Mas porquê Sousa Franco?
(«Mas porquê?» deverá ser a pergunta mais utilizada pelos militantes e simpatizantes socialistas desde há algum tempo, a começar na demissão de Guterres, e por aí fora).
Não encontrando um motivo óbvio para a escolha, esperei para ouvir e ler os vários argumentos, quer dos responsáveis, quer dos analistas políticos.
Ao que parece, há essencialmente duas razões:
1 - Sousa Franco estará conotado ao «centro», podendo cativar votos nesta área política;
2 - Sousa Franco permitirá ao PS centrar a campanha eleitoral nos actuais resultados desastrosos da governação no campo da economia portuguesa.
Há falta de melhores explicações (e agradeço quaisquer contributos que me possam dar), permito-me retirar de tudo isto as seguintes conclusões:
Mais uma vez, a direcção do PS optou pela táctica em detrimento da estratégia.
Sousa Franco é utilizado para ver se ganha uns votinhos extra à direita, e como arma de arremesso contra o Governo. Isto, numas eleições que, muito provavelmente, constituirão um novo record de abstenção.
Os actuais dirigentes do PS ainda não devem ter tido tempo para parar e pensar na estratégia do PS para os próximos anos. Estratégia essa tão óbvia, que chega mesmo a ser enunciada teoricamente pelos mesmos:
a consolidação do espaço político do PS, depois de um período governativo traumatizante, por aquilo que não conseguiu fazer, e pela forma como terminou.
O PS necessita de recuperar a credibilidade política que lhe permita ser visto como um partido preparado para governar, como alternativa à direita, e sem estar refém do mediático Bloco.
Em contrapartida, o PS parece que quer continuar a ser visto como uma agregação de caciques e inúteis, de tal modo que sempre que é necessário apresentar candidatos (ou Ministros) ao País, tem que ir buscá-los fora do próprio partido.
Atendendo a que o último cabeça de lista às eleições europeias foi
Mário Soares, como aparecerá Sousa Franco no espaço político do PS?
Quem estará entusiamado com a campanha eleitoral que se avizinha?
Se eu estou errado, e em vez de tácticas pontuais existe afinal uma estratégia de fundo para o PS, então o próximo capítulo é fácil de prever:
Freitas do Amaral será o candidato do PS à Presidência da República !