sexta-feira, julho 22, 2005

A escola pública (outra vez)

António:

Não me parece que conferir liberdade de programa educativo fosse viável. Não só porque os estudantes seriam os principais prejudicados tendo em conta as candidaturas ao Ensino Superior, como já se está a ver certas instituições de ensino superior privadas a beneficiarem no acesso os provenientes de certas escolas...

Acima de tudo: mesmo que o sistema que defende fosse o mais virtuoso em abstracto (e está mais que visto que não é), seria desastroso se aplicado em concreto em Portugal, por um conjunto de factores de natureza social de todos bem conhecidos.

4 Comentários:

Às 22 julho, 2005 11:01 , Blogger AA disse...

Caro Pedro,

Como já deve ter dado para perceber :) eu não defendo um modelo absoluto, mas um modelo que na minha perspectiva, é mais justo.

Se o que deve ser avaliado são os programas, que se discutam os programas, e não a superioridade do estado e do ensino público em relação ao tudo o resto.

Antes de mais, gostava de dizer que sempre estudei em escolas públicas, e nunca tive o mínimo ensejo de não o fazer— mas não rejeito que uma abertura do "mercado" de ensino poderia ser muito vantajoso e colmatar falhas que o estado, por deficiência de perspectiva económica, não consegue cobrir.

Não há liberalização sem responsabilização, e aqui temos de ser muito rigorosos. (já pareço o "Sócraste")

Se os programas fossem liberalizados (como é óbvio seria uma transição gradual), as escolas têm de ser responsabilizadas pelos seus resultados.

Ou seja, as escolas secundárias pela taxa de sucesso de ingresso na universidade, ou do nível de preparação dos seus alunos na entrada no mercado profissional.

E o mesmo com o ensino superior, a quem teria de ser dado o poder de seleccionar os seus alunos — para evitar inflaccões de notas num nível inferior.

Mesmo que houvesse "caixinha" -- uma integração vertical, com instituições a deterem escolas do ensino básico até ao superior, haveria que julgar todo o sistema pelo seu sucesso-- quantas pessoas ficam empregues ou progridem para outros estudos. Esse é o bottomline!

Note-se que esta "perversão" pode ter aspectos positivos -- incentivaria à parceria entre instituições de ensino e o mundo empresarial, sem complexos.

Possivelmente as empresas financiariam escolas para melhor prepararem profissionais especializados, da mesma maneira que "o grande capital católico-papão dos meninos ricos" o faria por motivos sociológicos, enfim...

O que penso que é consensual entre pessoas inteligentes é que não temos de virar as costas à discussão...

 
Às 22 julho, 2005 11:29 , Blogger Pedro Sá disse...

O António sabe tão bem como eu o que é que aconteceria se em Portugal se desse às instituições de ensino superior a possibilidade de seleccionar os seus estudantes.

Aqui digo preto no branco: é o sistema ideal em abstracto, mas na situação concreta de Portugal seria causador de um enorme número de injustiças e de cunhas, pelo que deve ser dispensado.

 
Às 22 julho, 2005 16:10 , Blogger AA disse...

Quando digo seleccionar, digo por exames iguais para todos, não por entrevistas...

 
Às 22 julho, 2005 16:23 , Blogger Pedro Sá disse...

Mesmo os exames iguais para todos nessas circunstâncias teriam riscos idênticos.

Para não falar da multiplicidade de exames a que muitos ficariam sujeitos.

 

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