sexta-feira, novembro 18, 2005

Dignificação

Os sindicatos dos professores decidiram fazer mais uma greve a uma 6ªfeira, em nome de uma indignação corporativa contra as medidas do Governo para o sector, e em nome da dignificação da sua profissão.

Entretanto, o Ministério da Educação revelou a taxa de absentismo desta mesma classe no ano lectivo anterior, que rondaria os 10%. O que equivaleria, em números redondos, a 9.000.000 de aulas que não foram dadas o ano lectivo passado.

Os dirigentes sindicais, que tudo têm chamado ao Governo e à Ministra da Educação, ficaram profundamente chocados pela táctica política de se divulgarem estas estatísticas no exacto dia da greve.
E revelaram mesmo interesse em analisar melhor o significado deste número.

Fazem bem.
Atendendo a que:
- os 10% são um valor médio
- existem muitos professores que ainda vão as aulas na sua quase totalidade
Isto significa que para alguns alunos, existirão disciplinas com taxas de absentismo bastante superiores a estes 10%.

Mas esta é uma realidade que só surpreenderá quem não tenha qualquer contacto com o sector.

Por estas e por outras é que os professores, enquanto não modificarem o seu discurso, continuarão a falar para si próprios.

5 Comentários:

Às 18 novembro, 2005 18:39 , Blogger tms disse...

mudam-se os poderes;
mudam-se os discursos...

 
Às 18 novembro, 2005 22:01 , Blogger Mario Garcia disse...

Os professores fizerem greves durante o Governo anterior?

 
Às 19 novembro, 2005 15:28 , Blogger João Caldeira Heitor disse...

Os professores têm razões para esta greve.
Anteriormente tinham de cumprir 25 horas semanais na escola e tinham mais 10 horas semanais para trabalharem em casa planificando, corrigindo testes, elaborando fichas e para as reuniões que semanalmente existem (reuniões de grupo, de conselho de turma, etc...)
Agora os professores são obrigados a estar na escolaas 10 horas. Não tendo computadores disponíveis para trabalhar. Salas ou mesas onde trabalhar. E depois há as aulas de substituição. Esta semana fui substituir um colega que faltou. Ele lecciona Matemática. Eu leciono Inglês. Cheguei à sala e... Não percebo nada da matéria que ele está a leccionar... Estas são algumas, entre muitas razões que levam os professores a estarem tristes e desanimados. E não é fácil dar aulas nos dias de hoje com a indisciplina que reina.
Convém reflectir sobre o papel dos professores na sociedade, nos dados da OCDE sobre educação em Portugal e ponderar as decisões.
E, sim, os professores fizeram greve no anterior governo...
E os dados que o ME lançou sobre o ano passado são uma autêntica vergonha. O ano passado, por causa da falha no sistema informático e na tardia colocação de professores, houve alunos que por culpa do ME estiveram mais de 1 mês e meio sem aulas...
Valia a pena fazer as contas, ser sério e não hostilizar mais a classe docente, a quem hoje a sociedade, tudo pede, tudo exige, tudo acusa.

 
Às 19 novembro, 2005 19:49 , Blogger Tonibler disse...

Não vale a pena continuar com uma relação que claramente já não funciona. O cidadão sente-se roubado por gastar mais 2 mil milhões de euros do que devia, a classe docente sente-se injustiçada, mal paga e faz greves,...
Parece-me uma clara situação de divórcio e que, ainda por cima se arrasta há décadas. Então divorciemo-nos de vez, o cidadão encontra outro prestador de serviços de educação e os professores que arranjem outro patrão.

 
Às 19 novembro, 2005 21:11 , Blogger Mario Garcia disse...

Caro João Heitor,

O argumento de que os professores precisam de 10 horas por semana para preparar aulas, corrigir exames, etc., lamento, mas não credível.
Por um lado, custa-me a crer q um professor de, por exemplo, História, com alguns anos de lecção, tenha q preparar, todos os anos, um plano novo de aulas.
E os testes e exames tb são sazonais.
Mas, como se não bastasse, existem os casos dos professores q dão explicações particulares nestas 'horas' (ganham mal? se calhar sim. mas não serão os únicos).
E há os casos em que as horinhas dão para um dia fora do habitat da escola.

Ainda assim, qq profissional do sector público ou privado é forçado a levar trabalho para casa, sem estar a contabilizar 'horas'.
Em q diferem as situações?
Éque os outros profissionais, mesmo q considerem não ter as condições de trabalho addequadas, não têm a prerrogativa de optar em ir para casa trabalhar...

Enquanto os professores passarem a imagem de defenderem previlégios, por muita razão q tenham, não convencem ninguém.

 

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