Fantasmas
O PS continua a não saber exorcizar os seus fantasmas.
Sampaístas, Gamistas, Soaristas, Guterristas.
Na verdade, estas denominações correspondem a noções abstractas, que agradam particularmente à comunicação social, especialmente quando recebe as informações dos seus interlocutores privilegiados, para efeitos de intriga política.
Senão vejamos:
Sampaísmo e Gamismo pertencem já ao século passado, e a disputas internas e Congressos distantes. Quanto muito, há simpatizantes de Jorge Sampaio que hoje estão com Ferro Rodrigues (Ferristas ferrenhos?).
Quanto ao Soarismo, para além da micro-tendência de João Soares, existe a intervenção política de Mário Soares, cuja lucidez incomoda cada vez mais gente (inclusivé dentro do próprio PS). Será o Soarismo o conjunto de Socialistas que se revêem nas posições de Mário Soares?
Finalmente, o Guterrismo.
O Guterrismo morreu às mãos do seu criador.
António Guterres decidiu desistir do projecto que havia prometido e sufragado junto dos Socialistas para os 6 anos seguintes, enveredando por uma brilhante carreira na Internacional Socialista.
Até António Vitorino parece estar bem encaminhado para a presidência da Comissão Europeia.
Quem ainda hoje se afirma Guterrista, só poderá estar a pensar num movimento de apoio à sua candidatura presidencial (voltará? voltará?).
O único ponto comum entre estes Socialistas de referência passa pela esfera Presidencialista.
Sampaio ? Presidente da República, Mário Soares já foi, e tanto Jaime Gama como António Guterres são pontualmente apontados como potenciais candidatos ao cargo.
O que só vem provar que todos já pairam acima do partido.
Ficamos pois com os Ferristas?
Acho que a expressão é injusta para o próprio Ferro Rodrigues...
Já em 06/11/03, num post intitulado «Os Órfãos do PS», escrevi:
« O PS costuma ser visto como um agregado de grupos, grupúsculos, famílias, tendências ou correntes internas: Sampaístas, Ferristas, Guterristas, Soaristas, etc.
A comunicação social faz eco desta realidade virtual.
Procura os personagens mais conhecidos, e faz eco das suas posições e opiniões, e quanto mais polémicas melhor. A descrição de movimentações e conspirações, a favor e contra algo, ao nível regional ou nacional, dá a entender que hordas de socialistas se agitam para combates internos (as tais 'contagens de espingardas').
Estes mesmos personagens principais ficam obsessivamente preocupados com o que ouvem da comunicação social que alimentam, entrando num circuito fechado que em alguns casos já degenerou em paranóia.»
Na política não existem nem herdeiros nem heranças.
Existem projectos políticos.
De preferência para o País...
E existem fantasmas do passado, muitos deles sentados na Assembleia da República.
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