DESCREDITO !
Por uma Política com crédito ! Fundadores: Pedro Sá e Mário Garcia Contactos: Pedro Sá sapedro@yahoo.com Marcelo Moniz mm.scmb@mail.telepac.pt Eurico Dias monsenhor@netcabo.pt Ary F. Cunha aryfcunha@gmail.com
quinta-feira, dezembro 29, 2005
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Obviamente deviam ser abolidos
Paulo:
O que se exige é o final desse instituto ridículo, que consubstancia uma intromissão do poder político no poder judicial.
Isto sim é falta de educação
Este vergonhoso post de Mário de Carvalho.
Está lá tudo. Ressentimento e inveja. Aquela pseudo-esquerda que acha que o PS tem que ser como desejavam.
Lacão
Não pela posição de princípio. Mas, Rui, porque em meu entender a situação já era inconstitucional desde 1976, não tendo sido necessária a revisão de 2004 para que tal acontecesse.
Porque existem direitos fundamentais atípicos, e a consagração constitucional expressa da não discriminação com base na orientação sexual é apenas reduzir a escrito o que já existia. Porque a enumeração do artigo é meramente exemplificativa.
quinta-feira, dezembro 22, 2005
John Spencer (1946-2005)
Não podia deixar de prestar a minha homenagem a John Spencer, perante o desaparecimento de uma das figuras de proa da série The West Wing.
Nesta série, John Spencer, ou melhor, Leo MacGarry foi o Chefe de Gabinete do Presidente dos EUA Jed Bartlet (Martin Sheen) durante seis épocas.
The West Wing nunca passou em Portugal num horário minimamente aceitável. Mas nos Estados Unidos foi acumulando prémios, para os seus actores ou como melhor série dramática. Jed Bartlet chegou a ser eleito como o melhor Presidente Americano de sempre, de entre figuras reais e fictícias.
Felizmente, existe a edição em DVD, estando já disponível até à «season» 6 para a zona 2, via UK, sem legendas em português.
Longe vão os tempos em que tínhamos por cá em prime-time séries da BBC como Yes Minister ou First Among Equals.
Por uma política com crédito.
(«John Spencer's Leo McGarry wasn't the star of NBC's "The West Wing."
He was more than that.
He was the show's connective tissue, the man who linked the president to everyone else and who, as the president's chief of staff, had to figure out where good ideas and hard, cold political reality could intersect.
Because "West Wing" at its best explored precisely that idea - politics as the art of the possible - Leo seemed in many ways its most irreplaceable character.» in New York Daily News.
Está Explicado o Histerismo da Direita
A TVI/Intercampus divulgou mais uma sondagem que confirma a tendência descendente de Cavaco Silva e Manuel Alegre, e a subida de Mário Soares.
Em relação ao último trabalho da Intercampus (realizada entre 20 a 24 de Novembro - ver o quadro resumo no margem de erro), Cavaco desce de 50% para 45,6%, Alegre desce de 15,2% para 13,5%, enquanto Soares sobe de 12,7% para 15,1%.
A leitura que a TVI faz dos cenários para uma 2ª volta, cada vez mais provável, não deixa de ser curiosa: Alegre com mais votos que Soares na 2ª volta.
Com 24,% de indecisos, a sondagem dá a vitória de Cavaco sobre Alegre por 48,6%-28,7%, e de Cavaco sobre Soares por 52,9%-23%
Ou seja, a notícia seria que Cavaco melhora o score para a 2ª volta e ganha.
Mas a TVI perfere dizer que Alegre perde por menos!
Mas para quem pensava que isto já eram favas contadas...
Correcção jurídica
Paulo:
Nos termos do disposto no nº 3 do art. 286º da Constituição, o Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão.
Está muito esquecido
Francisco Mendes da Silva está certamente muito esquecido dos teen movies dos anos 80.
É que o rapaz que no fim ficava com a rapariga nunca era um geek ou um nerd, mas sim o rapaz normal e simpático.
Sem prejuízo de tal cenário ser obviamente puro romantismo. Na realidade, o jock fica sempre com ela. Não é preciso dizer porquê.
Uma diferença essencial entre esquerda e direita
Pois é, Avelino:
Se a esquerda defende a cidadania e a individualidade, a direita desde sempre defendeu a dispersão do indivíduo em quadros mais abrangentes, muito provavelmente tendo em conta o efeito de carneirada e a pressão social.
A direita historicamente nega o indivíduo enquanto tal. Ele é apenas uma parte do todo. E os neoliberalismos da moda não só não negam este pressuposto como na prática o confirmam. O que interessa é ser um DOS empresários, etc. etc.
Ser de esquerda é, também, lutar por algo que é importantíssimo e sem o qual não há liberdade, nem cidadania, nem democracia. A garantia do nosso próprio eu, livremente desenvolvido e sem qualquer tipo de peias.
Esta direita
Pedro Lomba é uma manifesta desilusão.
Mário Soares, e muito bem, a propósito de globalização falou de cidadania global, algo de verdadeiramente essencial nesse quadro. A globalização não pode ser apenas económica.
Contudo, mais uma vez para a direita apenas a economia interessa. Pedro Lomba está ao nível das declarações de António Mexia enquanto Ministro. Frieza e insensibilidade absolutas, porque só lhe interessam indicadores económicos e os benefícios das grandes empresas. Ponto.
A propósito. Soares arrasou completamente Cavaco, entre outros pontos, quando afirmou que o tecido económico português não são as grandes empresas, mas essencialmente os pequenos e médios empresários, realidade a qual conhece bem de perto.
Mas a microeconomia nada diz à direita...
Um PRD de direita ?
É o que parece defender Rui Ramos.
A propósito, os URLs do Diário Económico bem que podiam estar em português e não em castelhano...
Cuidado
O que se está a passar é claríssimo. Dizendo que Mário Soares foi malcriado e arrogante no debate, a direita envereda pela táctica que uma mentira dita muitas vezes pode tornar-se verdade.
Uma táctica das mais baixas que há. Evidentemente.
quarta-feira, dezembro 21, 2005
Constatação
Após o debate de ontem, a desorientação à direita é geral.
E um simples facto prova-o. O afã com que se referem a ataques pessoais que teriam sido perpetrados por Mário Soares. Algo que em nada corresponde à verdade.
É ver tudo o que seja bloguista de direita (o que curiosamente exclui apoiantes de Cavaco que não são de direita, como o Paulo Gorjão) a dizer a mesma coisa.
Isto prova duas coisas:
- que Mário Soares reduziu o ex-Presidente do PSD à sua insignificância (diga-se de passagem que Cavaco provou à exaustão não ter capacidade para mudar de assunto sem que se note perfeitamente que está a fugir ao debate...não é certamente de um interlocutor assim que Portugal precisa);
- que a direita portuguesa continua com a fama e o proveito de ser a mais estúpida da Europa, mantendo uma velha tradição: pensa que pode atacar os outros da forma mais torpe e canalha, mas qualquer ataque que lhe é dirigido é imediatamente um inqualificável ataque pessoal.
Ridícula
A intervenção final de Cavaco Silva. Muito bem comentada por Rui Tavares.
Aliás. Tanto quis Cavaco fugir das cascas de banana que deu uma imagem de alguém sem qualquer agilidade mental, hirto e incapaz de se mover no terreno político. Arrisco-me até a dizer que eu próprio teria feito melhor figura. Ao menos não me posicionaria como um fortíssimo concorrente à alcunha de CASSETTE.
Sim, porque não sai da cassette. Nada.
Pior ainda
Vicente:
O pior de tudo é que estou mesmo convencido que Cavaco acha que umas meras palavras suas ajudarão a resolver problemas.
Não há paciência para tamanho autoconvencimento...
Em qualquer caso, não esquecer estas sábias palavras de João Pinto e Castro, bem como este apontamento de José Mário Silva.
O Velho Leão
Mário Soares mostrou no debate de hoje (para quem ainda tinha dúvidas), que é o único candidato capaz de se opôr a Cavaco Silva.
Com a combatividade que lhe era indispensável, Soares disse a Cavaco e lembrou aos portugueses quase tudo o que nenhum dos restantes candidatos de esquerda conseguiu dizer.
Lembrou, por exemplo, que é absolutamente falso o que Cavaco Silva tem apregoado aos portugueses, quando diz que foi julgado positivamente nas urnas pelo seu papel como 1ºMinistro. Após os quatro anos da sua segunda maioria absoluta, Cavaco Silva não foi sequer a votos: Foi Fernando Nogueira, esmagado por António Guterres. E perdeu Cavaco, pouco tempo depois, as presidenciais para Jorge Sampaio, logo à 1ª volta.
Aliás, a promessa de 'diálogo' com que Guterres venceu Nogueira foi o contra-ponto à falta de diálogo de Cavaco, 1ºMinistro.
Fez aparecer o Cavaco Silva dos números, a dizer que uma baixa da taxa de mortalidade infantil «é uma alegria para os pais». Cavaco bem podia ter recuperado aquela sua opinião sobre a administração pública, cujo problema se resolveria quando os funcionários públicos... morressem!
Cavaco Silva é pouco mais do que o 1ºMinistro autoritário que tivemos quase 10 anos, para quem as pessoas não passam de estatísticas. O 1ºMinistro do Governo com «ajudantes» em vez de Ministros. O 1º Ministro do «buzinão», do bloqueio da ponte, dos polícias secos contra os molhados (se fosse hoje...), do «pulo do lobo».
Ficaram os cavaquistas indignados pela estratégia de Soares neste debate?
De Soares querer desmascarar o discurso demagógico de Cavaco, de falinhas mansas, em vez de querer discutir os problemas do Governo ?
Meus caros amigos, essa é a grande vantagem de Mário Soares.
Enquanto todos os outros precisam de explicar qual será o seu hipotético perfil presidencial, Mário Soares não precisa de o fazer, pois o seu perfil é bem conhecido:
É o único candidato que já foi Presidente da República, duas vezes.
terça-feira, dezembro 20, 2005
ARGHHHHHHHHHHH !
Se há coisa que eu odeio são estas demonstrações de redução das mulheres ao papel de mães e donas de casa.
Infelizmente, temos mesmo a direita mais retrógrada da Europa...
Os «Independentes»
Na sequência da discussão à volta da «sociedade civil», seria inevitável falar dos «independentes».
Isto porque, se a democracia é constituída por cidadãos, a «sociedade civil» é constituída por «independentes».
Mas quem são estes «independentes»?
Todos aqueles que defendem a nossa independência de Espanha?
Os defensores de Olivença?
Os que exigem a nossa saída da União Europeia?
Os leitores do semário dirigido por Inês Serra Lopes?
Estaram excluídos os trabalhadores dependentes?
Ou os toxicodependentes?
Os adeptos do Belenenses?
Nada disso.
Os «independentes» são, supostamente, aqueles que não exercem actividade política como militantes de um partido.
No mesmo espírito da falácia da «sociedade civil», estes «independentes» têm, desde logo, uma superioridade moral em relação aos outros: 'eles', os «dependentes».
Os «dependentes» são os marginais da «sociedade civil».
Aqueles que abdicaram da sua opinião e do seu pensamento em nome de um partido político, onde os seus princípios individuais não são levados me conta.
Por exemplo, aqui no Descrédito, tudo o que escrevemos tem um desfazamento de cerca de um mês.
Primeiro, averiguamos se o tema sobre o qual nos queremos manifestar está na lista de temas autorizados pelo partido.
Depois, enviamos o texto para o Largo do Rato, para aprovação prévia.
Com a burocracia partidária, esta é a fase que leva mais tempo.
Só quando recebemos de volta o texto, devidamente aprovado, com as sugestões de alteração que devemos respeitar, é que podemos fazer o post definitivo.
Mas mais complicado é quando estamos a conversar com um «independente» e nos esquecemos das orientações oficiais do partido. Felizmente, há uma linha telefónica que funciona 24 horas por dia a que podemos recorrer (o nº vem no verso do cartão de militante - uma espécie de assistência técnica).
"Para defender o aeroporto da Ota, prima 1; para justificar as Scut's, prima 2; se quer indicações sobre o TGV, prima 3; sobre o Orçamento de Estado, prima 9; para um outro assunto, prima #, que um elemento da Comissão Permanente falará consigo."
Um «independente» não tem de sujeitar-se a estas coisas.
Vejamos o caso do Luís Delgado.
A sua não-filiação partidária permite-lhe escrever e dizer tudo aquilo que pensa, na hora.
E assim tem tempo para exercer todos os cargos para que foi nomeado.
Tal como tantos «independentes» nomeados para as mais diversas entidades, apenas pela sua competência)
Há ainda o caso dos «dependentes» que se regeneram.
Como Cavaco Silva, que é hoje um não-político.
Uma espécie de ex-fumador, alcoólico anónimo, ou ex-toxicodependente.
Passou por lá numa altura má da sua vida, mas agora está curado.
Está de volta à «sociedade civil».
(Há também os «bidependentes», como Manuel Alegre, mas esta parte do texto não veio.)
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Questões de Bom Senso
Quando Alegre anunciou a sua candidatura à margem do apoio do PS, colocou-se a questão se este, dado os cargos que desempenha no PS, deveria ou não participar em reuniões onde se debatesse a estratégia eleitoral do partido (de apoio a Mário Soares).
Depois, quando Manuel Alegre, Deputado do PS e Vice-Presidente da Assembleia da República, considerou que não devia votar, na generalidade e na especialidade, o Orçamento de Estado, por isso não ser compatível com a sua condição de candidato presidencial, colocou-se a questão se não deveria suspender o seu mandato de Deputado até às eleições.
Não obstante, é raro o dia que o poeta Alegre ou a sua Roseta não se queixam de andarem a querer expulsá-los do PS.
Convido, quem se quiser dar ao trabalho, a encontrar alguma declaração ou posição, oficial ou oficiosa, manifestada por qualquer orgão ou dirigente do PS, no sentido de colocar sequer a hípotese teórica de expulsar Manuel Alegre.
Serão problemas de consciência, ou apenas puro Descrédito?
Cavaco é economista, ponto
Ivan Nunes:
Com a devida vénia ao Mário Garcia que é economista, nunca nos devemos esquecer que os economistas têm, por regra, uma visão péssima da política.
Porquê ? Simples.
Porque vêem tudo com base na lógica do interesse frio de quem decide em proveito próprio. Bastaram-me umas sessões de Economia e Política da Regulação leccionadas por professores do ISEG da área da economia pública para o perceber...
domingo, dezembro 18, 2005
"a origem do terrorismo está na esquerda"
"Porque uma parte do pensamento da esquerda assenta na pregação e na legitimação da violência como motor de transformação histórica, e isso é que originou muitos movimentos, alguns que optaram pela via do terrorismo".
Ribeiro e Castro dixit.
Numa sessão didática, aos Jovens Populares.
É o Descrédito total...
A Redenção
Há uns tempos atrás, num post intitulado «O Espelho da Sociedade em que Vivemos», escrevi o seguinte:
«O verdadeiro problema da política portuguesa começa no alheamento das pessoas em relação aos problemas que lhe dizem respeito, passa pela falta de cultura cívica, e desagua no mar de demagogia onde os políticos são todos iguais: incompetentes, irresponsáveis, corruptos, etc.
Se os partidos são constituídos por cidadãos livres, temos os partidos que queremos, e a democracia que merecemos.»
Vem isto a propósito do post da «Sociedade Civil» e dos comentários feitos no Tonibler a seu respeito, pelo 'Tonibler imesélfe' , nomeadamente quando se diz:
«A sociedade civil é a parte da sociedade que cabe aos cidadãos. Significa isto que, quando se coloca os partidos fora da sociedade civil, se está a assumir que os cidadãos não fazem parte dos partidos.»
Eis algo tão falacioso como a ideia de «sociedade civil», o que é, de certa forma, coerente.
Mas, por definição, lógica e bom senso, os partidos políticos são constituídos por cidadãos.
E a democracia é feita por cidadãos e partidos políticos.
Querer interpor uma tal de «sociedade civil» nesta relação basilar em nome dos cidadãos é ilógico, inaceitável e, acima de tudo, impossível.
Mas participar na democracia e nos partidos políticos dá trabalho.
É neste prisma que a corrupção conceptual em torno da «sociedade civil» se explica e revela-se verdadeiramente redentora.
Ao alheamento cívico das pessoas, ao seu egoísmo, ao seu distanciamento das causas públicas, a existência desta mítica «sociedade civil» desempenha um papel importante nas suas consciências individuais dizendo-lhes: 'Não te rales; és da «sociedade civil»; não tens culpa; a culpa é de uns tais de políticos; estás perdoado, vai em paz'.
E assim se fica em casa, de consciência tranquila, no grande sofá da «sociedade civil».
Esta ideia não será também alheia ao clima de desresponsabilização generalizada que é apanágio da nossa sociedade.
Por exemplo, diz tonibler, «se os partidos políticos não fossem a fonte da corrupção no país»...
É mais uma ideia espantosa!
Ou seja, não existe corruptores nem corrompidos, apenas partidos políticos.
Existem, talvez, empresários dinâmicos que 'procuram' oportunidades ou tentam 'ultrapassar' burocracias, em nome da sua contribuição para a riqueza nacional (e pessoal, livre de impostos). E existem funcionários que, de acordo com esta ideia, sob coacção dos partidos políticos, ficam à disposição destes empresários. (Note-se que, da mesma maneira em que vivemos num país de doutores, quem não é funcionário público, para ter o mínimo de estatuto, tem de ser empresário).
Empresários e funcionários não têm culpa: são apenas vítimas vorazes da política.
Estão absolvidos, em nome da «sociedade civil».
Como alguém já comentou recentemente, se algo vai mal na agricultura, a culpa é dos políticos.
Se algo vai mal na economia, a culpa é dos políticos.
Se algo vai mal na educação, a culpa é dos políticos.
Se algo vai mal na saúde, a culpa é dos políticos.
A «sociedade civil» que separa os cidadãos dos partidos políticos, a todos perdoa.
Tonibler afirma: «Eu recuso-me a militar em qualquer partido porque não considero que qualquer organização partidária portuguesa atinja um nível sofrivelmente elevado para que eu considere aderir a ela. Eu não faço parte 'deles', sou muito melhor que isso.»
Para além de revelar aquele curioso complexo de superioridade que o catecismo da «sociedade civil» permite, representa também uma inversão espantosa das responsabilidades.
Quantos Toniblers nunca tiveram qualquer participação política que contribuisse para a elevação do tal 'nível'?
Quantos Toniblers utilizam a desculpa do 'baixo nível dos partidos políticos' para optar pela conversa de tremoços?
Quantos Toniblers tudo exigem do Estado, a quem acham nada dever e, contudo, nunca deram até hoje qualquer contributo para melhorar o 'estado das coisas'?
E, depois de dizerem da política pior do que Maomé do toucinho, quantos Toniblers acabam nomeados para cargos políticos governativos?
Tonibler escreve ainda, simpaticamente, que as minhas intervenções «naquele espaço contribuem mais para a democracia nacional que o seu apoio ao PS. Pelo menos daqui pode estar certo que a sua opinião é ouvida e pode meter as mãos no fogo sobre a seriedade das pessoas que aqui escrevem. E aqui, Garcia, aqui é Sociedade Civil!»
Pessoalmente, não tenho qualquer problema em ajudar a causa do Tonibler junto da «sociedade civil», procurando destronar do topo do ranking weblog o Aqui é só gatas ou o Apanhadas na net.
Mas existe um problema de fundo, como alguém no Tonibler já colocou aos seus pares.
Sendo eu um militante do Partido Socialista, algo que sempre assumi, em particular ao longo dos mais de 2 anos em que tenho escrito no Descrédito, como posso eu dar qualquer contributo à «Sociedade Civil»?
Eu, que faço parte 'deles'?
Eu, que já vendi a minha alma ao diabo, que estou irremediavelmente para além da redenção?
sábado, dezembro 17, 2005
Debate Mário Soares - Francisco Louçã
Tecnicamente, já se sabia que os debates televisivos seriam o terreno preferido de Soares e Louçã.
Politicamente, uma vitória neste debate não seria um resultado muito útil a ambos, uma vez que estariam a falar prioritariamente para um eleitorado com objectivo comum: derrotar Cavaco Silva.
Seria este um debate desinteressante, como o de Cavaco-Alegre?
(uma vez que tinham um cenário político semelhante)
Longe disso.
Ricardo Costa cedo percebeu onde estava metido.
Rodrigo Guedes de Carvalho nem percebeu onde estava metido.
Ambos conduziram o debate para os temam onde poderiam brilhar, marcando as suas diferenças mas sem ostidilades de maior.
Magistral.
Um verdadeiro 'case study' para quem gosta de política pura.
sexta-feira, dezembro 16, 2005
Cuidado...
Adolfo:
Que se discorde do conteúdo da Constituição é uma coisa.
Outra coisa é um Presidente da República decretar autocraticamente o fim da vigência de uma Constituição. Tenho a certeza que, como democrata que és, nunca concordarias com um cenário desses.
quinta-feira, dezembro 15, 2005
Debate Jerónimo de Sousa - Francisco Louça
Ex.mos Srs.
A «Sociedade Civil»
Há algum tempo, houve alguém que se lembrou de reinventar um estranho conceito:
A «Sociedade Civil»
Esta «Sociedade Civil» é constituída, supostamente, por uma maioria silenciosa de cidadãos a que é negado o exercício da sua cidadania pela opressão e tirania dos partidos políticos, também denominados de aparelhos partidários.
O conceito de «Sociedade Civil» existe apenas para menosprezar a actividade política.
Existe para estabelecer uma relação dialética, binária.
À pureza e inocência da «Sociedade Civil» contrapõem-se a vilanagem da política e dos políticos.
Ao valor e sabedoria da «Sociedade Civil» temos a entropia imbecil do clientelismo partidário.
Foi por causa da «Sociedade Civil» que se criaram e convocaram os Referendos sobre a interrupção da IVG e sobre a Regionalização, e que se tornou possível a todos os cidadãos «independentes» candidatarem-se a orgãos locais.
Foi em nome desta «Sociedade Civil», cujos porta-vozes, paradoxalmente, foram, sempre, dirigentes políticos, que se criticou na última década a política, os políticos, os partidos políticos, os representantes políticos, em resumo, tudo o que acenasse a política.
Foi em nome desta «Sociedade Civil» carente que se realizaram os sucessivos Estados Gerais e que se proclamou o «no job for the boys». Que se quiseram transformar em proscritos parasitários os militantes dos partidos, incompetentes e acéfalos pelo simples acto de filiação.
Curiosamente, esta «Sociedade Civil» continua silenciosa.
Se apareceu nos Referendos, foi atrás de movimentos liderados por partidos políticos.
Se apareceu nas Eleições Autárquicas, salvo raríssimas excepções, foi para encobrir secessões partidárias.
Ou seja, este conceito de «Sociedade Civil» é uma falácia.
Mas uma conveniente falácia.
Conveniente para uma maioria silenciosa, egoísta, despreocupada com a gestão do bem comum.
Conveniente para aqueles que, não tendo singrado na vida pública, política, fazem do seu modo de vida a crítica aos políticos enlaivecida de uma superioridade intelectual que lhes normalmente conferida pela a ausência do contraditório.
Conveniente para todos aqueles que querem destruir a Democracia.
Porque a Democracia, por definição, não se faz sem partidos políticos ou contra os partidos políticos.
E se, porventura, o nível médio da nossa classe política não é o ideal, ou sequer o aconselhável, é também porque há uma lacuna generalizada no exercício dos deveres de cidadania.
A cidadania não se exerce ostentando opiniões instantâneas sobre o aeroporto da Ota, o TGV ou o Défice.
A cidadania não se esgota no exercício no direito (dever) de voto.
A cidadania é a consciência das consequências de se viver numa sociedade livre.
Numa verdadeira Democracia, seria natural que os cidadãos participassem activamente na política, junto das organizações com que melhor se identificassem quanto ao seu ideário, propondo, debatendo, discutindo as melhores soluções para os problemas do bairro ou do País.
É para isso que servem os partidos políticos.
Seria isto uma Democracia participativa.
Mas daria muito mais trabalho.
Muito mais fácil e divertido é criticar e insultar à volta de um prato de tremoços.
Esta criatividade é a única característica construtiva da tal «Sociedade Civil».
Só que, um dia destes, apenas haverá «Sociedade Civil».
(E os militares, claro.)
Confrangedores...
...e demonstrativos da falta de argumentos e do receio que explicitamente existe à direita...
...os últimos posts do Pulo do Lobo.
Mercado de trabalho
António:
Se a escolaridade é obrigatória, há que garantir essa obrigatoriedade. Aliás, esta medida peca por defeito.
Em rigor, a oferta e a prestação de trabalho a cidadãos sem escolaridade obrigatória deveria consubstanciar a prática de um crime, ou pelo menos de uma contra-ordenação com coimas pesadas, sob pena de a escolaridade obrigatória só existir no papel.
Soares Alegre
Aqueles que esperavam um 'banho de sangue' ou a 'lavagem da roupa suja' do PS, tiveram uma grande decepção.
Em relação ao resto, o debate veio confirmar a inevitável tendência das últimas semanas.
Manuel Alegre continua no mesmo 'quadrado' de ideias genéricas, sem conseguir explicar convincentemente porque se candidatou, parecendo estar num permanente improviso de exercício pró-constitucional, entre evocações do anti-fascismo e múltiplas mensagens à Assembleia da República.
Mário Soares tem uma ideia clara do que é ser Presidente da República (ou não tivesse já exercido o cargo).
Além disso, voltou a mostrar que o seu mandato no Parlamento Europeu permitiu reforçar a visão que tem de Portugal na Europa, no mundo, dentro dos organismos internacionais (tendo de lembrar a Miguel Sousa Tavares que a NATO não serve para perseguir a Al-kaeda).
Cada vez fica mais nítido que enquanto Mário Soares continua a tentar obrigar Cavaco Silva a ir a uma 2ª volta, Manuel Alegre apenas procura o melhor score possível no campeonato da esquerda.
Se dúvidas restassem, as intervenções finais sublinharam as diferenças.
Manuel Alegre dirigiu-se às mulheres portuguesas (terminando com uma referência a Sophia de Melo Breyner, mãe de Miguel Sousa Tavares).
Mário Soares falou das razões e objectivos da sua candidatura e dos poderes do Presidente da República.
Apenas Helena Roseta viu o mundo ao contrário.
É o fogo que arde sem se ver...
quarta-feira, dezembro 14, 2005
terça-feira, dezembro 13, 2005
Mais Uma Volta no Carrocel
Mais um debate, mais uma volta no carrocel.
Manuel Alegre, Franscisco Louçã, Judite de Sousa e José Alberto Carvalho.
Todos melhoraram, mostrando ter aprendido bastante com os debates anteriores.
Louçã voltou a ser o mais claro, eficaz e incisivo.
Manuel Alegre evolui imenso do debate com Cavaco (o que não era difícil...).
As respectivas tácticas foram simples de perceber.
Manuel Alegre 'virou' tudo à esquerda, para pescar votos em águas bloquistas.
Louçã procurou encostar Alegre ao PS e ao Governo, lembrando-lhe que, independentemente de serem candidatos presidenciais, têm sempre a obrigação de responderem pelos cargos que exercem, nomeadamente na Assembleia da República.
Se Alegre não continuasse a gozar de uma complacência (cumplicidade) muito grande, a sua 'saída' sobre demitir Alberto João Jardim impedindo-o de se recandidatar...
De resto, há um ponto em comum no discurso de Alegre e Cavaco (sem querer ofender Alegre, claro). Ambos acham poder resolver muitos problemas com comunicações à Assembleia da República.
Venha o próximo.
segunda-feira, dezembro 12, 2005
O problema vem de trás
Não, José Medeiros Ferreira:
O problema foi a existência do crescente vermelho, uma vez que a cruz da cruz vermelha diz respeito à bandeira da Suíça com as cores trocadas, e não a qualquer símbolo cristão !
Pois é
Os liberais já perderam a vergonha, e demonstram explicitamente que o objectivo de pelo menos algumas medidas que propõem é a defesa da familiazinha e da assistenciazinha.
Ora, se um filho é ou não solidário com os pais, é algo que diz respeito à vida privada de cada um, e o Estado não tem que ter desejos nessa matéria. É, aliás, uma intromissão inadmissível.
E, ao contrário do que dizem, num exercício puro de desonestidade, não é a segurança social pública que provoca engenharia social. Engenharia social seria, sim, adoptar as suas propostas.
Desonestidade
Tiago Cavaco sabe e muito bem a que categoria de evangélicos Mário Soares se referia, ou seja aos tele-evangelistas de extrema-direita.
É, pois, mais um caso de interpretação abusiva.
domingo, dezembro 11, 2005
Um Homem de Paixões
Mário Soares é um homem de paixões, que gera paixões.
É difícil alguém ser-lhe indiferente.
A pré-campanha que tem levado a cabo não poderia portanto deixar de despertar paixões, novas e antigas.
Mas as paixões, por muito irracionais que sejam, têm necessariamente de ter limites.
Limites impostos pelo bom senso, pela tolerância e pela inteligência.
Limites que o anti-soarismo primário desconhece, surgindo como um espumar raivoso, irracional, injustificável e injustificado sob qualquer base lógica.
O pequeno episódio de Barcelos não é uma nova Marinha Grande, não é sequer politicamente relevante.
Não é uma nova Marinha Grande porque, também graças a Mário Soares, a democracia está consolidada em Portugal.
(PS: Porque razão há a distinção entre os militares de Abril e os antigos-combatentes, se todos eles combateram no Ultramar, na guerra colonial?)
sábado, dezembro 10, 2005
Gato Escondido com Rabo de Fora
Manuel Alegre formalizou esta semana a candidatura junto do Tribunal Constitucional.
"Para mim é um acto muito significativo e de muito simbolismo. Cada uma destas assinaturas é um acto de cidadania. Não há aqui assinaturas de pessoas de primeira e pessoas de segunda. É uma vitória da cidadania e uma prova de que há espaço para candidaturas da cidadania", afirmou.
"Manuel Alegre não tem razão nenhuma em considerar, com arrogância, que as suas assinaturas são melhores", referiu Jerónimo de Sousa.
Entretanto, com a formalização da sua candidatura através da entrega das assinaturas necessárias, Manuel Alegre teve uma palavra especial para uma pessoa que desempenhou um papel fundamental nesta caminhada por subscrição da independência, da liberdade, da democracia, enfim, da salvação da República: Ana Sara Brito.
Ana Sara Brito é uma destacada militante do PS de Lisboa (Secção do Bairro Alto).
Se Ana Sara Brito andasse a recolher assinaturas para Soares, seria o aparelho partidário a funcionar no seu estado mais puro, doentio e condenável. A repetição do ritual de recolha de assinaturas que Ana Sara Brito tantas vezes repetiu no passado. A repressão insuportável da recolha de assinaturas por um partido. A restrição da adesão espontânea de cidadãos aos movimentos épicos alternativos de candidatura.
Mas Ana Sara Brito apoia Manuel Alegre.
E assim, tudo se torna diferente. Esta recolha de assinaturas, em nome do poeta, passou também a ser um acto de cidadania, liberdade, democracia e independência. Um verdadeiro exemplo na sua «candidatura de cidadania».
Manuel Alegre continua a apregoar-se, tal como Cavaco Silva, acima dos partidos políticos.
No seu caso particular, bem acimados partidos políticos (nomeadamente o PS).
Para lá dos partidos políticos (nomeadamente o PS).
Apesar dos partidos políticos (nomeadamente o PS).
Muito além dos partidos políticos (nomeadamente o PS).
A soberba e arrogância de Manuel Alegre começa a ser apenas comparável com as suas contradicções, aliás cada vez mais incompreensíveis e insanáveis.
Os Debates Possíveis
Continuaram os 'lado-a-lados'.
Primeiro tivemos na RTP1 Mário Soares e Jerónimo de Sousa.
Este debate, à partida, seria pouco aliciante, face ao posicionamento político de ambos nestas eleições.
Contudo, Mário Soares e Jerónimo de Sousa retiraram as devidas lições do Cavaco-Alegre (expressão realmente surreal) e perceberam que teriam, inevitavelmente, de marcar as suas diferenças.
A abordagem estratégica de ambos foi a única possível.
Jerónimo de Sousa atacou as políticas do Governo, procurando 'fixar' o eleitorado comunista.
Soares sublinhou não ser advogado do Governo e teve um discurso mais à esquerda, essencial para uma eventual 'transição' do voto comunista para uma 2ª volta.
O debate na TVI entre Cavaco Silva e Francisco Louçã prometia mais.
Até porque os dois professores de economia seriam mediados por Miguel Sousa Tavares e Constança Cunha e Sá.
Cavaco Silva, muito nervoso (as mãos tremiam), foi encostado às cordas por Louçã, cometendo erros atrás de 'gaffes'.
Não foi capaz de encarar Louçã, acenou com o fantasma de 10 milhões de imigrantes (face aos 168 legalizados o ano passado), fugiu das questões concretas (como o casamento entre homossexuais), continuou a refugiar-se em relatórios publicados e foi batido no único terreno onde fala com à vontade, nas questões de economia.
Continuou a defender todas as políticas do Governo de Sócrates ('colagem' apenas possível pela inexistência de candidatos à sua direita).
Registei particularmente mais um exemplo da concepção de Democracia que Cavaco Silva, endemicamente, tem.
Cavaco Silva afirmou taxativamente, quando confrontado com o pior dos seus Governos, ter sido julgado pelos portugueses, e com resultados bastante positivos. Ora, como sabemos, isto é falso.
No final do cavaquismo, quem foi a votos, quem se sujeitou ao julgamento democrático sobre o governo de Cavaco Silva, foi Fernando Nogueira. De que resultou a primeira grande maioria de António Guterres.
E alguns tabus depois, quando se apresentou como candidato presidencial, foi derrotado por Jorge Sampaio logo à primeira volta. Ou seja, o julgamento político, nas urnas de voto, sobre o cavaquismo, foi claramente derrotado.
Mesmo que a sua Auto-Biografia, porventura, diga o contrário.
Cavaco Silva perdeu (JM) este debate, tal como teria perdido o de Manuel Alegre, se este não estivesse deslumbrado com o seu próprio ego.
Sobre Cavaco, concordo em absoluto com a opinião de cmonteiro.
Cavaco Silva tem razão no seu historial de recusa na realização de debates.
A ideia de alguém o confrontar publicamente, de por o por em causa, de ser livremente questionado, de falar para além da lição estudada, aterrorriza-o.
Os seus apoiantes defendem-no na sua imagem de não-político, suprapartidário.
Mas não é possível conceber a política em Democracia sem o debate de ideias.
Mesmo que o debate seja o possível.
Constança Cunha e Sá e Miguel Sousa Tavares foram os claros vencedores na primeira ronda das televisões.
Judite de Sousa continuou igual a si própria.
Os jornalistas não são os donos da bola.
Nem os da RTP.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Muito bem
Rodrigo Moita de Deus.
Deviam fazer todos como eu e cumprir o horário de sair cedo ignorando eventuais críticas.
Isto se o desejarem, claro.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
«Lado a Lado»
Mário Soares diz que debate entre Cavaco e Alegre foi «chocho».
(Com registo aúdio, para não haver deturpações)
terça-feira, dezembro 06, 2005
Um Debate para Marcianos
Ontem, os telespectadores tiveram a oportunidade de assistir a um excelente debate.
Henrique Monteiro («Expresso»), José Manuel Fernandes («Público») e António José Teixeira («Diário de Notícias») proporcionaram, na SIC-Notícias, um debate de grande nível que, à partida, se poderia considerar muito complicado, atendendo ao tema a que estavam confinados: aquela estranha conversa que a SIC transmitiu em 'prime time' entre os dois candidatos apoiados pela direita, Cavaco Silva e Manuel Alegre.
Primeira conclusão: "Cavaco Silva e Manuel Alegre não estão a jogar um contra o outro".
Porquê? Ambos tentaram jogar à defesa, para defender as 'boas posições' que as sondagens neste momento lhes atribuem.
Diferenças?
Apenas pequenas discórdias.
Pergunta Adelino Faria: "Como é que eles mostram que são diferentes?"
Henrique Monteiro: "Esse é que é o problema. Se uma pessoa vem de Marte e assiste a este debate, qual é o da esquerda? Qual é o da direita? Qual é o do centro-esquerda? Qual é o do centro direita? Não podiam estar trocados? Qual é o que apoia o governo qual é aquele que vem do sector da oposição ao governo? Bom, seria uma grande confusão. "
Para Ricardo Jorge Pinto, "Cavaco Silva e Manuel Alegre não podiam ser mais diferentes, como políticos. Separa-os a ideologia, a forma de olhar para a realidade. Separa-os também a linguagem que usam. Mas quem os viu no primeiro dos dez debates com os candidatos às próximas eleições presidenciais (SIC, segunda-feira, dia 5) não perceberia os traços da diferença. Partilharam ideias, comungaram valores, repetiram conceitos."
Vasco Pulido Valente: «(...) Cavaco e Alegre concordaram muito e trocaram muita vénia e salamaleque. Não admira: tudo é bom, se for contra Soares. Odeiam o homem, lá isso odeiam. De resto, são estadistas. Desisti de contar as vezes que disseram "estratégia", "visão", "valores", "consenso", "pacto", "confiança". Um estadista tem de dizer estas coisas. Cavaco e Alegre não falharam um lugar-comum. Deviam tirar um livro daquela conversa: "Frases para candidatos sem nada na cabeça." Reparem. O dr. Cavaco oferece "cooperação estratégica" (soa bem "estratégica") em matérias "consensuais" (o "consenso" ajuda sempre) onde exactamente a cooperação é implícita ou desnecessária. (...) Mas não esqueçam o lírico em Alegre: ele propõe um "Laboratório da Língua Portuguesa". Só que também Cavaco, nunca desatento, jura que será, ele próprio, "O Incentivador da Língua Portuguesa". Praça da Canção, 1 - Economia, 1. (...)
Não houve debate. Entrevistas paralelas, com imenso respeitinho, e olhares delicodoces de lado, não merecem o nome de "debate".»
(citado no Super-Mário)
Um grande bocejo que, segundo a Eurosondagem (e como gostam ambos os candidatos de sondagens), cerca de 60% dos inquiridos não viram o debate ou não têm opinião formada sobre o assunto, ganhando Cavaco com 27,3% contra 15,7% de Alegre.
E lapsos de raciocínio preocupantes:
Cavaco Silva:
«não há desenvolvimento sem estas três partes: económica, social, ambiental e cultural»
Manuel Alegre:
«Porque é que a Espanha em 1905 cresceu mais que Portugal?»
Será da idade?
Para mim, foi simplesmente surreal...
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Descrédito «Público»
No dia 22 de Setembro escrevi aqui no Descrédito as razões pelas quais deixaria de comprar o jornal diário «Público», optando pelo «Diário de Notícias».
Referi-me nomeadamente a José Manuel Fernandes, Director do «Público»:
«José Manuel Fernandes nunca escondeu a sua orientação política.
Basta para isso ler qualquer um dos seus editoriais ou ouvi-lo como comentador na televisão.»
Foi por isso sem surpresa que li no Lobo Com Pele de Cordeiro o post «Já não me recordo se o José Manuel Fernandes estagiou a sua isenção no Diário da Manhã ou no Luta Popular».
Nele, Vicente Mendes Godinho transcreve o início das entrevistas do Público a Cavaco Silva e a Mário Soares. Da autoria de JMF.
É o Descrédito... «Público»...
«O Grau Zero da Política»
Eis os artigos de Vasco Pulido Valente e Mário Mesquita acerca da entrevista de Cavaco.
(Disponibilizados no Super-Mário)
Já agora...
Gostava de saber por que razão Vital Moreira considera que Filipe I foi um dos grandes reis de Portugal.
Sem esquecer, em qualquer caso, que de 1580 a 1640 nunca perdemos a independência, porque o que existia era uma união pessoal e não uma união real...
Grupo Parlamentar
Não, Paulo, nada disso.
A verdade é que Alberto Martins está definitivamente a prazo, e que Vitalino Canas se está a posicionar para a liderança da bancada...
Azar
Bagão Félix tem muito azar.
De facto, eu por exemplo estou-me perfeitamente borrifando para se essas coisas acontecem ou não na Igreja Católica. Não sou crente, não tenho nada a ver com isso. Não me faz diferença nenhuma.
E mal fazem os não crentes que se metem a opinar que as coisas deveriam ser assim e assado. Pois isso é partir do princípio que seriam crentes se as coisas tal fossem e que por natureza essa religião é a verdadeira.
Cavaco e a CEE
A propósito de um comentário meu algures sobre a posição de Cavaco Silva aquando da adesão de Portugal à CEE, eis alguns links sobre o Assunto:
«A Longa Resignação de Cavaco Silva», de Medeiros Ferreira no DN
Excerto da entrevista de Mário Soares a Maria João Avilez, no Super-Mário
«Rodagem Até Belém», de Jamila Madeira, citada no Cavaco Fora de Belém
«Coelho Acusa Cavaco de ser Anti-CEE», no DN
É verdade que todos estes links dizem respeito a 'fontes próximas' da Candidatura de Mário Soares. Mas são as que estão na net sobre o assunto.
E confesso não ter a famosa Auto-Biografia do Professor para verificar a sua versão.
(Será que Cavaco, na eventualidade de ser eleito, estará a pensar incluir a sua Auto-Biografia como um anexo à Constituição, por forma a melhor fundamentar decisões? Para já, é obra indispensável para decifrar entrevistas...)
sábado, dezembro 03, 2005
O Pulo da Loba
Devido ao Porto-Sporting, ontem não assisti à entrevista de Cavaco Silva na RTP1.
Esta entrevista previa-se particularmente interessante por várias razões:
- são raras as vezes em que o professor se tem exposto a perguntas;
- sempre que o professor é 'obrigado' a falar, as 'gaffes' surgem naturalmente;
- também o comportamento de Judite de Sousa estava à prova, tendo em conta as entrevistas anteriores, e a sua própria preferência política;
- e seria uma das raras oportunidades de tentar perceber o pensamento político do professor.
Assim sendo, tratei de gravar a entrevista no já antigo VHS, para a poder ver hoje com calma, e com a possibilidade de acesso às repetições das 'jogadas' mais interessantes que o directo não permite (do género "será que o gajo disse mesmo isto, ou fui eu que percebi mal").
Foi assim que percebi correctamente a 'gaffe' da entrevista:
«(...)eu recebi ontem o apoio expresso de 743 dirigentes socialistas(...)».
Se fosse com o Soares, era da idade...
Também já tinha sido espicaçado pelo que havia lido em alguns blogs.
Por exemplo, não concordo com João Pinto e Castro do Super-Mário quando este diz que «Poucas vezes se viu um político mentir tantas vezes em apenas meia hora».
Cavaco não precisou de mentir muitas vezes.
E, para além disso, nem é um político profissional...
Mas já concordo com a análise de João Pinto e Castro quando afirma «Isto dava um sketch do Gato Fedorento», que vai também um pouco na linha da opinião de cmonteiro no Tonibler.
Pela minha contagem, Cavaco Silva responde remetendo para a sua Auto-Biografia 5 vezes, para ' estudos/relatórios conhedidos' 4 vezes, e para «os portugueses conhecem-me bem» apenas 2 vezes.
Caracterizaria a entrevista de Cavaco Silva no estilo do 'ainda bem que me faz essa pergunta'.
Judite de Sousa não poderia aparecer menos acutilante do que nas anteriores entrevistas, pelo que as perguntas mais embaraçosas foram... convenientemente embaraçosas, e nunca muito insistentes (apenas em uma ou outra ocasião não deixou Cavaco 'fugir': uma em relação à sua participação em acções de campanha do PSD, o que permitiu a Cavaco revelar que apenas tem mantido uma intervenção cívica nos últimos anos sobre os problemas do País, e relacionada com esta, o seu relacinamento com Fernando Nogueira - aqui sim, até para o espanto da Judite, mentiu com os dentes todos, tipo 'estive no Alentejo profundo, no Pulo do Lobo, e nem sequer ouvi falar nesse senhor Nogueira').
Se não quisesse acreditar no profissionalismo de Judite de Sousa, até diria que o alinhamento das questões tinha sido previamente fornecido ao staff do professor (até pode ter ficado lá por casa, em cima da mesa, e 'alguém' o ter devidamente encaminhado).
Apesar de tudo isto, a entrevista confirmou aquilo que os cavaquistas temem: este não é o terreno de Cavaco.
O estilo de Cavaco é, definitivamente, o do 'tabu'.
A arte da gestão dos silêncios.
Do sebastianismo, retira o melhor do nevoeiro.
Do messianismo, rodeia-se de Profetas e escolhe a arte das Aparições.
Ao contrário do que aconteceu nas entrevistas anteriores, cada interrupção de Judite de Sousa era um enorme alívio para Cavaco. Não houve cortes na sua linha de raciocínio, uma vez que grande parte do seu raciocínio está, pelos vistos, na sua Auto-Biografia.
A grande vitória de Cavaco Silva nesta entrevista foi ter conseguido por em prática a estratégia de George W. Bush nas Presidenciais americanas para os debates televisivos:
As expectativas são tão baixas que dificilmente os perderá...
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Manuel de Brito
A propósito do recente falecimento de Manuel de Brito, uma das figuras maiores ligadas à nossa arte, nomeadamente através da Galeria 111, eis a entrevista que concedeu ao 'Pessoal e Intrasmissível' da TSF no passado dia 1 de Julho * * *.
Coerência Presidencial
Para curiosos, eis a entrevista que Mário Soares deu ao Grande Júri da TSF em 10 de Maio de 2003 (era então 1ºMinistro Durão Barroso e líder do PS Ferro Rodrigues).
quinta-feira, dezembro 01, 2005
A Lata do 'Fulano'
Este Blog tem um nome bem esclarecedor:
Descrédito - por uma política com crédito.
Não seria possível pois de assinalar a ida do agora candidato presidencial Cavaco Silva a Setúbal, lembrar o que fez por aquele Distrito quando era 1ºMinistro!!!!
Logo em Setúbal, cujo tempo de Cavaco é de má memória, pela elevadíssima taxa de desemprego.
Ainda recentemente, Cavaco Silva manifestou a sua preocupação pela privatização de empresas portuguesas que coloquem sectores-chave em fontes decisórias alheias ao interesse do País.
Cavaco Silva que, enquanto 1ºMinistro privatizou tudo o que podia, a patacos!!!!
Para além do descrédito, é mesmo preciso ter lata!!
Continua a Palhaçada
Continua a palhaçada.
Para Manuel Alegre, é perfeitamente normal faltar às duas votações do Orçamento de Estado, pela razão de ser candidato presidencial.
Para Manuel Alegre e para Luís Delgado.
Mas alguém ousou criticar o poeta!
Não foi Alberto Martins, que (supostamente) dirige a bancada parlamentar do PS, e da qual Manuel Alegre é Vice-Presidente.
Foram meros Deputados do PS do Porto.
O que disseram estes iconoclastas?
Que perante o artº159 da Constituição da República Portuguesa, Manuel Alegre deveria suspender o seu mandato de Deputado, uma vez que considera incompatível o seu Estatuto de candidato presidencial com a participação em algumas votações na AR (aliás, conforme ele próprio explicou em carta dirigida ao Presidente da AR).
Claro que, para delícia da direita cavaquista, Manuel Alegre já veio fazer o seu número de perseguido político.
Manuel Alegre é candidato independente, mas é do PS quando lhe dá jeito.
É contra o aparelho partidário, mas utiliza-o quando este está do seu lado.
É pela renovação, mas mantêm todos os seus cargos políticos no PS e na Assembleia da República dos últimos 30 anos.
Judite de Sousa até foi recuperar uma declaração sua, de 2003, onde Manuel Alegre considerava Mário Soares um excelente candidato a um novo mandato como Presidente da República!!!!
Na busca de votos nesta sua demanda pessoal, que tem tido o apoio táctico de tantos, Manuel Alegre vai cavando um fosso com o PS e com muitos socialistas.
Mas claro que, quando a situação chegar a um ponto de ruptura, cada vez mais inevitável, Manuel Alegre continuará a ocupar todos os lugares a que já se acomudou, e exigirá que todos os outros saiam do PS.