sexta-feira, dezembro 12, 2003

Quem Quer um Novo Bloco Central ?

No Editorial da Revista Prémio desta semana, Diogo Madeira faz um apelo aos principais dirigentes políticos do País em nome do 'sentido de Estado'.
Refere-se mais concretamente ao Presidente da República, ao 1º Ministro, e aos dirigentes do PS e PSD.

Alega que a intervenção do PR na Argélia, considerando que «o domínio estrangeiro representa, hoje em dia, uma opressão intolerável», pôs em causa a política externa do Governo (que enviou os GNR's para o Iraque).

E considera que os dirigentes do PS e do PSD deveriam ter uma «atitude de Estado», procurando um «entendimento alargado» sobre vários assuntos, como a política económica e financeira, ou a reforma da administração pública, a bem da Nação (um novo Bloco Central?).

Discordo frontalmente desta análise, que nem politicamente correcta posso considerar.

Jorge Sampaio limitou-se a dizer na Argélia aquela que é a opinião esmagadora da maioria dos portugueses, o que foi particularmente oportuno, numa altura em que a população iraquiana continua a rejeitar a presença estrangeira no seu território. E esta presença, reforçada por um cada vez número maior de países no Iraque, corre o risco de transformar-se, em vez do falado esforço de reconstrução desse País, no temido início da clivagem fatal de civilizações, impulsionada por fundamentalismos religiosos.

Se é certo que são bem conhecidos os diferentes pontos de vista entre este Órgão de Soberania e o Governo sobre a questão do Iraque, e que até hoje poucos portugueses perceberam a razão de ser da Cimeira das Lages, também é pouco credível admitir que não exista coordenação na Diplomacia portuguesa na presença do PR num País vizinho, de conhecido pendor islâmico.

Mas a questão do «entendimento alargado» PS-PSD é que merece da minha parte as maiores críticas. Até porque nas questões fundamentais este entendimento já existe, como é o caso da maioria das questões europeias.

O que Portugal necessita hoje é exactamente o oposto do que Diogo Madeira sugere.
O que o País precisa é de saber que existe uma alternativa política.
Que se a política económica e financeira escolhida por este Governo estiver errada, como é aliás a opinião do Ministro das Finanças Alemão, existirá uma outra forma de conduzir o País.
E esta alternativa só pode vir do Partido Socialista.

Tendo o actual Governo o apoio de uma maioria absoluta, este apelo a um «entendimento alargado» PS-PSD em nome da prosperidade económica do País só pode ser entendido de duas formas:
É o verdadeiro reconhecimento do falhanço das políticas deste Governo em toda a linha.
É o verdadeiro reconhecimento da actual inexistência política do PS
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