Infelizmente, o PS e o BE vão avançar com a lei da paridade. E já que é Dia da Mulher, algo que não faz o mínimo sentido em sociedades como as ocidentais, lá se tem que ouvir as conversas do costume. Relativamente ao que li, tenho a dizer o seguinte:
1. É curioso como é que é relativamente ao assunto todas as peças jornalísticas do Público foram elaboradas por mulheres.
2. Maria de Belém defende os 30% de quota e não os supostos 40 porque isso já permite
influenciar a decisão. Curioso. É que isso pressupõe um grupo de homens mauzões e mandões que têm de ser influenciados pelas pobrezinhas das mulheres que actuam em conjunto. Totalmente absurdo. A propósito: será que a mesma inenarrável senhora aceitou ir para o isaltínico Conselho de Reflexão Estratégica pelas mesmas razões ?
3. Como já seria previsível, em Espanha avança-se no pior dos sentidos. Quer-se impor um sistema de quotas para todas as nomeações e, pior ainda (sim, é possível), quer-se impor um sistema de inversão do ónus da prova no caso de acusações de assédio sexual. Ora, não só que eu saiba a inversão do ónus da prova em Direito Penal é algo totalmente inadmissível, como tal sistema, aplicado nos Estados Unidos, tem levado a que centenas de homens inocentes se tenham visto prejudicados e condenados na sequência de acusações desse sentido terem sido elaboradas por mulheres que queriam o respectivo posto de trabalho ou apenas vingar-se pessoalmente, seja lá por que razões for.
Pior. Quer-se estimular as empresas privadas que avancem no sentido da paridade. Ainda que isso seja menos mau que a política norueguesa e sueca de impor quotas nas administrações, vai conduzir a uma brutalidade de discriminações. Isto é, haverá situações em que o escolhido não será a pessoa mais indicada, mas sim alguém por ser mulher ou por ser homem.
4. Voltando atrás. Excepcionar-se-ão as freguesias com menos de 500 eleitores e os municípios com menos de 5000 eleitores. Mais um erro. Se para uma freguesia com 17000 eleitores como Carnaxide eu, que fui responsável pela elaboração da lista do PS, e como tal (ainda que discorde) cabia-me cumprir as normas internas incluindo 33% de mulheres, acabou por faltar uma mulher para cumprir a quota. Obviamente, valeu a solidariedade política do Secretário-Coordenador da minha Secção. Logo, esse sistema, a existir, NUNCA deveria ser aplicável a qualquer freguesia, e, já agora, às Assembleias Municipais cujo elevado número de membros advém do elevado número de freguesias (ainda que eu ao tempo defenda que os Presidentes de Junta, pelo menos, não devessem ter direito de voto na Assembleia Municipal, e em rigor nem deveriam ser seus membros).
5. Elza Pais é uma desilusão. Agora vem dizer que o tráfico de mulheres é violência de género. E o tráfico de homens é o quê ? Qual é a diferença ?
Diz ainda a mesma que
mercantilizar o corpo de uma mulher e explorá-la sexualmente é não só uma questão criminal como um verdadeiro atentado aos direitos humanos. Estou de acordo se considerar o mesmo relativamente a práticas idênticas perpetradas sobre homens.
6. Pelo contrário, Joaquim Fidalgo, também no Público, ridiculariza as estúpidas questões que foram colocadas a Michelle Bachelet se, uma vez eleita Presidente, poderia conciliar as suas funções com a vida familiar. Obviamente a chilena logo disse que a um homem não perguntariam as mesmas coisas.
Pois eu vou mais longe. Felizmente, essas questões nunca foram colocadas, pelo menos em termos que alguém lhes prestasse atenção. Mais uma prova que não precisamos de quotas para nada - aliás, estamos na linha da frente a nível mundial relativamente à taxa de empregabilidade das mulheres, esse SIM o dado relevante.
7. É triste ver uma mulher de 31 anos com
estes complexos de inferioridade. Olha para
eles outra vez. O que acaba por ser desconcertante, quando
aqui fala nos pontos verdadeiramente relevantes da coisa, AINDA que:
a) problemas de diferenciação salarial SÓ possam em honestidade ser colocados relativamente à mesma função laboral. E mesmo aí é complicadíssimo concluir seja o que for, tendo em conta as inúmeras condicionantes. Eu por exemplo NUNCA ouvi falar de nenhuma situação em concreto, o que não quer dizer que não existam, designadamente a nível de profissões operárias.
b) 58% dos licenciados são mulheres e 14% dos lugares de topo da carreira científica são ocupados por mulheres ? Mas em primeiro lugar, quais são esses lugares de topo ? Depois, já alguém se preocupou em perguntar a essas licenciadas se os ambicionaram ?
INFELIZMENTE, o problema é outro e está na cabeça das pessoas. O voluntarismo das activistas feministas (coisa que, ao contrário do que diz JAD, não é uma coisa positiva, pois se o machismo é negativo - antes de mais para o homem - o feminismo também o é, necessariamente) fá-las esquecer que para a grande maioria das mulheres as prioridades está longe de ser a carreira profissional. E, pelo contrário, o que se vê cada vez mais é muitos homens deixarem de ter a carreira profissional como prioridade nº 1.
8. Ainda a propósito de JAD. Se há grandes diferenças na repartição do trabalho doméstico, pergunto-me se ela as quer resolver por via legislativa. Se a resposta for positiva, apenas tenho a perguntar onde é que deixou a nave.
9. Concluo deixando o meu absoluto acordo com
este post.
NOTA POSTERIOR:
Reparei agora que me esquecera de dizer algo essencial. Que espero que o Presidente da República amanhã empossado VETE politicamente esse decreto da Assembleia da República. Não faz mais que a sua obrigação, e com isso subirá alguns pontos na minha consideração (não que me vá fazer alguma vez votar nele, entenda-se).