quinta-feira, novembro 06, 2003

JMF e propinas

José Manuel Fernandes hoje ultrapassa tudo o que já dissera sobre as propinas.

Não vou comentar a frase onde se refere aos "estudantes que gastam facilmente em cerveja ou num novo telemóvel o equivalente ao esforço mensal que representam as propinas". Já por várias vezes aqui disse o que penso sobre semelhante linha de raciocínio.

Embora não possa deixar de salientar dois pontos:

a) se o gasto for em livros, ainda que não escolares, já não seria criticável...esta mistura de cultura de matriz francesa e de liberalismo é uma mistura explosiva ! E vai dar ao mesmo que o velho salazarismo a querer qualificar definitivamente os gastos de alguém como bons ou maus, como se alguém tivesse alguma coisa que ver com isso...são matérias do domínio privado; para já não falar dos perfeitos cretinos que defendem para os estudantes uma vida monástica apenas dedicada ao estudo, numa apagada e vil tristeza que para qualquer psicólogo deve ser motivo de preocupação acrescida de pais e mães;

b) contudo, verificando-se que José Manuel Fernandes esteve no MRPP, e que este partido incentivava os seus membros a serem alunos brilhantes para serem considerados exemplo e criticava toda e qualquer diversão, por ser considerada burguesa, talvez não espante a argumentação.

Mas o pior do artigo é outra frase: "o peso das propinas no total dos custos suportados pelas famílias que têm filhos no ensino superior é pequeno, correspondendo a 10 ou 15 por cento.

É justo que 10 a 15% de um orçamento familiar vá para pagar propinas ?

Não. Não é. Mas tal só prova a adesão incondicional de JMF à doutrina do gasto virtuoso. A vontade absolutamente maoísta de querer impor a sua lógica da vida aos outros, sem qualquer respeito pela esfera privada. A isto eu chamo TOTALITARISMO.

Por outro lado, aproveita-se para criticar em absoluto aqueles que defendem que a propina do Ensino Público tem que subir pois em caso contrário está a existir concorrência desleal face ao Ensino Particular e Cooperativo.

Até porque quando a escola privada tem qualidade, tem procura. E o que acontece no caso específico de Portugal é que os dirigentes do Ensino Superior Privado não querem ganhar o jogo no campo. Mas sim na secretaria. Independentemente de qualquer razão ideológica liberal.

Basta ver pessoas ligadas à Igreja, tão defensoras do cheque-ensino para o Ensino Básico e Secundário e tão silenciosas relativamente ao Ensino Superior. Pois claro ! A Universidade Católica não necessita desses expedientes...





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