A Vichyssoise da Esquerda
A Vichyssoise é uma sopa que, tal como a vingança, se serve fria.
Este prato ficou mais conhecido quando, há uns anos atrás, Paulo Portas resolveu contar na televisão uma história sobre Marcelo Rebelo de Sousa.
Rezava então o Paulo Portas jornalista do «Independente» que certo dia procurou saber junto do Professor como havia decorrido determinado jantar restrito. Marcelo descreveu-lhe todos os pormenores: quem lá estava, o que haviam falado, até o que haviam comido. Dizia Paulo Portas que Marcelo chegou ao ponto de lhe referir o detalhe da refeição ter começado por uma vichyssoise.
Ora calhou então que Paulo Portas jornalista, já a pensar na 'caixa' que tinha para o seu jornal, encontrou um dos supostos convivas (ao que lhe deve ter perguntado se a vichyssoise estava boa) que, para espanto mútuo, lhe disse que o tal jantar havia sido adiado. Paulo Portas (o político), com aquela perplexidade sentida que tão bem transmite, reverberava na entrevista: «Ele até teve o requinte de inventar a história da vichyssoise!».
Assim acabou a segunda AD, mesmo antes de ter começado.
Quis a vida que, uns anos depois, estivesse Marcelo Rebelo de Sousa a cozinhar uma vichyssoise, com ingredientes fornecidos pelos Ministros Gomes da Silva (que inacreditavelmente ainda não se demitiu) e Morais Sarmento, e pelo Presidente da TVI Miguel Paes do Amaral. Tudo isto centrado numa conversa do Professor com este último que ainda lhe deu o tempero especial de, em três ocasiões, ter apresentado três versões diferentes da dita.
Marcelo esperou que a vichyssoise arrefecesse o suficiente e serviu-a a uma comunicação social ávida numa refeição de duas horas, em directo para algumas televisões e rádios.
E sem dizer nada que não se soubesse já:
Existe concentração de capital social na área dos media, que se reflecte na existência de menos de meia dúzia de grupos na comunicação social.
Existe uma enorme apetência deste Governo para controlar a comunicação social, ou não fossem Paulo Portas e Santana Lopes especialistas do mediático.
No caso concreto, as possibilidades de negócio do grupo de Paes do Amaral levaram-no a pedir ao Marcelo Rebelo de Sousa alguma contenção nas críticas ao Governo: porque, perante os negócios que se aproximam, não é realista pensar que um grupo seja competitivo se estiver sistematicamente a criticar esse mesmo Governo.
Angustiante é o papel da esquerda no meio disto tudo.
Para Santana Lopes, Paulo Portas e Morais Sarmento, o problema do controlo da comunicação social é actualmente o de afastar cavaquistas, como Fernando Lima no DN, e substitui-los por uma legião de Luís Delgados. Um mero problema de família.
Para a esquerda, a comunicação social é como uma vichyssoise: não passa de uma sopa fria, muito fria.
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