DESCREDITO !
Por uma Política com crédito ! Fundadores: Pedro Sá e Mário Garcia Contactos: Pedro Sá sapedro@yahoo.com Marcelo Moniz mm.scmb@mail.telepac.pt Eurico Dias monsenhor@netcabo.pt Ary F. Cunha aryfcunha@gmail.com
domingo, fevereiro 26, 2006
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Desacordo
António:
O que o Governo está a fazer é estabelecer uma rede de cuidados continuados de saúde, que muita falta faz.
Não se pode exigir às pessoas que deixem de ter a sua vida, nomeadamente os seus empregos, por causa de familiares doentes, pois não ?
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Vox populi
TODA a gente chama ao filme Brokeback Mountain Os Cowboys Maricas.
Agora esta ideia é genial ahahahah ! Duvido é que o meu amigo Edgar Valles vá gostar da ideia...
No entanto...
Rodrigo Moita de Deus:
Extrema-direita e fascismo não são sinónimos. Por exemplo, tendo em conta que doutrinariamente salazarismo não é fascismo, é permitida a existência de partidos salazaristas, tais como o PNR.
Para além disso, André Azevedo Alves, liberdade de expressão e liberdade de associação são coisas distintas.
Eu É Que Sou o Presidente da Junta...
A reforma do Poder Local vai ser um dos grandes temas dos próximos tempos.
E, tal como foi demonstrado pelo primeiro capítulo da saga da criação das regiões, vai ser um tema que vai dar pano para mangas.
No seguimento de algumas questões que aqui coloquei, o David Santos escreve no Martinho:
«A melhor forma de mudar realmente a estrutura do poder local é alterar as competências e consequentemente os recursos (humanos e financeiros). A aversão à mudança será maior se esta implicar a mudança dos nomes pelos quais hoje designamos os orgãos.»(1)
Se bem percebi, o David defende que a reforma do Poder Local passa pelo aprofundamento do papel das Juntas de Freguesia, pela sua proximidade junto da população. Uma espécie de princípio da subsidariedade à portuguesa.
Este papel acrescido das Freguesias não implicaria um aumento de custos de pessoal pelo voluntarismo cívico e pela maior participação popular nas Assembleias de Freguesia:
«Assim teremos mais autarcas, e consequentemente um "exército" maior, os quais nos custarão menos recursos pois a sua quase totalidade seria assente no voluntariado.»
Tenho alguns problemas com a tese defendida pelo David.
Em primeiro lugar, enquanto cidadão, não me sinto assim tão próximo da minha Junta de Freguesia. Aliás, se bem me lembro, fui lá, até hoje, duas vezes: para o recenseamento militar e para o recenseamento eleitoral.
Depois, sou extremamente céptico em relação ao voluntarismo cívico. A não ser quando o voluntarismo seja 'sugerido' em Tribunal como substituição para algumas penas menores.
Assusta-me igualmente aquele tipo de gestão de recursos nacionais e comunitários que leva à proliferação redundante de equipamentos gimno-desportivos e piscinas (baptizados, inevitavelmente, com o nome do autarca respectivo).
Por outro lado, a imagem de algum 'voluntarismo' no Poder Local está hoje inevitavelmente associado aos atentados no ordenamento do território e a tudo o que de mal se acusa a Administração Pública (sobrinhos inclusivé).
Basta ver que os autarcas mais conhecidos poderão, muito em breve, figurar num cartaz tipo 'Ten Most Wanted' (dead or alive). Já se sabe que nestas coisas, pagam os justos pelos pecadores...
Portugal transformou-se imensamente nos últimos 30 anos.
Deu um pulo brutal ao nível das infraestruturas (estradas, rede eléctrica, água canalizada, etc.).
Continua a transfigurar-se demograficamente, envelhecendo, esvaziando o interior, aglutinando as principais áreas urbanas (chegando a prever-se que, num espaço de uma década, metada da nossa população resida na Área Metropolitana de Lisboa - e já não falta assim tanto).
A actual mapa administritivo, com origens no Sec. XIX, pouco tem a ver com as necessidades do Sec. XXI.
Por tudo isto, ainda menos aceitável se torna a «aversão à mudança» e o conservadorismo face a um modelo que hoje resulta pontualmente, mas é ineficiente na maioria dos casos.
O que eu quero da Administração Local é necessariamente diferente do que quer um habitante de Vila Boim. Ou de Sobral de Monte Agraço (que, por esta altura, já deve ter vários jardins infantis). E muito menos dos de Canas de Senhorim, que nos têm mostrado um Portugal profundo aterrador, quase medieval.
Qual, então, o modelo para a Reforma do Poder Local?
Se voltarmos à filosofia do princípio da subsidariedade, chegaremos rapidamente ao seguinte panorama:
- Há muitas Freguesias e Concelhos a extinguir mas, por outro lado, existem algumas a criar.
- A criação de Regiões Administrativas é inevitável, e decorre naturalmente do ponto anterior.
Mas quem irá convencer o Presidente da Junta de tudo isto?
Aceitam-se voluntários.
(1) Parece-me haver um 'mas' implícito entre estas duas frases.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
A insustentável demagogia de Joana Amaral Dias
Hoje, JAD faz 24 críticas ao Governo, as quais passo a comentar:
1. Aumento dos impostos forçado pelo défice ser de 6,83% do PIB, e não à volta dos 5% como se pensaria.
2. Qualquer Governo nomeia, nos termos da lei. E era o que mais faltava alguém não poder ser nomeado só por ser militante de um Partido ou já ter sido Ministro.
3. Cortes e mais cortes que só pecam por escassos. Fosse eu Ministro das Finanças e todos os Governos até agora ficariam com fama de perdulários.
4. Como se o Governo tivesse que se pronunciar sobre o assunto. E honestamente ninguém está preocupado se houve arrastão ou não, vai dar um bocado ao mesmo.
5. Resta saber porquê que é péssima e o que é que seria boa. Mandar postas de pescada é facílimo.
6. Esse é um assunto do PS e não do Governo. Em qualquer caso, o Tribunal Constitucional, numa má interpretação, é que impediu o referendo ainda em 2005. Só que, claro, as promessas eleitorais de mudança da lei por via referendária, essas para o Bloco já não servem.
7. A legislatura tem 4 anos, e o PS não faz as coisas em cima do joelho. Nem estabelecerá ridículos e demagógicos impostos sobre grandes fortunas.
8. Isso nunca foi prometido. A parte a rever tem sido trabalhada pelo discreto e eficiente Ministro Vieira da Silva.
9. Por mim havia mas era uns 200.000 despedimentos. E não vale a pena inventarem inconstitucionalidades onde não existem. Quanto à negociação, sempre fui contra: era o que mais faltava um Governo eleito pelo povo ter que andar a negociar com quem está longe de representar sequer metade dos trabalhadores.
10. Como se isso fosse da responsabilidade do emprego. Andassem a defender o empreendedorismo e a iniciativa privada e melhor fariam.
11. Tendo em conta a existência de projectos estruturantes, não estou a ver como podia ser em contrário. Mais: o PS não tem qualquer preconceito contra as obras públicas.
12. Obscurantismo é daquelas palavras tão fáceis de usar. E para as quais nunca há fundamento.
13. Como se ele aparecesse qual choque eléctrico.
14. Claro, sem dizer para quê nem para onde. Em rigor, 0,5% até é demais. Já é mais que tempo de todos os subsídios à produção cultural serem abolidos, por razões que já aqui expliquei várias vezes.
15. Trapalhada seria uma política à Bloco. Até deviam ter sido muito mais radicais.
16. Mais um soundbyte sem conteúdo. Ainda estou para saber onde quer chegar.
17. Falsidade pura.
18. Milagre, vejo alguém do BE a defender exames....em rigor, a disciplina de Filosofia deveria ser abolida que não serve para rigorosamente nada. Ou, no mínimo, ser o seu programa totalmente alterado para ensinar uma história das ideias, e não masturbações sem qualquer interesse tais como a discussão do que é belo.
19. Mais uma vez, a total irresponsabilidade de quem está disposto a colocar em causa a saúde pública.
20. É detestável esta paranóia com o mediatismo que a esquerda (?!) caviar tem. O trabalho está a ser feito discretamente. E existe um claro planeamento. E sem concessões aos extremismos. Por outro lado, se a co-incineração provou ser a melhor opção, é evidente que se vai por esse caminho.
21. Lei da Nacionalidade melhor e mais que suficiente. O caminho defendido pelo BE abria as portas ao turismo de natalidade que depois garantiria logo a nacionalidade: ou seja, seria a absoluta irresponsabilidade.
22. Vá aprender alguma coisa sobre regulação da Saúde. A sua ignorância é atroz e só ajuda as posições da direita liberal.
23. Balbúrdia em relação à qual só há um culpado: Jorge Sampaio que, não demitindo Souto de Moura, permite a continuação do abominável estado de coisas no Ministério Público.
24. Ainda assim, que moral tem JAD para falar ?
Este post é tão mau, tão mau, que só tem uma explicação: aparecer como a maior crítica do Governo para calar as vozes que no BE não lhe perdoam o apoio a Mário Soares.
Televisão
Adolfo:
1. A liberdade de programação dos canais privados hertzianos tem apenas dois limites: os decorrentes da lei e os que têm em conta que o espectro radioeléctrico é um bem escasso e pertencente ao domínio público.
2. Não me choca que a RTP transmita os directos da irmã Lúcia, até porque a projecção de Fátima vai muito mais além que a da própria Igreja. Escandaloso foi a RTP transmitir o casamento entre o Engº Duarte de Bragança e a sua noiva. Isso sim.
O novo argumento
Aqui se pode ler o mais recente argumento contra o Estado: o de que é composto por seres humanos como nós, por natureza não imparciais.
A imaginação dos liberais é de facto enorme. Tentar usar psicologismos para negar o Estado é, pelos vistos, a onda mais recente. Esquecem-se que qualquer funcionário, público ou privado, toma as decisões de acordo com o melhor interesse do seu empregador. Nem mais, nem menos.
Oeiras
A ver se a Grande Loja do Queijo Limiano está mais atenta:
COMUNICADO
PS ASSUME QUE RENUNCIARÁ A TODOS OS CARGOS AUTÁRQUICOS SE ISALTINO MORAIS FOR CONSIDERADO CULPADO PELOS TRIBUNAIS
1. A Comissão Politica Concelhia do Partido Socialista de Oeiras manifesta-se surpreendida pela Moção, apresentada hoje, pelos Grupos do PSD e da CDU na Assembleia Municipal de Oeiras e que pede a suspensão do mandato do actual Presidente Câmara Municipal de Oeiras, pois surge mais de mês e meio depois do anúncio do Ministério Público relativa à acusação do actual Presidente, sobre a qual o PS de imediato se pronunciou;
2. Surpresa ainda maior quando antes e durante a campanha eleitoral não acompanharam o Presidente desta Concelhia, e candidato pelo PS, na exigência de clarificação quer por parte da Justiça, quer por parte do actual Presidente da CMO, da situação então atribuída a este.
3. Surpresa reiterada quando é tornado público pela actual Presidência da Câmara alegadas irregularidades no anterior mandato, para além de cumplicidades entre a gestão da Câmara de maioria PSD e a gestão de uma empresa municipal presidida pelo ex-vereador CDU.
Atentos ao antes, o durante e o depois, e reiterado como já dissemos que esta Câmara foi fiscalizada pela Assembleia Municipal de maioria absoluta PSD, presidida pelo Dr. Marques Mendes nos últimos 8 anos, e que a candidatura do Dr. Isaltino de Morais é uma candidatura independente e de suporte unicamente pessoal, o Partido Socialista define como suas prioridades o seguinte:
1. Solicitar o cabal esclarecimento pelos tribunais da matéria de acusação relativa ao actual Presidente da CMO;
2. Reitera o pedido de Auditoria à CMO e Empresas Municipais nos últimos doze anos, que fizemos antes e durante a campanha eleitoral;
3. Exigir que em caso de culpas transitadas em julgado ao Dr. Isaltino Morais, se realizem eleições autárquicas antecipadas, e não apenas a suspensão deste.
4. Para a cabal realização do ponto 3, o PS assume antecipadamente que renunciará a todos os cargos políticos para os quais foi eleito, no sentido de caírem os executivos e se realizarem novas eleições.
Liberdade de expressão
Posso não concordar com os disparates de David Irving. Mas, como aqui escreve Vasco Pulido Valente, negar o Holocausto dar pena de prisão é algo de inaceitável e que nega os fundamentos mais básicos da liberdade de expressão.
Ainda que não concorde com a despenalização do incitamento ao ódio, cada um pode dizer o que entender, dentro desse limite, sobre qualquer assunto.
Este Som de o Mar Praiar
Que costa é que as ondas cantam
E se não pode encontrar
Por mais naus que haja no mar?
O que é que as ondas encontram
E nunca se vê surgindo?
Este som de o mar praiar
Onde é que está existindo?
(O Martinho d'Arcada já tem som)
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Paróquias
A propósito da eventual reforma do quadro legislativo dos municípios, o David Santos pergunta no Martinho se «Não seria preferível redefinir todas as competências do municipalismo atribuindo menos competências/recursos às actuais freguesias de menor dimensão (com funcionamento próximo de concelhos locais - embora mantendo o nome de freguesia) e fazendo o mesmo aos munícipios actuais criando finalmente organismos regionais (mais polarizados que as actuais regiões quadro) que pudessem intervir nos temas para os quais os actuais concelhos não têm dimensão nem recursos?»
A questão é pertinente mas, como defender a criação de Regiões mantendo as 4259 Freguesias e os 300 e tal Concelhos?
Quantos autarcas locais existem actualmente?
Quantos são verdadeiramente necessários?
Não deverá o Poder Local mostrar abertura a uma reforma que, primeiro, redimensione o mapa administrativo na base para, depois, reorganizar competências no topo?
Começar pela Regionalização, tout court, mesmo havendo consenso em relação ao 'mapa', não será começar pelo telhado? Não condenará todo o processo junto da opinião pública logo à partida?
(Se Canas de Senhorim quer ser Concelho, o que dizer das várias Freguesias de Lisboa com mais de 50.000 habitantes? Deverão, porventura, querer passar a Distrito?)
domingo, fevereiro 19, 2006
sábado, fevereiro 18, 2006
A Chama Ainda Não é Finda
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia -,
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
(O Martinho d'Arcada tem uma nova imagem.)
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
Freaks
Ok. O livro é um best-seller nos Estados Unidos, pelo que não é de admirar a forma como já está a vender cá em Portugal.
Apesar disso, «Freakonomics» é um livro extremamente interessante de ler, principalmente para aqueles que não costumam ligar muito às questões de Economia (os gestores, por exemplo).
Quando Gary Becker ganhou o Nobel da Economia, estava aberto o mainstream para uma abordagem mais sociológica na economia. Mas o recurso a complexos modelos econométricos acaba por tornar assépticas quaisquer conclusões sobre, por exemplo, «Evolutionary Efficiency and Mean Reversion in Happines» («We model happiness as a measurement tool used to rank alternative actions. The quality of the measurement is enhanced by a happiness function that adapts to the available opportunities, a property favored by evolution. The optimal function is based on a time-varying reference point -or performance benchmark- that is updated in a statistically optimal way»...).
O trabalho de Steven Levitt, passado agora a livro com a parceria de Stephen Dubner, é mais pragmático. É o de um professor universitário que desce à terra e olha para os mais diversos fenómenos com a visão de um economista, procurando as explicações atrás explicações (eliminando as correlações espúrias...).
«"I just don't know very much about the field of economics," he told Dubner at one point, swiping the hair from his eyes. "I'm not good at math, I don't know a lot of econometrics, and I also don't know how to do theory. If you ask me about whether the stock market's going to go up or down, if you ask me whether the economy's going to grow or shrink, if you ask me whether deflation's good or bad, if you ask me about taxes-I mean, it would be total fakery if I said I knew anything about any of those things."»
Por exemplo, gostava de ver os economistas da nossa praça (muito em particular o João César das Neves) a comentar a principal explicação que Steven Levitt utiliza para explicar a diminuição da taxa de criminalidade durante a década de 90 nos Estados Unidos: nada mais que a legalização do aborto na década de 70!
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
A Contra-OPA do BES
QUANDO, no início de Janeiro, Paulo Azevedo propôs ao pai e aos outros três vice-presidentes da Sonae a compra da Portugal Telecom, até Belmiro de Azevedo, que gosta de desafios, teve um momento de hesitação: «Eh, pá! Isso é muita massa!».
Em contra-OPA, o BES lançou a campanha:
Se não tens pais ricos, vai ao BES.
Ideologicamente desfasado
José Medeiros Ferreira.
Então agora todo e qualquer investimento do sector privado tem que ter como objectivo criar emprego ?
É que isso não faz qualquer sentido !
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Eu que não sou cristão
Concordo em absoluto com estas palavras vindas do Brasil.
Por muito que certos valores essenciais do cristianismo sejam totalmente repugnantes, como por exemplo a valorização do sacrifício, facto é que ele tem razão. E negá-lo é ser cego.
Uma notícia fantástica
O meu caríssimo amigo Avelino Oliveira é candidato a Presidente da Comissão Política Concelhia do Porto do PS.
Obviamente, espero que os militantes lhe dêem uma justa e merecida vitória. Qualidade não lhe falta !
Não é surpresa
Medeiros Ferreira:
Não me surpreende. Sempre que a direita está no poder inventa números para justificar que a segurança social está falida e que é necessário privatizar o sistema.
Idem aspas
Para o aqui comentado por Constança Cunha e Sá, sem prejuízo do apuramento de eventuais ilegalidades.
Mas isto é MESMO o DESCRÉDITO !
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Never Say
Quanto mais ouço falar Freitas do Amaral, mais concordo com Vasco Pulido Valente.
Contudo, não deixa se estranho esta verborreia recente do Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Freitas do Amaral tem experiência diplomática suficiente para saber que a sua posição recomenda prudência, parcimónia e pouca licenciosidade nas intervenções públicas.
Qual a razão deste seu súbito comportamento?
Começemos por questionar qual a razão da presença de Freitas do Amaral no Governo de Sócrates (que tem o apoio parlamentar do PS). Terá sido para deixar 'cheios de inveja' os agora inquilinos do Largo do Caldas? Certamente que não.
Coloquemos a outra hipótese mais lógica: a participação de Freitas do Amaral neste Governo poderia abrir as portas de uma sua candidatura presidencial ao centro, com base no 'eleitorado Sócrates'. O tal 'never say never'.
Mas, como se sabe, a história foi bem diferente.
Logo, a questão lógica passa a ser: o que ainda faz Freitas do Amaral no Governo de Sócrates ?
Seguindo outros exemplos, nada como começar a falar por aí para garantir uma saída airosa.
Eis mais uma virtude da liberdade de expressão.
«As Sondagens de Opinião»
Luís Queirós, Director-Geral da Marktest, escreve hoje no DN um artigo de opinião dedicado a «revisitar desapaixonadamente o tema» de «As Sondagens de Opinião».
«Em particular, as sondagens realizadas diariamente ao longo da campanha pela Marktest para o DN e a TSF», que « foram um facto novo e tiveram um eco que ultrapassou em muito os meios que as divulgaram.»
«O que aprendemos nesta última campanha?», questiona Luís Queirós.
«Sabe-se mais e discute-se mais sobre sondagens; esse fenómeno novo que são os blogues permite fazer circular rapidamente a informação, produz feed-back sobre os resultados publicados e condiciona, em tempo real, os próprios produtores da informação e os jornalistas. As sondagens diárias da Marktest para o DN e a TSF, logo baptizadas de Tracking Polls, à moda americana, criticadas ou aplaudidas, ampliaram grandemente o interesse pelo tema. Elas vieram mostrar de uma forma dinâmica as movimentações do eleitorado, revelaram tendências e permitiram detectar fenómenos que doutro modo apenas seriam suspeitados.»
Luís Queirós parece rejeitar aqui a denominação de Tracking-Polls às «sondagens diárias» (cujas amostras, na primeira semana, eram de 150 entrevistas (0,0015-20% do universo?).
«Até que ponto as sondagens, sobretudos estas diárias, lidas de forma dinâmica, influenciaram o eleitorado? Até que ponto os fenómenos expressos nestas sondagens, a queda progressiva de Cavaco e a ultrapassagem de Soares por Alegre, eles próprios, terão tido um efeito reflexivo sobre os eleitores?
Esta deveria ser a verdadeira questão a debater, mais que contabilizar diferenças de um ou dois pontos percentuais ou lançar suspeitas sobre quem faz as sondagens. »
Ora, foi essa a questão várias vezes levantada no Martinho d'Arcada, desde o início da publicação do tracking-pool, em especial através da análise das fichas técnicas disponibilizadas pela Marktest. Aliás, houve vários pontos relacionados com as variações da composição diária da amostra que, até agora, não obtiveram esclarecimento (nem do guru das sondagens na blogosfera).
Outro facto curioso, não referido por Luí Queirós, foi que o Tracking-Pool esteve sozinho no plateau mediático durante os 15 dias da campanha eleitoral: não foram publicados quaisquer estudos até à ante-véspera das aleições. Foram título diário da 1ª página do DN, com múltiplas referências descontextualizadas nos restantes orgãos de comunicação social.
Neste seu artigo de opinião, Luís Queirós não deixa de escapar uma frase enigmática:
«Os resultados eleitorais foram o corolário do trabalho realizado.»
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
O desastre é, obviamente, ele próprio
De facto, há quem queira única e exclusivamente destruir o Governo.
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
O Major
O DN de hoje trás uma separata especial dedicada ao APITO DOURADO que é, simplesmente, deliciosa!!!
Na net está apenas disponível este artigo.
É o Descrédito...
Obviamente
Não podendo estar presente, estou solidário com esta iniciativa.
E Freitas do Amaral bem que podia ter ficado calado.
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Oportunidade Perdida
O Espectro trouxe Vasco Pulido Valente à blogosfera (também lá está a Constança Cunha e Sá).
Trata-se de concorrência desleal:
VPV é único quando se trata de descrever o DESCRÉDITO da nossa vida política.
Leia-se VPV a propósito da oportunidade perdida de Freitas do Amaral em ficar calado.
«Nas Tuas Mãos»
Parece que Inês Pedrosa 'rompeu' com Alegre, deixando de assumir as funções de sua porta-voz.
Isto porque, segundo a mesma, foi desautorizada na novela «agarrem-me, senão eu volto para o parlamento!».
Só decidi comentar esta nota de rodapé pela curiosidade de tudo acabar como começou.
Se bem se lembram, numa entrevista no arranque da candidatura presidencial de Alegre, o poeta, confrontado com declarações da sua porta-voz (de ataque a Soares), renegou-as, atribuindo a responsabilidade das mesmas em exclusivo para Inês Pedrosa ("eu falo pela minha própria voz" terá então dito, naquele tom indignado de perseguido político).
Afinal, ainda há coisas que se mantêm coerentes...
Cidadania
José Medeiros Ferreira demitiu-se dos lugares que ocupava na Comissão Política e na Comissão Nacional do PS.
Porquê?
Porque «considera que seria "desconfortável" permanecer naqueles órgãos, para os quais foi eleito em representação da tendência minoritária, liderada por Manuel Alegre, no congresso de Guimarães, em Outubro de 2004.
"Quero emancipar-me do contexto específico do congresso de Guimarães e dos seus seguimentos. Não me sentia confortável em continuar como dirigente do PS nestas circunstâncias"»
Medeiros Ferreira dá a muitos um verdadeiro exemplo de como estar na política.
Um mandato político tem o seu contexto, a sua representatividade, o seu sentido.
Até agora, parece ter sido o único dirigente nacional do PS que assumiu totalmente as consequências das eleições presidenciais.
Na política não basta que as palavras sejam bonitas e bem declamadas.
Têm de estar em coerência com as atitudes que se assumem.
E isto também é uma lição de cidadania.
Esta é, definitivamente, a CRÉDITO.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Nada que eu já não tenha dito e por várias vezes
Que não me revejo na concepção da esquerda como ela é aqui retratada por Fernando Venâncio.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Jihad
Ainda sobre a jihad ao cartoon a/ocidental.
Subscrevo as palavras de João Paulo Sousa quando diz que «No caso das caricaturas dinamarquesas, o que o mundo árabe faz de conta que não percebeu é que, na Europa, há uma clara separação entre o domínio religioso e o político. Por isso, para lá mesmo da evidente tentativa de instituir à distância um regime de autocensura, que, a ocorrer algum vergonhoso pedido de desculpas, só poderia depois agravar-se, o que se verifica é um tão notório desfasamento entre a indignação e as reacções que só se pode concluir pela tese do pretexto.»
Em relação ao nosso ilustre JPH, gostaria de acrescentar um comentário quando diz no seu «Há "Cá" e Há "Lá"» que «Os humilhados e ofendidos do islamismo - os que "cá" vivem - têm de, nomeadamente, perceber que não é pressionando um Governo (no caso o da Dinamarca) e chantageando-o economicamente que se impõe limites à liberdade de expressão. "Cá" não são os governos que vigiam a liberdade de expressão; são os tribunais. "Cá" é assim que se funciona - "lá" é como eles quiserem, volto a dizer.»
"Cá", na Europa e também em Portugal, existem já importantes comunidades mulçumanas que têm manifestado a sua indignação de uma forma pacífica e racional. Esta reacção tem permitido à opinião pública europeia perceber porque razão os cartoons são aviltantes para a religião muçulmana. E têm igualmente condenado o extremismo religioso nas violentas manifestações e ameaças já feitas 'pelo mundo 'arabe', que estão igualmente em colisão com o texto do Corão.
Será por acaso que não se tem ouvido falar de reacções extremistas em países muçulmanos com fortes relações com a Europa, nomeadamente através das suas comunidades emigrantes, como Marrocos, Argélia ou Turquia?
Pelo contrário...
Neste post, a mesma JAD lembra-se de algo perfeitamente lógico.
CONTUDO, eu até me admirava se não viesse o BE a contra-atacar desta forma e a estar, na prática, a defender os islamistas radicais...
domingo, fevereiro 05, 2006
Erros? Que Erros?
A Comissão Política do PS reuniu esta semana para fazer o balanço das eleições presidenciais.
Perante os resultados (e a ausência de Alegre), a Comissão Política do PS reflectiu. E, segundo o porta-voz do PS, Vitalino Canas, chegou às seguintes conclusões:
- Reconhece que o partido cometeu erros no processo de escolha de Mário Soares como candidato presidencial;
- Sublinha que o mau resultado obtido tem a ver apenas com essas eleições;
- Lembra que o PS não se arrepende de ter apoiado o dr. Mário Soares, embora reconheça que nem ele nem o PS, que o apoiou, conseguiram passar a mensagem que poderia ter conduzido à sua vitória.
E quais as consequências desta reflexão (tão profunda, que deve ter demorado o tempo de Sócrates se deslocar do seu Gabinete até à sala da reunião)?
- Que se aprende com os erros e que, quando o PS tiver de escolher novamente candidatos presidenciais olhará para os erros agora cometidos;
- E que agora, o secretário-geral do PS vai acumular as funções de coordenador da Comissão Permanente do PS, funções que eram até exercidas por Jorge Coelho, «num sinal que se pretende dar quer para o exterior quer para o interior do partido de que o secretário-geral se envolverá mais nas questões do partido e trabalhará mais no sentido de o partido se mobilizar mais para suportar o Governo».
A Nação respira agora de conforto e alívio!
Não seria esta a altura indicada para que a Comissão Política do PS reflectisse, sem dramas, sobre várias questões, como:
1 - Toda a condução do processo de escolha do candidato presidencial do PS?
2 - O que levou Sócrates a escolher e propor a candidatura de Mário Soares num timing tão tardio?
3 - Como entender o comportamento de dirigentes nacionais do PS que, tendo votado a candidatura de Soares, apoiaram, activa ou passivamente, a candidatura de Alegre?
4 - Qual o motivo da tão fraca mobilização das estruturas do PS na campanha eleitoral de Soares?
5 - Porque razão foram escolhidas outras pessoas e não Jorge Coelho para a ligação do PS ao MASPIII?
6 - Algumas decisões tomadas pelo Governo antes e durante a campanha, fortemente impopulares (por exemplo, o imposto sobre a gasolina), não poderiam ser adiadas?
7 - Algumas decisões tomadas pelo Governo depois das eleições, bastante populares (exemplos tecnológicos não faltam), não poderiam ser antecipadas?
Segundo a acta desta reunião, que deve ter levado os seus participantes à exaustão intelectual, parece que daqui a uns anos, quando voltar a haver eleições, alguém terá ficado de lembrar, dentro do PS, os erros agora cometidos na escolha do candidato presidencial.
Que erros? Os mesmos cometidos na escolha dos candidatos autárquicos?
E esse alguém, só poderá ser o próprio José Sócrates, que chama a si a coordenação pemanente do PS.
O cargo de 1º Ministro deixa-lhe assim tanto tempo livre?
Ou teremos Pedro Silva Pereira a coordenar P'lo Secretário Geral?
Talvez alguns dos participantes desta reunião da Comissão Política tivessem preferido antes ir ao tal jantar, já ali no Bairro Alto...
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
Bem diz Jacques Lefranc
O Islão proíbe aos seus fiéis qualquer representação do profeta. Legitimamente, os muçulmanos podem ter-se sentido magoados nas suas convicções. Mas a questão que se levanta aqui é a seguinte: todos os que não são muçulmanos serão obrigados a conformar-se a este interdito ?
Demasiado mau para ser verdade
"O descerramento de uma lápide na Praça do Comércio, em Lisboa, evocando o assassinato do Rei D. Carlos I e do filho, príncipe Filipe, a 1 de Fevereiro de 1908, levou ontem ao local uma pequena multidão de cem a 150 monárquicos empunhando bandeiras da monarquia e gritando ?Viva o Rei!? Na lápide, descerrada pelo presidente da câmara, Carmona Rodrigues, e D. Duarte de Bragança, lê-se: ?Neste local, a 1 de Fevereiro de 1908 morreram pela pátria Sua Majestade El Rei Dom Carlos I e o Príncipe Real D. Luís Filipe.? Junto ao palanque onde falaram o presidente da Real Associação de Lisboa, Ricardo d?Abranches, D. Duarte de Bragança e o autarca foi colocado um cartaz onde se lia ?O Rei morreu!
Viva o Rei?.
Ao lado do microfone, postou-se um porta-estandarte segurando uma grande bandeira da monarquia. O presidente da Real Associação de Lisboa, dirigindo-se a D. Duarte e à mulher como ?Suas altezas reais? e aos populares como ?correligionários?, afirmou encontrar-se ali para recordar ?o dia horrendo de há 98 anos?. D. Duarte lembrou ?os dois patriotas que foram mortos? no local. Depois, um elemento da Real Associação de Lisboa dirigiu-se ao microfone: ?Depois das palavras de sua alteza real, não devia haver outra palavra. Peço desculpas suas altezas. A última palavra é de facto do rei.? Em seguida, tomou a palavra Carmona Rodrigues: ?Suas altezas reais duques de Bragança?, afirmou, ?preferíamos evitar este momento. O regicídio não foi mais do que um desses momentos infaustos em que a inteligência foi vencida pela brutalidade.? O autarca disse ainda que ?el-rei Dom Carlos continua vivo?.
in Público 01-02-2006
Manuel Alegre Levado a Sério
Bem sei que já se falou demais de Manuel Alegre, nomeadamente neste blog.
Mas, hoje que o Poeta retomou o seu carro e motorista, perdão, o seu lugar na assembleia da República, é irresistível reproduzir a croluna de Pedro Lomba no DN (o contra-ponto de João Miguel Tavares), intitulada «Manuel Alegre Levado a Sério»:
«Só há uma maneira de levar Manuel Alegre a sério se o próprio também se levar a sério. Como é evidente, o movimento cívico, participativo e vanguardista que Alegre tenciona fundar não é para levar a sério. Não vai haver, nem pode, qualquer movimento. Não se cria um movimento político só porque se teve um milhão de votos em eleições presidenciais, por definição umas eleições inorgânicas e secundárias. Uma coisa dessas (um movimento, um partido, um bando) precisa em princípio de uma teoria consistente, de algum profissionalismo e de um grupo de abnegados com tempo e disposição para a pôr em prática. Tudo isso falta a Alegre e aos seus apóstolos. Não têm uma teoria que se apresente como alternativa mas uma amálgama de truísmos de esquerda e direita, que, de resto, nunca se fundirão num movimento comum; não têm o necessário profissionalismo, mas uma espontaneidade li- ceal pouco proveitosa; e não têm os volun- tários prontos para se sacrificarem em prol da causa. Um movimento político precisa disso mesmo: de movimento. A iniciativa de Alegre só promete inércia e irrelevância.
Acima disso, Manuel Alegre devia reflectir sobre as consequências da sua aventura solitária. Aceitando por agora a sua genuína vontade em preservar um PS idealista, que interessa a Alegre saltar pressurosamente para fora do partido? E que lhe interessa manter um pé dentro do PS e outro no seu mítico movimento, uma confusão e duplicidade que, a acontecerem, não poderão durar por muito tempo? Visivelmente, nada. A única via sensata que Alegre tem para obter peso e influência é fortalecer uma facção no PS que obrigue Sócrates, Sócrates o primeiro-ministro, Sócrates o secretário-geral e Sócrates o recente coordenador partidário, a uma negociação e cuidado permanentes.
Se Alegre se quer levar a sério, que fique onde está. No PS mas à margem deste PS. E que esqueça o seu milhão de votos. As maiorias presidenciais dissolvem-se a seguir às eleições; as minorias também. A "vitória" de Alegre talvez lhe permita ganhar algumas coisas, não lhe permite ganhar tudo. Ironicamente, a sua carreira política pode começar ou acabar aqui.»
Er...
Ana Gomes:
Não acha que no mínimo está a exagerar e muito quando diz que o direito ao casamento é um dos direitos humanos ????
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Meu caro Pacheco Pereira...
Está a dizer aquilo que o nosso Marcelo Moniz defendeu em público no Congresso da JS de 1998...
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
O Que Eu Aprendi
Ficámos hoje a saber a razão pela qual Manuel Alegre ainda não voltou ao Parlamento e faltou à reunião da Comissão Política Nacional do PS.
Segundo o DN de hoje, «O Secretário-Geral do PS, José Sócrates, ainda não falou com Manuel Alegre na sequência do escrutínio presidencial (...)»
«"Não serei uma flor na botoeira de ninguém", tem repetido o ex-candidato para marcar a distância em relação à actual direcção socialista (...)».
Não há dúvida que, com estas birrinhas, vai conseguindo que se fale nele.
E se o ego já era grande...
Vale a pena ler a crónica de Pedro Rolo Duarte, «O Que Eu Aprendi», também no DN de hoje:
«Não sabia que Manuel Alegre tinha um milhão e tal de portugueses com ele. Julguei que tinham sido apenas votos numa eleição única. Não sabia que Manuel Alegre era dissidente dos partidos, em geral, e do PS, em particular. Tinha uma vaga ideia, pelos vistos errada, de que Manuel Alegre era militante (e deputado) do PS desde sempre, e que nessa medida contribuiu para o estado a que chegou o sistema partidário português que o "independente" Manuel Alegre critica. Aliás, ignorava que se podia estar dentro de um partido e ao mesmo tempo fora dele, a apontar-lhe o dedo.
Desconfiava de que a democracia "não se esgota nos partidos" - mas nunca tinha percebido que Manuel Alegre se tinha esgotado no seu próprio partido. Não sabia que se podia estar de "baixa" na Assembleia da República e em "alta" num "clube".
Também não sabia que uma derrota eleitoral era, afinal, uma vitória da "cidadania". Sempre julguei que, no fim de uma eleição, havia uma força vencedora - e que todas as outras, por mais voltas que dessem ao discurso, tinham perdido, e que daí não vinha mal ao mundo, porque umas vezes se perde e outras se ganha. Até agora achava que o voto era, por si só, um acto de cidadania, sem apelo nem recurso, e transparente. Não fazia a mais pequena ideia de que uma candidatura de um militante socialista apoiado por outros militantes socialistas - e consolidada por descontentes de todos os quadrantes - se podia transformar num movimento contra os partidos. Não imaginava que uma derrota da esquerda constituía, afinal, uma vitória de parte dessa esquerda.
Acima de tudo, não esperava aprender tanto, com um só candidato, num acto eleitoral. A poesia tem essa enorme virtude transforma o impossível no possível. E ainda por cima fica bem.
PS - José Sócrates passou uma semana a dizer que não foi deliberada a intenção de cortar a palavra a Manuel Alegre na noite eleitoral. Uma socialista em quem confio garante- -me que tudo não passou de um incidente. Aceito a explicação. Mas a questão que se coloca é mais relevante porque será que praticamente a unanimidade dos espectadores, analistas, jornalistas e comentadores entendeu que a atitude de Sócrates foi deliberada? Talvez o líder socialista devesse aproveitar para repensar a sua estratégia no que respeita à imagem e ao discurso. Para parecer mais o que efectivamente pode ser.»