sábado, dezembro 11, 2004

Sampaio Falou ao País. Santana Parece que Percebeu Finalmente...



Jorge Sampaio dirigiu-se ontem ao País, explicando as razões que o levaram a dissolver a Assembleia da República.

No seu discurso, o Presidente da República foi bastante claro, tendo confirmado tudo aquilo que os portugueses puderam assistir nos últimos 4 meses. O ponto alto desta explicação, que terá porventura levado à latente demissão de Santana Lopes, terá sido o seguinte:

«Entretanto, desde a posse do XVI Governo Constitucional, e depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o País assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o País vive.

Refiro-me a sucessivos incidentes e declarações, contradições e descoordenações que contribuíram para o desprestígio do Governo, dos seus membros e das instituições, em geral. Dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do País.

A sucessão negativa desses acontecimentos impôs uma avaliação de conjunto, e não apenas de cada acontecimento isoladamente. Foi essa sucessão que criou uma grave crise de credibilidade do Governo, que surgira como um Governo sucedâneo do anterior, e relativamente ao qual, por conseguinte, as exigências de credibilidade se mostravam especialmente relevantes, e, como tal, tinham sido aceites pelo primeiro-ministro. Aliás, por diversas vezes e por formas diferentes, dei sinais do meu descontentamento com o que se estava a passar.»

O recém- promovido a Vice-Presidente do PSD, Vítor Cruz, que ainda não percebeu porque perdeu as eleições Regionais dos Açores, conseguiu reagir para as televisões 1 minuto depois, seguindo o livro de estilo PSD-PP para a actual conjuntura: Antes de insultar Jorge Sampaio, começar cada frase com 'respeitamos a decisão do Sr. Presidente da República'.

Quando Sampaio decidiu há quatro meses atrás aceitar a indicação de Santana Lopes para substituir Durão Barroso, não marcando eleições antecipadas, discordei profundamente da sua decisão, apesar de todos os tacticismos anunciados. Não retiro uma linha do que então escrevi neste blogue acerca deste assunto, e da minha desilusão.

Mas a legitimidade 'profunda' da decisão agora tomada por Sampaio advém dessa altura: Durão Barroso demitiu-se, e os portugueses não haviam votado em Santana Lopes para 1º Ministro (alguns votaram, mas para Presidente da Câmara de Lisboa).

Afinal, bastou Santana Lopes mostrar-se igual a si próprio.

Mas, não havia necessidade...


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