quarta-feira, julho 02, 2003

Ressaca, Europa e resultados escolares

I

Hoje é dia de ressaca em Fátima e Canas de Senhorim. Pena que não seja também em Esmoriz, Samora Correia e Tocha. Não há a razoabilidade de se criarem agora uma série de municípios e não termos mais problemas com isso durante décadas.

II

Atenção ao artigo do Prof. Jorge Miranda hoje no PÚBLICO. Denuncia uma série de incongruências relativas ao projecto de tratado de suposta natureza constitucional. E considera, correctamente, que a primazia das leis europeias sobre as nacionais apenas se verifica ao nível da legislação ordinária, não podendo obviamente terem as Constituições nacionais valor inferior ao das resoluções normativas da UE. Aliás, esse primado, diz o Professor da Faculdade de Direito, não existe nem nos Estados federais.

É importante esta chamada de atenção, vinda de alguém que também acredita na Europa, embora dê excessiva importância, em meu entender, aos espaços atlântico e lusófono. De quem defende razoabilidade, e não alinha nem pelo alarmismo pessimista de um Vital Moreira nem pelas alarvidades ultrafederalistas. Portugal é e continuará a ser um Estado independente no quadro da União Europeia.


III

Também hoje é referido um estudo sobre diferenças de género em termos de resultados escolares. Nada de novo. Preponderância masculina nas ciências e feminina nas humanidades.

Ao menos o estudo não toma posição quanto à leitura, i.e., não critica o género masculino por preferir ler jornais e banda desenhada quando as mulheres preferem ler ficção e revistas. Já chega o tormento que é neste país achar-se que quem não ler ficção não vai a lado nenhum. Por mim, quantas vezes a "História da Galiza" de Ramón Villares às ficções da moda....

Aliás, há estudos que indicam uma das razões dessa décalage a nível da língua materna. Nos países de cultura ocidental, todo o ensino da mesma é baseado em textos de ficção. E tudo o resto é posto para segundo plano. A consequência é, tendo em conta as características particulares dos cérebros masculino e feminino, um benefício para as mulheres.

Na escola primária fui dos poucos portugueses da minha geração a ter um professor. Vital de Melo de seu nome, ao que sei entretanto falecido. E estávamos em 1983, e o ditado foi a notícia de jornal sobre a final da Taça UEFA Benfica - Anderlecht que se realizava nessa noite no agora demolido Estádio da Luz. Nunca me esquecerei de que protestei furiosamente por o ditado não incluir os nomes dos jogadores do clube belga, os quais sabia eu muito bem !

Como calculam, um ditado sobre futebol é bem mais interessante do que sobre passarinhos. Também não me esqueço de um texto qualquer sobre estações do ano no 5º ou 6º ano em que o escolhido pela professora de Português foi um qualquer da Primavera, bichinhos e florzinhas. Eu entretanto tirei as minhas conclusões.

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