A seguir com atenção
Aproximam-se tempos de caloroso debate à direita. Hoje, n'O Independente, Carlos Blanco de Morais assume-se como porta-voz do conservadorismo, atacando Vasco Rato em toda a linha pelas posições que assumiu, designadamente as relativas à interrupção voluntária da gravidez.
E Blanco de Morais chega a ser inclusivamente de uma falta de educação de fazer corar de vergonha, ao manifestar-se contra o casamento de "homossexuais, transsexuais e outros mutantes".
E a afirmar preto no branco que Vasco Rato corresponderia a uma sub-direita, apenas por não ser conservador.
O inevitável acontece. Esta fractura à direita aparece na praça da discussão ideológica, e é apenas uma questão de tempo até se afirmar no plano político. O futuro à direita do nosso espectro político não andará certamente muito longe disto:
a) PSD como partido liberal económica e socialmente, o que poderá demorar, demora essa que me parece que será directamente proporcional ao sucesso do PND, tendo em conta que este partido se está a posicionar aos poucos nessa área política;
b) PP como partido conservador.
E a inevitável, a prazo, fractura entre PSD e PP poderá vir exactamente daí.
Esta discussão prova à exaustão aquilo que defendo, e que é considerado quase que um sacrilégio para os socialistas mais próximos da extrema-esquerda, os quais adoram chamar-me centrista e liberal. Sem sucesso evidentemente. E que é o seguinte: a distinção fundamental entre esquerda e direita reside no papel conferido ao Estado. E não noutro tipo de pressupostos.
Por exemplo, tendo em conta o que defendo sobre o papel do Estado para a Cultura, o espectro ideológico será este:
a) Modelo de matriz francesa desde sempre adoptado, infelizmente, por PS e PSD - Corresponde à extrema-esquerda em geral, incluindo o PCP;
b) Modelo de não intervenção do Estado na acção cultural tendo em conta que a cultura pertence ao povo e não cabe ao Estado condicioná-la, e muito menos tomar qualificações sobre o gosto pessoal de cada um - Perspectiva de esquerda assente na liberdade, logo socialista;
c) Modelo de não intervenção do Estado porque este é considerado algo de horrível e mau por natureza - Perspectiva da direita liberal e de alguns conservadores;
d) Modelo de dirigismo cultural - Corresponde a uma perspectiva de extrema-direita.
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