terça-feira, março 09, 2004

A Escolha de Sousa Franco II – da Estratégia

Mas porquê Sousa Franco?
(«Mas porquê?» deverá ser a pergunta mais utilizada pelos militantes e simpatizantes socialistas desde há algum tempo, a começar na demissão de Guterres, e por aí fora).

Não encontrando um motivo óbvio para a escolha, esperei para ouvir e ler os vários argumentos, quer dos responsáveis, quer dos analistas políticos.

Ao que parece, há essencialmente duas razões:
1 - Sousa Franco estará conotado ao «centro», podendo cativar votos nesta área política;
2 - Sousa Franco permitirá ao PS centrar a campanha eleitoral nos actuais resultados desastrosos da governação no campo da economia portuguesa.

Há falta de melhores explicações (e agradeço quaisquer contributos que me possam dar), permito-me retirar de tudo isto as seguintes conclusões:

Mais uma vez, a direcção do PS optou pela táctica em detrimento da estratégia.
Sousa Franco é utilizado para ver se ganha uns votinhos extra à direita, e como arma de arremesso contra o Governo. Isto, numas eleições que, muito provavelmente, constituirão um novo record de abstenção.

Os actuais dirigentes do PS ainda não devem ter tido tempo para parar e pensar na estratégia do PS para os próximos anos. Estratégia essa tão óbvia, que chega mesmo a ser enunciada teoricamente pelos mesmos: a consolidação do espaço político do PS, depois de um período governativo traumatizante, por aquilo que não conseguiu fazer, e pela forma como terminou.

O PS necessita de recuperar a credibilidade política que lhe permita ser visto como um partido preparado para governar, como alternativa à direita, e sem estar refém do mediático Bloco.

Em contrapartida, o PS parece que quer continuar a ser visto como uma agregação de caciques e inúteis, de tal modo que sempre que é necessário apresentar candidatos (ou Ministros) ao País, tem que ir buscá-los fora do próprio partido.

Atendendo a que o último cabeça de lista às eleições europeias foi Mário Soares, como aparecerá Sousa Franco no espaço político do PS?
Quem estará entusiamado com a campanha eleitoral que se avizinha?

Se eu estou errado, e em vez de tácticas pontuais existe afinal uma estratégia de fundo para o PS, então o próximo capítulo é fácil de prever:

Freitas do Amaral será o candidato do PS à Presidência da República !


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