quinta-feira, setembro 18, 2003

A Política e os Gelados

Há um Modelo de Economia sobre o posicionamento de dois vendedores de gelados numa praia (desculpem-me os puristas com a ligeireza da descrição que se segue).
Neste Modelo, a situação óptima para os consumidores de gelados, tendo em conta a distância que têm de percorrer para a sua compra, seria a de cada vendedor ficar com metade da praia, e na sua metade situarem-se exactamente ao centro. Desta forma, a distância máxima que um consumidor teria de andar na praia seria, no limite, igual a 25% do comprimento da praia (a chamada situação Pareto eficiente).
Porém, se o vendedor do lado esquerdo da praia começar a vender gelados mais para o centro, mantêm a sua quota de mercado à esquerda, e ganha quota de mercado no lado direito da praia. Mas o mesmo se aplica inversamente ao vendedor do lado direito da praia. Assim, na situação final, ambos os vendedores se colocam ao centro da praia, um ao lado do outro. A distância máxima que um consumidor terá de andar na praia passará a ser, no limite, de 50% do comprimento da praia!

A aplicação deste Modelo à teoria política, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, não recomenda que Durão Barroso e Ferro Rodrigues vão vender gelados para a praia («Gelados Durão, os Gelados para o seu Verão» vs «Gelados PêEsse, os Gelados que apetece»).

É o modelo que explica a bipolarização do sistema político, onde os dois grandes partidos tendem a apresentar programas muito semelhantes, ao centro, tendo em vista a conquista de mais eleitorado (que ironicamente, cada vez mais prefere ficar na praia do que votar).

É facilmente perceptível que quem perde com esta situação é o eleitorado, que dificilmente se revê nas propostas políticas, sendo obrigado a discutir as virtudes e os defeitos dos líderes propostos (qual B.B.).
Mas mais uma vez, muitos se preocupam com a posição relativa do PS em relação à sua esquerda (onde há óptimos «vendedores de gelados», como Francisco Louçã»), e poucos com a posição relativa do PSD na sua praia (onde, na falta do PP haverá a Nova Democracia de mercado em mercado).

Deve ser mesmo o desespero por uma alternativa, porque o Verão já lá vai, e o Durão já derreteu.

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