A Igreja ou o Poder?
Na edição de sábado do «Público», de acordo com as palavras de Vasco Pulido Valente, «as cabeças pensantes da direita portuguesa conseguiram o milagre de falar da direita sem falar da Igreja.»
As referidas cabeças pensantes eram o Rui Ramos, Pedro Mexia, Jaime Nogueira Pinto, Vasco Rato, Blanco de Morais e Maria José Nogueira Pinto.
No resumo feito pela jornalista São José Almeida, «O PREC condicionou o nascimento dos partidos que hoje existem, mas antes, a ditadura de Salazar matou a existência de qualquer tradição de direita não autoritária, quer fosse liberal, quer democrata-cristã. Uma herança que ainda hoje bloqueia a maturidade de projectos de direita.»
Mas, refere Vasco Pulido Valente, «durante o PREC, a Igreja resistiu e ainda em 1979, na campanha da AD, assisti a muita missa em que se proibia o voto no PS, por ser obviamente um "partido marxista". Em 1980, os velhos ministros de Salazar já ensinavam na Universidade Católica, que desde essa altura se tornou na principal escola de quadros da direita.
Fora esta realidade crua e dura, também não se vê bem como qualquer "refundação" do CDS ou do PSD possa a prazo prescindir dos valores da Igreja e do seu apoio institucional activo.»
Acerca da refundação da Direita, não deixa de ser curioso que esteja a ser agora pensada por muitos daqueles que, até há bem pouco tempo, explicavam que já não fazia sentido nos dias de hoje uma dissociação/dicotomia Direita/Esquerda.
Mas, aparentemente, este raciocínio apenas fez sentido na altura em que a Direita esteve no Poder, ou o farejava avidamente. Ao que tudo indica, em tempos de maioria absoluta socialista, com a Direita representada com pouco mais de um terço dos Deputados da Nação, as premissas alteram-se.
E a dúvida que fica verdadeiramente é sobre qual o pilar fundamental desta nossa Direita Lusitana: a Igreja ou o Poder?
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