sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Fantasmas

O PS continua a não saber exorcizar os seus fantasmas.

Sampaístas, Gamistas, Soaristas, Guterristas.

Na verdade, estas denominações correspondem a noções abstractas, que agradam particularmente à comunicação social, especialmente quando recebe as informações dos seus interlocutores privilegiados, para efeitos de intriga política.

Senão vejamos:
Sampaísmo e Gamismo pertencem já ao século passado, e a disputas internas e Congressos distantes. Quanto muito, há simpatizantes de Jorge Sampaio que hoje estão com Ferro Rodrigues (Ferristas ferrenhos?).

Quanto ao Soarismo, para além da micro-tendência de João Soares, existe a intervenção política de Mário Soares, cuja lucidez incomoda cada vez mais gente (inclusivé dentro do próprio PS). Será o Soarismo o conjunto de Socialistas que se revêem nas posições de Mário Soares?

Finalmente, o Guterrismo.
O Guterrismo morreu às mãos do seu criador.
António Guterres decidiu desistir do projecto que havia prometido e sufragado junto dos Socialistas para os 6 anos seguintes, enveredando por uma brilhante carreira na Internacional Socialista.
Até António Vitorino parece estar bem encaminhado para a presidência da Comissão Europeia.
Quem ainda hoje se afirma Guterrista, só poderá estar a pensar num movimento de apoio à sua candidatura presidencial (voltará? voltará?).

O único ponto comum entre estes Socialistas de referência passa pela esfera Presidencialista.
Sampaio ? Presidente da República, Mário Soares já foi, e tanto Jaime Gama como António Guterres são pontualmente apontados como potenciais candidatos ao cargo.
O que só vem provar que todos já pairam acima do partido.

Ficamos pois com os Ferristas?
Acho que a expressão é injusta para o próprio Ferro Rodrigues...

Já em 06/11/03, num post intitulado «Os Órfãos do PS», escrevi:

« O PS costuma ser visto como um agregado de grupos, grupúsculos, famílias, tendências ou correntes internas: Sampaístas, Ferristas, Guterristas, Soaristas, etc.

A comunicação social faz eco desta realidade virtual.
Procura os personagens mais conhecidos, e faz eco das suas posições e opiniões, e quanto mais polémicas melhor. A descrição de movimentações e conspirações, a favor e contra algo, ao nível regional ou nacional, dá a entender que hordas de socialistas se agitam para combates internos (as tais 'contagens de espingardas').

Estes mesmos personagens principais ficam obsessivamente preocupados com o que ouvem da comunicação social que alimentam, entrando num circuito fechado que em alguns casos já degenerou em paranóia.
»

Na política não existem nem herdeiros nem heranças.
Existem projectos políticos.
De preferência para o País...

E existem fantasmas do passado, muitos deles sentados na Assembleia da República.

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