Pacheco Pereira no Fio da Navalha
Quem teve a oportunidade de ouvir Pacheco Pereira ontem na SIC, assistiu mais uma vez ao seu estilo de raciocínio objectivo, comentando cada segmento de frase retirada das badaladas escutas telefónicas, para concluir não sobrar "dúvida nenhuma" de que "nos dias anteriores [à detenção] a direcção do PS estava a utilizar os seus conhecimentos políticos e as suas influências políticas para obter um determinado tratamento no caso Paulo Pedroso".
Utilizando um tom permanentemente incriminatório, segmento de frase a segmento de frase, quase sugerindo que deviam ter sido todos presos, fiquei à espera do remate final, que seria o comentário à referência ao almoço, supostamente entre o Presidente da República e o seu Procurador Geral. Mas este segmente de frase não foi servido ao jantar.
É que, seguindo o seu raciocínio, tanto o Presidente da República como o PGR, mas em especial o primeiro, fariam parte dos "conhecimentos políticos" e "influências políticas" para obter o tal "determinado tratamento", que Pacheco Pereira prefere não dizer qual seria, mas induz claramente à conclusão de que se trataria da «cunha» para «safar» o Paulo Pedroso.
É notável termos chegado a um ponto onde é normal ter mantido sob escuta telefónica a Direcção do principal partido político da oposição, o PGR, e um conjunto de figuras públicas com responsabilidades, nomeadamente à volta do Presidente da República (e talvez o próprio).
É igualmente normal haver uma cuidadosa fuga selectiva de frases destas escutas, na posse da Procuradoria, e em segredo de justiça.
O que é o alvo dos comentadores políticos são as induções e as interpretações que se podem fazer a um conjunto de frases, onde se fica nomeadamente a saber que Ferro Rodrigues se está "a cagar para o segredo de justiça".
Pelos vistos, se não estivesse, seria o único!
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