Erro de Paralaxe no Euronotícias
Se o Editorial do Euronotícias de hoje, sob o título de «Da Não-Política à Não-Governação», representa a orientação política deste semanário, então ficamos suficientemente esclarecidos.
Francisco Almeida Leite lança mais um contributo no julgamento em praça pública que tem vindo a ser promovido pela comunicação social sobre o caso «Casa Pia», e neste caso em particular, sobre Paulo Pedroso.
No que se subentende ser a «não-política», acusa basicamente o facto de dirigentes do PS terem manifestado publicamente o seu agrado pela revogação da prisão preventiva de Paulo Pedroso, e deste se ter dirigido à Assembleia da República onde, simbolicamente, prestou as primeiras declarações à comunicação social.
Segundo FAL, deveria pois Paulo Pedroso ter tido a «decência e sensatez» de recatar-se no seu lar e aguardar pelo desenvolvimento do processo, enquanto o PS deveria ser «responsável», e assistir pacatamente ao funcionamento do sistema judicial.
Este tem sido o ponto de vista partilhado por aqueles que consideram esta decisão do Tribunal da Relação «uma vergonha», pois já condenaram antecipadamente Paulo Pedroso (e todos os outros).
Esquece FAL que foi precisamente da Assembleia da República que Paulo Pedroso saiu directamente para ser interrogado e preso, após abdicar da sua imunidade parlamentar.
Esquece FAL que, durante quatro meses e meio, a prisão preventiva de Paulo Pedroso serviu directa e indirectamente para atacar politicamente o PS, na sua imagem e na do seu Secretário-Geral.
Esquece FAL que, para quem sempre considerou esta prisão preventiva abusiva, e passível de suspeição nos seus fins, esta decisão do Tribunal da Relação e consequentemente libertação de Paulo Pedroso é uma vitória do sistema judicial e da democracia.
Finalmente, esquece FAL de comentar as declarações do PGR.
Porém, face ao restante, tal comentário seria redundante.
Por outro lado, lamenta FAL «a saída de dois dos ministros mais competentes que este governo ainda tinha», por questões de «mera secretaria», de «assassínios de carácter».
Sobre a competência relativa, sendo a bitola deste governo tão baixa, não vale a pena comentar.
Mas todo o juízo ético com que desculpabiliza muito particularmente Martins da Cruz, é de estarrecer após as considerações éticas feitas sobre Paulo Pedroso após a sua libertação.
Não é pois, sequer, uma questão de ter dois pesos e duas medidas.
Só pode ser mesmo um erro de paralaxe.
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