O PP decidiu retirar o retrato oficial de Freitas do Amaral da sede do partido e enviá-lo para o largo do Rato.
Pedro Silva Pereira foi particularmente feliz ao classificar este gesto como uma «garotice mal-educada», senão vejamos:
Em 1985/86, quando Freitas do Amaral representou o pleno da direita portuguesa contra Mário Soares, muitos dos actuais dirigentes do PP, como Pedro Mota Soares, Nuno Melo, ou Pires de Lima Jr., não passavam de garotos, catraios, fedelhos, eventualmente de chapéu de palha na cabeça e sobretudo verde. Devem concerteza lembrarem-se de coleccionarem autocolantes, das eufóricas caravanas automóveis, do sonho de uma vitória inevitável e revanchista, tal como asseguravam os seus papás e tios.
Passados 20 anos estão juntos num auto-denominado Partido Popular, que insiste apresentar como apêndice eleitoralista umas 3 letrinhas, em referência histórica a um outro Partido político que em tempos funcionou no Largo do Caldas, um tal de Centro Democrático Social, cujos ex-Presidentes até já nem são militantes do PP, tal como a maioria dos seus fundadores.
Aliás, desde 1995 que alguns antigos dirigentes desse extinto Partido, centrista, católico, têm vindo a ser eleitos Deputados independentes pelas listas do PS.
Estes garotos, agora um pouco mais crescidos mas nem por isso mais bem-educados (Nuno Melo é um infeliz exemplo), sem saberem o que fazer perante a saída de PP do PP, decidiram-se pela vingança num retrato, há muito tempo esquecido lá pela Sede, ao lado de todos os outros ex-líderes do CDS (com excepção de Manuel Monteiro, o primeiro dirigente do PP, actual Presidente do PND).
E daí, toca a enviá-lo pelo correio para a Sede do PS, após a realização do respectivo Auto de Fé em pleno Largo do Caldas.
Resta saber se o PP, «que faz política sem hipocrisia», enviará a Freitas do Amaral, também pelo correio, a tal sigla CDS, que há muito já não lhes pertence.