há um ano e, contra todas as teorias de diversificação do portfólio, tivesse comprado apenas acções deste quatro bancos, teria tido uma valorização do meu capital de, pelo menos, 15% (confesso que não me dei ao trabalho de fazer as contas exactas).

Ou seja, o ritmo de crescimento do sector bancário, nos últimos 3 anos, foi muito superior ao ritmo de crescimento(!) da economia portuguesa.

Serve todo este raciocínio para chegar a duas conclusões:

1 - Quando João Salgueiro, em defesa da Banca nacional, perante eventuais medidas fiscais a serem aplicadas aos Bancos, vem argumentar a existência de uma discricionariedade inexplicável perante o sector bancário, verifica-se que o sector bancário é um sector atípico na economia portuguesa;

2 - Quando Manuela Ferreira Leite adoptou o conjunto de medidas restritivas que representaram uma travagem a fundo no Consumo Privado, defendi que o único sector que poderia beneficiar destas medidas era o sector bancário, nomeadamente pelos níveis de endividamento acima escrito.
Pelos vistos...

Extinção de Freguesias e Municípios

Palavras inteligentes, as do Ministro António Costa sobre a matéria, se tivermos em conta quais serão os verdadeiros objectivos.

Em primeiro lugar, estas afirmações vêm colocar um travão na criação de novos municípios e freguesias (o que neste último caso é verdadeiramente relevante, pois isso acontece principalmente em ano de eleições autárquicas) tendo em conta a situação orçamental do país.

O que não impede que, a prazo, se criem novos municípios, o que, como aqui já disse várias vezes, é um imperativo em várias situações, mormente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e no caso verdadeiramente inacreditável de Fátima.

Não me parece que fosse viável extinguir municípios. Salvaguardando um ou outro caso muito excepcional, as questões da distância e da interioridade assim o impedem.

Relativamente às freguesias, é uma questão que terá que ser rigorosamente avaliada. Poucos considerarão que pequenas e desertificadas freguesias urbanas não devam ser extintas. Vem-me imediatamente à cabeça a freguesia dos Mártires, em Lisboa.

No meio rural, há que verificar a realidade. No Sul do País, sem prejuízo de uma ou outra adaptação, a grande maioria dos municípios é constituída por um número reduzido de freguesias.

O contrário acontece no Norte, onde as numerosas freguesias foram constituídas na base das paróquias, o que não vem facilitar em nada a situação. Pior: se em Trás-os-Montes o isolamento justificará pelo menos algumas situações, no Minho será a forte identidade local.

Em zonas urbanas, pelo contrário, o crescimento populacional exige que novas freguesias acabem por ser criadas. Dou como exemplo uma situação que, a longo prazo, será inevitável, e que se situa na minha própria freguesia: a seu tempo, o núcleo habitacional da Outurela/Portela será inevitavelmente elevado a freguesia.

Pelo que esta situação deve ser tratada com o maior dos cuidados e a devida atenção aos casos concretos, o que não significa cedências ao lobby autárquico. Coragem, e principalmente uma dose reforçada de bom senso, camarada António Costa, são o que se precisa !

A não perder

Panos Negros, por Luís Novais Tito.

Exactamente

Tem razão JMF no post O poder de se despirem.

E, Fernanda Câncio, mostra-se tão chocada com os clips supostamente machistas, mas, claro está, letras de um arrogante feminismo como "That Don't Impress me Much" já está tudo bem...com essa conversa, só falta querer que alguém se preste à figura ridícula de certos norte-americanos com a linguagem sensível ao género.

A propósito. A grande prova de que essa da linguagem sensível ao género é profundamente ridícula é a expressão "spokesperson"...já que existia o "spokesman", falar-se de "spokeswoman" quando seja mulher não faz muito mais sentido ? Um grande DUH !

A insustentável contradição dos liberais

André Abrantes Amaral:

Um Estado que tem políticas e não as orienta directamente está efectivamente a demitir-se das suas responsabilidades.

Bem tentam vir agora com a desculpa de que têm políticas sociais. Mas isso é apenas máscara. O que se quer é dar espaço para que todas as actividades da área social tenham por base o lucro. Apenas isso.

Vejamos. O que AAA defende é, explicitamente, um Estado que pague, mas não exija em troca a condução dessas políticas. Estaria, pois, o Estado a pagar para que os resultados fossem os desejados pelos privados !!!

A isto eu apenas chamo um nome: vontade de delapidar o Estado para encher os bolsos dos investidores.

Mais coerentes são, afinal, os ultra-liberais que consideram não dever o Estado garantir qualquer desses direitos. Pela negativa, mas lá que são mais coerentes são.

segunda-feira, junho 06, 2005

A Democracia Pindérica

Talvez para suavizar o impacto do pacote de medidas para o combate ao défice do Orçamento de Estado (o aumento do IVA, da taxa sobre o tabaco e os combustíveis, da idade da reforma, o congelamento das 'promoções automáticas' na Função Pública, etc.), alguém teve a ideia de acrescentar o fim das 'reformas vitalícias dos políticos'.

Apesar de não existirem 'promoções automáticas' na Função Pública mas sim mudanças de escalão de 3 em 3 anos, exactamente nos casos em que não tenha ainda aberto um concurso para a promoção na carreira (é sempre necessário Concurso), ainda nenhum sindicato veio explicar este conveniente equívoco, como se houvesse algum problema de consciência ou complexo.

O mesmo se passa com a classe política.

Quem analisar os vencimentos dos titulares de cargos políticos, a começar pelo do Presidente da República, chegará à conclusão que são incrivelmente baixos atendendo à responsabilidade que neles é delegada.

Porém, quando se fala que a classe política ganha demasiado, que não são necessários tantos Deputados, nem tantos Ministros, Secretários de Estado, membros de Gabinete, todos se escondem por trás da mesma árvore duma imensa floresta chamada República, Democracia, ou simplesmemente o sistema político que tem a obrigação de nos 'bem-governar'.

Como se houvessem problemas de consciência ou complexos.

A subvenção vitalícia a que têm direito os Deputados, segundo o 'legislador', destina-se a compensar o regresso destes cidadãos à Sociedade Civil, de volta às suas carreiras profissionais, por vezes irremediavelmente adiadas.

O Governo escolheu, demagogicamente, qual aprendiz de feiticeiro, acabar com a 'vergonha' destas subvenções (de impacto financeiro praticamente nulo).

Para que a classe política 'desse o exemplo' ao País.

Mas o exemplo que dá é o de uma classe política complexada e pindérica, cada dia que passa mais à mercê das pressões económicas e da vontade do Espírito Santo.

Qualquer dia restar-nos-á um Parlamento recheado de Nunos Melo, a vociferar para as televisões impropérios contra os malandros dos políticos.


quinta-feira, junho 02, 2005

Mais NHAM

Já agora...estive a ver os menus na internet e aqui vão algumas sugestões, ainda que eu não conheça a maioria dos restaurantes:

Rodízios de Massas e de Pizzas, no RODÍZIO DAS MASSAS, em Linda-a-Velha, no Centro Comercial Central Park, praticamente à saída da auto-estrada.

TODOS os pratos da CHURRASQUEIRA DA VILA, principalmente o caril...

Lombinhos de porco, com broa ou migas, Escalopes de porco com feijão e Filete Azteca, no ESPAÇO DOS SENTIDOS.

Migas de Batata com Carne Frita, Galinha do Campo de Cabidela, Favas à Alentejana com Mouro, e TODAS as entradas, principalmente os fritos de batata com linguiça.

Lombo de Novilho à Marquês de Pombal, na Casa da Dízima.

Vitela Barrosã ou Mirandesa e Polvo à Moda do Minho com Pão Frito, nos Fornos do Padeiro.

Caril de Lulas com Arroz de Coco Fresco, Chili com Carne à Mexicana com Molho de Três Pimentos, Galinha com Avelãs em Aromas de Cebolinhas e Salsa, no Tagus Terrace.

NHAM

A propósito da Mostra de Sabores de Oeiras, aqui vão as minhas notas de 1 a 5 aos restaurantes concorrentes onde já comi:

***** Zé Varunca, Churrasqueira da Vila, Restaurante do Lago
**** Pancitas, Alfredo
*** Caçoila, Faustino, Quasi Pronti (considerando neste caso que é fast-food)
** Caravela de Ouro

Os tais livros

Pedro Sales:

Acho que a referência ao livro de Ralph Nader como um dos mais prejudiciais dos sécs. XIX e XX não está sozinha em termos de ridículo. Vejamos.

"A Mística Feminina", de Betty Friedman, é considerado prejudicial por defender o fim do papel da mulher como mera dona de casa. O que em Portugal é apenas defendido por meia dúzia de ultra-conservadores e à boca mais ou menos fechada, estes defendem à boca cheia.

Auguste Comte é primordialmente chato, mas o seu "Curso de Filosofia Positiva" é considerado prejudicial por negar Deus. Nem quero imaginar se a lista incluísse obras de séculos anteriores. Provavelmente Galileu e Copérnico também cá estariam.

É particularmente curiosa a indicação de Keynes com a justificação que por lá consta, quando o mui keynesiano Clinton criou um superavit nas contas públicas e os presidentes republicanos têm criado monstruosos défices...

"The Population Bomb" e "The Limits to Growth" serão provavelmente considerados negativos por apresentarem uma perspectiva neomalthusiana. Claro, quanto mais filhos, mais facilmente a mulher ficará em casa. Já vi tudo.

Muito curiosa é a designação de "On Liberty", de Stuart Mill. Um manifesto do mais puro liberalismo é rejeitado ! O que só prova quão contra a democracia são estas pessoas. Verdadeiros liberais como o Gabriel Silva ou mesmo o JCD ficarão certamente arrepiados.

Outra obra como "Beyond Freedom and Dignity", defensora da autonomia individual, também é considerada prejudicial ! Ou seja, considera-se que se deve seguir cegamente o que outros decidem e sem pensar...

Sobre a inclusão das obras de Darwin e considerando o ridículo debate em defesa do criacionismo, é melhor nem falar.

"Coming of Age in Samoa", por na prática demonstrar que o sexo casual não é nenhum pecado nem nada que se pareça.

"Primavera Silenciosa", de Rachel Carson, por denunciar atentados ao ambiente...

Ainda que possamos censurar Frantz Fanon por apelar à violência, é mais que óbvio que esse autor entra na lista negra por apelar à libertação dos povos...

quarta-feira, junho 01, 2005

Já parecem o Bloco

O CDS.

Ah pois é

Hoje no PÚBLICO li os antecedentes ao afogamento de um bebé de 18 meses em Chaves.

A história pode resumir-se a isto: filho entregue à mãe, o pai a tentar por várias vias a custódia do filho tendo em conta os problemas psiquiátricos daquela, e o tribunal a não efectivar a sua justa pretensão.

O resultado está à vista.

Apenas comento a situação porque não tenho a menor dúvida de que se fosse a mãe a querer a custódia de um filho entregue ao pai as autoridades teriam procedido e decidido de outra forma.