Outra vez
Mais uma vez vemos até que ponto chega a estupidez. Decididamente, destas palavras apenas se retira que infelizmente há quem deseje a existência de religião de Estado e cheiinha de privilégios. Aliás, sempre que se avança no sentido da igualdade religiosa vem sempre a mesma conversa de "estão a abrir a questão religiosa". A tragédia. O horror.
Para mais, chamar universidade pública à UCP é acima de tudo estar a ofender o esforço que tem sido realizado por essa universidade privada por si só no sentido de oferecer ensino de qualidade. Como se a UCP precisasse do Estado para alguma coisa.
Mas se formos a algo escrito pelo autor do post num comentário ao mesmo a coisa piora:
1. Vem basicamente dizer que o Estado deve financiar a igreja católica devido à ocupação de anteriores espaços religiosos pelo Estado em 1834 e 1910. É que é preciso ter uma enorme lata. Isso não deve acontecer pela mesma razão que a questão do ouro judeu também é ridícula: porque juridicamente essas questões prescreveram, e nenhumas pessoas ou instituições devem ter tratamentos de favor face à generalidade dos cidadãos.
2. É evidente que não estão em jogo as verbas de apoio social, e qualquer pessoa minimamente informada sabe disso.
3. É totalmente escandaloso que o Estado entre com um cêntimo que seja para a construção de templos religiosos de qualquer confissão. E o valor que têm os centros sociais privados para mim é zero. O Estado resolve as coisas por si, e os privados se querem fazer dessas coisas, é lá com eles. Aliás, não tenho a mínima dúvida de que a igreja católica faz apoio social apenas e só como pura e simples chantagem para retirar dinheiro aos poderes públicos. Na realidade, não faz outra coisa desde o seu estabelecimento como religião de Estado em Roma do que sugar dinheiro aos contribuintes geração atrás de geração.
4. Como é evidente, quer-se retirar a religião do espaço público. Público no sentido de estatal. Não é o seu espaço. Religião é coisa da vida privada de cada um. E mais: não fosse tal coisa demasiado incendiária e divisora, o correcto seria proibir baptismos e afins de qualquer religião para menores de 16 anos, pelo menos, por tal em rigor constituir um crime contra a autodeterminação religiosa. E desde quando é que uma criancinha percebe alguma coisa de fundamentos de qualquer religião ?
5. Chocante, chocante, é ver esse DBH defender a desprezível e asquerosa caridade. Que se lixem os direitos, o que interessa é ser bonzinho e o "amor ao próximo", não é ? Vamos ser claros: estou-me perfeitamente borrifando para o que acontece a quem nunca vi mais gordo. Ser bonzinho nunca levou ninguém a lado nenhum, pelo contrário. E quem está preocupado com quem não conhece não deve ser bom da cabeça, ou decididamente emprenhou pelos ouvidos do embuste absoluto que é o cristianismo, que afinal não passa da mais ultrapassada síncrese da filosofia grega dos séculos anteriores, encimada pelo estoicismo. Cada um por si e o Estado por todos, ponto.
6. Aliás, preto no branco. Acreditar numa religião é um atestado de estupidez que uma pessoa passa a si própria.
6 Comentários:
Pedro, desculpa lá mas... A maior parte das vezes até concordo contigo. E mesmo neste assunto concordo em vários pontos.
Mas comentários extremistas do género "6. Aliás, preto no branco. Acreditar numa religião é um atestado de estupidez que uma pessoa passa a si própria." é estares a passar um atestado de estupidez a ti próprio.
-A
Em religiões reveladas, não retiro uma palavra do que disse. Evidentemente não vou meter EL CAVALL e o facto de nos trazer a todos PAU, LLUM i HARMONIA (paz, luz e harmonia, em catalão) no mesmo saco.
"Aliás, preto no branco. Acreditar numa religião é um atestado de estupidez que uma pessoa passa a si própria."
Isto é poético!
Este comentário foi removido pelo autor.
Vou lá por pontos:
1. O autor nunca disse isso, apenas disse que a UCP é "pública não estatal", portanto não privada. Ela foi fundada pelo Estado e a Igreja.
2. Não sei se tão em jogo essas verbas, mas a UCP tem um grande programa social de voluntariado e bolsas. Talvez fundos desses estejam em jogo.
3. Faz todo o sentido o Estado dar fundos a grupos religiosos que dêem apoio social a quem precise. É obviamente extremista e infundamentado dizer que "não tenho a mínima dúvida de que a igreja católica faz apoio social apenas e só como pura e simples chantagem para retirar dinheiro aos poderes públicos". O dia onde o senhor for à Igreja de Santa Isabel ao lado da minha casa ver o precioso serviço que é lá feito aos pobres, que ele venha falar comigo. Abrir os olhos é uma virtude.
4. Argumento de quem não deve ter criança: os pais fazem constantemente escolhas fundamentais e determinantes em vez da criança (até o sítio onde nasceu). E eles o fazem porque acham que é o melhor para ele. Os pais não vão tar a espera que o puto cresça para ter a sua opinião acerca de todos esses temas.
5. Neste ponto, vais me fazer o prazer de mandar a este tal senhor o post que publiquei nos alunos sobre a "caridadezinha". Diz lhe simplesmente que, ao mesmo tempo que ele condena o amor pelo próximo que milhões de pessoas em apuros agradecem todos os dias, ele fala como falaram os nazis e falam ainda os libertários. Os extremos tocam-se sempre.
6. Este então é o cumulo do ridículo, e da intolerância. Um retiro espiritual não lhe faria mal.
Muito curioso fico eu para verificar que há quem se dê ao trabalho de comentar posts de 2007 em 2011.
De qualquer forma:
1. Tais palavras retiram-se directamente do conteúdo do que DBH escreveu (e que só o vinculam a ele).
2. Referia-me à época à acção social escolar que passou também a abranger os estudantes do ensino superior particular e cooperativo.
3. O que eu escrevi não tinha rigorosamente nada a ver com fundos a grupos religiosos. Aliás, e ao contrário do que possa parecer a minha posição sobre o assunto pouco mudou desde 2007, o que critiquei foi a concessão de dinheiros públicos para a edificação de espaços religiosos. Entendendo-se (embora a meu ver erradamente) que o Estado deve financiar privados para prestarem apoio social, não há nenhuma razão para que os grupos religiosos tenham um tratamento diferente dos restantes privados.
Eu de qualquer forma odeio a caridade. De morte. E o Estado não tem nada que a financiar.
4. Fala de quem não tem filhos como se fosse cidadão de segunda, o que é uma atitude profundamente discriminatória face às opções da vida mais privada de cada um, e que relativamente às quais ninguém tem nada com isso.
Er...escolha DETERMINANTE a da religião de alguém? Eu tenho a humildade de não o fazer. E de qualquer forma a questão que coloquei como hipotética não deixa de ser académica porque violaria a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
6. Hoje em 2011 não escreveria aquilo. Não é frase que eu sequer fosse dizer. No mesmo sentido, se mantenho a posição que filosoficamente o cristianismo não é mais que sincretismo da filosofia helenística, entendo hoje que é um absurdo total chamar embuste ou algo parecido ao conteúdo de qualquer confissão religiosa.
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