sexta-feira, novembro 28, 2003

Além de todos os limites

Fui alertado pelo Pedra no Charco da existência de um post denominado Gaylândia, no De Direita.

Já calculava que fosse um post contra a homossexualidade. Mas, após o ler, chego à triste conclusão de que o mais grave não é o manifesto anti-homossexuais que por lá anda. Também não lhes chama mutantes como Blanco de Morais, mas André M. chega ao ponto de dizer que a existência de bispos com essa orientação sexual é algo de inadmissível porque se consubstancia em propaganda, e que por este andar vão querer obrigar os outros todos a seguir a mesma orientação e etc. Mas isto enfim, é a cassette habitual.

Se André M. deixasse de fazer um drama da questão e se estivesse borrifando para os gostos sexuais dos outros, fazia melhor. Aliás, por exemplo, quem faça parte da minha mailing list por vezes recebe e-mails com o título Mulheres com Bom Gosto...Muito Cuidado a Abrir. Ou seja, é tão censurável uma mulher gostar de mulheres como eu não gostar de brócolos. Desdramatize-se.

Mas o que ultrapassa todos os limites é a seguinte passagem, reveladora de uma mentalidade que julgava extinta:
Mas não acredito que dessa relação nasça um ser. Ora isso é justamente o significado do casamento.
Ou seja, André M. entende que o casamento se destina à procriação. O que é algo verdadeiramente chocante e desrespeitoso.

Desrespeita todos aqueles (que me arrisco a dizer que serão pelo menos 90% das pessoas) que mais do que pensar em
ter filhos, se casam porque amam alguém e é com essa pessoa que querem estar pelo menos por um tempo considerável.
Desrespeita todos aqueles que se casam e, de sua livre vontade, não querem ter filhos.

Por arrastamento, implica uma colocação em segunda categoria de todos os filhos de pais divorciados, uma vez que o casamento é essencial para o estabelecimento da filiação.

Desrespeita o amor de aqueles que, não se casando, desejaram e tiveram filhos. Desrespeita aqueles que, mesmo surgindo o filho fora de uma gravidez ponderada e planeada e mesmo fora de uma relação, optaram por levar a gravidez até ao seu final e, ainda que cada um seguindo o seu caminho, amam o seu filho.

Etc. Etc. Etc.


André M.: do tom das suas palavras (ao contrário do tom claramente ofensivo de Blanco de Morais) não retiro ódio, apesar de tudo.

Retiro um enorme receio. Não o tenha: o mundo não está cheio de travestis. Mais: a pessoa que conheço que mais odeia bichonas é homossexual assumido !

Viva sem esses pavores, sentir-se-á certamente melhor. E os que privam consigo também daí retirarão melhores sentimentos.






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