Estatísticas
Vital Moreira faz o seguinte raciocínio:
Se o poder de compra em Lisboa é «quase três vezes superior à média nacional», e se« o défice dos transportes públicos de Lisboa não pára de crescer», logo «os pobres subsidiam os ricos!» através do «orçamento do Estado (ou seja, por todo o País)».
É surpreendente a ligeireza desta conclusão.
Em primeiro lugar, Vital Moreira ignora a nota do Público de «Como Interpretar o Estudo», que realça, nomeadamente, ser «preciso ter em conta que o custo de vida na capital é superior ao do resto do país.»
Depois, Vital Moreira esquece-se que uma substancial parte dos impostos pagos neste em Portugal são-no... na região de Lisboa. Ou seja, esses mesmos impostos que alimentam o Orçamento de Estado.
Finalmente, o que o estudo diz é que o poder de compra em Lisboa é, em média, quase três vezes superior à média nacional. Atendendo a que não serão os lisboetas mais abastados os utilizadores dos transportes públicos, a conclusão de que os pobres subsidiam os ricos cai por terra.
Bem me lembro de ouvir o Professor Franscisco Pereira de Moura a chamar-nos à atenção (a nós, seus alunos) para ler primeiro as notas técnicas de cada estatística* antes de tirar conclusões substantivas.
*Mesmo quando as notas técnicas aparecem em rodapé e em letra miudinha...
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