terça-feira, julho 12, 2005

OTA é desperdício!

Eu até simpatizo com o MM Carrilho. Acho que é um homem muito inteligente e que conseguiu casar com uma das mulheres mais bonitas de Portugal. Claro que as calças brancas que tanto gosta de usar, ou mesmo o nome que escolheu para o filho em nada o favorecem e o aproximam da classe média. Essa classe que ele tanto gosta de educar, mas de que em nada se gosta de comparar (olhem, fiz verso).

Bem, mas o assunto que me fez interromper a minha produtividade holandesa, foi o facto de ter lido na edição online de A Capital que Carrilho é a favor da OTA. Ora, eu acho a Ota uma verdadeira estupidez. Não vai servir nem Lisboa, nem o Porto. Na minha modesta opinião, há que manter a Portela para os voos de Low ? Cost, e chamar uma boa parcela dos turistas que fogem para o resto dos destinos da Europa -, e construir um Aeroporto na Margem Sul ou na Zona de Alverca, com Metro, Autocarros, táxis e TGV. Mas que não fique muito longe. Parece tão simples.

Quase tão simples como aprovar o casamento e adopção a casais homosexuais, como acontece aí ao lado, em Espanha. ( e também no Canadá, Holanda e Bélgica).

Abraços

10 Comentários:

Às 12 julho, 2005 11:52 , Blogger Pedro Sá disse...

Filipe, já sabes que em rigor não concordo contigo no parágrafo final. Isso é dar demasiada importância à instituição casamento.

Como sabes, defendo uma reforma do Direito da Família e das Sucessões que extinguisse o casamento enquanto figura jurídica, pois de algo que se baseia no amor (e não na procriação e propriedade) não faz sentido que surjam efeitos jurídicos.

Quando muito a simples prova de comunhão garantiria o usufruto da casa de morada...

 
Às 12 julho, 2005 12:02 , Blogger Filipe Gil disse...

Ok, acho a tua ideia excelente. Um pedaço avançada demais para os tempos em que vivemos. Por isso, teriamos que lá chegar por etapas. E em relação à OTA?

 
Às 12 julho, 2005 12:50 , Blogger Pedro Sá disse...

Como podes ler abaixo no post OTA E TGV, sempre fui contra aquilo.

É algo de faraónico e sem sentido nenhum. Informo desde já que o Monsenhor tem outra posição :P

 
Às 12 julho, 2005 17:21 , Blogger Filipe Gil disse...

Monsenhor, explique-se, por favor...

 
Às 14 julho, 2005 12:43 , Blogger Pedro Sá disse...

Obviamente não posso concordar:

- dos teus argumentos se retira muito facilmente que estás a sacrificar completamente os habitantes da área de Lisboa em nome vá-se lá saber de quê, e a localização da Ota, nesse aspecto, é totalmente indiferente face ao objectivo;

- o que entendes por "maior liberalização do mercado laboral" ?

- estás a ser totalmente demagogo: não vamos ganhar rigorosamente nada a nível de riqueza com qualquer novo aeroporto, e o aeroporto actual serve perfeitamente como Hub entre Brasil e PALOP's e a Europa.

 
Às 14 julho, 2005 12:46 , Blogger Filipe Gil disse...

Monsenhor, muito obrigado pela explicação fiquei um pedacinho mais convencido, mas não totalmente.

Como sabes Amesterdão não dista 300 km de Bruxelas, e ambos os aeroportos são competitivos. Claro que Amesterdão leva a melhor, e se não fosse Frankfurt...ainda podia ser melhor.

Mas gostei de ler a explicação.
Obrigado

 
Às 14 julho, 2005 15:57 , Blogger Pedro Sá disse...

É exactamente isso. Lisboa e Porto são periféricos no quadro europeu.

E esse motivo é mais que suficiente para que a ideia irracional de um novo e grande aeroporto seja um disparate.

 
Às 14 julho, 2005 16:35 , Blogger Pedro Sá disse...

É que não estou a ver de que modo é que um gigante desses vai criar riqueza.

Só se for aos que têm terrenos naquela zona. Em qualquer caso, repito: estão-se a prejudicar 2,5 milhões de pessoas para beneficiar umas poucas centenas de milhar. E isso é injustíssimo.

 
Às 15 julho, 2005 00:02 , Blogger Pedro Sá disse...

1. Toda a gente já percebeu que a Ota vai ser vista como uma conquista da Estremadura e Ribatejo contra Lisboa.

2. Eu tenho aulas de Croata no ISCTE como sabes. E interromper a aula com a palavra "avion" já é hábito. Contudo, em qualquer lado do Mundo constrói-se perto do aeroporto.

3. E o aeroporto estar onde está é uma mais-valia de conforto para a cidade, que a torna particularmente competitiva para curtas estadias de fim-de-semana. Abra-se um segundo aeroporto para charters e low-cost em Alverca e temos o quadro perfeito !

 
Às 18 julho, 2005 10:06 , Blogger Pedro Sá disse...

Reproduz-se aqui o artigo "Um investimento prejudicial" de Luís Salgado de Matos, publicado no Público a 4 de Julho de 2005.

A 31 de Janeiro de 1974, o Ministro das Obras Públicas, Eng.º Rui Sanches, anunciava que, dentro de poucas semanas, seria aberto concurso para a primeira fase do novo aeroporto de Lisboa. Já então "rigorosos" estudos técnicos anunciavam o esgotamento para breve da capacidade da Portela. O 25 de Abril livrou-nos desse erro.

Como o leitor se lembra, a questão do novo aeroporto de Lisboa foi politizada. Nas eleições de 2001, Durão Barroso garantiu que ele não seria construído "enquanto houver crianças que esperam três anos para serem operadas". O PS, embora preocupado com as cirurgias infantis, defendeu sempre a Ota.

O aeroporto da Ota consta, em termos hábeis, do programa de Governo mas não foi debatido na campanha eleitoral. O governo anunciou há dias 650 milhões de euros para o lançar. Pagaremos caro. Em 2003 custaria uns 3% do PIB, três mil milhões de euros? 600 vezes o preço de saldo de 2000. Este investimento deveria ser travado de imediato porque é dinheiro deitado à rua? para mais em tempo de "vacas magras".

A razão básica é esta: não há procura. Na Portela aterram todos os anos onze milhões de passageiros. Com duas pistas e o Figo Maduro, o aeródromo militar, irá aos 23 milhões. Como o seu potencial tem sido sempre subestimado, é de esperar que, nas previsões de amanhã, a portela chegue aos 30 milhões. Ora a Ota tem capacidade para os mesmos 30 milhões. Isto é: não vale a pena pagar para mudarmos para pioto pois ficaríamos 90 minutos mais longe da Europa central. Ora sabemos que construir aeroportos não lhes cria tráfego.

Se em 2025 houver passageiros que não possam aterrar na Portela, bastará enviar os "charters" e "low cost" para Tires ou Monte Real. Mas não haverá. Porque o transporte aéreo está hoje estruturado em aeroportos-eixo ("hub" em inglês), onde aterram aviões cada vez maiores donde os passageiros são distribuídos para outros aeródromos em aviões mais pequenos. O pesadelo da Ota faz-nos perder um trunfo que temos: um bom aeroporto de turismo e negócios na Portela. Como dizia João Soares, com bom senso e coragem, quando dirigia a Câmara de Lisboa.

Em desespero de causa, apelam ao nosso patriotismo: sem a Ota, os espanhóis é que terão um aeroporto "hub". Em Barajas, o aeroporto de Madrid, aterram mais de 30 milhões. Quem acreditará que a Ota será o aeroporto "hub" da Península?

É referido que é possível obter fundos comunitários para a Ota mas não para a expansão da Portela. Ainda que seja assim? o que está por provar?, fica por demonstrar a vantagem da Ota.

O lóbi da Ota é antigo e poderoso. Quando Durão Barroso congelou o novo aeroporto, foi logo atacado pelo seu ministro-sombra das Obras Públicas, Isaltino Morais. E o seu ministro Carmona Rodrigues apontou como 2015 como data para a conclusão da Ota. Esperemos que o actual governo consiga despolitizar este projecto tipo bloco central.

 

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