sábado, julho 24, 2004

O Cidadão Três Vezes Enganado. Para Quê Votar?

No Público de hoje, em consonância com o que tenho defendido nestes Blog, destaco dois artigos de opinião:

«Para Quê Votar?
Notas Sobre a Opção Presidencial de Não Dissolver o Parlamento»

André Freire inicia o seu artigo da seguinte forma:

«A opção de Sampaio de não dissolver o Parlamento suscita interrogações quanto à utilidade do voto dos portugueses. Em primeiro lugar, cauciona a opção de Barroso de menosprezar os compromissos que tinha com os eleitores. Em sequência, vem também caucionar que o (antigo) presidente da Câmara de Lisboa não se responsabilize pelos compromissos que assumiu com os eleitores da capital. Não se pode andar a defender a reforma do sistema político, no sentido de reforçar a confiança e a proximidade entre eleitores e eleitos, como tem feito o Presidente, e depois caucionar assim a subalternização dos compromissos eleitorais.
Em segundo lugar, existindo vários argumentos pertinentes contra e a favor da dissolução, o Presidente optou por uma decisão que atende sobretudo às posições defendidas pelas forças políticas e sociais de direita (PSD, PP, banqueiros, empresários, etc.). Alguns consideram adequada a opção, porque supostamente a maioria presidencial se esgota no acto da eleição. Enquanto representante do todo nacional e responsável pelo regular funcionamento das instituições democráticas, o Presidente não pode representar apenas a maioria social e ideológica que o elegeu. Contudo, para além desses domínios de actuação, os Presidentes podem, devem e atendem geralmente às maiorias políticas que os elegeram, sob pena de não serem reeleitos e de os portugueses não perceberem para que serve eleger um Presidente oriundo de determinada área ideológica.
»

Concluiu o seu raciocínio assim:

«Portanto, é de esperar que nas próximas eleições presidenciais os portugueses tenham bastante mais dificuldade em responder à pergunta: "Para que serve eleger um presidente?"»

Por seu turno, Santana Castilho intitula o seu artigo da seguinte forma:

«Três Vezes Enganado»

«Como se sentirá o Presidente da República perante o festim que caucionou em nome da estabilidade? Foi para isto que reflectiu tanto e só lhe faltou ouvir os deuses do Olimpo?»

«Portugal está enredado numa teia de interesses que se reforçou com este Governo de agentes económicos, de amigos e de arranjinhos de última hora. Falta-nos ter a Kapital por cenário das próximas declarações políticas e a "Caras" a substituir o "DR" na publicação dos diplomas governamentais.»

«O peso da soberania do povo, paradigma máximo da democracia, foi substituído pela filosofia do quebra e rasga e está bem retratado na presente mistificação nacional, que me faz sentir três vezes enganado: a Câmara de Lisboa tem um presidente que os eleitores não votaram e não conhecem; quem foi eleito para a câmara acabou em primeiro ministro, sem ter sido escrutinado para tal; e quem era primeiro ministro eleito está agora na presidência da Europa... depois de ter sofrido uma monumental derrota nas eleições europeias. Um só fio condutor: o vale tudo, o despudor de fazer hoje o contrário do que se prometeu ontem, a deserção irresponsável dos cargos confiados pelos eleitores.»

Afinal nós, extra-terrestres, não estamos sós no Universo...

 

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial