sexta-feira, setembro 10, 2004

Manuel Alegre e João Soares na SIC Notícias

Depois da entrevista a José Sócrates na terça-feira, foi a vez de Manuel Alegre e de João Soares, quarta-feira e quinta-feira, apresentarem as suas candidaturas na SIC Notícias.

Manuel Alegre não só correspondeu às expectativas que pessoalmente tinha sobre o seu discurso, como as superou.
Sempre assumi que a candidatura de Manuel Alegre representa o espaço político em que me revejo no PS, assumidamente Socialista e de Esquerda.
A candidatura de Manuel Alegre começou por ser essencialmente isso: representar este mesmo espaço político num Congresso onde começava a surgir um unanimismo da super-estrutura partidária à volta de um projecto de PS ao centro, a roçar perigosamente o populismo, que semanticamente passou a ter um sinónimo no léxico de esquerda: o inter-classismo defendido por Sócrates.

Manuel Alegre começou por simbolizar esta presença, mas o impacto desta afirmação junto dos Socialistas (militantes e simpatizantes) transformou-o também no candidato que surgiu na SIC-Notícias, disposto a aceitar a confiança dos Socialistas de o elegerem Secretário-Geral e candidato a Primeiro-Ministro.

Tal como reconheceu, Manuel Alegre tem «a força da palavra», pelo que a sua entrevista primou pela coerência força e clareza das suas posições, dominando o ritmo da conversa e chegando a enlear os próprios entrevistadores no seu «charme» de veterania.

João Soares foi igualmente coerente consigo próprio e com o seu projecto de longo prazo. Apresenta hoje uma imagem mais moderada, com a qual teria certamente conseguido bater Santana Lopes em Lisboa (mas isso são águas passadas). Adelino Faria foi contudo bem menos simpático com ele de que com Sócrates. (porquê a questão sobre a UNITA? Sócrates foi lembrado porventura da sua passagem pela JSD, temporalmente tão próxima do posicionamente que orgulhosamente diz ter assumido contra o Bloco Central?)

No conjunto das três entrevistas, julgo essencialmente confrangedora a diferença de qualidade das prestações televisivas de Manuel Alegre e João Soares com a de José Sócrates, o vencedor previamente anunciado desta contenda.

Veremos pois qual vai ser a mobilização dos militantes socialistas para estas eleições directas e o significado político do seu resultado final, mas também dos resultados parciais. Porque, perante o esmagador e diligente apoio dos dirigentes locais do PS a Sócrates, estará aqui uma boa medida para a auto-avaliação da sua sintonia com as bases que representam.

Seja como for, e apesar da especial aptidão da comunicação social para realçar as pequenas picardias entre os candidatos, está desde já lançado o mais interessante Congresso do PS desde a contenda Guterres/Sampaio.


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