sexta-feira, abril 02, 2004

Um Aprendiz de Guterres?

Na edição da Revista Prémio desta semana, Diogo Madeira classifica Durão Barroso como «Um Aprendiz de Guterres», considerando que «na questão orçamental, o Governo de Durão Barroso fez exactamente o que faria um Governo de esquerda»!.

Eis uma abordagem original à política orçamental de Manuela Ferreira Leite.

Mas, atendendo aos pressupostos do artigo, que refere por um lado a conclusão do Banco Central Europeu de que o problema da economia europeia está na fraca reacção do consumo privado, e por outro a visível retoma nos E.U.A., com base no défice orçamental de 4,5% e de «enormes investimentos estatais», bem como a política orçamental que Zapatero promete implementar nesta mesma linha, é bastante tortuosa tamanha conclusão.

Se compararmos o resultado da política orçamental do actual Governo com a do anterior, em termos de défice real, este mantêm-se aproximadamente na casa dos 4%.

No entanto, enquanto se apontava ao anterior Governo como principal causa do défice o «despesismo», nos orçamentos ‘Durões’ de Ferreira Leite é nas receitas que as contas derrapam, uma vez que o investimento público foi praticamente reduzido ao obrigatório: o co-financiamento de projectos comunitários.

Um Governo de Esquerda faria exactamente aquilo que Zapatero se prepara para executar: incentivar o consumo privado através do investimento público(o famoso multiplicador Keynesiano), aumentando nomeadamente as despesas com a educação e a segurança social, mostrando o mesmo apreço pelos conselhos do BCE que a França e a Alemanha têm mostrado nos últimos tempos.

Ou seja, mesmo um Governo de Esquerda incompetente (deixando ao livre arbítrio de cada um considerarem se os Governos do PS foram de Esquerda ou competentes), nunca seguiria a política orçamental implementada em Portugal nos últimos dois anos, cujos resultados estão bem à vista.

Talvez o único ponto em comum entre o actual e o anterior Governo ao nível da política orçamental, sejam mesmo os desvios nas previsões orçamentais, tão debatidos durante a campanha eleitoral.

Com a diferença que aqui o «aprendiz» tem superado claramente o seu «tutor».

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