Revisitando o 11 de Março
Com o desaparecimento de Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal, houve quem viesse lembrar as nacionalizações do 11 de Março de 1975, classificando-as como '15 anos de atraso para a economia portuguesa' (considerando, certamente, como referência, o início do processo de privatizações levado a cabo por Cavaco Silva - «o Desejado» aka «o Pai do Monstro»).
A propósito deste polémico tema, gostaria de levantar as seguintes questões:
1 - Quanto custou ao Estado português a prosperidade das empresas então nacionalizadas, através das diversas formas de proteccionismo, interno e externo, que o Estado Novo concedeu aos 'empreendedores do regime'?
2 - Em que condições de gestão estavam estas empresas em 1975, antes de o Estado tomar a sua gestão?
Onde estavam os tais 'empreendedores do regime', e o seu capital?
(Lembremo-nos, por exemplo, de Champalimaud, que teve de 'recomeçar do zero' no Brasil, com os milhões que levou com ele, claro.)
3 - Atendendo a que todas as empresas até agora privatizadas eram lucrativas, quanto custou ao Estado o processo de privatizações/devoluções iniciado por Cavaco Silva?
4 - A manutenção de boa parte do sector empresarial do Estado já privatizado, não nos permitiria hoje:
a) Ter outras formas de intervenção na economia, de uma forma contra-cíclica, na actual ausência de políticas cambiais, monetárias e orçamentais eficazes?
b) Ter um Défice do Orçamento de Estado e uma Dívida Pública menores?
5 - Por que razão se continuou o processo de privatização de empresas públicas fornecedoras de serviços, quando as inspiradors experiências estrangeiras já mostrava que a redução de custos implicava inevitavelmente piorar o serviço prestado aos consumidores?
6 - Finalmente, por que razão se insiste em privatizar o fornecimento de serviços e bens 'públicos' (que é lucrativo), deixando nas mãos do Estado as respectivas infraestruturas (de custos insuportáveis para o sector privado)?
5 Comentários:
Presumo que a tua crítica às privatizações não signifique uma crítica à abertura ao sector privado e à concorrência...
Claro que não, até porque sector privado não significa concorrência.
Basta ver os bancos e as petrolíferas, por exemplo, que, no essencial, agem em cartel.
Se eu até em sectores considerados estratégicos tenho dúvidas que o papel do Estado deva ser o de possuir meios de produção...
Acho que o PP abriu uma campanha de adesão de quadros superiores...
O papel do Estado é regular e ordenar, não possuir meios de produção.
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