Vital Moreira diz isto:
Não tenho obviamente nada contra o modo de falar lisboeta que, entre muitas outras particularidades, suprime os ditongos "ai" e "ou", pronunciando, por exemplo, "fàcha" em vez de "faixa", "bàcha" em vez de "baixa", "pàchão" em vez de "paixão", "frôcho" em vez de "frouxo", ou "sôto" em vez de "souto", etc. Todos temos direito aos nossos modos de falar regionais.
Mas não será de exigir que os profissionais de comunicação, especialmente nas estações de rádio e televisão de cobertura nacional, respeitem a norma fonética da Língua? Por este andar, à custa de tanto ouvir, dentro de alguns anos todos tenderemos a falar à maneira desse "lisboetês" vulgar, só por ser o modo de falar da capital do País, onde todo o poder mora, até o poder de desprezar nos media lá sediados a norma erudita da Língua...
Como é evidente, discordo na totalidade:
1. Já no século XVIII Verney indicava que a norma a seguir deveria ser o português falado em Lisboa. Nem outra coisa faria sentido senão a norma ser a da capital, as únicas excepções que conheço são as do italiano e do alemão, afinal línguas primeiramente literárias e só depois faladas, aliás em bom rigor talvez seja melhor falar de dialectos italianos e de dialectos alemães, pois as normas-padrão foram criadas para que todos se pudessem entender uns aos outros.
2. Maxime, porque a língua é do povo. E não de meia dúzia de empoeirados que se acham donos dela. O povo é quem mais ordena, o erudito de nada serve.