quarta-feira, fevereiro 01, 2006

O Que Eu Aprendi

Ficámos hoje a saber a razão pela qual Manuel Alegre ainda não voltou ao Parlamento e faltou à reunião da Comissão Política Nacional do PS.

Segundo o DN de hoje, «O Secretário-Geral do PS, José Sócrates, ainda não falou com Manuel Alegre na sequência do escrutínio presidencial (...)»
«"Não serei uma flor na botoeira de ninguém", tem repetido o ex-candidato para marcar a distância em relação à actual direcção socialista (...)».
Não há dúvida que, com estas birrinhas, vai conseguindo que se fale nele.
E se o ego já era grande...

Vale a pena ler a crónica de Pedro Rolo Duarte, «O Que Eu Aprendi», também no DN de hoje:

«Não sabia que Manuel Alegre tinha um milhão e tal de portugueses com ele. Julguei que tinham sido apenas votos numa eleição única. Não sabia que Manuel Alegre era dissidente dos partidos, em geral, e do PS, em particular. Tinha uma vaga ideia, pelos vistos errada, de que Manuel Alegre era militante (e deputado) do PS desde sempre, e que nessa medida contribuiu para o estado a que chegou o sistema partidário português que o "independente" Manuel Alegre critica. Aliás, ignorava que se podia estar dentro de um partido e ao mesmo tempo fora dele, a apontar-lhe o dedo.

Desconfiava de que a democracia "não se esgota nos partidos" - mas nunca tinha percebido que Manuel Alegre se tinha esgotado no seu próprio partido. Não sabia que se podia estar de "baixa" na Assembleia da República e em "alta" num "clube".

Também não sabia que uma derrota eleitoral era, afinal, uma vitória da "cidadania". Sempre julguei que, no fim de uma eleição, havia uma força vencedora - e que todas as outras, por mais voltas que dessem ao discurso, tinham perdido, e que daí não vinha mal ao mundo, porque umas vezes se perde e outras se ganha. Até agora achava que o voto era, por si só, um acto de cidadania, sem apelo nem recurso, e transparente. Não fazia a mais pequena ideia de que uma candidatura de um militante socialista apoiado por outros militantes socialistas - e consolidada por descontentes de todos os quadrantes - se podia transformar num movimento contra os partidos. Não imaginava que uma derrota da esquerda constituía, afinal, uma vitória de parte dessa esquerda.

Acima de tudo, não esperava aprender tanto, com um só candidato, num acto eleitoral. A poesia tem essa enorme virtude transforma o impossível no possível. E ainda por cima fica bem.

PS - José Sócrates passou uma semana a dizer que não foi deliberada a intenção de cortar a palavra a Manuel Alegre na noite eleitoral. Uma socialista em quem confio garante- -me que tudo não passou de um incidente. Aceito a explicação. Mas a questão que se coloca é mais relevante porque será que praticamente a unanimidade dos espectadores, analistas, jornalistas e comentadores entendeu que a atitude de Sócrates foi deliberada? Talvez o líder socialista devesse aproveitar para repensar a sua estratégia no que respeita à imagem e ao discurso. Para parecer mais o que efectivamente pode ser.»

2 Comentários:

Às 01 fevereiro, 2006 18:49 , Blogger Tonibler disse...

Não sabia que o Rolo Duarte faz fretes. Afinal, faz...

 
Às 02 fevereiro, 2006 01:17 , Blogger RS disse...

O amigo de Pedro Rolo Duarte tem toda a razão e só confirma o que eu suspeitava:
A interrupção de Alegre por Sócrates na noite das eleições foi um "INCIDENTE" (sic).

:)

 

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