quarta-feira, setembro 14, 2005

Democracias



O PS e o PSD são partidos democráticos.
Têm líderes eleitos democraticamente, órgãos internos eleitos democraticamente, pluralismo interno, etc.

Nos seus Estatutos, ambos os partidos atribuem a competência da escolha de candidatos autárquicos aos respectivos órgãos concelhios. Uma espécie de princípio da subsidiariedade, que permite aos militantes que vivem no espaço geográfico concelhio escolherem os seus próprios candidatos a órgãos que lhes dizem directamente respeito.

A não ser quando...

Vejamos os casos dos militantes do PSD de Oeiras e do PS de Felgueiras, que tentaram impugnar as listas oficiais dos seus partidos junto dos tribunais.

Em Oeiras, o PSD nacional escolheu como candidato à autarquia Teresa Zambujo.
O PSD de Oeiras considera-se o órgão político competente para a apresentação da lista do PSD em Oeiras, e queixa-se que não foi tido nem achado na lista apresentada por Teresa Zambujo. Aguarda decisão do Tribunal Constitucional.

Em Felgueiras, como se sabe, a novela é mais complexa e este é apenas mais um capítulo.
O PS local impugnou nos tribunais a lista apresentada em nome do seu partido, alegando que os órgãos concelhios eram os competentes para a apresentação da lista do PS à autarquia, nunca tendo sido notificados do contrário. Como resultado, a lista do PS foi apresentada à sua revelia, não se sentindo sequer representados por uma lista que inclui um só militante do PS, nem por um candidato que recusa reunir-se com os órgãos locais do PS.
O Tribunal deu razão ao PS Felgueiras, solicitando esclarecimentos ao PS nacional.
O PS nacional, através do diligente Marcos Perestrelo (quem mais?), apresentou junto do Tribunal a acta duma reunião da Comissão Permanente do PS, onde decidia avocar a decisão da escolha da candidatura do PS em Felgueiras.
Esta acta tinha a data da véspera da data limita para a entrega das listas e uma só assinatura ? a de Marcos Perestrelo!
O tribunal indeferiu assim a impugnação do PS Felgueiras, alegando que se trata de assuntos internos do PS.
O PS Felgueiras recorre agora para o Tribunal Constitucional, alegando que não só nunca recebeu o referido documento com a decisão da Comissão Permanente, como tem dúvidas quanto à veracidade do documento. Para tal, para além de estranhar a data da decisão, pede que Jorge Coelho confirme junto do TC se esteve na suposta reunião.

Enfim...

A moral da estória, tanto em Oeiras e em Felgueiras, é que os dirigentes do PS e do PSD consideram que nem sempre os seus militantes têm discernimento para a escolha dos seus candidatos locais.

E quando isso acontece, têm o dever moral e o direito paternalista de escolher o que é melhor para os seus militantes.

Isaltino Morais e Fátima Felgueiras foram desclassificados à partida nesta corrida.
Isaltino, com Valentim, apesar de Isabel Damasceno.
Fátima Felgueiras apesar de Paulo Pedroso.
Porque que os dirigentes do PS e do PSD também sabem distinguir entre indiciados inocentes e indiciados? menos inocentes.
Assim, os candidatos às referidas autarquias têm o selo do centralismo democrático, em nome dos mais altos valores (republicanos?).

Mas o PS e o PSD são partidos democráticos.
Têm líderes eleitos democraticamente, órgãos internos eleitos democraticamente, pluralismo interno, etc. etc. etc.


2 Comentários:

Às 15 setembro, 2005 15:06 , Blogger Unknown disse...

Mário,

O que é que Paulo Pedroso tema a ver com esta história? Qual é a ligação de Paulo Pedroso e Fátima Felgueiras? Isaltino e Valentim são arguidos em processo, assim como Isabel Damasceno: aqui à uma ligação.

Fátima Felgueiras é arguida num processo, Paulo Pedroso não!

Além disso, Paulo Pedroso não é candidato a nenhuma camara (que eu saiba).

Explica lá isso melhor...

 
Às 15 setembro, 2005 15:31 , Blogger Mario Garcia disse...

Foi só uma questão de 'tapete'

A direcção do PS, na altura em que surgiram os casos tanto do Paulo Pedroso como da Fátima Felgueiras, deram todo o apoio e solidariedade ao Paulo Pedroso (como não poderia deixar de ser, dado o príncipio da presunção da inocência), mas tiraram o tapete à Fátima Felgueiras...

Dá até a ideia que o sacrifício da FF permitiu limpar o restante universo autárquico (quantos processos do IGAT estão por essas gavetas?).

Porque não se fez em Felgueiras o que se fez em Matosinhos, ou seja, 'impedir' uma candidatura socialista de FF (como se impediu o Narciso Miranda e o Manuel Seabra), mas dar a liberdade de condução do processo à Concelhia de Felgueiras?

 

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