quinta-feira, junho 26, 2003

O Punho e a Democracia

1. De facto o punho fechado demonstra um movimento colectivo. É um ritual, assim seja. Mas porque não poderão os partidos políticos ter também eles rituais ? São situações como essa, ainda que comparáveis a outras confrarias, que ajudam, por vezes determinantemente, à criação de um certo espírito de corpo entre todos os seus militantes.
E mal não fazem, fora isso.
Quanto à nomenclatura, bem isso dos Secretários ou Presidentes de facto é algo que me parece irrelevante à partida. Contudo, custar-me-ia ver o líder do PS ser designado por Presidente. Há questões históricas que não devem ser mudadas, se bem que o espírito desse nome para demonstrar que é um entre muitos ao contrário de um Presidente esteja completamente ultrapassado pela voragem dos tempos. Mas enfim, também as Comissões Políticas no PS são órgãos deliberativos, e no PSD órgãos executivos....são nomes, enfim, e valem o que valem.

2. O modelo democrático não está obviamente em falência, sem prejuízo da necessidade de algumas adaptações. O problema é que ainda ninguém sabe muito bem quais, para além dos líricos da extrema-esquerda que à boleia do Fórum Social Português já dizem quase explicitamente que o seu objectivo é a substituição da democracia por um corporativismo soviético.

3. Os complexos de esquerda são algo que tristemente se continua a ver, e que vão recrudescendo. Por exemplo, ainda por aí há quem seja radicalmente contra qualquer tipo de limitações à imigração, pois "os países de nada interessam", como se Portugal não fosse dos Portugueses !!! Essas e outras, que culminam na atitude mais ridícula e mais afugentadora de votos que pode existir, que é a lógica de que "ser de esquerda é ser bonzinho", a levar pancada e pancada sem reagir (e curiosamente os maiores praticantes desta atitude fundamentalmente cristã são, em regra, os maiores anti-clericais...), e numa perspectiva de defesa permanente dos coitadinhos e das minorias que não pode servir a um partido que se quer maioritário.

4. O sindicalismo em Portugal está pela hora da morte. Os sindicalistas são os mesmos há muitos anos e está visto que só a respectiva aposentação permitirá a sua substituição. É necessária uma nova geração de sindicalistas. Sempre em luta por direitos e regalias (aliás, das piores heranças que Salazar nos deixou foi a sistemática desistência do povo em exercer os direitos que tem), e também por uma maior eficácia e eficiência dos serviços. Até porque maior eficácia e eficiência significa melhor emprego.
Embora mais uma vez o grande responsável por esta mentalidade tenha sido também aqui (ironia do destino) Salazar...lembre-se que a grande maioria dos dirigentes sindicais ainda estudaram nesse período negro da nossa História, e mesmo alguma evolução social não impedia que a mentalidade dominante fosse o "pobre mas honrado" e o "não devemos querer ganhar mais, temos é que ter peninha dos pobrezinhos", entre outros. Obviamente com ausência total de espírito empreendedor.

Em qualquer dos casos, fundamental é pôr fim ao regime específico de trabalho da função pública.

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