Cromos da Bola
Há duas figuras públicas nacionais que me envergonham profundamente enquanto português: Alberto João Jardim e Jorge Nuno Pinto da Costa.
Dentro de um assunto tão subjectivo, existem muitas outras tristes figuras.
Mas estes dois, que estão no activo há cerca de 30 anos (ou seja, desde que me lembro) têm imenso em comum.
A começar pela qualidade de linguagem que utilizam, para delícia da comunicação social, que não deixa passar um disparate, um dislate, uma obscenidade, uma boca, uma provocação.
Depois pela mais completa impunidade e imputabilidade com que desrespeitam, insultam e parodiam as instituições públicas, os titulares de órgãos públicos, em nome de interesses específicos pontuais, que acabam por não passar de interesses próprios.
Senão vejamos:
Alberto João Jardim reina na Região Autónoma da Madeira há 7 mandatos, começando agora o oitavo. Esta Região recebeu do Orçamento Geral do Estado ao longo de todos estes anos os rios de dinheiro que permitiram ao Alberto João construir as obras públicas que continuamente inaugura, desde o magnífico aeroporto às auto-estradas (sem portagens).
Até as equipas de futebol na Madeira são chorudamente subsidiadas pelo Governo Regional!
Tudo isto em nome dos principios da solidariedade nacional e dos custos da insularidade.
Contudo, o Alberto João não perde uma oportunidade para insultar a «República», o seu (nosso) Governo, até o seu (nosso) Presidente, e os continentais em geral (os «cubanos», nós), chegando a roçar vagas ameaças de independência, ou agora a defesa da «IV República».
Isto com a conivência do poder político que mantém a torneira aberta chantagem após chantagem, e da comunicação social, que continua a achar piada às larachas do Sr. Presidente do Governo Regional.
Se fizéssemos um Referendo em Portugal acerca da independência da Madeira, estou convencido que o «sim» ganharia com uma larga vantagem, pelo menos no Continente.
(Quanto valem as transferências líquidas do Orçamento Geral do Estado para a Madeira em relação ao défice orçamental?
Quanto resultaria em receitas extraordinárias a venda do Arquipélago?)
Que me desculpem os madeirenses em geral, mas o que é certo é que votam maioritariamente nesse senhor há uma eternidade.
Já Jorge Nuno Pinto da Costa é um epifenómeno local, mas que se diverte às nossas custas há praticamente tanto tempo como o Alberto João, graças a essa obsessão nacional que é o futebol.
O estilo dos insultos é semelhante, num senhor de que se consta ser de boas famílias, mas cuja face mediática nos faz lembrar sempre o mercado da Ribeira.
Sendo o futebol o sub-mundo que é, havendo igualmente toda essa promiscuidade e conivência com os políticos, Pinto da Costa enquanto presidente do F.C.Porto vem alimentando uma guerra fictícia entre o Porto e Lisboa, que o tem beneficiado bem como ao seu clube, mas prejudicado o Porto e o País.
A comunicação social, ávida principalmente de preencher as páginas dos três jornais diários desportivos de circulação nacional, continua embevecida a ouvir os trocadilhos do «Papa».
Pelo que eu me lembro do processo Euro2004, entre trocas, permutas, espaços comerciais e construção mobiliária, e depois de toda a controvérsia que Pinto da Costa soube gerar para levar a água ao seu moinho, o F.C.Porto foi o único clube que lucrou com a construção do seu novo estádio!!!
(se alguém tiver dados que provem o contrário, por favor divulguem, que eu até passo a dormir mais descansado).
O que se passou durante a semana passada por causa de um jogo de futebol, mostra bem ao que isto chegou. O Ministro da Administração Interna e o seu Secretário de Estado, perante um evento desportivo a realizar num recinto palco da final do Euro2004, com lotação esgotada (65.000 bilhetes vendidos), em vez de prometerem fazer os possíveis para assegurar a segurança de todos, vieram garantir não haver condições de segurança, e em contradição com a própria PSP! O próprio Secretário de Estado do Desporto andou mesmo propagandear que não iria ao Estádio.
Todos a atirar gasolina para uma fogueira das vaidades.
(Eu devo confessar que também perdi a vontade de ver o jogo e preferi tentar acompanhar os resultados das Eleições Regionais, o que se tornou difícil porque as coisas não correram nos Açores como o Governo queria, e as eleições tiveram um impacto televisivo digno de uma Junta de Freguesia?)
O resultado de 30 anos desta palhaçada Darwiniana está bem à vista na qualidade dos dirigentes desportivos e políticos que hoje temos. Vítor Cruz bem tentou ser o Alberto João dos Açores. E Santana Lopes cá anda, cantando e rindo.
Mas nesta República das bananas, exige-se pelo menos que Santana Lopes vá a votos, à semelhança de Alberto João Jardim na Madeira.
Talvez o País mereça este Governo e em particular este 1º Ministro.
Mas pelo menos que os portugueses o elejam devidamente, o assumam e que coleccionem Santana Lopes e sua «Gente» como mais cromos a juntar aos que já temos nesta imensa «Quinta das Celebridades» à beira-mar plantada.
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