domingo, junho 19, 2005

O Mito da Multiplicação dos Pães




Vasco Pulido Valente sublinha hoje que «Cavaco foi evidentemente "o pai do monstro"», muito embora «não tivesse aumentado muito o número de funcionários (de 634.000 para 638.000)». E, acrescenta, Guterres, «quando fugiu do "pântano", deixou 780.000 funcionários».

Não sei qual será a fonte de VPV na contagem de funcionários públicos e, em termos de estatística formal, até deverá estar correcta.

Mas não corresponde à realidade.

Em 1995, no início do Governo de António Guterres, o Estado descobriu que não sabia quantos funcionários tinha. Ao proceder ao inventário, constatou a existência de perto de dezenas de milhares de funcionários com vínculos diversos com o Estado (contratos a termo certo, sub-contratação a empresas de trabalho temporário, etc.).

Perante este cenário insustentável, o Governo Guterres agiu de acordo com a Lei Geral do Trabalho, aplicável a qualquer empresa: integrou na função pública, pela base da carreira, todos os funcionários com, pelo menos, 3 anos de vínculo estável com o Estado (subordinação hierárquica e cumprimento de horário de trabalho).

Eram cerca de 70.000!

Ou seja, durante a 'década' de cavaquismo, o Estado contratou 70.000 funcionários em vínculo precário, escondendo-os das estatísticas oficiais. Posteriormente o PSD já teve, por diversas vezes, a desfaçatez de acusar o Governo de Guterres de ter dado emprego 70.000 'boys'...

Mas são hábitos que dificilmente se perdem.

Seria curioso saber quantos funcionários existem hoje, após mais um Governo de direita, com contratos e vínculos precários com o Estado.


1 Comentários:

Às 15 março, 2006 09:43 , Anonymous Anónimo disse...

O seu texto é mesmo muito interessante, mas para lhe trazer 'respeitabilidade' convinha que indicasse as fontes que utiliza, já que faz o reparo a VPV. Este pedido que lhe faço é sem ironia, e gostaria de saber as informações em que se firma.

 

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