quarta-feira, agosto 24, 2005

Ainda os incêndios

Luís:

Acredito firmemente que se um povo não tem orgulho, nada lhe resta.

Sobre o conceito de solidariedade, é ver os comentários a um certo post, que já vão em mais de 40...

20 Comentários:

Às 24 agosto, 2005 10:26 , Blogger Tonibler disse...

Não entendo exactamente o que um pedido de auxílio a países aliados numa situação de catástrofe implica com o orgulho de quem quer que seja. E parece-me muito mais estúpido que se coloque a questão dessa forma quando não a colocamos quando sacamos o dinheiro deles para o nosso dia-a-dia...Podemos passar a vida comer do prato deles mas não podemos pedir ajuda num aperto?

 
Às 24 agosto, 2005 10:31 , Blogger Pedro Sá disse...

Não vamos confundir as opções financeiras da União Europeia com pedidos de ajuda pois não ?

 
Às 24 agosto, 2005 11:00 , Blogger Tonibler disse...

Não fui eu que coloquei o pedido de ajuda em termos de orgulho.

Orgulho é algo que só a nós diz respeito. Nesse sentido é irrelevante de quem foi a opção de nos dar dinheiro, o facto é que o aceitamos. Chame-se esmola ou opções financeiras, nós comemos os restos do prato do Holandeses, dos Alemães, etc...

A prestação ou pedido de auxílio perante uma contrariedade que ultrapassou aquilo que seria espectável, é algo da natureza humana. Não tem nada que ver com orgulho nacional.

No entanto, coloca o pedido de auxílio como uma questão de orgulho e alimentar-se dos restos dos outros como o resultado de opções financeiras financeiras alheias? Ou a lógica é uma batata...

 
Às 24 agosto, 2005 11:03 , Blogger Pedro Sá disse...

Uma coisa são espaços como o da UE. Já mais de uma vez aqui escrevi defendendo o alargamento da União, mesmo se isso significar Portugal tornar-se um contribuinte líquido. Assim seja. É a construção do espaço europeu que é um objectivo.

O mesmo não se aplica a pedidos de ajuda, por natureza humilhantes.

 
Às 24 agosto, 2005 11:32 , Blogger Tonibler disse...

Isso é o que defende em termos abstractos que, certo ou errado, em nada diminui o facto de andar a comer do prato alheio. O facto é que anda. Podia não andar? Podia! Mas anda...

Chamar a isso um passo necessário para um objectivo superior de construção de um espaço europeu é, colocando a questão no orgulho, uma desculpa esfarrapadíssima!

E isto é para o dia-a-dia, não é para uma contrariedade inesperada.

E aquilo que é válido para a ajuda financeira da UE, é válido para a ajuda militar da NATO e para todas as alianças que fizémos enquanto nação ou enquanto pessoas. É a natureza de uma aliança...

O problema está no pedido? É que, quanto me lembre, Portugal ainda é um país soberano que só deixa entrar forças estrangeiras depois de um pedido...

 
Às 24 agosto, 2005 11:38 , Blogger Pedro Sá disse...

Enfim...parece-me que há quem não distinga alianças e espaços comuns de pedidos de ajuda...

 
Às 24 agosto, 2005 11:52 , Blogger Tonibler disse...

Há! E quem se enterre nos próprios argumentos, também...

 
Às 24 agosto, 2005 12:19 , Anonymous Anónimo disse...

Cá por mim , nao tenho orgulho nenhum em ver as florestas a arder dias seguidos sem ninguém apagar o fogo, defendendo apenas as caaas e pessoas e deixando arder tudo resignados, sem sequer tentar. Deixar incendios ficar monstros como se fosse normal.

Um SNBPC que tem mais de 50000 bombeiros voluntarios mas só menos de 3500 dispooníveis e acha isso normal. E permite isso. E tem a lata de dizer que os meios aereos sao suficientes. Tem a lata de permitir que bombeiros trabalham mais de 2, 3 dias seguidos.

É preciso dizer chega! Fogo!

 
Às 24 agosto, 2005 12:31 , Blogger Tonibler disse...

Até podia ter 5000000 de bombeiros voluntários que eu continuava a achar nomal que só tivesse 3500 disponíveis. Voluntários quer dizer que vão quando querem.

Aliás, dos 10 mios de potenciais voluntários, quantos é que lá estiveram, 'a tentar'?

 
Às 24 agosto, 2005 17:20 , Anonymous Anónimo disse...

Não sendo da família política do nosso PR, concordo plenamente com ele quando ele hoje referiu, numa visita ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), a necessidade de se olhar para a raíz do problema, e não ficar por justificações injustificáveis (esta já e da minha autoria!). sendo cerca de 90% da floresta pertencente a privados, é necessário penalizar a não limpeza da mesma. os proprietários deverão ser responsabilizados e deverão pagar coimas elevadas caso não mantenham as suas áreas devidamente limpas, principio que é também aplicado aos prédios urbanos.

tudo o resto é conversa! penalizem-se as situações de não limpeza, penalizem-se fortemente aqueles que são apanhados a incendiar matas e, de uma vez por todas, deixem-se de justificar a elevada área ardida com o ano anormalmente quente!!! há alguns anos que este cenário se repete...e como tal já não é imprevisto...criem-se as condições para melhorar a prevenção e o combate...comprem-se meios aéreos de combate (e não submarinos!), organizem-se, atempadamente, todas as forças que estão habilitadas a combater incêndios (sapadores, voluntários, militares...). já chega de tanta desculpa esfarrapada...já não há paciência...e entretanto o país vai ardendo, as pessoas vão perdendo os seus bens, muitos deles perdem tudo aquilo que lutaram para ter durante uma vida inteira...e deixem-se de debater se o estado deve ou não auxiliar de forma directa, indirecta, com apoios, sem apoios...isso não interessa nada agora!!

 
Às 24 agosto, 2005 20:12 , Blogger Tonibler disse...

pga:

Olha lá, não basta já que o PR ande com conversas pop, que tu adoptas logo?...

A necessidade de olhar para a raiz do problema é daquelas coisas que se aplica ao incêndios como à masturbação. Aliás, basta alguém estar com uma cara mais tristonha que dizer 'vamos à raiz do problema' é bom...Não resolve nada, mas é bom.

Quanto ao resto, floresta limpa é exactamente o quê? Um jardim com 5 cm de relva, enquadra-se em floresta limpa ou floresta suja? E se tiver lá umas cervejolas abandonadas?

O princípio também se vai aplicar a outras catástrofes? Terrenos com barragens pagam pelas inundações, com edifício pelos terramotos, sem barragens pelas secas, sem edifícios por outra coisa qualquer...

O incêndio não é um mal em si mesmo, é um mal pelas consequências que tem para as pessoas. Portanto, a discussão não é independente dos apoios. E dinheiro que se gaste em bombeiros para atacar, em apoios para salvar ou em limpezas para prevenir (se é que previnem), não se gasta noutras coisas. Portanto, faça-se pelo melhor e se o melhor fõr deixar arder, deixa arder que depois resolve-se.

Gente que perde tudo, perde num incêndio, num acidente de automóvel, numa inundação, num terramoto, com o euro, com a bolsa, com tudo. Infelizmente é o que não falta. Importante, e é aí que está a 'raiz do problema', é que os afectados tenham mais 10 milhões a quem recorrer para sobreviver. O resto, faça-se o melhor, sabendo que o melhor não é para os incêndios, é o melhor...

 
Às 24 agosto, 2005 20:32 , Anonymous Anónimo disse...

Mas para que se vai deixar arder? Era mais lucrativo cortar os pinheiros e exportar. Deixar arder é estupidez. E quanto mais se deixar arder mais casas serao ameaçadas. É suicidio.

 
Às 24 agosto, 2005 20:42 , Blogger Tonibler disse...

E o pinheiro morre com o fogo? Às vezes... O pinheiro como espécie, dizem-me os especialistas, vive exactamente do fogo. Está sempre a deixar cair caruma para que a envolvente fique bem combustível, para que o incêndio surja, limpe as ervas para que as suas sementes, à prova de fogo, germinem no terreno bem adubado e com luz abundante.

 
Às 25 agosto, 2005 10:49 , Anonymous Anónimo disse...

Tonibler,
pelo que vejo você é um entendido em ciências da natureza. independentemente da vontade do pinheiro (que dizem alguns cientistas deve ser tida em consideração!), há que fazer algo pela prevenção dos incêndios, não só pela perspectiva ecológica, mas fundamentalmente pela perspectiva ecnómica e social. e prevenção não é só dotar as nossas forças de combate aos incêndios com mais e melhores meios (já percebemos que o facto de não termos aviões e de os termos que alugar pode criar um interesse suplementar a algumas entidades para que haja interesse em que as florestas ardam. só assim os meios são alugados e bem pagos!!), é também desenvolver uma consciência cívica que cultive a responsabilização de cada um pela boa conservação e preservação do seu espaço de mata ou de floresta. se isso não acontecer, e se a balda continuar a existir (ao nível da adequada limpeza de terrenos), então penalizem-se fortemente os irresponsáveis!! quanto àqueles que são apanhados em flagrante delito (ou posteriormente pelas investigações realizadas) a atear fogos (exceptuando aqueles que apresentam psicopatologia associada ao seu comportamento, que devem ter um tratamento especial...nem que seja limitação imposta da sua mobilidade nos meses de verão), esses devem ser fortemente penalizados...tipo 20 anos de cadeia...para todos os efeitos cometeram crimes contra a nação e, se quisermos ser mais poéticos, contra a humanidade.

 
Às 25 agosto, 2005 10:51 , Blogger Pedro Sá disse...

Convenhamos que crimes contra a humanidade são crimes do tipo do genocídio...

 
Às 25 agosto, 2005 11:16 , Anonymous Anónimo disse...

pois sim...mas isso parece ser uma visão muito redutora daquilo que se considera (não só do ponto de vista jurídico) crime contra a humanidade. obviamente que são crimes de natureza diferente. mas não estão os incendiários e os seus mandantes a cometer crimes que têm efeitos que vão para além do incêndio propriamente dito? não estão os incendiários e os mandantes a comprometer parte da riqueza do país? (apenas contrados no pretenso lucro da venda da madeira queimada, ou da construção mais fácil em áreas anteriormente vedadas à construção), não estão os incendiários e os mandantes a colocar em risco directo a vida de várias pessoas? não estão os incendiários e os mandantes a comprometer o presente e o futuro do nosso planeta (esta perspectiva reconheço que sendo mais poética não deixa de encerrar em sí uma forte preocupação ecológica!). portanto, não percebo os seus pruridos...pronto, não lhe chame crime contra a humanidade, chame-lhe crime contra o que você quiser...agora deve obrigatoriamente alterar-se a moldura penal destas situações e aumentar fortemente as penas de prisão...20 anos não me parece exagerado!! e a si?

 
Às 25 agosto, 2005 11:34 , Blogger Pedro Sá disse...

Quanto à qualificação como crime contra a humanidade, fui verificar o Código Penal. Este qualifica os seguintes crimes como sendo contra a humanidade:

- genocídio;
- discriminação racial ou religiosa;
- crimes de guerra contra civis;
- destruição de monumentos (apenas aplicável em teatro de guerra e situações afins);
- tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos (apenas para forças policiais)e respectiva omissão de denúncia.

O crime de incêndio é considerado um crime de perigo comum, sendo punido com penas de prisão que podem ir de 1 a 10 anos, consoante seja negligência ou dolo, etc.

Não me parece que seja possível considerar o crime de incêndio como crime contra a humanidade, excepto se em teatro de guerra.

E, tendo em conta as medidas de pena constantes do Código Penal, seria complicado atribuir-lhe um fim dessa natureza, pois tal seria equipará-la aos crimes de guerra contra civis, para os quais a moldura penal é de 10 a 25 anos.

Num quadro de aumento geral dos tempos de prisão (coisa que defendo há bastante tempo, por muito que a onda actual seja em sentido contrário), aí talvez fosse possível tal medida da pena. No quadro actual, não vejo de que modo poderá ser possível aumentar muito a pena.

 
Às 25 agosto, 2005 20:13 , Blogger Tonibler disse...

pga:

Nada arde melhor que uma seara. Como acha que deve ser responsabilizado o emplastro que vê a sua seara ser queimada? E o irresponsável que deixou uma vinha à mão de semear? Concordo que esses criminosos que sujam os terrenos com searas, vinhas e outras culturas vegetais rasteiras sejam todos presos!

 
Às 26 agosto, 2005 10:21 , Anonymous Anónimo disse...

Caro Tonibler

como é obvio, não estou a falar de terrenos cultivados. estou a falar dos terrenos florestais não cuidados, não limpos, onde não existem acessos construídos. estou a falar das casas rodeadas por floresta ou mato "selvagem" sem qualquer tipo de preocupação com a limpeza dos terrenos circundantes. estou a falar dos barracões fabris ou não fabris que se encontram em locais sem qualquer tipo de limpeza florestal...depois, quando vem o fogo, é só entrar porta ou janela a dentro!! por isso defendo a limpeza coerciva. é uma excelente forma de prevenção. pode ser que assim as pessoas tenham um pouco mais de atenção.

 
Às 26 agosto, 2005 10:53 , Blogger Tonibler disse...

pga:

Mas é exactamente ao que se entende por terreno florestal mal limpo que quero chegar! E à sua aderência às palavras populistas e completamente imbecis do PR! Se um dia colocam tal parvoíce em lei, os proprietários que vêm negócios talvez se mexam, se ainda valer a pena. Os outros cortam tudo e deitam cal em cima para que nunca mais lá cresça nada - nem erva, nem árvores.

Para ajudar à festa, quem tem a floresta limpa como a Sonae Indústria, a Portucel e a Caima, tiveram já grandes extensões ardidas, o que permite chegar à conclusão que floresta limpa é mesmo floresta sem árvores.

Quanto às casas e barracões industriais. Se construisse uma casa de paredes em areia, quantos me chamariam de estúpido por ela cair?

 

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