segunda-feira, janeiro 31, 2005

Outras Campanhas (2)

A campanha publicitária televisiva da Antena 1 também mereçe uma chamada de atenção.
Inteligente, original, subtil, conta com a participação de José Nuno Martins, Rui Veloso, Vasco Graça Moura e Eduarda Maio.
Às vezes vale a pena ver televisão nos intervalos.

Outras Campanhas



E agora, algo de completamente diferente e genial.

É a campanha «Por Uma Beleza Real» (espreitem este site), cujos outdoors estão espalhados um pouco por todo lado.

domingo, janeiro 30, 2005

O Voto Fácil



No seguimento do texto anterior, constato que o Editorial da revista Sábado intitula-se "Pense Bem Antes de Votar no Bloco". Passo a citar:

«Chegou a altura de levar o Bloco de Esquerda a sério. Até agora, este partido tem sido uma agremiação de castiços, a quem toda a gente diz que sim, façam eles o que fizerem, como era hábito antigamente com os bobos da corte, que divertiam mas não incomodavam. No entanto, o Bloco de Esquerda ameaça ter um resultado surpreendente nas eleições de 20 de Fevereiro e, como se viu no debate entre Francisco Louçã e Paulo Portas, começa a ter pretensões de ditar, com olho rútilo e dedo em riste, a forma como devemos conduzir a nossa vida. Por isso, é bom que comecemos a dar o devido peso às palavras, actos e omissões do partido que mostra Joana Amaral Dias e esconde o major Mário Tomé.»(...)

«Aqueles que admitem votar no Bloco a 20 de Fevereiro devem, portanto, pensar bem. Querem uma "ruptura com o capitalismo"? Querem "alterar o modelo de sociedade"? Querem juntar-se à diplomacia do Terceiro Mundo? Querem ser compreensivos com a ETA? Se querem, estejam à vontade; se não querem, e simplesmente acham graça à "irreverência" dos bloquistas, então talvez seja melhor acabarem com o sorriso fácil e levarem o seu voto a sério.»

O Bloco de Esquerda já fez questão de esclarecer que não quer ir para o Governo. Óbvio! O tipo de postura bloquista, de crítica permanente, é incompatível com qualquer exercício de poder, que o atiraria directamente para o campo oposto. Seria o princípio do fim.

Um bom resultado do Bloco de Esquerda que resulte directamente do enfraquecimento do Partido Socialista, terá como resultado uma maioria parlamentar de esquerda inútil. Aliás, o Bloco já o demonstrou anteriormente, ao negar o seu voto ao governo de António Guterres nas questões fundamentais. Se Louçã já se recusou a ser "cúmplice" de Guterres, porque o seria agora de Sócrates?

Nunca um voto foi tão útil...

sábado, janeiro 29, 2005

Afinal Quem São Estes Senhores do "Bloco"?



Mais uma vez, não pode passar sem referência a crónica de Vasco Pulido Valente no Público (sexta-feira). Desta vez dedicada ao Bloco de Esquerda, ainda a propósito do famoso incidente final no debate Louça-Portas.

«A técnica conhecida por "desqualificação do adversário" não nasceu ontem e não admira que persistisse no "Bloco", herdeiro do que havia de pior tradição revolucionária clássica. Mas, dado o "contexto", talvez fosse de esperar do "Bloco" mais cuidado. Porque afinal quem são estes senhores do "Bloco"? São uma centena de intelectuais de Lisboa e do Porto, com um eleitorado de classe média urbana, que subiram às custas de imaginárias "rupturas" com a moral tradicionalista, de um radicalismo inteiramente retórico e de um certo talento para a televisão. Nada disto é de esquerda e nada disto lhes permite falar em nome dos trabalhadores ou, de resto, de quem quer que seja. Não representam mais do que uma difusa repugnância pelo regime e as banalidades da moda ideológica do tempo. Se aplicassem a si próprios a regra que pretendem aplicar a Paulo Portas, também eles precisavam de mudar de vida. Repudiar a gravata, a favor de um arzinho "estudantil", não é identificação bastante para o povo explorado e oprimido.»

O Bloco de Esquerda já não é mais apenas aquele partido de Francisco Louça, Miguel Portas e Fernando Rosas, com um discurso arejado e mediático, a tentar ter voz na Assembleia da República. A avaliar pelas últimas sondagens, arrisca-se a ser a terceira força política portuguesa.

O Bloco de Esquerda está hoje em pleno no sistema político português. Já não é um partido marginal, já não é um voto de protesto contra a política. Contribuiu para a vitória de Santana Lopes em Lisboa.

Louça já tem o seu lugar garantido na Assembleia da República.

Para quê então votar Bloco de Esquerda?


Santana «Megafraude» Lopes



O mesmo Pedro Santana Lopes que, até há poucos dias, tinha este cartaz por esse País fora, vem agora falar de uma «megafraude» das empresas de sondagens para o prejudicar (claro!), ameaçando-as, inclusivé, com processos em tribunal.

Vendo bem o cartaz, Santana Lopes parece falar com conhecimento de causa. Quem não repare naquelas letras miudinhas que dizem «CDS/PP», fica concerteza convencido que aquelas percentagens dizem respeito às intenções de voto do PSD, e não à soma dos dois partidos. Isto de acordo com as sondagens do jornal «Expresso», que hoje mantém a soma da coligação nos 39%, contra os 46% do PS.

É com esta seriedade política que Santana Lopes quer levantar vôo a 20 de Fevereiro.
Desde que não nos leve com ele...

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Freitas Vota PS



Freitas do Amaral defende hoje na sua coluna da Visão, não só o voto no PS, como a maioria absoluta para Sócrates. Um artigo notável pela clareza da argumentação, de leitura obrigatória (resumo no site do Público).

A posição do Professor só pode surpreender quem tem estado desatento às posições que este tem assumido, donde se destacam mais recentemente o artigo da semana passada na Visão, ou a sua participação no 'Debate dos Senadores da Nação' na RTP.

Ou então quem é hipócrita, o que parece ser o caso de Miguel Relvas, naquela tradição de algum PSD em não ler jornais e estar longe da realidade.

O que é certo é que este posicionamento do ex-Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas é, até agora, um dos principais factos políticos desta campanha eleitoral.

Tanto que os ataques chovem, de Jerónimo de Sousa a Paulo Portas, com os mais diversos argumentos. De que estavam há espera?


Entretanto, a SIC chegou a acordo com a RTP para a transmissão do debate Sócrates-Santana.
Qual será a reacção histérica da TVI?


quarta-feira, janeiro 26, 2005

Estatísticas

Vital Moreira faz o seguinte raciocínio:

Se o poder de compra em Lisboa é «quase três vezes superior à média nacional», e se« o défice dos transportes públicos de Lisboa não pára de crescer», logo «os pobres subsidiam os ricos!» através do «orçamento do Estado (ou seja, por todo o País)».

É surpreendente a ligeireza desta conclusão.

Em primeiro lugar, Vital Moreira ignora a nota do Público de «Como Interpretar o Estudo», que realça, nomeadamente, ser «preciso ter em conta que o custo de vida na capital é superior ao do resto do país.»

Depois, Vital Moreira esquece-se que uma substancial parte dos impostos pagos neste em Portugal são-no... na região de Lisboa. Ou seja, esses mesmos impostos que alimentam o Orçamento de Estado.

Finalmente, o que o estudo diz é que o poder de compra em Lisboa é, em média, quase três vezes superior à média nacional. Atendendo a que não serão os lisboetas mais abastados os utilizadores dos transportes públicos, a conclusão de que os pobres subsidiam os ricos cai por terra.

Bem me lembro de ouvir o Professor Franscisco Pereira de Moura a chamar-nos à atenção (a nós, seus alunos) para ler primeiro as notas técnicas de cada estatística* antes de tirar conclusões substantivas.

*Mesmo quando as notas técnicas aparecem em rodapé e em letra miudinha...

Inconcebível

O BE tem como objectivo político transformar a RTPi no "canal internacional da cultura portuguesa".

As violentas reacções das associações de emigrantes que se seguiriam provariam de imediato quão absurda é essa ideia.

Só um tal John McDonald ficaria feliz com a RTPi transformada numa mistura de Mezzo e Arte...

Está nas mãos deles

Paulo Teixeira Pinto sucederá a Jardim Gonçalves como presidente do BCP. Agora não restam dúvidas que o BCP é o banco da Opus Dei.

Uma questão de prova

Madalena Barbosa: se diz que há discriminação sexual nos partidos políticos, prove-a.

Meras insinuações não bastam. E nada provam.

E já agora, dispensa-se esse feminismo radical. Quem diz que se os deputados fossem escolhidos por concurso, a Assembleia da República estaria repleta de mulheres, tendo em conta que obviamente o "repleto" tem o significado de uma maioria esmagadora, assume decididamente uma postura discriminatória.

terça-feira, janeiro 25, 2005

Inaugurações

Santana Lopes está com gripe e não vai participar em acções de campanha ao ar livre.

Poderemos todos suspirar de alívio por alguns dias, ou será que as centenas de inaugurações agendadas serão feitas por videoconferência? Ou por delegação? Virtualmente? Pela comunicação social («o centro de saúde de Carrapatoso de Ansiães não foi hoje inaugurado pelo 1º ministro Santana Lopes»...)?

Contra Ventos e Marés,
Contra o Frio e a Gripe...

Quando o Chão Treme

O caos está lançado no eleitorado do Bloco de Esquerda.
Basta espreitar o Barnabé.

Quando Francisco Louçã respondeu à provocação de Paulo Portas no debate da SIC-Notícias, estava longe de pensar nos seus efeitos.

Aliás, Louçã e o Bloco têm feito recuos sucessivos.
Primeiro justificaram, depois explicaram, agora Franscisco Louçã até admite ter-se excedido (na forma, não no conteúdo, como é da praxe nesta campanha).

Este episódio revela os riscos de um partido cuja sustentação consiste em gerir a agenda política no 'agit-prop': quando falham, não têm grande base programática e tudo treme.


(Quem é que lembrou há pouco tempo que Franscisco Louçã é o líder partidário mais antigo de entre os partidos com assento parlamentar?)

Debates, Para Que Vos Quero...

Santana Lopes faltou ao seu debate com Francisco Louçã na SIC-Notícias.
Estranho, este 'querer mas não querer' fazer debates. Até a intervenção do Presidente da República é pedida, num bizarro paralelismo com o 'Caso Marcelo Rebelo de Sousa'.
Mas para Santana Lopes já vale mesmo tudo.
(Já viram o novo cartaz da JSD? Aqueles rapazes vão longe...)

No diferendo entre a SIC e a TVI para saber quem teria o exclusivo do debate a dois ganhou... a RTP2!
E agora, ambas as estações reclamam o direito ao seu debate. Em nome das audiências? Não! Em nome da democracia e da necessidade de informar os cidadãos.
Mas não é a RTP2 um canal nacional, acessível a todos os telespectadores (ao contrário da SIC-Notícias)?

Ver as televisões a discutir quantos debates deverão ser realizados (tema do «Opinião Pública» de ontem na SIC-Notícias), agora que os programas eleitorais estão apresentados, com as propostas que a comunicação social tanto exigiram, através da horda dos comentadores de serviço, não deixa de ser ainda mais estranho.
Será que se esquecem que quem vai a votos são os partidos políticos e não os canais de televisão?

É que para os níveis de audiência, uma boa troca de insultos, tipo Portas Louçã, pode conseguir fazer esquecer a Quinta das Celebridades. E Santana Lopes é cartaz garantido.


segunda-feira, janeiro 24, 2005

Uma boa notícia

António José Seguro na blogosfera. Ainda bem ! :)

Disparates

Pedro Santana Lopes prossegue a sua lista infindável de disparates. Agora, vem pedir a intervenção do Presidente da República por causa dos debates de campanha eleitoral !

Uma análise fria permite tirar algumas conclusões:

- PSL tenta agora corrigir o tremendo disparate que fez ao aceitar participar nos debates da SIC Notícias, mas faz um erro muitíssimo grave - quando podia dizer preto no branco que a partir do momento que José Sócrates não aceitou a sua participação não faria sentido, tenta atirar areia para os olhos das pessoas, mas de forma de tal modo desastrada que não atinge sequer qualquer criancinha;

- pensar que o Presidente da República deve intervir por causa dos debates é no mínimo risível; em qualquer caso, também não me espantava que fosse apenas mais um pretexto para se fazer passar por Calimero - já agora, venha a casca de ovo na cabeça;

- qualquer comparação com a luta heróica do povo ucraniano é de um extremo mau gosto e de uma total falta de respeito pelas instituições democráticas portuguesas - porque espera Yelena Liashchenko para se demitir do PSD ?





Qualquer dia morro de tanto rir

Luís Delgado, claro está.

A retoma está aí ! AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH !

Comentador

Marcelo Rebelo de Sousa na RTP ? Bem fala Vital Moreira...

Matemática

Pedro Oliveira vem defender a obrigatoriedade da Matemática até ao 12º ano em todos os cursos.

É evidentemente um monumental disparate. Não consigo descortinar qualquer vantagem que daí se retiraria, sendo que seria um sacrifício desproporcional para os estudantes de humanidades, os quais já anteriormente receberam a matemática considerada necessária em termos de formação geral e dela não necessitam em termos de futuro académico e profissional nem de conhecimento geral.

Mais aproveito para voltar a propor uma diferenciação dos programas de matemática a partir do 10º ano consoante as opções. Por exemplo, não faz qualquer sentido que a matemática da área científica e da área económica seja a mesma !

Política Cultural

Estranho, muito estranho. Em 16 pontos que Eduardo Prado Coelho enuncia como bases de uma política cultural, apenas discordo totalmente de um ponto (16), parcialmente de outro (6, frase final) e dos pressupostos, não da proposta nele contida, de outro (5).

Será porque são assim tão óbvias, por afinidade ideológica ou por outra razão que desconheço ? Mais. Fiquei muitíssimo surpreendido (agradavelmente, entenda-se) quando vi que os subsídios à produção cultural não são uma das suas prioridades...

domingo, janeiro 23, 2005

Eis o Efeito de Um Esgotamento



Este senhor achou que devia apelidar os Bloquistas de 'neo-fascistas' !!!!!!!!!!
Foi ontem, em pleno comício do PP.
Aguardam-se as reacções indignadas...

As «Coerências» de Paulo Portas e Francisco Louçã

A troca de acusações entre Francisco Louçã e Paulo Portas acerca da Interrupção Voluntária da Gravidez vs Direito à Vida, acabaram por ser o prato forte do debate entre estes dois líderes na SIC-Notícias. Na trancrição do Público, terá se passado mais ou menos isto:

«A troca de palavras mais tensa foi espoletada depois de Portas ter afirmado: "Há uma vida que tem o direito a nascer ou não, de acordo com o BE não tem, de acordo connosco tem." Louçã reagiu ao líder do CDS atirando-lhe: "Não me fale de vida, não tem direito a falar de vida", interrompeu. "Quem é o senhor para me dar ou não o direito de falar? O direito dá a Constituição e o povo que é democrata.", protestou Paulo Portas, enquanto Louçã, imparável, prosseguia: "O senhor não sabe o que é gerar uma vida. Não tem a mínima ideia do que isso é. Eu tenho uma filha. Sei o que é o sorriso de uma criança. Sei o que é gerar uma vida."

No Editorial do Público Eduardo DâmasoLouça e o Sorriso das Crianças») e no artigo de opinião de Helena MatosO Reaccionarismo Progressista»), Louçã é condenado veementemente pela sua afirmação (tal como o dirigente Bloquista João Teixeira Lopes, que reagiu em sua defesa).

Para o natural contraditório, vale a pena ler Vicente Jorge SilvaPortas, Louçã e Hipocrisia») no blogue Causa Nossa.

sábado, janeiro 22, 2005

Ascenção e Queda

«Quem está à espera que Santana Lopes, perante um mau resultado ou até uma catástrofe, dignamente se demita na noite de 20 de Fevereiro vai ter uma surpresa. Se for fiel à sua personagem (e a que pode ele ser fiel senão a isso?), Santana começará por culpar tudo e todos pela sua derrota, dedicará o seu martírio ao PSD e a Sá Carneiro e, no fim, chorando e suspirando, dirá que oferece ao seu partido a sua preciosa vida e que, em nome do seu "sonho", continua presidente.

Para ele só ele existe. Mesmo hoje, em campanha, não há frase, não há discurso em que não acabe por reduzir o universo a si próprio: eu assim e eu assado, eu cozido e eu frito, e eu, e eu, e eu, sempre o "eu", sempre ele. Um general destes, quando perde, não se mata: manda fuzilar o sargento. Para remover Santana, será necessário que o arrastem aos berros para o meio da rua.»

Vasco Pulido Valente
dixit in Público

quinta-feira, janeiro 20, 2005

A Conversa Que Não Existiu



- Vá lá. Falta pouco mais de um mês para as eleições. Temos que ser criativos. Vejam o Portas e o Bagão.

- Eu tenho a questão da Central de Compras do Estado para anunciar.

- Isso dava um bom suplemento. Ainda temos sobras daquele papel de primeira do último suplemento que lançámos?

- Não. Gastou-se tudo.

- Faz-se na mesma. Compra-se mais. Afinal é para informar o cidadão, não é ?

(eh! eh! eh! eh! eh! eh! eh!)

- Olha. Eu lembrei-me de anunciar o TGV.

- Mas isso não está já definido ?

- Disseram-me lá no meu gabinete que o traçado Lisboa-Porto poderia ser concluído em 2012. Nessa altura, se calhar, já estaremos de novo no poder e tudo.

- Mas parece-me pouco.

- Posso anunciar uma ponte ferroviária para o Barreiro. Quem vier que se desenrasque.

- Mas eu preferia que se construísse antes uma ponte para a Costa. Tenho lá casa.

- Não há problema. Anunciam-se as duas pontes.

- E as SCUT?s?

- Isso está a cair um bocado mal. O melhor é adiar isso ou dizer que quem lá mora não vai pagar portagens. Assim ninguém percebe bem se será prejudicado e não perdemos tantos votos.

- Ainda podemos dizer que Portugal terá a sua missão espacial em Saturno até 2050.

- Calma Mexia. Também não podemos abusar.

- OK. Temos que coordenar no calendário as conferências de imprensa com o Portas.

- E o pessoal? Já está todo arrumado? Tem que estar tudo nomeado antes de começar a campanha, para não dar tanto nas vistas...


quarta-feira, janeiro 19, 2005

Às Vezes Mais Vale Estar Calado...

Confesso que fiquei surpreendido ao saber que José Sócrates tinha sido o único líder dos partidos com representação Parlamentar a não aceitar o convite da SIC-Notícias para debates bilaterais. Não costuma ser tradição do PS evitar o debate de ideias antes de confrontos eleitorais.

Mas depois de ouvir o debate de ontem entre Francisco Louça e Jerónimo de Sousa, tenho de dar o braço a torcer, e aceitar a estratégia de Sócrates. Os líderes do PCP e do Bloco de Esquerda conseguiram estar de acordo em todos os assuntos, menos na inacreditavelmente populista medida do PCP de aumentar os salários para aumentar o consumo interno (até o economista que há dentro de Carlos Carvalhas deve ter levado as mãos à cabeça). Louça, educadamente, lá explicou que isso, mais de aumentar o Produto, agravaria o Défice da Balança Comercial.

O debate entre Santana Lopes e Paulo Portas promete ser igualmente enfadonho, quais Dupond & Dupont.

Se Sócrates tivesse aceite este formato de debates, estaria na situação ímpar de ser o único a ser o alvo de todos os restantes líderes partidários.

Por que razão iria correr riscos José Sócrates a se expor em quatro debates televisivos, numa campanha eleitoral em que... estar calado dá votos?

terça-feira, janeiro 18, 2005

Não Estão Estes Senhores em Gestão ?

Não deve haver paralelo a este Governo de Gestão, nem na América Latina.

Vejamos, agora, António Mexia, que à noite trata do programa de Governo do PSD, e de dia anuncia o TGV mais duas (2!) novas pontes para Lisboa. Obras a realizar a 10-15 anos.

Há que manter o ritmo das conferências de imprensa do PP de Portas, Bagão e Nobre Guedes.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A Confirmação

Mesmo os mais cépticos agora não podem ter dúvidas de que Joaquim Jorge está desesperadamente à procura de um cargo político, e tudo fará para se auto-promover.

Já que não vai ser Deputado à Assembleia da República, agora quer ser vereador.

Espero que ninguém tenha a ideia de o nomear seja para o que for a ver se ele fica satisfeito. Para além de ser um mau princípio, quem assim se porta não merece rigorosamente nada.

Às Claras

Hoje Mário Pinto perde as cautelas, e diz basicamente preto no branco que é contra a existência de serviços universais públicos de saúde e de educação para que a maioria das escolas e dos hospitais fossem pertença de instituições da Igreja Católica.

Nada que já não se soubesse, mas mais uma vez fica claro o que está em jogo. Os liberais de serviço que se cuidem: as suas ideias nesta matéria foram já compradas por quem tem nela declaradíssimos interesses.

domingo, janeiro 16, 2005

Ilações Legislativas

As distritais do PSD querem que Jorge Sampaio se demita caso se repita, em 20 de Fevereiro, a actual maioria governativa PSD/PP, como forma de daí retirar ilações da sua decisão de convocar eleições antecipadas.

Resta saber se as distritais do PSD estarão preparadas para retirarem igualmente as suas ilações, caso o resultado seja outro...

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Vale Tudo... Até Tirar Olhos

Bagão Félix juntou-se à pré-campanha eleitoral do PSD/CDS/PPD/PP/PPM/MPT.

Não por ter levada uma facada de Santana Lopes, nem por ter dado um mergulho no Hemisfério Sul, mas por criticar declarações de José Sócrates.

O líder do PS declarou que não irá alterar a actual política fiscal, nomeadamente no que toca à eliminação dos benefícios fiscais, tão criticada por Sócrates no debate do Orçamento de Estado para 2005. Anunciou igualmente a atribuição de uma "prestação suplementar" aos idosos que vivem abaixo do limiar da pobreza, que poderá abranger 300 mil beneficiários.

Bagão mostra-se assim perplexo por Sócrates ter mudado de opinião em relação à eliminação dos benefícios fiscais, uma vez que terá sido esse o argumento do PS para chumbar o Orçamento, e garante ser impossível aplicar a dita "prestação suplementar".

É óbvio que não foi apenas por causa da eliminação dos referidos benefícios fiscais que o PS votou contra um Orçamento de Estado considerado quase unanimemente como irrealista, eleitoralista e, inevitavelmente, condenado a um Orçamento Rectificativo. Mas Sócrates abriu o flanco ao escolher, na altura, a eliminação dos benefícios fiscais como sound-byte.

Porém, depois de Jorge Sampaio vir com o tal Pacto das Finanças Públicas (com o qual eu não concordo), Sócrates parece estar a responder ao repto do Presidente da República, enquanto Bagão Félix entra no jogo do puro oportunismo eleitoralista.

E em relação à inviabilidade da "prestação suplementar" aos idosos, já Patinha Antão ficou célebre por ter utilizado o Gabinete de Estudos do Ministério das Finanças no tempo de Cavaco Silva para demonstrar a inviabilidade da proposta do Rendimento Mínimo Garantido. E viu-se...

Bagão & Cia, que agora prometem aos portugueses a lua e menos impostos, não têm qualquer moral para fazer críticas a Sócrates.

Sócrates terá que ter mais cuidado no futuro em não cair na tentação dos sound-bytes.

Para quem não acredita que nesta campanha eleitoral vai valer tudo, é porque ainda não recebeu aquele e-mail com o recorte de uma revista brasileira...

Nem de Propósito...

Miguel Sousa Tavares dedica a sua coluna desta sexta-feira no jornal «Público» à questão das Mulheres Socialistas, das quotas e de Sónia Fertuzinhos.

Apenas um excerto do artigo «As Mulheres»:

«Faz-me um bocado de confusão que, no ano de 2005, ainda se continue a raciocinar como se fosse necessário garantir às mulheres uma protecção especial, que passa, inclusivamente, por uma condescendência particular em relação ao seu desempenho em funções políticas. Como aliás é notório, nesta conjuntura, em relação à prestação, mais que incompetente, da senhora Ministra da Educação e da senhora Secretária de Estado da Cultura.»

Mais Pactos ?


«No longo prazo estamos todos mortos» - era esta a resposta de John Maynard Keynes às teorias económicas neoclássicas, onde as políticas de curto prazo serviam para atingir equilíbrios de longo prazo.

Alguém não terá explicado isto ao Presidente da República, Jorge Sampaio, antes de ele apelar ao pacto entre os principais partidos políticos em torno da reforma das finanças públicas - leia-se cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC).

O Orçamento de Estado não um exercício aritmético politicamente neutro. Com a perda das políticas monetária e cambial, a política orçamental é o único instrumento económico que resta hoje ao Governo português para intervir no rumo da economia.

O próprio PEC não é politicamente neutro. O PEC visa a estabilidade do crescimento da inflação na zona Euro, e não o desenvolvimento económico dos países que nela participam. Esta política obsessiva de estabilização da taxa de inflação insere-se na escola neoclássica, monetarista, que não só acredita que a manutenção de uma taxa de inflação baixa cria as condições no longo prazo para o crescimento económico, como considera que o pleno emprego numa economia provoca graves problemas inflacionários (a célebre Curva de Philips). Ou seja, o desemprego será, nesta óptica um mal necessário para garantir, no longo prazo, a estabilidade económica (através do controlo da inflação e das taxas de juro). Teorias económicas já suficientemente desacreditadas desde da década de 80, após as experiências Thatcher e Reagans.

O passado recente, tanto na Europa como em Portugal, veio provar os efeitos negativos que o PEC teve nos diversos países da Zona Euro, ao neutralizar a política orçamental. E tanto a França como a Alemanha continuam a desprezar o limite dos seus défices orçamentais. Não será pois surpreendente que a reformulação do próprio PEC esteja hoje na agenda da Presidência Luxemburguesa da Comissão de Jean-Claude Juncker (o 1º Ministro que não aceitou ser Presidente da Comissão Europeia para que Durão Barroso pudesse ser convidado).

Em Portugal, a política levada a cabo por Manuela Ferreira Leite e Durão Barroso (e que os actuais dirigentes do PSD tentam varrer para debaixo do tapete) revelou-se desastrosa. Na boa linha neoclássica/liberal, foi proposto ao País uma estratégia que crescimento da economia com base nas exportações, desaceleração do consumo (e, preferencialmente, das importações), com um Estado supostamente regulador, preocupado em cumprir, a todo o custo, o limite de 3% do défice orçamental em relação ao PIB. Não havendo qualquer estratégia nacional para o efeito, apostou-se tudo no vermelho - a recuperação da economia alemã, e que o seu efeito de arrastamento chegasse depressa a Portugal. Azar: saiu preto.

O fracasso no controlo orçamental acaba por não ser surpreendente. O crescimento da economia fomentado exclusivamente no dinamismo do sector privado empresarial foi insuficiente, não tendo exercido o Estado qualquer papel na condução da economia nacional (o que andou a fazer o Ministério da Economia nestes últimos anos?). Aliás, o principal corte orçamental foi feito ao nível do investimento público.

O falhanço desta política foi rotundo. O fraco crescimento económico do PIB nacional fez-se, novamente, à custa do consumo privado. As exportações portuguesas não tiveram qualquer impulso. O défice orçamental real é superior a 5% do PIB. A dívida pública já passou os 60% do PIB, outro dos critérios do sacrossanto PEC.

Qual será pois o sentido de propor um pacto de regime à volta da consolidação orçamental, quando o orçamento é o único instrumento económico que permitirá implementar políticas diferentes?

Ou teremos todos percebido mal? Quereria Jorge Sampaio referir-se afinal a um pacto de regime para a reforma e modernização da Administração Pública?


quarta-feira, janeiro 12, 2005

Joana Amaral Dias e a JS



«A Capital» iniciou esta semana a publicação de dossiers sobre os principais partidos políticos nacionais, começando pelo Bloco de Esquerda.

Hoje ficamos a sabero que o sex-symbol do Bloco, Joana Amaral Dias, diz sobre a sua passagem pela Juventude Socialista:

«Foi uma passagem fugaz aos 13/14 anos, mas depressa me desiludiu o espírito que reinava. Eram mais copos e jantaradas do que discussão de coisas realmente importantes.»

Na página seguinte, um artigo revela que «'Malta' do Bloco de Esquerda reúne-se diariamente em bar do Bairro Alto»:

«Entramos e vamos confirmando, com conversas soltas e descontraídas que das elites aos militantes, a 'malta' do Bloco de Esquerda gosta de ali conversar, beber um copo e discutir política.»

Mais: «A conversa com vários habitues confirma que Francisco Louça, Fernando Rosas, Luís Fazenda ou Joana Amaral Dias são apenas alguns dos dirigentes do Bloco que por ali passam com bastante frequência 'para jantar, para beber um copo, para conversas ou para preparar questões relacionadas com o Bloco'.»

Moral da história: Joana Amaral Dias passou pela JS muito jovem, numa altura que ainda não apreciava copos e jantaradas para discutir política. Se não tivesse sido tão precoce (13/14 anos), talvez estivesse hoje a lutar por um lugar nas listas do PS na quota das mulheres.
Bem, no caso dela, talvez fosse na mesma cabeça de lista por Santarém.

Vá-se lá saber porquê...


terça-feira, janeiro 11, 2005

Outra Vez as Quotas

De que trata o Departamento das Mulheres Socialistas que não possa ser tratado dentro do PS? Da existência de quotas? De lugares nas listas?

A existência de um Departamento das Mulheres Socialistas dentro do PS é uma aberração hipócrita, de parte a parte, tal como a própria noção de quotas. Paradoxalmente, verifica-se que as mulheres que escolhem prosseguir uma carreira política, têm muito mais visibilidade e facilidade de ascensão que os homens (não terá sido até o caso da ascensão de Sónia Fertuzinhos?).

Por outro lado, a serem reais as declarações de José Sócrates afirmando que um terço dos lugares elegíveis nas listas de Deputados haviam sido atribuídos a mulheres, de se queixam Sónia Fertuzinhos, Helena Roseta e o Departamento das Mulheres Socialistas? Não conseguiram atingir um objectivo de participação na política? Ou, acima deste objectivo, o dito Departamento é mais um elemento do chamado Aparelho, para negociar nomes, não tendo conseguido colocar a sua líder, como uma qualquer Concelhia ou Federação descontente?

Talvez não fosse má ideia organizar o Departamento de Homens Socialistas, para discutir, por exemplo, a progressiva deserção de elementos do sexo masculino no ensino superior.

Mas prefiro defender uma quota de 1 lugar elegível nas listas de Deputados do PS para economistas nascidos em Outubro de 1971...

(Se houver uma mulher nestas condições, já não tenho qualquer hipótese...)

Disto é que ele não percebe MESMO nada

Eduardo Prado Coelho hoje ultrapassa todos os limites do patético.

Passo a citar: Na minha geração, a linguagem era um instrumento de seduação em que a rapariga deixava que as palavras a tocassem afectivamente.

Oh si cariño ! É preciso realmente não saber RIGOROSAMENTE nada do assunto para achar que alguém fica seduzido por causa de tais palavras...isso não acontece hoje nem, obviamente, aconteceu no passado. Esse romantismo bacoco aqui descrito pertence apenas ao mundo dos sonhos.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Mulheres e Política

Pois é, Ana Sá Lopes. Mas se não existissem as inefáveis quotas, os factos que descreve não existiriam.

Por exemplo, alguém hoje tem a distintíssima lata de dizer que Jamila Madeira é "a filha do Luís Filipe" ?


Círculos uninominais

Como é bom não ser preciso dizer nada. Vital Moreira diz tudo !

Lá estão eles

Infelizmente não disponível online, a carta ao director do PÚBLICO hoje enviada por Louro de Carvalho é manifestamente esclarecedora.

Por trás da suposta escolha paternal na primeira língua estrangeira, a defesa que se faz de uma língua românica como opção possível é, obviamente, uma patética, inadequada e inaceitável defesa da língua francesa. Uma manifesta irresponsabilidade, portanto.

"Liberdade" de educação

Já cá faltava a arauta do Patriarcado...

Para além de este texto tresandar a egoísmo social, todos sabemos o que está por trás. Perdida a batalha das ideias e da sociedade, tenta agora a Igreja Católica recuperá-la pelas ideias mais básicas.

E mais. Dizer que os professores veiculam o ideário do BE é algo de manifestamente surpreendente, e só compreensível num quadro propagandístico de "a escola pública forma bloquistas, pais tirem de lá os vossos filhos". Qualquer professor de esquerda (e não de extrema-esquerda) ou de direita que se preze ficará por certo manifestamente ofendido.

Certamente o João Heitor poderia responder numa carta ao director !

Escutas ?

Espero que isto não seja verdade...

Exames

Ando mais silencioso, é verdade. Mas os exames da pós-graduação que estou a frequentar não perdoam...

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Uma Perspectiva Oleosa

O meu caro amigo Mark Kirkby considera lamentável o episódio ocorrido à volta da inclusão de Paulo Pedroso nas listas a Deputados do PS. Num post publicado no País Relativo, intitulado «Um Partido Oleoso», Mark Kirkby mostra-se completamente solidário com Paulo Pedroso (o que, aliás, só lhe fica bem):

«No que toca ao PS, a cegueira cobarde relacionada com o Paulo Pedroso é o facto a lamentar (...), sobretudo para pessoas que, como eu, vêem no PS, há mais de 16 anos (tenho 32), o Partido do combate, dos bons ideais, da solidariedade. Um Partido que nem sempre foi tributário do politicamente correcto, já que nasceu da vontade de um punhado de homens de fibra não alinhados com o populismo de esquerda ou de direita
(...)
«Não é justo, nem sério, que, por razões formais, se exija ao Paulo aquilo que ninguém exigiria a si próprio ou a um filho seu: que, sabendo-se inocente, abdicasse definitivamente da sua vida cívica e política em nome do respeito a um erro judiciário de uma justiça que se deixou convencer por uma calúnia torpe. Ver o PS a titubear nesta matéria é uma desilusão

Ora, Mark Kirkby, até ao último congresso, desempenhou funções destacadas no consulado Ferro Rodrigues. E não me lembro de ler ou ouvir então este tipo de solidariedade com, por exemplo, Fátima Felgueiras.

Fátima Felgueiras também se diz completamente inocente, não tendo transitado em julgado qualquer decisão legal relativa ao processo que em relação a ela decorre nos Tribunais.

Então qual será a diferença, para Mark Kirkby, entre a camarada Fátima Felgueiras e o camarada Paulo Pedroso?

Será apenas por Mark Kirkby ser amigo pessoal de Paulo Pedroso?

Se é o caso, talvez devesse ter sido o primeiro a aconselhá-lo a afastar-se desta história das listas de deputados.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Insuportável

Vamos lá ver se nos entendemos:

Santana Lopes convidou ou não o insuportável Pôncio Monteiro para nº2 da lista do PSD pelo Distrito do Porto?

Este convite foi feito ou não com o acordo da Distrital portuense do PSD?

Não conheciam Santana Lopes ou os dirigentes da dita Distrital o relacionamento entre o insuportável Pôncio Monteiro e Rui Rio?

Depois das declarações do insuportável Pôncio Monteiro acerca de Rui Rio, quantas vezes assegurou o PSD, através de Santana Lopes ou outros dirigentes, que o convite para as listas do PSD se mantinha?

Não chegou mesmo o PSD, perante as pressões que não existiram, a equacionar o convite alternativo ao insuportável Pôncio Monteiro para ser cabeça de lista por Vila Real?

Quando o igualmente insuportável Miguel Relvas comunica ao insuportável Pôncio Monteiro que, afinal, por decisão do Conselho Nacional do PSD, o convite ficava sem efeito, tinha ou não já começado o dito Conselho Nacional?

Já agora, qual era a intenção do PSD em convidar o insuportável Pôncio Monteiro para nº2 da lista do Porto?

E a vítima é, novamente, Santana Lopes?

Coitadinho...

Simplesmente insuportável!!!

terça-feira, janeiro 04, 2005

Ensino Superior

Antes de mais, Feliz Ano Novo para todos os leitores do DESCRÉDITO !

E o ano começa aqui assinando por baixo de Eduardo Alexandre Silva.

Eu cheguei a ter o caso de uma cadeira onde tive nota negativa num teste pura e simplesmente porque não debitei exactamente a matéria como fora dada. Claro que a solução foi fácil: chegar ao segundo momento de avaliação e ter toda a matéria devidamente cabulada.

Objectivo obviamente cumprido.

Isto para não falar de uma outra cadeira na qual fui mimoseado com um 9 no teste porque não citava as posições do regente da cadeira, seguindo outras posições. Diga-se em abono da verdade que isso foi obra da assistente e não do regente...