quinta-feira, setembro 22, 2005

Os Iluminados

O jornal «Público» apresenta hoje como grande título de 1ª página «Fátima Felgueiras terá mantido contactos com a cúpula do PS».

Contudo, nas páginas seguintes, esta questão não é desenvolvida.

É preciso chegar ao editorial assinado por José Manuel Fernandes para poder ler um ataque cerrado a Fátima Felgueiras, com acusações mais ou menos explícitas da existência de cumplicidade do Governo/PS, através da manipulação da Polícia Judiciária, do SEF, do Tribunal de Felgueiras, etc.

Há um estilo de jornalismo na moda que confunde factos com opinião.
A figura mais visível é, incontestavelmente Manuela Moura Guedes, mas existem muitos mais.
Estes jornalistas, supostamente iluminados pela Verdade, escolhem e utilizam factos de para fortalecer as suas opiniões pessoais, esquecendo-se que para esse efeito existem todos os colunistas permanentes (como é o caso de Pacheco Pereira, que escreve hoje um artigo que nem me dei ao trabalho de ler, uma vez que o título era apenas «Vamos escolher o "fixe" ou o "confiável"?» - mas esta é a prerrogativa do leitor!).

José Manuel Fernandes nunca escondeu a sua orientação política.
Basta para isso ler qualquer um dos seus editoriais ou ouvi-lo como comentador na televisão.

O que é grave neste caso é que o título de 1ª página do «Público» não resulta da notícia e dos factos narrados pelo jornal acerca do atribulado regresso de Fátima Felgueiras a Portugal, mas sim da opinião e indignação do seu Director acerca do assunto («A gozar com o pagode»).

Apesar de José Manuel Fernandes, o «Público» tem tido uma linha editorial equilibrada, para a qual vinha contribuindo o seu Director-Adjunto, Eduardo Dâmaso.

Com a saída deste para o «Diário de Notícias», parece que esse equilíbrio estará irremediavelmente perdido.

Da minha parte, apesar de Eduardo Prado Coelho, Vasco Pulido Valente, entre outros (JPH por exemplo), a partir de amanhã passarei a comprar o «Diário de Notícias».

6 Comentários:

Às 22 setembro, 2005 23:32 , Blogger Tonibler disse...

Acho uma estupidez a 'opinião comum' de que o caso da Fátima Felgueiras possa representar uma vergonha para o sistema de justiça. Melhor, é uma vergonha, mas não pelas razões que todos apontam.
Aquilo que Fátima Felgueiras demonstrou foi que tinha razão ao fugir. Mas essa demonstração era válida quer ela ficasse em liberdade ou não. O facto é que se tivesse sido presa preventivamente, nada daí resultaria que não fosse a privação das seus direitos, porque desde essa altura, tudo está na mesma. E é por isto que o sistema de justiça português é uma vergonha, porque a Fátima teve razão ao fugir!

Quanto às acusações do Público, recordo que a Fátima é acusada de financiamento ilegal de partido mas o partido não está acusado de ser financiado ilegalmente (coisas portuguesas). Se o partido anda à solta, é perfeitamente possível que tudo tenha feito para que ela não ponha a boca no trombone. Porque quem devia ter sido preso preventivamente para não obstruir o caso era, de facto, quem tinha poder para isso - o partido.

 
Às 23 setembro, 2005 02:29 , Anonymous Anónimo disse...

Em reunião de órgão de cúpula do PS, antes de o próprio ser indiciado por crimes de natureza diversa, Paulo P, reclamou que se retirasse a confiança política a Fátima F. Com isto atropelou o princípio da presunção de inocencia de arguido e outras regras do Estado de Direito.

Em momento posterior, quando Paulo P, na mesma condição processual de Fátima F, foi indiciado de crimes de outra natureza, voltou a valer o principio da presunção de inocencia do arguido, reirando-se cegamente a confiança politica no dito Paulo P...

A Fátima F, quando voltou era esperada pelo povo que a elegeu.

Paulo P, quando voltou era esperado pelos deputados do seu partido, numa atitude internamente criticada.

Meu Partido, como diria Amália, que estranha forma de vida...

Estranha coerencia

 
Às 23 setembro, 2005 09:08 , Blogger Pedro Sá disse...

DN esse que felizmente deixa de ser um autêntico Povo Livre...

 
Às 23 setembro, 2005 09:30 , Anonymous Anónimo disse...

Provavelmemte era melhor o Público do tempo do Vicente, em que as notícias tinham sempre uma espécie de moral de bem pensar de esquerda políticamnete correcto...

 
Às 24 setembro, 2005 23:01 , Anonymous Anónimo disse...

Este quer um País de denuncias fabricadas e que o cidadão estivesse preso 3 anos á espera de julgamento.

Era bom que lhe tocasse a ele

 
Às 27 setembro, 2005 17:38 , Blogger Mario Garcia disse...

Caro Reis Soares,

A questão da 'fuga aparente' é uma questão técnica jurídica (não terá havido 'fuga' pois a Sra. nunca foi intimimada).

Aliás, a única fuga que houve foi de informação, do Tribunal...

 

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