Surpreendente
João Pedro Freire não deixa de me surpreender.
Relativamente ao texto linkado, há que fazer os seguintes comentários:
1. Chamar norte-coreana à realidade interna de um partido político só porque o líder é eleito por uma margem destas (ainda por cima sendo Primeiro-Ministro) é um disparate enorme. Começa desde logo pelo facto de, muito naturalmente, à partida não haver mais ninguém interessado em disputar a liderança. Depois os militantes expressaram livre e conscientemente a sua escolha. Agora alguém por não ter adversários é kimilsungiano ? No caso concreto, revelador de reais problemas seria a apresentação de outras candidaturas e/ou a eleição de muitos delegados por parte das outras moções globais. Em rigor, de uma delas, já que a moção de Fonseca Ferreira não se apresenta contra nada nem contra ninguém.
2. E facto é que a grande maioria dos militantes do PS se revê na estratégia de governo. Factos são factos. Reeleger-se assim um líder do partido no Governo é isso que significa. Na oposição, ou por ausência de alternativas credíveis ou por concordância com a estratégia seguida.
3. Escusado será dizer que chamar a algo plebiscito só por causa de um resultado democraticamente apurado só prova algo: preconceito. E diga-se, aqueles que muito gostam da discussão e do debate como objectivo nunca chegam a lado nenhum. Não apresentam soluções e, pior, não ganham eleições. Nunca se deve esquecer que sem poder é impossível servir.
4. Só quem não quer ver é que não constata que toda a contestação está a ser absolutamente orquestrada pelo PCP através da CGTP. Sem prejuízo de queixas que alguns tenham, toda esta manipulação é grosseira. O PCP, de facto, aprendeu com Durão Barroso que uma mentira contada muitas vezes pode tornar-se verdade aos olhos do público.
5. Quanto à participação eleitoral, até admira que quem é militante há tantos anos faça um comentário tão ignorante. Já se sabe como é que as coisas funcionam: se há guerra vai muito mais gente votar, por todas as razões que são óbvias.