sexta-feira, abril 28, 2006

É a música que se ouve - Eurovisão 2006

Aqui estão as canções da Eurovisão 2006. 23 canções na meia-final para apurar 10 finalistas, a juntar aos 14 já directamente apurados. Relativamente ao ano passado, temos a estreia da Arménia, enquanto que a Áustria e a Hungria optaram por não participar. A Sérvia e Montenegro apenas vota, não apresentando qualquer canção na sequência da desmesurada bronca da sua final nacional...enfim, provavelmente no dia seguinte à Eurovisão o Montenegro referendará a sua independência...

MEIA-FINAL (18 de Maio de 2006)

1 - ARMÉNIA - Andre - Without Your Love (inglês)

Dentro do estilo que tem dado boas classificações. Uma canção pop com toque étnico. Contra tem o facto de o intérprete dar ares de Michael Jackson.

Nota 6 - 14º lugar

2 - BULGÁRIA - Mariana Popova - Let me Cry (inglês)

Meio balada, meio mid-tempo, e uma mais que provável desafinação pegada na parte final. A seguir pelos rebarbados.

Nota 5 - 19º lugar

3 - ESLOVÉNIA - An?ej De?an - Mr. Nobody (esloveno/inglês)

Dentro do género é boa. Pura e simplesmente não há pachorra para estas músicas absolutamente camp.

Nota 5 - 18º lugar

4 - ANDORRA - Jennifer - Sense Tu (catalão)

Dentro do chat #esc ganhámos a tradição de considerar que as intérpretes de Andorra correspondem a animais. Depois de EL CAVALL o ano passado, este ano temos EL PORC. Uma balada ultrapassada, em qualquer caso

Nota 4 - 25º lugar

5 - BIELORRÚSSIA - Polina Smolova - Mama (inglês)

Por muito que me custe ainda não é desta que a Bielorrússia manda uma coisa boa. Aliás, não só é a sua pior de sempre como também, e por larga distância, a pior deste ano. Um rock à la early 90's simplesmente pavoroso.

Nota 1 - 37º lugar

6 - ALBÂNIA - Luiz Ejlli - Zjarr e Ftohtë (albanês)

À terceira participação, a Albânia estreia a sua língua na Eurovisão. Uma tentativa de etnicidade totalmente falhada. Duvido que muitos se lembrem disto quando for hora de votar.

Nota 3 - 28º lugar

7 - BÉLGICA - Kate Ryan - Je t'Adore (inglês)

Pop do Norte da Europa puro e duro. E bom. Não se pode é ter certezas sobre a qualidade da interpretação. A seguir pelos rebarbados.

Nota 6 - 11º lugar

8 - IRLANDA - Brian Kennedy - Without Your Love (inglês)

Cheira à típica balada irlandesa, mas com uma qualidade muito acima do normal. E caso raro: uma letra que apela ao amor sem ser cheesy.

Nota 8 - 3º lugar

9 - CHIPRE - Annette Artani - Why Angels Cry ? (inglês)

Vem do Estados Unidos cantar uma balada tipo Disney, mas não só a qualidade é muito má como, até ver, a sua qualidade como intérprete é de meter medo ao susto.

Nota 2 - 33º lugar

10 - MÓNACO - Séverine Ferrer - La Coco-Dance (francês)

Um toque tahitiano, com algumas palavras nessa língua polinésia. Tudo muito tropical, e do meu agrado também. A seguir pelos rebarbados.

Nota 5 - 15º lugar

11 - MACEDÓNIA - Elena Ristevska - Ninanajna (inglês/macedónio)

Típica música pop norte-americana. I can make Beyoncé and Shakira dance for you. Também aqui, a seguir pelos rebarbados.

Nota 4 - 24º lugar (e em meu entender a provável vencedora)

12 - POLÓNIA - Ich Troje & Real McCoy - Follow my Heart (espanhol/polaco/inglês)

Depois da sua presença em 2003 em alemão, polaco e russo, nova canção trilingue dos Ich Troje, pior que a outra por sinal. Um pop com toques de raggaeton.

Nota 4 - 21º lugar

13 - RÚSSIA - Dima Bilan - Never Let You Go (inglês)

O cantor russo com menos roupa vem à Eurovisão. Apresenta a curiosidade de ser mesmo MUITO parecido com Vladimir Putin. A música é um midtempo de muitíssima qualidade.

Nota 6 - 10º lugar

14 - TURQUIA - Sibel Tüzün - Süperstar (turco)

Uma tentativa falhada de ser moderno e de inspiração em Madonna. Chata como a potassa.

Nota 3 - 31º lugar

15 - UCRÂNIA - Tina Karol - Show Me Your Love (inglês)

Acordeão e um estranho instrumento ucraniano num pop bastante ultrapassado. A seguir pelos rebarbados.

Nota 4 - 23º lugar

16 - FINLÂNDIA - Lordi - Hard-Rock Hallelujah (inglês)

Venceram a final nacional por uma margem astronómica, e vêm vestidos de monstros. A música é simplesmente excelente.

Nota 8 - 4º lugar

17 - PAÍSES BAIXOS - Treble - Amambanda (imaginária/inglês)

Sim, uma boa parte da canção é numa língua imaginária de sonoridade polinésia. Eu acho-a irritante ao máximo, três loiras boazonas começam em cima de jambés e depois continuam a fingir que fazem muita coisa de percussão. A seguir pelos rebarbados.

Nota 3 - 30º lugar

18 - LITUÂNIA - LT United - We Are the Winners (inglês)

Imaginem seis tenores supostamente muito compenetrados que começam a cantar e gritar, qual claque de futebol, que são os vencedores da eurovisão e que temos que votar nos vencedores. E que, obviamente, depois começam a avacalhar. Eu até gosto, é divertido.

Nota 4 - 22º lugar

19 - PORTUGAL - Nonstop - Coisas de Nada (inglês/português)

Péssimo. E o que é verdadeiramente irritante é que no Festival da Canção tínhamos músicas MUITO boas para mandar...Bruno Nicolau, os MariaFolia ou a Cuca !!! Canção curiosamente muito parecida com uma da final finlandesa de 1984...

Nota 2 - 32º lugar

20 - SUÉCIA - Carola - Invincible (inglês)

Se eu penso que a SVT televisão sueca é Satanás, o Aviad israelita acha que é ela mesmo. Demasiado ABBA para ser verdade, já enjoa. E o auto-convencimento dela mete nojo mesmo. Ainda que a canção seja forte.

Nota 4 - 20º lugar

21 - ESTÓNIA - Sandra Oxenryd - Through my Window (inglês)

A mesma receita da Estónia em 2002. Sim, é sueca e basicamente a canção é a mesma. Pop nórdico, portanto. A seguir pelos rebarbados.

Nota 4 - 26º lugar

22 - BÓSNIA-HERZEGOVINA - Hari Vare?anovi? - Lejla (bósnio)

Excelente balada, aliás como era de esperar tendo sido composta por ?eljko Jok?imovi?, que representou a Sérvia e Montenegro em 2004. Tipicamente balcânica.

Nota 7 - 5º lugar

23 - ISLÂNDIA - Silvia Night - Congratulations (inglês)

Parabéns que eu cheguei, eu brilho tanto, fãs da eurovisão eu concretizo os vossos sonhos que esperavam para vos salvar. Estão a ver o género ? Em qualquer caso a música é boa, e espera-se que os islandeses tenham o bom senso de não fazerem uma apresentação bichona.

Nota 6 - 13º lugar

agora os finalistas...

1 - SUÍÇA - Six4One - If We All Give a Little (inglês)

A Suíça quer à força ganhar a Eurovisão. Já que o ano passado as conhecidas estónias dos Vanilla Ninja não o conseguiram, e tendo em conta os blocos regionais de votos, ora toca a arranjar um sueco, um maltês, um português residente na Alemanha, uma israelita, uma bósnia e, enfim, uma suíça. Junte-se mais uma composição eurovisiva do inefável Ralph Siegel.
Mas esta é daquelas músicas verdadeiramente chatas a dizer que temos que ser bonzinhos e etc. Sem paciência.

Nota 4 - 27º lugar

2 - MOLDÁVIA - Arsenium, Natalia Gordienko & Connect-R - Loca (inglês)

Típica mistura de ritmos latinos e afro-americanos. Poderia passar na Rádio Cidade. É muito má, e só a popularidade de Arsenium, membro dos extintos O-Zone, poderá salvar a Moldávia de uma má classificação mais que certa.

Nota 2 - 34º lugar

3 - ISRAEL - Eddie Butler - Together We Are One (inglês)

É a primeira vez que Israel dispensa totalmente o hebraico. Mas a canção é desastrosa. Lembram-se do gospel Baunilha e Chocolate ? Esta é pior.

Nota 1 - 36º lugar

4 - LETÓNIA - Cosmos - I Hear Your Heart (inglês)

Coro masculino a cappella a cantar algo tipicamente nova-iorquino. Mais valiam os Tetvocal.

Nota 1 - 35º lugar

5 - NORUEGA - Christine Gulbrandsen - Alvedansen (norueguês)

Pela primeira vez desde a free language rule a Noruega não canta em inglês, e traz-nos a dança dos duendes. Ao contrário do que possam pensar pelo título, é uma típica balada nórdica. A seguir pelos rebarbados.

Nota 7 - 9º lugar

6 - ESPANHA - Las Ketchup - Un Blodymary (castelhano, em dialecto andaluz)

Não é nada parecido com Aserejé. Pelo contrário. É aquele midtempo espanhol muito ao gosto de um barzinho.

Nota 3 - 29º lugar

7 - MALTA - Fabrizio Faniello - I Do (inglês)

Canção pop simples e eficaz.

Nota 7 - 7º lugar

8 - ALEMANHA - Texas Lightning - No, No Never (inglês)

A melhor canção. Um country extremamente emotivo. Obviamente um dos principais favoritos.

Nota 9 - 1º lugar

9 - DINAMARCA - Sidsel ben Semmane - Twist of Love (inglês)

Exactamente como diz o título, é um twist. Extremamente agradável.

Nota 7 - 6º lugar

11 - ROMÉNIA - Mihai Traistariu - Tornerò (inglês/italiano)

Pop na melhor tradição dos anos 80. Qualidade e modernidade, como é habitual na Roménia.

Nota 6 - 12º lugar

15 - REINO UNIDO - Daz Sampson - Teenage Life (inglês)

Se juntarmos um grupo de meninas vestidas de colegiais a um rapper com o mais puro aspecto de classe operária de Liverpool a rappar contando a juventude típica de alguém com o seu aspecto só podemos ter um dos grandes favoritos. Arrisco-me a dizer que se a percentagem de falantes de inglês na Europa Central e de Leste e nos Balcãs fosse tão alta como na Europa Ocidental que ganharia por KO. Não deixa de ter uma sonoridade indubitavelmente britânica.

Nota 8 - 2º lugar

16 - GRÉCIA - Anna Vissi - Everything (grego)

Num ano de baladas genericamente más, esta é razoavelzinha.

Nota 5 - 17º lugar

19 - FRANÇA - Virginie Pouchain - Il Était Temps (francês)

Não lhe chamaria balada, mas uma música lenta muito bonita, que revela a extrema sensibilidade do compositor.

Nota 5 - 16º lugar

20 - CROÁCIA - Severina - Moja ?tikla (croata)

Pois é, o título significa Os meus sapatos de salto alto. Turbofolk balcânico, com uma parte da canção com jogos de palavras em dialecto dálmata.

Nota 7 - 8º lugar


Cabe-me ainda fazer as minhas previsões sobre os 10 países que passarão à final:

Arménia
Bulgária
Bélgica
Macedónia
Rússia
Turquia
Finlândia
Suécia
Bósnia-Herzegovina
Islândia

E sim, de 11 a 21 de Maio estarei em Athína, acompanhando os ensaios e o Festival yesssss !

Entrada a pés juntos

Lamento, mas tem mesmo que ser.

Depois de ler este texto de Vital Moreira, de uma vez por todas só se pode concluir que o conhecido constitucionalista definitivamente pensa o País em função dos interesses bairristas de Coimbra.

Porque esquece, deliberadamente ou não, e partindo muito provavelmente de uma suposta comparação entre as auto-estradas Lisboa-Cascais e Coimbra-Figueira da Foz, que a realidade é outra.

Essa realidade é, portanto, apenas uma: as auto-estradas mais recentes são mais caras que as mais antigas. Por exemplo, na A2 Lisboa-Algarve pagam-se ? 17,25 para 240km, enquanto que na A1 Lisboa-Porto pagam-se ? 18,15 para 296km.

Em qualquer caso, Vital Moreira mente com todos os dentes. A verificação do site da Brisa permitiu-me concluir que para os 25km Lisboa-Cascais pagam-se ? 1,15, enquanto que para os 40km Coimbra-Figueira da Foz pagam-se ? 1,80, valores claramente equiparados. Mais: 26km na A4 entre o Porto e Baltar custam ? 1,05.

Diga-se em abono da verdade, entretanto, que se as auto-estradas nas áreas metropolitanas fossem de facto mais baratas que outras auto-estradas tal constituiria um acto da mais elementar justiça, uma vez que o tráfego suburbano é uma realidade totalmente diferente do tráfego regional e inter-regional.

quinta-feira, abril 27, 2006

O 25 de Abril explicado pelas criancinhas

Aqui.

Como ?

É espantoso ver Vital Moreira defender o aumento das propinas do ensino superior público e, pior, com aqueles argumentos, dignos dos ultra-liberais.

Já agora...defende o aumento para QUANTO ? Não acha que cerca de ? 100 mensais já é muito ?

Virgem ofendida

Ao mais blogosférico representante da Opus Dei não chega ser malcriado. Mostra-se feliz por eu apelar publicamente ao seu saneamento.

E, de facto, saneamento é a palavra correcta. É uma questão de higiene pública tirar gente desta da comunicação social.

quarta-feira, abril 26, 2006

Gás Hilariante

Este artigo do Opus Dei André Azevedo Alves.

Até me admira como é que um católico convicto critica dessa forma um discurso, ainda que inofensivo, de coitados dos pobrezinhos.


Diga-se, em qualquer caso, que o mesmo perde toda e qualquer credibilidade que poderia ter depois de ter escrito, aqui, que
Ficamos todos à espera de mais uma proposta progressista do PSOE defendendo agora o "direito" ao casamento entre símios e humanos
.

Até me envergonho de alguns posts anteriores nos quais estava de acordo com o essencial do que aquele escrevia.

Em qualquer caso, desde já vou enviar um e-mail para o Director do Público solicitando ao mesmo que exija ao Director da Dia D que retire AAA dos seus colunistas. AAA defenda o que quiser sobre a Constituição, mas dispensa-se o insulto gratuito a comparar pessoas a símios (note-se a utilização desta palavra e não de outro sinónimo, o que demonstra claramente um objectivo em insultar).

25 de Abril

José Bourbon Ribeiro:

É inacreditável que diga que o 25 de Abril foi feito com maldade, quando TODA a gente sabe que o objectivo dos capitães de Abril era derrubar um regime autoritário e profundamente cretino, bem como colocar um fim à guerra colonial. Onde é que nisto pode haver maldade é coisa que eu gostava de saber.

Qualificar a Constituição como marxista é um disparate. Nenhum professor de Direito defende isso, e os únicos que o defendiam (e para o texto de 1976) eram Marcello Caetano e Soares Martínez, como se sabe figuras insuspeitíssimas.

Não gosto de nacionalizações. Não gosto de ocupação de casas. Mas daí a chamar-lhes ladroagem vai uma distância abissal.

PS - Isto agora de uns países poderem ter armas nucleares e outros não é um absurdo inimaginável.

Rui Albuquerque:

1. Entre Abril e Maio de 1974 foi instaurado em Portugal um regime democrático, consagrado definitivamente pela Constituição de 1976.

2. Mas quem é que foi afastado em sequência do 28 de Setembro ? Não me lembro de ninguém. E, aliás, se isso tivesse acontecido podíamos "agradecer" à estupidez natural de Spínola e aos reaccionários que queriam restaurar a ditadura.

3. Até parece que, a ter sido verdade que houve uma entrega dos territórios africanos a representantes da URSS, isso é um drama. Principalmente para nós portugueses.

4. Destruir empresas ? As empresas passam a vida em criação, renovação e destruição. E muitas mais que as supostamente destruídas continuaram a existir.
Mas também, o que esperava tendo em conta a ligação íntima entre as grandes empresas e o regime deposto, maxime via condicionamento industrial ?

5. Pensar que a seguir a uma revolução não existiriam saneamentos é de uma ingenuidade pavorosa.

6. Mandar os fascistas para o Campo Pequeno foi apenas mais uma das declarações anedóticas de Otelo. Pura e simplesmente não se lhe dá importância. Sem prejuízo de o ter dito com um "antes que eles nos ponham lá a nós".
Nada de estranho. Após uma mudança de regime há sempre o receio da contra-revolução.

7. Freitas do Amaral demonstra, e com razão, que a defesa intransigente de um império colonial é obra da Primeira República, na sequência da reacção ao ultimato britânico.
Relativamente ao qual, diga-se, o rei D. Carlos teve o que mereceu só que com 18 anos de atraso, porque quem se sujeita a ultimatos é no mínimo dos mínimos o pior dos cobardes.

8. Um dos grandes responsáveis pelo desenrolar pacífico e pela forma feliz como todo o PREC terminou foi Costa Gomes. Com uma ampla visão das coisas e extrema serenidade.

9. Não desculpo Marcello Caetano. Se ler as memórias de Freitas do Amaral, o mesmo ter-lhe-á dito explicitamente que concederia de imediato a independência a Angola e a Moçambique se a comunidade internacional aceitasse a instauração de regimes de tipo rodesiano.

10. Talvez a única vez que concordei com Portas discordando de Sampaio foi quando Fidel Castro veio a Portugal. Por mim, ter-lhe-ia sido recusada a entrada no País.

segunda-feira, abril 24, 2006

Alguns comentários

Vital Moreira:

1. Pura e simplesmente as comissões de inquérito parlamentar deveriam ser extintas, pois já se sabe que para nada servem.

2. Não me parece que o plafonamento das pensões de reforma fosse ter algum efeito minimamente substancial na redução do défice.

3. Mais. Onde existe sistema público, pura e simplesmente não deveriam existir deduções fiscais por despesas no privado. Há vários anos que defendo isto.

4. A SCUT do Algarve é justíssima por razões básicas de inexistência de alternativas. O máximo que eu poderia admitir seria uma portagem muito simbólica.

5. Pura e simplesmente todos os benefícios conferidos às Regiões Autónomas deveriam ser extintos, a começar pela escandalosa quota de admissão de estudantes delas oriundos para as licenciaturas, verdadeiramente iníqua e conferidora de privilégios que não têm qualquer justificação.

Já que falamos em universidades, avancemos também para a extinção das épocas especiais de exames para dirigentes associativos, como se houvesse muito trabalho para fazer a esse nível em época de exames, e que é causadora de uma terrível desigualdade, ao considerar a prática dirigente associativa numa associação académica conferidora de privilégios e mais importante do que qualquer outra actividade extra-curricular e extra-escolar.

6. A extinção dos hospitais militares é mais que óbvia.

7. Cabe ao Estado avaliar, de acordo com os melhores critérios de eficiência e de produtividade do sector privado, quantos funcionários é que necessita para cada serviço, e dispensar aqueles que estiverem a mais. E após VÁRIAS leituras da Constituição, ainda fico perplexo com o facto de haver quem diga que despedir com justa causa objectiva funcionários públicos é inconstitucional.

8. Não me parece que haja algum problema em Celeste Cardona, administradora da CGD nomeada pelo Estado, ser delegada ao Congresso do CDS. Aliás, caso não o pudesse fazer estaríamos perante uma gritante (e eventualmente inconstitucional) intromissão nos direitos básicos de cada cidadão dentro de uma associação da qual faça parte.

Alarmismo gratuito

Joana Amaral Dias.

Este tipo de alarmismo parece esquecer que a Terra já passou por fases geológicas e climáticas muitíssimo distintas.

Mas enfim, é a terrível mentalidade do conservadorismo a todo o custo. O que me faz lembrar a sistemática e absurda posição da Europa sempre que se fala em mudanças de fronteiras e em independências, vide o patético espectáculo que se deu ao defender-se em 1991/92 a continuidade da existência da Jugoslávia, cuja desagregação a qualquer momento era mais que óbvia para qualquer observador atento.

sábado, abril 22, 2006

Inacreditável

Aqui, pode-se ler a resposta de João Braga à pergunta Se a revolução tivesse fracassado o país estaria hoje melhor ou pior?


A resposta é...

Depende. Para os que preferem o caos à ordem, a intranquilidade à segurança e a tolerância ao respeito, esses devem congratular-se. Mas para quem prefere a ordem ao caos, a segurança à intranquilidade, o respeito à tolerância, como eu, o país estaria muito melhor se a revolução tivesse fracassado. Antes da revolução não existia um Estado fascista. Tinha-se muito mais liberdade do que agora
.

Chamar-lhe fascista acho que é pouco.

quarta-feira, abril 19, 2006

Estranho mas...

Por uma segunda vez concordo no essencial com André Azevedo Alves.

Esta é para quem vier dizer mal das organizações partidárias de juventude

No meio de tanto Deputado faltoso, dos Deputados jovens do PS apenas um não estava no Parlamento aquando das tais votações de quarta-feira.

Curiosamente, se é verdade que uns 40% dos Deputados do PS lá não estavam, escandaloso é como é que o PSD tenta lavar as mãos quanto a quase totalidade dos seus eleitos não estava presente.

NOTA: Como era previsível, Manuel Alegre é um dos faltosos.

terça-feira, abril 18, 2006

Esta é para os que me chamam radical

Ler este post de André Azevedo Alves.

Uma vez na vida concordo em absoluto com o mesmo. Fora não ser liberal, claro.

A Demagogia da Dias

Dizer isto é um exercício de pura demagogia, ou discurso anarquista.

Entregar a gestão de uma prisão não é a mesma coisa que entregar a responsabilidade pela não liberdade dos presos. G-E-S-T-Ã-O, custa assim muito a perceber ?

Ah claro, esquecia-me que o BE é sempre o defensor dos coitadinhos dos presos, para eles os perigosos são os cidadãos honestos que cumprem as leis.

segunda-feira, abril 17, 2006

Universidade

Indo mais longe do que Vital Moreira:

Pura e simplesmente a gestão das universidades deveria ser confiada a gestores profissionais, sem prejuízo da existência de um órgão consultivo com participação, pelo menos, de professores, estudantes e funcionários.

Os professores que se preocupem com ensinar, que da gestão trata quem está para isso mais vocacionado.

Trabalho

Carlos:

Não estou de acordo contigo num ponto que duvido que alguém toque, e que é a valorização do trabalho.

As pessoas trabalham porque necessitam de o fazer para ganharem a sua vida. Valorizar o trabalho mais que isso não tem qualquer significado. Ou entramos no moralismo cristão mais reaccionário (outra vez).

Maus ventos

Se isto é verdade, pena é que o Presidente da República, logo no seu primeiro importante discurso, afine o diapasão pelo populismo anti-parlamentar mais barato.

Diferença básica

Entre eu e o Paulo Gorjão, por um lado, e António Dornelas, por outro.

E é óbvia: moral cada um tem a sua, e ninguém tem nada a ver com isso.

Os anarco-liberais

Após ler isto cada vez estou mais certo da ligação umbilical que existe entre o liberalismo e um seu filho ideológico, o anarquismo.

Demissão

Ia eu fazer um post sobre o assunto quando reparei que o Paulo Gorjão já escrevera exactamente aquilo que defendo.

Mas em qualquer dos casos João Pedro Henriques tem toda a razão.

Ainda sobre o assunto, leiam-se as sábias palavras de José Bourbon Ribeiro.

quinta-feira, abril 13, 2006

Mais uma vez desconcertante

A forma como Joana Amaral Dias consegue, no espaço de cinco minutos, dizer algo de indubitavelmente progressista e logo de seguida apelar ao reaccionarismo mais barato...

quarta-feira, abril 12, 2006

Discordo

Pois é, Medeiros Ferreira.

Muito embora o CPE fosse uma proposta abominável, facto é que Chirac e Villepin mostraram ao Mundo a sua inacreditável cobardia.

Era mesmo eu que tendo uma maioria parlamentar ia recuar um milímetro que fosse...


A propósito. Hoje estava na casa de banho como de costume a ouvir a Mega FM e no noticiário das 8 falavam dos protestos "das populações de Souselas e de Setúbal". Ora, quando é que o jornalismo começa a ter alguma credibilidade e começa a falar em "grupos de moradores" ? Até parece que os cidadãos daquelas localidades elegeram em termos de sufrágio universal os grupos contestatários...

Um nojo

Silvio Berlusconi. Como bem diz Vital Moreira, mesquinho e desprezível até ao fim.

terça-feira, abril 11, 2006

Gás Hilariante

João César das Neves, claro.

Como se o País fosse mais desigual hoje que em 1968. E, se tal fosse verdade, qual era o problema, tendo em conta a brutal subida do nível de vida entretanto ocorrida ?

O estranho é ler alguém que se diz liberal a defender isto. Em rigor, ficaria menos surpreendido de ver um bloquista a escrevê-lo.

Mas isto só prova o saudosismo de JCN desses tempos. ARGH !

A propósito: este post. Duvido que sequer o senhor Lefèvre diga que o ateísmo é pior que o terrorismo...JCN que não se espante se qualquer dia alguém o quiser levar para o Miguel Bombarda...

segunda-feira, abril 10, 2006

Tabaco

A propósito deste post, que demonstra a que extremo se pode levar a sacralização da propriedade, devo lembrar algo que pertence ao domínio dos factos.

Via legislação comunitária, mais cedo ou mais tarde teremos que avançar no sentido da proibição total do consumo de tabaco em qualquer espaço público fechado. Tudo em defesa da saúde dos trabalhadores.

Parabéns

Ao Miguel Cabrita por este brilhante texto.

sexta-feira, abril 07, 2006

Berluscoglione


Sono uno Coglione!!!

quinta-feira, abril 06, 2006

Um escândalo

Esta reivindicação de encerramento de todo o comércio ao domingo.

Quando o que se exige é precisamente o contrário. A liberalização total e sem restrições dos horários do comércio.

Isto sim é discriminação

É do conhecimento público que odeio Teresa Beleza. Não só pela atitude que teve perante mim na licenciatura quando apenas me faltava Direito Penal para a concluir, como também por ser uma radicalíssima feminista.

Mas não. É ainda pior. Vem agora dizer que falar-se em homens e mulheres deixa de fora os homossexuais e os transsexuais. Ora....qualquer homossexual ou transsexual não é homem ou mulher ?

Eu até dou de barato relativamente aos transsexuais, muito embora se tratem, na realidade, de homens que se sentem mulheres e vice-versa.

Mas isto é um apelo descarado à discriminação. Era o que mais faltava se as minhas amigas lésbicas não fossem consideradas mulheres, por exemplo. E considerar a homossexualidade e a transsexualidade como indeterminação é muito mais ofensivo do que tudo aquilo que a direita mais conservadora pode alguma vez dizer.

Ah. A mesma, obviamente, é defensora das horríveis quotas. Curioso, quando diz que a divisão entre homens e mulheres foi inventada pelo Direito e pela actividade política e cabe a estes desfazer essa divisão...

quarta-feira, abril 05, 2006

Costa vs Costa

Funcionários impedidos de falarem sobre «matérias de serviço»

Isto tem sido notícia de destaque pelos mais diversos orgãos de comunicação social durante este dia. Ora, desde quando é que um funcionário público está autorizado a falar à comunicação social sobre matérias de serviço??
(Ou qualquer funcionário de uma empresa privada...)
Haverá algum regime de excepção que torne especiais os funcionários judiciais?

Será que os nossos jornalistas já papam toda e qualquer notícia 'por encomenda' sem fazerem o mínimo de verificação?

Constituição

Depois de ler este post do Rui Albuquerque, o meu sentimento é da mais completa estupefacção, pelos motivos que passo a enunciar:

1. Definitivamente há uma grande proximidade entre neoliberais e anarquistas. Pois em meu entender, quem tem medo compra um cão. E nem quando tinha uns 3 anos acreditava no bicho papão. Infelizmente, ainda há quem esteja nessa fase. Limitaram-se a substituir essa figura mítica pelo Estado.

2. Com o século XX passaram a considerar-se muitos direitos económicos, sociais e culturais como direitos individuais fundamentais. Como é o caso da Constituição da República Portuguesa, que os considera como tal. Curiosamente, são sempre ou quase sempre quem é contra a sua existência que não os considera direitos. Esses e os lunáticos e ingénuos jusnaturalistas.

3. Realmente há coisas imperceptíveis. O Estado, por esta via, ampliou substancialmente os seus domínios de ingerência no tecido social, passando a «garantir» emprego, saúde, habitação, educação, ambiente, celeridade administrativa e muitos outros doravante considerados «direitos fundamentais». Para além de Rui Albuquerque necessitar urgentemente de estudar as várias Constituições anotadas que existem no mercado, estranho desde já que faça um ataque destes à necessidade de celeridade administrativa.
Por outro lado, aqui temos mais uma vez um liberal a defender que a existência ou inexistência desses direitos dependa do capricho do legislador ordinário.
Juntemos estes dois factos e parece que estamos no início do século XIX, quando se considerava que por natureza o Estado nunca cometeria ilegalidades, ou que todo e qualquer legislador seguiria sempre princípios de uma suposta virtude objectiva. O que pouca diferença faz relativamente aos costumes e leis fundamentais do Reino do pré-absolutismo.

Conclusão: não sabem ou esqueceram lições históricas básicas. Entre as quais que o liberalismo clássico e a sua prática são um dos grandes responsáveis pelo aparecimento dos regimes totalitários.

4. É absurdo dizer que a liberdade e a propriedade estão funcionalizadas ao cumprimento dos direitos sociais pelo Estado. Não só os direitos fundamentais na Constituição Portuguesa nunca foram funcionalizados a coisa nenhuma (ela nunca foi marxista, quanto mais desde 1989...), como também todo e qualquer direito não é absoluto.
Ah, claro, esquecia-me que a propriedade para estes liberais de pacotilha é mais importante do que por exemplo as garantias de processo penal...eu que tenho fama e proveito de frio e de insensível sou o primeiro a não ter qualquer dúvida quanto ao predomínio do ser face ao ter.

5. Uma Constituição moderna não pode esquecer um papel fundamental no desenvolvimento da comunidade a todos os níveis. Não lava as mãos de questões fundamentais.

6. Rui Albuquerque também deveria ler alguns manuais básicos de Direito da Economia. Nem em 1976 a Constituição limitou duramente a propriedade privada. Limitações duras à propriedade privada é coisa que só vejo serem possíveis de existir em regimes de tipo soviético ou em anarquia de tipo comunitarista.
E, em qualquer caso, sempre coube ao legislador a definição desses limites, que a Constituição, desde logo, apenas afirmava a exigência de uma delimitação de sectores, mas cabia àquele a concretização efectiva - aliás, em rigor, os sectores cooperativo e social não são mais do que o sector privado sob outra forma e regras...
Desde a sua aprovação originária que a Constituição prevê a existência dos vários sectores de propriedade. Ainda estou para saber em que é que isto afecta o direito de propriedade. E, em rigor, o texto actual do art. 82º/2 até permite que o Estado não seja proprietário de coisa nenhuma - não só porque uma interpretação realista obriga a considerar qualquer bem como meio de produção, como também porque apenas afirma o que constitui o sector público.

7. Quando Rui Albuquerque compreender o que significa uma mais que óbvia prevalência do poder constituinte originário face ao derivado eu talvez me dê ao trabalho de contrapor a argumentação que faz criticando a existência de limites materiais da Constituição em abstracto.

8. Quanto aos limites em concreto que critica:

a) A monarquia é de facto por natureza não democrática, ou pelo menos constitui uma restrição inadmissível ao princípio democrático. É tudo menos democrático que alguém seja o Chefe de Estado por ser filho de outrem.

b) Já calculava que Rui Albuquerque defendesse os despedimentos porque sim (com as gravíssimas consequências que isso teria na economia tendo em conta a retracção da confiança dos consumidores). Mas está descaradamente a defender que sejam extintos os direitos das comissões de trabalhadores (dos quais o único que poderia ser discutível seria o controlo de gestão, mas cuja existência faz todo o sentido se o considerarmos - nem poderia ser de outra forma - como o direito de informação relativamente à gestão), as garantias de liberdade sindical (relativamente às quais nenhum democrata pode estar em desacordo), os direitos das associações sindicais e de contratação colectiva (pura perda de tempo, tendo em conta que o legislador ordinário tem larguíssima - para não dizer absoluta - margem de conformação na definição do direito de contratação colectiva), o direito à greve e a proibição do lock-out.
Ou será que se refere ao direito ao trabalho, quando o art. 58º refere-se, em rigor, às obrigações do Estado nesse sentido ?
Ou será que vem defender a abolição do princípio trabalho igual-salário igual, o que funciona basicamente como garantia de não discriminação porque não pode em caso algum impedir a evolução profissional e a divisão de responsabilidades ?
Ou que preconiza a eliminação da garantia de higiene, segurança e saúde no trabalho ? Ou da garantia do limite máximo da jornada de trabalho, de descanso semanal e de férias pagas ? Ou do subsídio de desemprego ? Das garantias especiais relativamente a grávidas, lactentes, menores e diminuídos ? Da protecção das condições de trabalho dos trabalhadores-estudantes ?
Ou a abolição do salário mínimo nacional, instituição conformadora da dignidade da pessoa humana e que impede algo ainda pior que o desemprego, o sub-emprego ?

Pare, escute e olhe. Não pense que alguma vez vamos permitir que o despedimento livre seja alguma vez institucionalizado. Nem que volte a existir sub-emprego. Nem que deixem de estar garantidas algumas básicas situações.
As pessoas têm dignidade. E isso está acima de tudo. Pena que haja quem só se preocupe com dinheiro, e, mais, com o dinheiro nas mãos dos empresários.

c) Quanto à coexistência de sectores, está tudo dito. Garante-se apenas a sua existência - eu diria mesmo a possibilidade da sua existência, e a garantia de que não são por natureza conflituantes.

d) A existência de planos económicos vale o que vale. Para além de se referirem às opções do Estado, uma leitura atenta do art. 91º permite concluir que eles dependem basicamente da lógica do Orçamento...

e) Mas o pior fica para o fim. Rui Albuquerque defende preto no branco a retirada do princípio do sufrágio universal. Se retirar o princípio da representação proporcional já seria muitíssimo grave por desrespeitar a pluralidade de opiniões, isso seria uma calamidade. Nem quero imaginar quais as alternativas pretendidas.

Ora bem

Exactamente, António.

É altura de nos deixarmos de hipocrisias, de politicamente correctos e de mania que somos bonzinhos e eliminarmos a ultrapassada ideia de prevenção especial na punição de um crime.

E por si muove

Eu detesto a postura de Sérgio Figueiredo.

Contudo, assino por baixo do que aqui escreve.

terça-feira, abril 04, 2006

Ordem da Liberdade de Portugal


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Pois é

Paulo:

Se é assim quanto aos blogs em geral, muito mais quanto aos blogs políticos. O que só prova a triste realidade: a actividade política, directa ou indirecta, é assunto que interessa muito menos às mulheres que aos homens.

segunda-feira, abril 03, 2006

A Fogueira das Vaidades

Confesso não ser um leitor assíduo do IV-República, ao contrário dos meus ilustres camaradas do Tonibler. Assim, foi necessário ler o DN para tomar conhecimento da posição que David Justino assumiu no referido blog acerca da Reforma da Administração Pública:

«Concluo que o referido esforço sendo meritório assume um custo político certo (andar a mexer nos diplomas orgânicos só gera instabilidade na administração que nos últimos quatro anos já havia sido objecto de reforma) e um retorno incerto ou insignificante, ou seja, mais valia estarem quietos ou então ter mais ambição.»

Como não acredito na 'teoria dos chapeús', ou David Justino enviou por este meio um recado do seu actual Chefe, o Presidente da República Cavaco Silva, ou foi pura, simples e desnecessariamente irresponsável.
Apesar de conseguir partir de um ponto de análise um pouco 'mais razoável' do que a maioria dos críticos desta Reforma (a leitura 'mais atenta' - entenda-se, na diagonal - dos documentos apresentados pelo Governo), David Justino não pode esquecer-se nem das suas actuais funções nem das responsabilidades governamentais que já teve, onde optou, claramente, por ficar quieto.

Entretanto, quando se esperava um eventual esclarecimento sobre o carácter da opinião formulada, surge a outra ilustre subordinada do nosso PR, Suzana Toscano, a atirar «Mais Achas para a Fogueira», que só poderá ser a das suas vaidades.

É, obviamente, o Descrédito total...