segunda-feira, outubro 13, 2003

MANUAIS ESCOLARES

Alguns blogs, entre os quais o Aviz, estão verdadeiramente descontentes com os novos programas de Português B e com os manuais que se referem ao Big Brother e à TV Guia.

Ora...

1. Já dizia a Dra. Vera Baptista, minha professora de Português do 10º e 11º anos, que não fazia qualquer sentido o estudo sistemático de obras literárias fora daquele que entretanto foi redenominado como agrupamento 4, uma vez que o importante é que cada um desses estudantes leia e escreva correctamente.

2. Com ou sem Big Brother, a argumentação das autoras do tal manual do Big Brother é absolutamente correcta. O blog supra referido transcreve-as, no post Uma Onda de Parvoíce 1.

3. Diz um amigo meu, professor de Latim, que verdadeiramente grave é existirem textos que pressupõem que todos vêem uma certa telenovela. Quando cada vez menos gente as vê.

4. Roça o patético ver posts em que se vem defender que toda a gente deveria ser obrigada a ler certos e determinados autores e etc. Algo com que discordo na sua totalidade.
O meu padrinho mora em Fátima. E é público o ambiente religioso que por ali se vive. Mesmo na escola pública, a respectiva filha todos os dias tinha que fazer uma parte de um desenho, porque era o SACRIFÍCIO diário. E é assim que se quer incutir gosto pelo desenho ?
Transpondo: é com leituras obrigatórias que se quer incutir gosto pela leitura ? Nem pensar.

O que está na realidade em questão é, na verdade, outra coisa. É uma disputa entre duas concepções verdadeiramente diferentes, isto se excluirmos à partida uma terceira posição, que seria a de que se cada um gosta ou não ler é única e exclusivamente da sua conta.

E essas concepções são:

1 - A defendida pelos intelectuais e pseudointelectuais deste país, segundo a qual é obrigatório para todos ler determinadas obras convencionadas, e, claro, só é considerada leitura a das obras que os próprios consideram ter qualidade.
Concepção essa de matriz francesa com laivos de estalinismo. A mesma pela qual se tem baseado a horrenda política cultural de todos os Governos sem excepção do pós-25 de Abril. A mesma que nos faz pagar impostos para que algumas pessoas fiquem um ano sem trabalhar para escreverem um livro, como se a comunidade ganhasse alguma coisa com isso. Que tira dinheiros públicos para subsidiar companhias de teatro, como se o país ganhasse alguma coisa em as ter ou não. Etc, etc, etc.

2 - A defendida por mim próprio, pelos construtores dos programas escolares e pelas autoras do tal manual (e, realçe-se, o que interessa para o caso são os objectivos e não o Big Brother em si), segundo a qual o que interessa é que haja leitura, seja ela do jornal regional ou dos Lusíadas.
Segundo a qual o importante é que todos tenham gosto em ler, mas em que a opção é exclusivamente de cada um e que não pode ser alvo de qualquer qualificação.

Ou seja, BASTA de tentativas de condicionamento à liberdade da leitura !








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